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Perspectiva-se duplicação das trocas comerciais Moçambique – Reino Unido

O Reino Unido pretende duplicar as trocas comerciais com Moçambique saindo dos actuais 220 para 400 milhões de libras nos próximos três anos, no quadro da promoção e desenvolvimento de parcerias bilaterais nas áreas do comércio e de investimento.

A duplicação dos investimentos e trocas comerciais terão em conta os planos em curso, sobretudo, nas áreas de energia, mineira, indústria do gás, agricultura entre outras com grande potencial económico.

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A vontade foi manifestada ontem, em Maputo, pela Alta Comissária Britânica, Helen Lewis, na abertura de um Fórum de Negócios Moçambique – Reino Unido, centrado na promoção de oportunidades mutuamente benéficas.

Segundo Helen Lewis, o potencial energético e as vastas reservas de recursos naturais que Moçambique detém, poderão transformar o país num dos maiores produtores e exportadores de energia do mundo.

“O Reino Unido tem experiência e conhecimento nestas matérias, e trabalhando conjuntamente com o Governo de Moçambique, poderá criar mais oportunidades de investimento do sector enérgico”, disse a diplomata.

De acordo com a fonte, o Reino Unido também tem conhecimento no sector agrícola, na mineração, nas infra-estruturas sustentáveis, e na educação, que podem ser transmitidos às empresas moçambicanas que apostam nestas áreas.

Por seu turno, o Ministro dos Recursos Minerais e Energia, Carlos Zacarias, que fez a abertura do evento, disse que Moçambique e o Reino Unido tem uma convivência comercial que oferece de forma recíproca, inúmeras oportunidades e vantagens em vários domínios.

Segundo Carlos Zacarias, a capacidade competitiva do Reino Unido em termos de capital, tecnologia, experiência e parceria que oferece, faz dela um parceiro privilegiado de Moçambique, sobretudo considerando-se que o Reino Unido é o terceiro maior exportador da Europa.

Por outro lado, a balança comercial dos últimos cinco anos com esta nação insular situada no noroeste da

Europa, apesar de ter sido favorável para Moçambique, registou um crescimento assinalável a nível do total das exportações (cifradas em 2 299,6 milhões de dólares contra 567,4 milhões de dólares de importações), ela ainda apresenta uma elasticidade de oportunidade e um enorme espaço para a diversificação e crescimento equilibrado da carteira de investimentos e comércio.

O fórum que reúne cerca de quinhentas pessoas em representação de empresas de ambos os lados termina hoje. O mesmo é co-organizado pelo Alto Comissariado Britânico em Moçambique e o Ministério da Indústria e Comércio. O evento antecede a Cimeira de Investimento Reino Unido-África que terá lugar em Abril do próximo ano.

A missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), que concluiu a sua missão de monitoria do desempenho macroeconómico recente de Moçambique, afirmou no balanço e conclusões, das cerca de duas semanas de trabalho que “a recuperação económica ganhou ímpeto”, mas recomenda ao Governo a prosseguir com medidas adicionais para reduzir a massa salarial anual ao seu nível do orçamento aprovado.

“Garantir que a massa salarial pública seja reduzida é fundamental para salvaguardar a sustentabilidade fiscal e macro”, aponta a missão do FMI em comunicado.

O corpo técnico do FMI e as autoridades moçambicanas discutiram o desempenho e as políticas subjacentes à segunda revisão do programa ao abrigo do acordo ECF, nessa perspectiva, a missão do FMI classifica as discussões com tendo sido “frutíferas e continuarão nas próximas semanas visando um acordo ao nível técnico”

Liderada por Pablo Lopez Murphy, a equipa do FMI realizou discussões com as autoridades moçambicanas entre os dias 24 de Abril e 5 de Maio de 2023, no contexto da Segunda Revisão ao abrigo do acordo Mecanismo de Crédito Alargado (ECF, sigla em Inglês).

“A equipa do FMI tem mantido conversações construtivas e frutíferas com as autoridades moçambicanas sobre as políticas económicas e financeiras para apoiar a aprovação da Segunda Revisão do programa ao abrigo do acordo ECF”, disse Pablo Lopez Murphy.

“A recuperação económica de Moçambique ganhou ímpeto. Os sectores mais afectados pelo COVID-19 (hotelaria, transporte e comunicações) recuperaram e a agricultura beneficiou de chuvas favoráveis. O crescimento em 2022 foi de 4,1% prevendo-se que alcance 5% em 2023. A retoma do crescimento é parcialmente impulsionada pelas indústrias extractivas, incluindo o primeiro projecto de Gás Natural Liquefeito (Coral Sul), que iniciou a produção em Outubro de 2022”. Diz a missão do FMI em comunicado.

A missão do FMI, afirma ainda que “a inflação foi moderada (9,3% em Março de 2023), reflectindo o congelamento dos preços dos combustíveis e efeitos de segunda onda de aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis inferiores aos previstos. A taxa de câmbio está estável desde meados de 2021, o que ajuda a conter a inflação”.

“O desempenho fiscal em 2022 foi mais baixo do que o previsto, com o défice primário (após doações) de cerca de 0,5 por cento do PIB acima da meta – reflectindo um aumento significativo (de cerca de 3 porcento do PIB) no custo de implementação da reforma da massa salarial. A redução das despesas com outra rubrica corrente compensou parte do excesso da massa salarial, de modo que a despesa corrente total excedeu a projeção em cerca de 1 por cento do PIB. A receita foi de 1 por cento do PIB menor do que o planificado, reflectindo desempenho abaixo do esperado dos impostos internos (especialmente IVA).

A missão do FMI constata que o Governo já tomou várias medidas para corrigir os gastos salariais, incluindo mudanças no salário de referência e suplementos salariais, e uma auditoria do processo de mapeamento de funcionários públicos de seu nível salarial original para seu novo enquadramento.

“A equipa do fundo encoraja o Governo a prosseguir com medidas adicionais para reduzir a massa salarial anual ao seu nível do orçamento aprovado. Garantir que a massa salarial pública seja reduzida é fundamental para salvaguardar a sustentabilidade fiscal e macro”.

“O governo fez um progresso relativamente contínuo nas reformas estruturais”, diz o FMI, mas acrescenta que “há espaço para eliminação de mais isenções que não afectam as camadas mais vulneráveis”.

Durante a sua estadia em Moçambique, a equipa técnica do FMI reuniu-se com o Primeiro-ministro, Adriano Maleiane, o Ministro da Economia e Finanças, Max Tonela, o Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela e outros altos funcionários. A missão reuniu-se igualmente com representantes da sociedade civil, parceiros de desenvolvimento e o sector privado.

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