2 minute read

Perspectivas de curto prazo apontam para um abrandamento da pressão inflacionária

O Banco de Moçambique, constata que em Abril de 2023, a inflação anual desacelerou, a traduzir a redução dos preços dos bens alimentares. A inflação anual, medida pela variação do Índice de Preços no Consumidor (IPC) de Moçambique, passou de 10,83% em Março para 9,61% em Abril. No mesmo sentido, os dados recolhidos nas cidades de Maputo, Beira e Nampula (MABENA), pelo INE, indicam que a inflação anual passou de 9,33%, em Março, para 8,39%, em Abril.

O boletim de “Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação”, esclarece que a evolução do nível geral de preços em Abril é explicada pela redução dos preços dos bens alimentares, sobretudo dos cereais e derivados, que reflecte o efeito combinado da queda dos preços dos alimentos no mercado internacional, e a evolução favorável da taxa de câmbio, num contexto em que ainda se observa o efeito base nos preços administrados, decorrente do aumento dos combustíveis e do pão de trigo em igual período de 2022. Acrescenta a informação do BdM que a “a inflação subjacente também desacelerou”.

Advertisement

“Efectivamente, excluindo os subgrupos das frutas e vegetais e dos produtos administrados, a inflação anual subjacente passou de 4,22% em Março para 3,78% em Abril. Este comportamento reflecte, sobretudo, a apreciação do Metical face ao Rand e estabilidade perante o Dólar norte-americano, que contribuíram para a redução dos preços dos bens importados, num contexto em que a procura agregada mantém-se abaixo do seu potencial”

Relativamente ao curto prazo a perspectiva é de um abrandamento da pressão inflacionária. “Estas perspectivas reflectem a dissipação dos efeitos dos choques climáticos e o início da época, num contexto em que ainda se antevê um efeito base nos preços administrados, não obstante o recente aumento do preço do gasóleo e do gás veicular. O índice de preços do Purchasing Managers’ Index (PMI), um dos indicadores dianteiros da evolução de preços, também sustenta estas perspectivas nos próximos meses do ano em curso.

Contudo, alerta o BdM, “prevalecem como riscos e incertezas à estas perspectivas (i) a magnitude dos efeitos de segunda ronda do ajustamento dos preços dos combustíveis e (ii) a redução dos preços das commodities de exportação”.

O BdM observa ainda que os agentes económicos mantiveram as suas perspectivas de desaceleração da inflação, no sentido em que, em Maio de 2023, as expectativas indicam que, em Dezembro de 2023, a inflação anual poderá situar-se em 9,20%, depois de 9,21% revelado no inquérito precedente.

“Para o médio prazo, os agentes económicos continuam a prever uma inflação de um dígito”

Nesses termos, para o médio prazo, nas projeccoes do BdM, consolidam-se as perspectivas de inflação de um dígito consolidam-se, resultante do impacto das medidas que vêm sendo tomadas pelo Comité de Política Monetária (CPMO) que visam sobre a manutenção da estabilidade cambial e da tendência de redução dos preços das mercadorias de importação no mercado internacional.

“Entretanto, os riscos e incertezas subjacentes às projecções de inflação mantêm-se elevados”. Alerta o BdM os fundamentos que orientaram as projecções de inflação para o médio prazo (2023-2024), do BdM, tomam como principais pressupostos: (i) fraca procura externa; (ii) abrandamento de pressão inflacionária global; (iii) queda dos preços internacionais das mercadorias; e (iv) prevalência de elevados riscos, com destaque para aumento da pressão sobre a despesa pública.

Relativamente aos pressupostos sobre a envolvente macroeconómica externa, é citada a manutenção da procura externa fraca, em resultado, sobretudo, de uma actividade económica global que continua a se ressentir dos efeitos do conflito Rússia-Ucrânia, da prevalência de condições monetárias e de financiamento global mais restritivas, bem como das incertezas dos investidores e consumidores geradas pela recente turbulência do sistema bancário europeu e dos EUA.

Também a manutenção do abrandamento da inflação global, é considerada um pressuposto da envolvente macroeconómica externa, na medida em que identificam-se perspectivas de prolongamento dos aumentos das taxas de juro de política monetária em algumas economias avançadas e da prevalência do acordo de exportação entre a Rússia e a Ucrânia, que concorre para a manutenção do preço de alimentos e do brent a níveis pré-conflito, favorecendo a evolução futura da inflação, ainda assim, a situar-se, no médio prazo, acima das metas estabelecidas por maior parte dos bancos centrais.

This article is from: