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90% das actividades da LAM é financiada via dívida
• No ano passado, a LAM reportou perdas na ordem de 74,6 milhões de dólares A companhia de bandeira, Linhas aéreas de Moçambique, LAM apresenta um rácio de endividamento em relação ao capital próprio de 9,3, ou seja, o negócio é financiado em mais de 90% através de dívidas, cifra que representa o dobro da média global.
Os dados foram revelados pelo Ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, em resposta a perguntas dos deputados, na sessão interpelação ao Governo, realizada esta quarta-feira, 10/05.
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“A dívida não reestruturada manterá a companhia aérea a perder cada vez mais por ano. No ano passado, a LAM comunicou perdas na ordem de 74,6 milhões de USD. A empresa mantém consigo 9 milhões de dólares em impostos diferidos”. Disse o Ministro, tendo acrescentado que “a situação é tão grave tal que tem tido dificuldades de pagar os benefícios de pensão para o pessoal, desde 2019”.
A guisa de justificação da opção tomada recentemente de recuperação da empresa com a intervenção na gestão e com meios, por um operador privado, Magala disse que a LAM tem vindo a enfrentar desafios consideráveis nos últimos dez anos, ao longo do qual, “o legado pesado de desafios tem persistido, com tendência de continuar a crescer e agravar-se, apesar de muitas tentativas feitas para a sua solução”.
“ Todas as análises e relatórios de peritos nacionais e internacionais deixam claro que a LAM não pode sobreviver no seu estado actual; mas tem que sobreviver.”. Disse.
Explicou Magala que na componente comercial, a política de preços assenta-se no volume reduzido e em tarifas elevadas, o que torna as tarifas da LAM muito caras e consequentemente elitistas.
“Deste modo, a LAM não tem conseguido implementar a visão do Governo de estimular a procura através da criação de tarifas baixas e atractivas”. Afirmou.
A avaliação à LAM encomendada pelo Governo com vista a identificação de opções de soluções, concluiu que a situação da LAM é preocupante e que sem uma intervenção adequada, a LAM pode estar à beira do colapso.
O relatório dessa avaliação citado pelo Ministro dos Transportes e Comunicações apresentou três opções como soluções possíveis, nomeadamente, a liquidação, falência controlada e privatização.
Segundo o Ministro, o relatório observou ainda que seria difícil encontrar companhias aéreas internacionais que estivessem dispostas a tornar-se um parceiro estratégico para a LAM, dado o seu estado actual.
“Como que a confirmar isto contactamos companhias aéreas de reputação mundial e todas elas não mostraram interesse”. Disse o ministro para elucidar as diligências feitas para encontrar uma solução relativamente satisfatória para a LAM
“A avaliação da LAM decorre numa altura em que a situação da empresa continua a degradar-se, impondo-se o desafio imediato de estabilizar a companhia para evitar perdas progressivas. Esta acção proporciona mais tempo para se poder rever todas as questões levantadas na avaliação feita e determinar com mais certeza o futuro da LAM”. Explicou
Conforme explicou Mateus Magala, foi no decurso da “extensa pesquis” que foi identificada a Fly Modern Ark (FMA) como a melhor opção para a gestão da transição da LAM.
“Os honorários da FMA só serão pagos com dinheiro proveniente da melhoria de eficiência e do aumento das receitas das operações da LAM”’, disse justificando a sustentabilidade da opção.

“Ainda este mês, a empresa vai apresentar o primeiro relatório que identifica os ganhos rápidos conseguidos no seu primeiro mês de operação”
A expecativa do Governo é devolver a companhia para uma situação em que normalize os principais rácios financeiros e económicos e que as questões técnicas e operacionais atinjam os mais altos padrões da indústria, daí que o Governo tenha embarcado num “acordo de recuperação transitória da LAM” em que, em princípio, “todos ganham”.
“Todas as partes interessadas são encorajadas a trabalharem juntos para reforçar o valor e a marca da LAM”. Frisou
Mateus Magala asseverou a existência de consciência da complexidade do desafio da estabilização e reestruturação da LAM por parte do Executivo e, ao mesmo tempo, a determinação em melhorar a situação da LAM.
As perspectivas económicas do País, para o médio prazo são positivas, apresentando uma tendência de consolidação da recuperação económica, com a taxa de crescimento económico média em cerca de 6,4% ao ano, ancoradas na recuperação da actividade económica e implementação dos projectos do gás, não obstante os riscos e incertezas externas e internas persistentes.Intervindo num evento do sector privado, a Vice-Ministra da Economia e Finanças, Carla Alexandra Louveira, disse que crescimento económico em 2023 foi revisto em alta para 7,0% reflectindo as novas assumpções sobre a capacidade produtiva do Projecto de GNL Coral Sul, e prevendo-se que, em 2024, se situe nos 5,9%, influenciado pelo crescimento dos sectores da agricultura (5,7%), indústria extractiva (18,6%), construção (3,7%), transportes e comunicações (5,5%), comércio (4,1%).
Entretanto, apesar de a inflação mundial está a desacelerar face a redução nos preços dos combustíveis e mercadorias não energéticas e o aperto monetário em vários países, a governante vaticina que esta continuará acima dos níveis pré-pandémicos até 2024.
“A estabilidade do metical em relação as principais moedas, a desaceleração dos preços internacionais de combustíveis associado ao aperto da política monetária tem contribuindo para conter a inflação para trajectória de um dígito no médio prazo, prevendo uma taxa de inflação media de 6.5% em 2024, de 5.5% em 2025 e 5% em 2026”, disse a Vice-Ministra da Economia Finanças
Perante esse quadro, segundo a governante, para o médio prazo, o Governo continuará a privilegiar um quadro de política fiscal prudente com o prosseguimento da consolidação fiscal através da implementação do Pacote de Medidas de Aceleração Económica que prevê reformas fiscais e estímulo a economia bem como o desenvolvimento do sector privado por via de investimento e crescimento dos sectores produtivos através de medidas de reforma para a melhoria do Ambiente de Negócios, Transparência e Governação.
“Para os próximos anos, perspectiva-se a expansão do investimento público, a ser influenciada pelo alívio às restrições do financiamento externo com o novo Programa com o Fundo Monetário Internacional (FMI) ao abrigo da Facilidade de Crédito Alargada (ECF) que visa promover o crescimento sustentável, inclusivo e a estabilidade macroeconómica a longo prazo”, disse.