October Doom Magazine num 63

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LANÇAMENTOS + RESENHAS + SHOWS + MATÉRIAS + ENTREVISTAS

EXCLUSIVO

ANO II Nº63

ENTREVISTA

MAGAZINE

COBERTURA SHOW RIO 1


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Nº OUT/2016

By October Doom Entertainemnt

A October Doom Magazine é resultado da parceria e cooperação de alguns grupos e iniciativas independentes, que trabalham em função de um Underground Brasileiro mais forte e completo, além de vários individuos anônimos que contribuem compartilhando e disseminando este trabalho. EDITOR CHEFE: Morgan Gonçalves COLABORADORES NESTA EDIÇÃO: Fabrício Campos | Cielinszka Wielewski | Matheus Jacques | Jenny Sousa | Gustav Zombetero | Merlin Oliveira | Raphael Arizo | Leandro Vianna | Billy Goate | Rafael Sade | Erick Cruxen | Amilton Jr | Aaron Pickford | André Nespoli EDITOR DE ARTE:

Márcio Alvarenga | noisejazz@gmail.com issuu.com/octoberdoomzine/ Facebook.com/OctoberDoomOfficial octoberdoom.bandcamp.com/ COLABORADORES:

/FuneralWedding //DoomedStoned

/SUDORDER

/A-Música-Continua-a-Mesma

/The-Sludgelord

EDITORIAL Shows, shows e mais shows

S

e há uma maneira de afirmar que a cena metal está crescendo no Brasil, é lendo a October Doom Magazine! Se por um lado, todas as edições trazem quatro, seis, às vezes até mais eventos que estão por acontecer, por outro, está edição traz numa tacada só, três coberturas de grandes shows que aconteceram no mês de outubro, sem contar os diversos eventos menores que aconteceram e que não tivemos como cobrir. Isso só reafirma o crescimento dessa cena, feita por produtores, bandas e público que comparece cada vez mais nos eventos. Talvez seja um bom momento pra convidar esse mesmo público para comparecer ainda mais nos eventos “menores” que acontecem em várias cidades do país, afinal, é tão enriquecedor ver um show do Epica, The Ocean, Paradise Lost, Alcest ou Mayhem, quanto ver um show do Fallen Idol, Black Witch, Cattarse e tantas outras bandas Brasileiras que têm se destacado no cenário nacional. Então, que fotos e textos desses grandes eventos que aconteceram neste mês sirvam de estimulo e que façam com que nossos leitores se aproximem das gig’s, dos rolês, dos eventos e dos festivais, por que se tem uma coisa que todas essas bandas que nós amamos gostam, é de casa cheia! Mergulhem nas nossas páginas, entrevistas, resenhas e coberturas realizadas com muito carinho para todos vocês.

Se tem uma coisa que todas essas bandas que nós amamos gostam, é de casa cheia!”

Obrigado e Boa Leitura. MORGAN GONÇALVES

CONTATO:

contato@octoberdoom.com

Facebook.com/morgan.goncalves.1 EDITOR CHEFE


SUMÁRIO ENTREVISTA

30 ESPECIAL PRODUÇÃO

RESENHA DE SHOW RESENHAS TURNÊ

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EXCLUSIVO

AVE, SATANÁS!

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RESENHAS

52 54 56 60 62

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ENTREVISTA PESO MEGALÍTICO

ENTREVISTA BRUXARIA EM MOSSORÓ

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COBERTURA EPIC METAL ABRAXAS FEST

AGENDA 4

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ALCEST

EXCLUSIVO PARA OCTOBER DOOM MAGAZINE


TERCEIRA PARTE DO ESPECIAL

ENTREVISTA

GREGOR MACKINTOSH RESPONDE AOS FÃS DA BANDA

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48 TRUCKFIGHTERS RESENHA DO ALBUM DO MÊS


EXCLUSIVO

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POR | Fabricio Campos TRADUÇÃO | Elyson Gums

POUCO MAIS DE UM MÊS DEPOIS DE SUA ULTIMA PASSAGEM PELO BRASIL, NEIGE CONTA COMO FOI SUA EXPERIENCIA E FALA DO NOVO ÁLBUM

O

Alcest é uma das bandas mais aclamadas no que se refere ao Black Metal e Post Black Metal BlackGaze. A banda já está em seu quinto álbum e depois da sua segunda passagem pelo Brasil no Overload Music Festival em São Paulo, e do lançamento do mais recente disco, Kodama, entrevistamos a dupla francesa e trouxemos o resultado dessa entrevista para vocês. Confiram! OD | A

octoberdoom.com

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EXCLUSIVO

FICHA ORIGEM França

GÊNERO

Doom / Blackgaze

CURRENT MEMBERS

Neige Vocals, Guitars, Bass, Keyboards Winterhalter Drums

DISCOGRAFIA

Écailles de lune (2010)

Les Voyages de l’âme (2012)

Shelter (2014)

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Fabricio Campos: Primeiramente quero agradeço a oportunidade, é uma enorme honra de estar fazendo essa entrevista com a banda. Analisando toda a cronografia do Alcest, desde o lançamento do Tristesse Hivernale (2001) até Kodama (2016), podemos dizer que banda mudou radicalmente, se tornando a percussora do Blackgaze na França. Como foi essa transformação de estilos e como isso afetou o Alcest? Alcest: Quando comecei a

Quando comecei a banda, tinha por volta de 15 anos. Havia descoberto o black metal e queria fazer esse tipo de som.” ALCEST

banda, era muito jovem, tinha por volta de 15 anos. No início, havia descoberto o black metal e queria fazer esse tipo de som. Nada muito original, sabe, criar algo no estilo das bandas norueguesas. Obviamente não me satisfez, porque queria fazer algo mais pessoal. Por isso, não considero a primeira demo como um trabalho do Alcest. Algumas pessoas até me disseram que eu poderia dar outro nome, mas gosto de ‘Alcest’, então permaneceu assim. Mas pra mim, é praticamente um álbum de outra banda. Já são quase quinze anos, evolui como pessoa, passei por diferentes momentos e inspirações, então a música evoluiu bastante do primeiro álbum até o que é agora. São dois caminhos diferentes, o que penso ser normal. É difícil fazer uma análise pessoal (sobre como as mudanças afetaram a banda). Talvez no futuro eu analise a discografia, mas não gosto muito de observar o passado. Prefiro olhar para o futuro, para evoluir enquanto músico e apresentar algo novo a cada trabalho. OD | A octoberdoom.com

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EXCLUSIVO

ALCEST foi formada na França, em 1999.

Quais são suas principais influências e como elas contribuem para seu trabalho? Alcest: Sou influenciado por

várias coisas, não apenas música, claro. Esse projeto sempre falou sobre espiritualidade, temas como vida depois da morte. É uma música ‘de outro mundo’, realmente vem de um espaço diferente. É muito, muito pessoal. Sobre as influências: podem ser filmes, pinturas. Para os visuais, fui influenciado por pinturas dos Pré-Rafaelitas, como por exemplo, Waterhouse (John William, pintor italiano). E, claro, a natureza também me inspira bastante, porque quanto a contemplo, me sinto mais conectado ao meu lado espiritual. Gosto bastante de caminhar em florestas e essas coisas. Sobre bandas, tive diversas fases. Por exemplo, quando estava comprondo Le Secret and Souvenirs d’un Autre Monde’, estava ouvindo o compositor francês Yan Tiersen. Talvez Burzum – estava ouvindo um pouco de black metal

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norueguês. Mas sempre ouço coisas diferentes. Gosto de New Wave, ouço Joy Division, The Chameleons, The Cure; também post-rock, gosto de Explosions in the Sky. Depois descobri shoegaze, bandas como Slow Dive e Cocteau Twins. Recentemente tenho ouvido Grimes, uma cantora canadense, e coisas mais grunge, como Dinosaur Jr. e Sonic Youth. Também gosto muito de Type O Negative, especialmente October Rust.

Tristesse Hivernale foi lançado em 2001, pelo selo sul americano Drakkar Productions. Como ocorreu esta parceria? Qual foi a expectativa gerada pela a banda? Alcest: Morava em uma

cidade isolada da cena de metal, não havia headbangers por perto. Por isso tive que aprender a tocar vários instrumentos, não conseguia encontrar ninguém para tocar. Finalmente descobri este celo, o escritório deles não ficava muito longe de onde morava. Os en-

Morava em uma cidade isolada da cena de metal, não havia headbangers por perto.” ALCEST

contrei lá e eles gostaram do som, quiseram lançar a demo. É um selo bem underground e imaturo, estou feliz por não estar mais ligado a eles. Não sei quais eram minhas expectativas na época, eu era muito jovem e só estava feliz por lançar algo, eu acho.

Amesoeurs, formada na cidade de Bagnols-sur-Cèze, em 2004, foi pioneira no Blackgaze na França OD | A


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EXCLUSIVO

e teve fortes influências de Post-Punk. Trazia temas do cotidiano como melancolia da vida moderna, assim como a isolamento nas grandes cidades. Como surgiu a idéia de criar a banda? O Amesoeurs influenciou de algum modo o Alcest? Alcest: surgiu em um momento em que estava bastante focado no Alcest, especialmente em seu lado mais brilhante e luminoso, então a música era bastante positiva. Eu estava bastante ansioso e melancólico, achei que precisava de outra banda para expressar esse lado mais obscuro. Também tenho uma fascinação pelas grandes cidades e suas luzes, e o fato de que você está cercado por milhares de pessoas e ainda assim se sente isolado – eu realmente gosto desses temas. Estava ouvindo bastante post-punk, como Joy Division, e achei que seria interessante misturar o black metal tradicional e algo mais nessa linha, mais indie rock. Esta é a história da criação de

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Amesoeurs, mas não há qualquer influência sobre o Alcest, porque veio depois e além disso são dois projetos bem diferentes.

Em 2007, a banda lançou o Souvenirs d'un Autre Monde, o álbum que ditou o norte que o Alcest tomaria dali em diante. Como ocorreu essa mudança de estilos? Alcest: Eu diria que foi Le Secret que ditou a direção da banda, porque pra mim foi o primeiro ábum de verdade do Alcest. Eu queria fazer algo mais pessoal e havia esses temas sobrenaturais que queria abordar. Tive uma experiência quando era criança, com memórias de um lugar que não exite aqui, um lugar angelical, incrível, que eu gostaria de falar sobre. Decidi fazer do Alcest uma forma de expressão musical sobre esses assuntos. Trouxe elementos de black metal, mas estava buscando algo mais frágil, otimista e nostálgico, sabe? Black metal é geralmente bem obscuro, e minha

ALCEST SOUVENIRS D’UN AUTRE MONDE

FULL-LENGTH 2007

intenção com Alcest era fazer justamente o oposto.

Em 2010 o Alcest lançou aquele que julgo um dos melhores álbuns da banda, Écailles de Lune, que trouxe junto à arte


Black metal é geralmente bem obscuro, e minha intenção com Alcest era fazer justamente o oposto.” ALCEST

de Fursy Teyssier na capa, o que se tornaria uma das marcas registradas da banda, A banda trazia uma sonoridade mais suave, resgatando as pegadas viscerais do Black Metal, com vocais rasgados; outra marca do Neige. Qual foi a maior inspiração para o Écailles de Lune? Alcest: Gostei bastante desse álbum também, o escrevi de maneira muito espontânea. Estava tentando fazer algo diferente do álbum que havia acabado de lançar (Souvenirs d'un Autre Monde, 2007). Depois desse disco, inspirado pela primavera, pelo verde e pelo sol, senti que precisava fazer algo mais triste. Neste período, me mudei para Paris e estava me sentindo bastante solitário, com sentimentos melancólicos. Usei o beira-mar como uma metáfora para estes sentimentos, e as letras são sobre escapar para o Abismo, entende? Não de uma maneira sombria, mas tratando o Abismo como uma espécie de reino mágico em que você gosta-

ria de estar. Este álbum tem uma personalidade bastante única.

Por que a escolha de usar um poema de Paul-Jean Toulet em “Sur l’océan couleur de fer”? Alcest: Encontrei o poema em

um livro de poesias e achei muito bonito e adequado para a música. Sur L'Océan Couleur de Fer traz essa evocação do mar, da paisagem marítima à noite.

Em 2014, foi lançado o álbum Shelter. Por que quiseram gravar em Reykjavík, na Islândia? E como surgiu a participação de Neil Halstead (Slowdive, Mojave 3)? Como surgiu a ideia do clipe de Opale? Alcest: Sempre gostei da produção do Sigur Rós, então fomos para o mesmo estúdio em que eles gravam, para encontrar essa prdução mais focada no post-rock. Passamos dois meses gravando Shelter e foi uma experência fantástica.

Sobre o Neil: SlowDive é, se não a minha banda favorita, uma das que mais gosto. Entrei em contato com ele há bastante tempo, mas sem resposta. Até que um dia ele respondeu dizendo que estava interessando em participar, foi brilhante.

Em 2014 a banda veio ao Brasil e tocou no Overload Music junto com bandas excelentes, foi a primeira edição do evento e o show gerou grande repercussão no Brasil, quais foram suas impressões deste show e dos fãs brasileiros? Alcest: Esta foi a primeira vez que tocamos no Brasil, mas já sabíamos que tínhamos bastante fãs aqui, então estávamos ansiosos para tocar. Tocamos em um clube no Rio, depois no Overload em São Paulo. Foi bem legal, a casa estava cheia e os fãs são bem agitados, nós amamos.

Em 30 de setembro vocês lançaram Kodama, OD | A octoberdoom.com

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EXCLUSIVO

RESENHAS

que traduzido do japonês significa “Espírito da Árvore” e tem como um dos elementos a inspiração no filme A Viagem de Chihiro. Quais são as suas impressões sobre o disco? Alcest: É uma espécie de

volta às antigas músicas do Alcest. Shelter foi uma gravação mais ambiente, com focos nas guitarras. Agora fizemos algo mais rítmico e agressivo, usando dinâmicas que a banda trazia nos primeiros trabalhos. Gostamos de alternar melodias e passagens calmas com momentos de agressividade. Kodama também têm vocais rasgados. De certo modo, é uma volta as raízes, mas Kodama é obviamente diferente. Tem uma produção mais moderna, com os elementos de indie rock presentes em Shelter. É uma mistura entre este disco e o que fizemos antes, um híbrido. Estamos orgulhosos e esperamos que os fãs brasileiros também tenham gostado.

Também em setembro de 2016 a banda voltou ao Brasil e tocará no Overload Music, e tocou na integra Écailles de Lune em um show memorável e singular em toda a América do sul junto com as bandas kata-

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tonia, Labirinto e Vincent Cavanagh. Como foi para o Alcest voltar ao Brasil? Alcest: Foi ótimo, diria que

melhor do que nossos shows em 2014. A plateia estava incrível, certamente adoramos tocar no Brasil. Desta vez também tivemos tempo de fazer turismo, conhecemos um pouco de São Paulo. Encontramos fãs antes e depois do show, achamos isso importante e gostamos de estar perto dos nossos fãs. Foi um momento especial e queremos vir de novo.

Novamente agradeço essa grande oportunidade, para mim foi uma honra, gostariam de deixar algum recado para os fãs brasileiros? Alcest: Eu é que agradeço,

foi um prazer. Para os fãs brasileiros: queremos dizer que os amamos e que os shows que fizemos foram magníficos. Esperamos que na próxima vez, a plateia seja ainda maior, então tentem falar sobre o Alcest para as pessoas, espalhem a palavra. Esperamos voltar muito em breve, então até mais!

LINKS https://www.facebook.com/alcest.official http://www.alcest-music.com/

ALCEST KODAMA PROPHECY

2016

FRANÇA WEB

ALCEST-MUSIC.COM

1 - Kodama 9’07’’ A 2 - Eclosion 8’54’’ A 3 - Je Suis D’ailleurs 7’20’’ A 4 - Untouched 5’12’’ A 5 - Oiseaux De Proie 7’48’’ A 6 Onyx 3’51’’


ALCEST NO OVERLOAD Music Festival em 2016 (Foto por Alessandra Tolc)

NOSSA RESENHA DO TÃO ESPERADO SUCESSOR DE SHELTER, KODAMA POR | Rafael Sade

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urante a turnê do Shelter, eu li uma ou duas entrevistas na qual o vocalista Neige dizia que o próximo disco voltaria às origens da banda. Como prometido, Kodama traz o som característico do blackgaze (shoegaze com black metal) que trouxe tanta fama ao Alcest. Kodama é um álbum que já nasceu clássico e traz a velha forma do Alcest de volta. Só que não ouvimos apenas o blackgaze nele e,

sim, um apanhado de toda a carreira do grupo nas seis faixas que o compõem. Sua temática exibe a conexão da dimensão física com a espiritual, trazendo a essência da música japonesa inspirada por obras como “A Viagem de Chihiro” e “Princesa Mononoke", inclusive na capa. É uma continuação do Écailles de Lune (2010), mas as composições poderiam fazer parte tranquilamente de Les Voyages de l'Âme (2012), mesmo que sejam mais pesadas e diretas. Os destaques ficam para a faixa-título, muito agradável e

de clara inspiração nipônica, que faz a melodia grudar na cabeça por horas. “Untouched” poderia estar facilmente no Shelter, e é a mais dream pop de todo o álbum. “Oiseaux de Proie” foi a primeira disponibilizada para audição e certamente é a melhor do álbum, mostrando o retorno dos vocais rasgados de Neige. O Alcest conseguiu passar a mensagem e a sensação de ligação entre dois mundos que o novo trabalho busca propor e que os ouvintes da banda tanto buscam a cada nota. Claramente, Kodama figura entre os melhores lançamentos de 2016 e um dos melhores da discografia dos franceses. OD | A

LINK https://alcest.bandcamp.com/

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ENTREVISTA GREG MACKINTOSH GUITARRA

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COMO SE FISESSE DO BRASIL, SUA SEGUNDA CASA, PARADISE LOST VOLTA AO PAÍS PARA O EPIC METAL FEST E OUTROS GRANDES SHOWS POR | Jenny Souza e Edi Fortini TRADUÇÃO | Elyson Gums

O

s ingleses da lendária banda Paradise Lost vieram participar da primeira edição do Epic Metal Fest no Brasil e a October Doom conseguiu uma entrevista exclusiva com eles! Falamos sobre o novo CD que está em andamento, histórias do passado, a experiência de tocar com o baterista Waltteri Väyrynen entre outras coisas. OD | A

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ENTREVISTA GREG MACKINTOSH GUITARRA

October Doom Magazine: Vocês estão na estrada há quase 30 anos e muitas coisas na indústria da música mudaram nesse tempo, o mercado está mudando bastante nos últimos anos. Como veem a indústria musical num futuro breve? Vocês estão se preparando para isso? Greg Mackintosh: Sim,

as coisas mudaram bastante, algumas para melhor e outras para pior. Não há razão para se preocupar com o que vier depois, geralmente essas coisas são cíclicas, então estou bastante otimista quanto ao futuro. Dito isso, no ano em que nasci, Paranoid, do Black Sabbath, estava no topo, e agora é a porra do Justin Bieber.

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Vocês estão trabalhando num novo álbum. O que podem dizer sobre isso até o momento? Greg: Acredito que o que já

temos escritos é tão bom ou até melhor que o disco anterior (The Plague Within, 2015). Também é diferente o suficiente do nosso último disco para manter tudo interessante.

Com o tempo e a convivência, o processo de criação se torna mais fácil ou não? Greg: Eu me tornei melhor

na organização das ideias e na agilidade enquanto escrevo. Também me tornei bastante auto-crítico. Fora isso, não acredito que nada seja diferente. É um constante processo de aprendizagem.

No ano em que nasci, Paranoid estava no topo, e agora é a porra do Justin Bieber.” Greg Mackintosh, GUITARRA - PARADISE LOST

Waltteri Väyrynen ocupou recentemente o espaço de baterista da banda. Ele é mais novo do que vocês, mas tem uma técnica maravilhosa. Como tem sido tocar com ele? Greg: Eu tenho outra banda, chamada Vallenfyre, e fizemos um anúncio procurando um baterista e Waltteri conseguiu o emprego. Depois de tocar com ele por um ano nesta banda, apareceu uma vaga no Paradise Lost e o coloquei lá. De início, o resto da banda foi cético. Gostaram quando o ouviram tocar, mas assim como eu, no início estavam preocupados por ele ser muito jovem. Mas logo, perceberam que ele era maduro o suficiente. Ele é mais responsável que o resto de nós juntos, e também tem um grande senso de humor, o que é essencial. Infelizmente ele tem alguns gostos musicais duvidosos, mas vai aprender quando for mais velho. :-) OD | A


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ENTREVISTA

GREG MACKINTOSH GUITARRA

Vocês passaram por diversos estilos dentro do metal, por vezes beirando o death metal, por vezes mesclando com o gothic rock e todas tiveram seu reconhecimento e importância em cada momento. Qual foi a época mais marcante para vocês? Greg: Todos têm seus méritos

PARADISE LOST THE PLAGUE WITHIN FULL-LENGTH 2015

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por diferentes razões, mas quando entramos na cena de música exrema na Europa, nos anos 80, foi um tempo mágico. Ainda somos amigos de muita gente dessa época e todos eram verdadeiros. Nem todo mundo tem chande de fazer parte de algo tão único.

Vocês planejam fazer mais turnês comemorativas como foi feito com o Gothic? Qual foi o sentimento de tocá-lo na íntegra? Greg: Não. Nunca diga nunca,

mas obviamente a cada vez que se faz isso, fica menos especial. O sentimento é estranho porque nesses shows a plateia é composta por dois tipos de pessoas: as que eram fãs quando o CD foi originalmente lançado, e vieram para relembrar, e as que eram muito jovens na época e sempre quiseram ver o disco tocado ao vivo. Me sinto honrado em ter uma história que pode unir esse público.

Durante toda a carreira vários singles foram lançados e cada um, em sua época, teve um significado único. Existe alguma música no novo cd que vocês estão trabalhando que tenha esse feeling com um pouco mais de destaque, tal como foi com "Gothic", "Erased" ou "True Belief"? Greg: Músicas assim só apa-

recem depois de estar tudo termi-


FICHA ORIGEM

Reino Unido

GÊNERO Doom / Gothic

CURRENT MEMBERS

Nick Holmes Vocals Gregor Mackintosh Guitars Stephen Edmondson Bass Aaron Aedy Guitars Waltteri Väyrynen Drums

nado. Não dá pra prever, e nem é bom tentar. Nós fazemos o nosso melhor e ocasionalmente algo diferente acontece.

Como é voltar ao Brasil? De todas as vezes que tocaram aqui, teve alguma mais marcante? Greg: Nós sempre nos divertimos no Brasil, os fãs são ótimos. Na primeira vez foi mais surreal, por sermos partes do Monster of Rock com o Ozzy, tocando em estádios de futebol. Estávamos com um pouco de frio na barriga.

Se vocês pudessem dar um conselho a vocês mesmos no início da carreira, qual seria? Greg: Relaxem e aproveitem,

porque é fácil se estressar nesse meio. OD | A

Na primeira vez (no Brasil) foi mais surreal, tocando em estádios de futebol. Estávamos com um pouco de frio na barriga.” Greg Mackintosh, GUITARRA - PARADISE LOST

ALBUNS

Icon (1993)

Draconian Times (1995) octoberdoom.com

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ENTREVISTA GREG MACKINTOSH GUITARRA

PERGUNTAS

DOS FÃS

Heder Honorio: Dentro do metal as pessoas têm muito uma tendência a achar que música e questões políticas não se misturam. Qual é a opinião da banda com relação a isso, principalmente considerando que atualmente estamos passando por um momento político conturbado em âmbito mundial? Greg: Eu vim de uma cena de

hardcore punk no Reino Unido, que é politicamente bem carregada. Gosto de letras inteligentes e bem escritas, mas infelizmente a maioria com mensagens políticas não são. Não há soluções, apenas reclamações, o que eu até consigo gostar. As letras do Paradise Lost são mais escapistas, falamos sobre assuntos esotéricos. Se você vai falar sobre política nas suas letras, pelo menos saiba sobre o que está falando, ou tenha experiência no assunto. Barney, do Napalm Death (Mark Greenway, vocalista), é um bom exemplo de alguém que estuda antes de escrever.

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As letras do Paradise Lost são mais escapistas, falamos sobre assuntos esotéricos.” Greg Mackintosh, GUITARRA - PARADISE LOST

Guilherme Wassem: Quais as influências musicais de cada membro da banda? Greg: Bem difícil responder

essa. Steve gosta só dos primeiros do Iron Maiden e do Black Sabbath. Aaron viveu em Londres por bastante tempo e é bem eclético, mas suas raízes são classic rock e metal. Nick e eu temos fases de gostar muito de uma ou outra coisa, às vezes mais brutal, às vezes mais sombrias. Na verdade, o meu gosto sempre foi um pouco mais subversivo que o dele. Sou o único integrante que chegou à música extrema por meio da cena de punk rock. Todos os outros vieram do metal e eu era bastante deslocado até o meio dos anos 80.

Luciano Las: Todos os discos da banda têm um sentimento muito pessoal para cada fã, mas o álbum GOTHIC foi um divisor de águas tanto para a banda quanto para definir todo um novo estilo musical que despontava naquela época. Há alguma possibilidade ou proposta de a banda fazer um novo relançamento com uma produção mais atual e bem trabalhada em cima disso? Greg: Não acho que seja uma boa ideia. Fizemos novas versões de músicas antigas em gravações ao vivo etc, mas acho que alguns álbums são muitos próprios de seu tempo, e nuances de som, produção e atitude são tão importantes quanto as músicas em si.

October Doom: Agradecemos a atenção e o carinho com o qual os fãs brasileiros sempre foram tratados. Aproveitem para deixar um recado para os fãs Brasileiros Greg: Obrigado pelos anos de apoio. Tocamos no Brasil há 20 anos e nunca nos desapontamos.

LINKS https://www.facebook.com/paradiselostofficial http://www.paradiselost.co.uk/


PROJETO GRÁFICO DESIGN noisejazz@gmail.com


ENTREVISTA LORENA ROCHA VOCALISTA BLACK WITCH

A

LANÇANDO SEU PRIMEIRO FULLLENGTH, BLACK WITCH SE FIRMA COMO POTÊNCIA NO STONER BRASILEIRO POR | Merlin Oliveira

mplamente considerados uma das melhores revelações do ano passado e com grandes shows confirmados para o final de 2016, a Black Witch se prepara para mais um lançamento ainda esse ano, o álbum “Solve et Coagula”, e nós da October Doom já esta-

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mos ansiosos para escutar tudo. A banda formada em 2015 mescla fortes influências de Doom e Stoner com os vocais malignos de Lorena Rocha, além de Rafaum Costa nas guitarras, Amilton Jr. no Baixo e Fred Nunes nas baterias. Nessa entrevista conversamos um pouco sobre o primeiro ano da banda, expectativas pro futuro, cena e, claro, sobre o som perverso que eles fazem. OD | A


FICHA ORIGEM

Mossorรณ, RN

Gร NERO Doom / Stoner

CURRENT MEMBERS

Lorena Rocha Vocal Rafaum Costa Guitarra Amilton Jr. Baixo Fred Nunes Bateria

octoberdoom.com

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ENTREVISTA LORENA ROCHA VOCALISTA BLACK WITCH

Merlin Oliveira: Primeiramente, eu agradeço em nome da October Doom Magazine pela atenção de vocês. Vocês foram uma das grandes revelações no cenário da música arrastada brasileira. Como foi esse primeiro ano de banda? Lorena Rocha: Nós agradecemos o convite. Foi um ano bem ativo, na real. Tocamos muito aqui pelo RN, em cidades da Paraíba, Ceará.... Tocamos festivais irados como o Dosol, Suado, Cobaia.

Como foi a recepção do primeiro trabalho de vocês, o EP “Aware”? E as participações no Festival DoSol 2015 em Caicó e no Festival Suado em João Pessoa? Lorena: A receptividade foi

ótima. O que foi até uma surpresa para mim. Em maio a banda iniciou e em novembro estávamos tocando no Dosol Caicó, dezembro no Suado de João Pessoa. É sempre massa tocar fora de casa, até pela oportunidade de mostrar a música pra outra galera.

BLACK WITCH SOLVE ET COAGULA

2016

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Ainda falando sobre o primeiro trabalho, quais foram as influências da banda no começo e o que mudou para essa nova fase? Lorena: Na época, Rafaum

e eu estávamos ouvindo muito Kyuss, Electric Wizard, Son of a Witch.... Então creio que de imediato essa era a atmosfera em que nos encontrávamos. Na real, acho

É sempre massa tocar fora de casa, até pela oportunidade de mostrar a música pra outra galera.” Lorena Rocha, VOCAL - BLACK WITCH

que o que acaba influenciando a música que fazemos é mais o estado em que nos encontramos, e as bandas que ouvimos espelha esse estado. Uma viagem assim. (Risos)

O novo álbum “Solve et Coagula” previsto para sair nos próximos dias vai apresentar uma nova formação da banda, agora com Amilton (Monster Coyote) assumindo os baixos. O que os fãs podem esperar desse próximo trabalho? Lorena: O álbum ainda foi

gravado pelo Jorge em maio desse ano, mas as pessoas que estiveram nos nossos últimos shows já viram a nova formação e os feedbacks estão muito bons. Podem esperar muito fuzz.


O BLACK WITCH foi formado em 2015, em Mossoró/RN.

Vocês são uma das atrações confirmadas para o Festival DoSol em Natal, um dos maiores festivais do país. Além disso, existem outros grandes shows previstos? Vocês estão planejando uma tour pelo país? Lorena: Sim, vamos tocar na

etapa Natal esse ano e estamos ansiosos demais. A energia do festival é impressionante, e nós estamos muito ansiosos. Estamos com uma tour Sul/Sudeste planejada para dezembro. Serão entre 8 e 10 shows em cidades como São Paulo, Florianópolis, Balneário Camboriú, Rio de Janeiro. Faremos esses shows acompanhados do Projeto Trator, banda lá de Sampa que são nossos brothers, tocaram aqui em Mossoró algumas vezes. Daqui pra dezembro estamos tocando todos os finais de semana.

O Rio Grande do Norte tem se mostrado cada vez mais um dos polos do stoner e doom brasileiros, como é a relação de vocês com as outras bandas da região? Como está a cena no Nordeste como um todo? Lorena: Temos um bom re-

lacionamento com todo mundo, não só do cenário Stoner, mas apoiamos e somos apoiados por vários outros artistas locais que "pertencem" a um outro gênero musical. As bandas do Nordeste são muito apaixonadas, na real. Porque aqui tem mesmo muita banda boa. Mas cena mesmo, não tem. Não tem público pra shows e essa realidade a gente vê em toda cidade que vai tocar. Nossa geração de rockeiros virtuais.

Existem planos que são frutos dessa união a nível regional?

Lorena: Estamos sempre em contato com quem agita a cena por aqui. Inclusive na semana passada tocamos em Recife, no role de 5 anos do Stoned Festival, que é produzido pelos caras do Mojica e Mondo Bizarro, temos a Desertour já em andamento com o Heavenless e Mad Grinder, Revanger e na tour, faremos com o Projeto Trator, tudo isso fruto da ponte que a gente sempre procura fazer. Nacionalmente, as pessoas estão começando a prestar mais atenção nas bandas que estão surgindo em todos os cantos do país, a cena tem ficado cada vez mais forte e unida. Como vocês avaliam esse processo em relação à Black Witch? Existem mais pessoas de outras regiões pedindo por show OD | A octoberdoom.com

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ENTREVISTA LORENA ROCHA VOCALISTA BLACK WITCH

de vocês? Existem bandas de outras regiões com as quais vocês gostariam de tocar? Lorena: Temos um bom re-

conhecimento em outras cidades, o que é muito bom, porque a gente queria mesmo tocar em todas hahahha. Nós gostaríamos muito de poder tocar com os caras do Saturndust, Space Guerrilla, Muñoz, que são bandas que nós ouvimos pra caralho em casa. Vamos trabalhar nessas pontes aí hahaha

Depois do lançamento do novo trabalho e dos shows de divulgação que ainda virão, a Black Witch já tem mais planos pro futuro? O que podemos esperar pra 2017?

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Lorena: Iremos lançar o álbum agora em 2016 e teremos um tempo para trabalhar com ele. Depois dessa turnê sul/sudeste, pensamos em colocar os pés na Europa. Mais uma vez, muito obrigado pela atenção e a disposição. Deixo aqui esse espaço pra vocês falarem o que quiserem ou complementar outras informações. Lorena: Gratidão Merlin,

Morgan e Mateus pelo apoio de sempre. Pra quem quiser sacar os trabalhos, eles são disponibilizados em blackwitchbr.bandcamp.com Vida longa à October Doom!

Temos um bom reconhecimento em outras cidades, o que é muito bom, porque a gente queria mesmo tocar em todas.” Lorena Rocha, VOCAL - BLACK WITCH

LINKS https://www.facebook.com/blackwitchbr/?fref=ts https://blackwitchbr.bandcamp.com/


facebook.com/OctoberDoomOfficial

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ENTREVISTA ROBSON SOUTO GUITARRA/VOCAL LAND OF TEARS

FIRMANDO SEU NOME NO VELHO MUNDO DE VOLTA DEPOIS DE SUA PRIMEIRA TURNÊ EUROPEIA, LAND OF TEARS COMPARTILHA SUAS EXPERIÊNCIAS DENTRO E FORA DO BRASIL

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Na europa eles consideram o metal brasileiro como um dos melhores do mundo.” Night Arrow, VOCAL/GUITARRA - LAND OF TEARS

Raphael Arízio: Após retornar de sua primeira turnê europeia, nos conte sobre a repercussão desses shows pelo velho continente. Robson Souto: Foi excepcio-

POR | Raphael Arízio

L

and of Tears é mais um grupo brasileiro a mostrar para o mundo o poder do metal brasileiro. Isso porque recentemente voltou de sua primeira tour na Europa promovendo o disco The Ancient Ages of Mankind. Vamos saber com o líder da banda, Robson Souto, como foi essa turnê, quais os planos para depois dessa recepção gringa e como isso muda a banda daqui para a frente.

nal em todos os aspectos, principalmente o público ensandecido e que realmente curte nosso trabalho apesar de ser nossa primeira vez por lá. A galera vinha e sabia quantos anos tínhamos de estrada, quantos materiais já tínhamos lançados, ou seja, a galera estuda a fundo quando curte. Vale comentar sobre organização e estrutura primorosos, dignos do lugar e dos nomes que ali já tocaram. A gente se apresentou nos mesmos locais em que já tocaram Bolt Thrower e Vader, entre muitos outros ícones mundiais do metal.

Muitas bandas quando visitam nosso país dizem que os bangers brasileiros são os mais fanáticos e barulhentos do mundo. Qual a diferença que a Land of Tears sentiu entre os bangers europeus e brasileiros? Robson Souto: Que lá eles

consideram o metal brasileiro como um dos melhores do mundo.

Senti na pele que realmente valeu a pena fazer o que fazemos, sem modismos e sem pretensão de agradarmos propositalmente público A ou B. Lá o pessoal te respeita de verdade.

Uma das maiores queixas que as bandas brasileiras fazem é sobre a infraestrutura encontrada por aqui, muitas vezes tirando leite de pedra com equipamentos precários em seus shows. Como foi essa experiência para o Land of Tears em relação à infraestrutura que encontraram por lá? Robson Souto: Primorosa, no mínimo, além de termos tido respaldo por parte de nosso booking manager, Alexandre Britto, que já possuía o equipamento para a banda. Numa forma geral, as estruturas dos locais são todas voltadas para a execução fidedigna dos trabalhos de todo e qualquer conjunto que se propõe a se apresentar nos respectivos palcos. Junte a isso tudo, pessoas dedicadas, técnicas e profissionalmente qualificadas que estão ali para dar o melhor delas para você não se preocupar com nada além de tocar e bater cabeça, assim nada pode dar errado. OD | A octoberdoom.com

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ENTREVISTA ROBSON SOUTO GUITARRA/VOCAL LAND OF TEARS

Logo após o retorno da turnê gringa vocês sofreram algumas mudanças na formação com a entrada do guitarrista Alexandre Woden e do baterista Oman. Como essa formação tem se saído e quais as maiores dificuldades de manter uma formação de uma banda de metal no Brasil? Robson Souto: Bom, em rela-

ção ao nosso guitarrista Alexandre Woden, ele já havia entrado pra banda pouco antes de embarcarmos e nosso entrosamento foi de primeira. Como nós já estávamos com tudo pronto para a tour, inclusive com a participação de outro guitarrista para a mesma, nosso brother Ian Bemolator (Almah, Quo Vadis), foi decidido que ele não viajaria até mesmo por questões logísticas e tudo o mais. Em relação ao nosso baterista, Orion, ele pediu para se ausentar da banda por motivos pessoais quando chegamos de viagem. Logo, como a banda possui agenda a cumprir, convidamos outro brother de longa data, o Oman, que toca em

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diversos grupos do cenário, para dar esse suporte. A volta do Orion não está descartada. Manter um line-up não é só difícil para nós - descobri que esse problema é recorrente em todo o mundo (risos). Aqui, claro, é mais complicado, eu diria que principalmente pelo fator financeiro. Costumo dizer que um casamento em que não rola nem beijo nem sexo, tem que se ter uma dose reforçada de paciência. Foi dito por um amigo meu uma grande verdade: ”o underground é para todos, mas nem todos são para o underground!”

O LoT acabou de tocar em seu primeiro show depois da volta de sua tour na Europa. Como foi a recepção dessa apresentação? Sentiram alguma mudança nesse retorno? Robson Souto: É sempre bom voltar ao lar, tocar em casa para os fãs que você conhece pelo nome. No mais, já estamos acostumados (risos), estrutura etc. Afinal, somos brasileiros e não desistimos nunca! (Risos). Não é assim?

O disco The Ancient Ages of Mankind já foi lançado há mais de um ano. Vocês já estão preparando novo material? Tem alguma previsão de lançamento? Robson Souto: Sim. Inclu-

sive as datas de shows pós-tour se encerram agora em novembro, sendo a última em 27/11, na qual fechamos o ciclo de divulgação do The Ancient.... Iremos nos recolher para dar continuidade ao álbum novo, que tivemos que interromper por conta da tour europeia. Gostaríamos de estar com tudo pronto pra gravar o mais breve possível já no primeiro semestre de 2017. Porém, imprevistos podem ocorrer. Vamos ver o que acontece.


É sempre bom voltar ao lar, tocar em casa para os fãs que você conhece pelo nome.” Night Arrow, VOCAL/GUITARRA - LAND OF TEARS

Os maiores destaques que o disco apresentou foram seu tema e suas letras, bem diferente do que costumamos ver no metal extremo. Qual foi a inspiração para eles? Houve algum estudo para isso? O próximo disco terá algum tema específico? Robson Souto: Procede.

Eu me aprofundei no tema, lendo bastante sobre a história da humanidade e de cara a banda curtiu. Tudo partiu da ideia que tive da capa sobre Alexandre, o Grande. A partir dali, desenvolvi o restante das letras. Cada um fala sobre o que entende ser o melhor para expor suas ideias, mas realmente pegou de tal forma para nós que na Europa as

pessoas chamavam nosso som de epic death metal, um tema mais comum talvez para nomes do heavy metal, não para nosso estilo. Sendo assim, nesse rio caudaloso de ideias, continuaremos a navegar nos próximos materiais.

O Land of Tears lançou um ótimo clipe para a música “The Ancient Ages of Mankind”. Como foi a produção desse clipe e qual foi sua repercussão? Robson Souto: Foi trabalho-

so, demorado e dispendioso como tudo o mais no nosso país, mas valeu cada centavo, cada gota de suor e calo nas mãos de quem teve a oportunidade única de OD | A

LAND OF TEARS THE ANCIENT AGES OF MANKIND

2014

octoberdoom.com

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ENTREVISTA ROBSON SOUTO GUITARRA/VOCAL LAND OF TEARS

participar desse que foi considerado como um dos melhores clipes de metal já feitos em território nacional. Eu diria que foi nosso passaporte com chave de ouro para a nossa carreira internacional. Graças a ele muitas pessoas de diversos cantos que nunca fomos puderam conhecer melhor nosso trabalho - pessoas essas que mesmo sem gostar de metal viram, ouviram e passaram a curtir se não o estilo, nossa música.

cançamos o que não pretendíamos, ou seja, foi bombástico e cheio de muitas surpresas para a banda e para quem o ouviu. Foi feito com muita dedicação e sentimento, foi o divisor de águas do Land of Tears. Eu sempre digo que o último trabalho de uma banda deve ser superado pelo próximo e espero que consigamos ter êxito nesse feito, pois é o melhor trabalho que lançamos nesses 16 anos de carreira, na minha opinião.

Passado esse tempo desde o lançamento do disco The Ancient Ages of Mankind, o que a banda pode falar sobre a sua repercussão? Quais eram os planos que vocês buscavam com esse lançamento? Robson Souto: Eu posso

Com o possível lançamento de um novo material, existe a pretensão de retornar à Europa? Fizeram algum contato para alguma volta ou lançamento do disco no exterior? Robson Souto: Diria que fize-

afirmar que, se não alcançamos o que pretendíamos, com certeza al-

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mos muitos amigos. Com certeza nosso planejamento é, com o lançamento, retornarmos e conhecermos

Eu sempre digo que o último trabalho de uma banda deve ser superado pelo próximo e espero que consigamos ter êxito nesse feito.” Night Arrow, VOCAL/GUITARRA - LAND OF TEARS


FICHA novos países por onde ainda não passamos. (Precisamos) conseguir equalizar a realidade nossa de cada dia com a agenda dos nossos integrantes. Tenho certeza que iremos fazer muitas outras turnês não só pela Europa, mas também por outros recantos, quem sabe América do Sul ou pelo próprio Brasil.

tramos uma fábrica com fórmula própria e que, além de nos agradar o sabor, topou uma parceria. Nós elaboramos o rótulo, que levava o nome de uma música nossa, “Omega Legions”. No momento continuamos fãs de cerveja, mas quem sabe no lançamento do próximo álbum não venha coisa nova por aí.

O que o Land of Tears poderia falar sobre os gringos que dividiram o palco com vocês? Teve alguma que se destacou mais ou que podem fazer algum tipo de intercâmbio, por exemplo? Robson Souto: Sim. Na ver-

Espaço para considerações finais e agradecimentos: Robson Souto: Nós agrade-

dade nós fizemos alguns shows lá na Europa com o Nuclear Warfare (Alemanha), banda do nosso brother, manager da tour e baterista Alexandre Britto (Onfire/Andralls) e tocamos com muita gente boa, como a Nervosa, com a qual já havíamos tocado no Brasil, entre muitas outras. Mas é caro para nós e para eles também. Esse talvez seja o maior problema. Nós estamos situados fora do eixo de proximidade com a Europa, mas eu particularmente gostaria de tocar com a banda de outro grande amigo, o Jerry Winkelmans, do Ithilien (Bélgica). Quem não conhece não sabe o que está perdendo.

cemos a oportunidade que nos foi dada em poder dividir com todos vocês um pouco de nossa história e dizer que o metal é parte integrante de nossas vidas. Nunca desista de seus ideais. Nos vemos na estrada! OD | A

ORIGEM

Rio de Janeiro

GÊNERO

Death Metal

CURRENT MEMBERS

Night Arrow Vocal e guitarra Sergio Vianna Baixo Orion Gobath Bateria

LINKS https://www.facebook.com/L.O.T.Brazil/?fref=ts https://www.youtube.com/watch?v=cFFWfQs2-9E

O LoT lançou no começo de 2015 a própria cerveja. Como que surgiu essa ideia? Existe algum plano de relançar ou fazer algo novo do tipo? Vocês participaram de toda elaboração do produto? Robson Souto: Sim, e foi uma ideia que surgiu pelo simples fato de que somos fãs de boa cerveja. Então, após muita pesquisa, encon-

octoberdoom.com

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ENTREVISTA MARCELO FONSECA BASALT

PESO MEGALÍTICO NO SLUDGE NACIONAL MARCELO FONSECA, FUNDADOR DO SELO BLACK EMBERS, DO FESTIVAL DE MESMO NOME E INTEGRANTE DA BASALT, COMPARTILHA SUA VISÃO COMO MUSICO E COMO PRODUTOR 36

POR | Erick Cruxen

U

ma das bandas que mais me chamou atenção no meio alternativo brasileiro, o Basalt está prestes a lançar seu primeiro registro sonoro. Já acompanhei alguns shows dos caras, e posso dizer que se repetirem as suas performances ao vivo, virá um grande disco por aí. Os membros do grupo tocam/ ou já tocaram em diversas bandas célebres do undergroud pesado de São Paulo. Tive uma conversa com o pessoal, sobre os planos, influências, e algumas curiosidades sobre os outros projetos dos membros da banda.


FICHA ORIGEM

São Paulo

GÊNERO

Doom/ Post rock

CURRENT MEMBERS

Pedro Alves Luiz Mazetto Victor Miranda Marcelo Fonseca Flávio Scaglione

Erick Cruxen: Como foi o processo de gravação do disco? Sairá em formato físico e por algum selo? Marcelo Fonseca: Gravamos

o disco no Estúdio Duna, do Kiko (Reiketsu) e do Kexo (Infamous Glory e Abske Fides), que são amigos nossos há muito tempo e também tocam em bandas que gostamos muito. A gravação foi bem rápida, fizemos tudo em poucos dias, até porque queríamos que tudo soasse o mais natural e orgânico possível. Talvez um lance curioso é que o nosso baterista, o Victor, não usa tons com a gente (na outra banda dele, o Surra, usa tons e pedal duplo e uma porrada de coisa), apenas caixa, surdo, bumbo e poucos pratos, tanto nos shows e ensaios quanto na gravação. O mais louco é que entramos com algumas referências na cabeça de como queríamos soar e acabou saindo de outro jeito que fez até mais sentido, no final das contas. Talvez pelo fato de a banda ser nova e nunca ter gravado nada junto antes essa ideia de como soaríamos ainda estava em aberto. Sobre o lançamento, ainda não fechamos exatamente quais selos vão lançar, mas já tem um pessoal interessado em fazer isso e que veio conversar com a gente recentemente. Sobre os formatos, vai sair em CD primeiro e, se tudo der certo, em vinil depois, mais provavelmente para o ano que vem. OD | A octoberdoom.com

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ENTREVISTA MARCELO FONSECA BASALT

Por que decidiram escolher essa música do disco como primeira para divulgar? Marcelo: Pensamos, em con-

junto, que era uma música que representa a banda como um todo, que mostra diversos elementos que talvez apareçam de forma mais específica em outras faixas do disco. Mas, mesmo com algumas diferenças aqui e ali, todas as músicas compartilham de um sentimento que é perceptível quando uma pessoa ouve o disco ou assiste a um show nosso.

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Quais são as maiores referências nas músicas que vocês compõem? Marcelo: Essa é difícil, acho

que todos temos influências muito variadas já que cada um curte muitas coisas diferentes. Mas acho que posso citar algumas bandas que são unanimidade entre nós cinco, como Amenra, Oathbreaker, Neurosis, Converge, Cursed, Eyehategod, Breach e Old Man Gloom, entre outras que nos inspiram de uma forma ou de outra. Tentamos não nos prender de nenhuma for-

ma na hora de compor, com todos opinando e dando ideias na hora de montar as músicas.

Erick: Quando e como surgiu a banda? Marcelo: A Basalt começou no fim de maio de 2015. O lance é que eu sempre quis montar uma banda com o Marcelo (Fonseca, vocalista) e já estava falando com o Pedro (Alves, guitarrista) há uns tempos sobre tocarmos juntos também. Uns meses antes de começarmos a ensaiar fiz um post


no Facebook dizendo que eu e o Pedro estávamos querendo montar uma banda e coloquei algumas referências de som. Na mesma hora, o Victor (Miranda, baterista) me escreveu dizendo que estava a fim. Aí foi questão de juntar todo mundo. Chamei o Marcelo, que chamou o Flávio (Scaglione, baixista), e marcamos de nos encontrarmos. Logo no primeiro ensaio já saímos de cara com dois sons prontos. Depois desse primeiro ensaio em que tudo rolou tão bem, acho que todo mundo viu que a banda seria mais do que um "projeto".

Erick: Os integrantes do Basalt tocam ou já tocaram em outras bandas de metal ou hardcore. Isso contribui para a banda adquirir referências variadas? Quais são os outros grupos que cada um já participou? Marcelo: Creio que contribui

Tentamos não nos prender de nenhuma forma na hora de compor, com todos opinando e dando ideias” Marcelo Fonseca, BASALT

não só para trazer referências na hora de compor, mas principalmente para a parte mais prática, de pensar em como realmente fazer a banda acontecer. Tipo como fazer as coisas, como e quando gravar, de qual forma lançar, ver quais shows queremos realmente fazer, essas coisas que toda banda precisa decidir no dia a dia. Além do que, acho que o fato de tocarmos e/ou já termos tocado em outras bandas, torna tudo mais fácil no relacionamento entre os cinco e também no sentido de saber melhor o que queremos fazer e como fazer para chegar lá, evitando assim dores de cabeça e estresse desnecessários. Sobre as bandas que

já tocamos, eu toquei por muitos anos no Meant to Suffer, o Marcelo toca n’O Cúmplice e já passou pelo Constrito, obviamente, além do Escuro, L’Enfer e0, Intifada, entre outras. O Pedro toca no Magzilla, o Victor no Surra, e o Cuca (Flávio) tocou no Stench of Death, entre outras.

Erick: Existem muitas bandas de post-metal, sludge e variantes surgindo no Brasil. Como vocês percebem essa “tendência”? A qualidade e o nível de exigência desses grupos, e do público, também está mudando? Marcelo: Não sei com certeza se é uma tendência apenas no Brasil, mas talvez seja algo mais global, já que gêneros como sludge e post-metal/post-hardcore, que antes ficavam mais à margem do metal no geral, ficaram mais em evidência na última década, talvez parcialmente graças à popularização da Internet e todo o acesso a sons diferentes que isso trouxe. Creio que o fato de serem estilos mais abertos, sem tantas "regras", fique mais interessante para termos sim mais coisas interessantes nessa linha, principalmente no que diz respeito a ouvir algo diferente, mas isso não é garantia de qualidade por si só.

Erick: Há espaços destinados para o tipo de som que o Basalt faz em São Paulo e no Brasil? Existem canais de comunicação e divulgação para essas bandas? OD | A octoberdoom.com

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ENTREVISTA MARCELO FONSECA BASALT

BASALT ESTÁ EM PROCESSO DE PRODUÇÃO do seu primeiro álbum.

Marcelo: No geral, os espaços e os canais de divulgação são os mesmos para todo mundo que faz parte do underground, em que cada vez menos existem distinções entre esse ou aquele tipo de som. Os espaços são criados e geridos de alguma forma por quem faz parte da cena como um todo, sem distinção de estilo de som. Mas é claro que existem alguns espaços, físicos ou não, que têm mais a ver conosco e com o estilo que tocamos por inúmeros fatores que não se prendem apenas à música, mas também com a forma como pensamos e encaramos a música, casos da Dissenso e do Black Embers, entre outras iniciativas, como a Sludge House – isso só para ficar em São Paulo. Erick: Quais os planos futuros do Basalt? Marcelo: Estamos finalizando tudo para lançar o disco em CD o

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quanto antes, talvez até o final do ano - a arte será feita pela Carolina Scagliusi (Test, DER). Além disso, já temos alguns sons novos prontos e queremos gravar um EP ou split no fim do ano, talvez no começo de 2017.

Erick: O Marcelo tocou em uma das primeiras (e, na minha opinião, das melhores) bandas nacionais com influência do post-metal, o Constrito, e ainda organiza o Festival Black Embers. O que mudou desde a época que você começou? Marcelo: O Constrito esteve

em atividade de 1996 a 2003. Ter participado dessa banda foi muito importante na minha experiência pessoal, por mostrar-me um caminho possível. A música subterrânea nesse período já vinha mudando e por sorte estávamos antenados ouvindo e tentando

Já temos alguns sons novos prontos e queremos gravar um EP ou split no fim do ano, talvez no começo de 2017.” Marcelo Fonseca, BASALT

implementar tudo isso no que fazíamos. Lembro dessa época como um período para descobrir bandas. Muitas delas já estavam em atividade há algum tempo, mas me impactaram pessoalmente como,


por exemplo, Swans, Neurosis, Godflesh, Jesu, Crowbar, High on Fire, Converge, His Hero is Gone, Burst, Bolt Thrower, Grief, Breach, Eyehategod, Assuck, Melvins, Botch, At the Gates, Mörser e outras. E, de lá para cá, muita coisa mudou. Mudou a forma de adquirirmos e consumirmos música. A geração do fim dos anos 1980 passou das fitas cassete ao CD-R, avançando ao download de mp3. As poucas bandas que conseguiam ver seus lançamentos em vinil se multiplicaram depois por várias outras que conseguiam por si próprias lançar o próprio CD. Muitas bandas investiram em se autoproduzir não ficando dependentes de um produtor de estúdio. A forma das próprias bandas apresentarem e divulgar o que produzem mudou. A rede de fanzines e troca de cartas dos anos 1980 e 1990 praticamente morreu

no começo dos anos 2000. Mas, por outro lado, surgiram as redes sociais, os blogs, os fóruns e os dispositivos de comunicação em tempo real, que facilitaram o trâmite, a troca de informação e, para bem ou para mal, aproximaram uma porção de regiões. Surgiram o YouTube e plataformas de streaming que facilitaram mostrar ao mundo, shows, discos e raridades, assim como mostrar a cara de uma banda que você poderia passar anos tentando decifrar a partir de anúncios xerocados toscos. Mudou a estrutura dentro desse mundo subterrâneo que atuamos. Se na época do Constrito fazer show correspondia a 10 bandas usando um mesmo amplificador Marshall (o que era uma vitória) de 80 watts, levado de ônibus ou de carona, hoje pelo menos em termos de estrutura e instrumentos a situação mudou. Lógico que todos estamos sujeitos a passar

por situações precárias, mas hoje ao menos temos condições de nos precaver para ter resultados melhores. Ou seja, o “faça-você-mesmo” ficou mais preciso, mais instrumentalizado.

Erick: Como é organizar um festival desse calibre, hoje? Marcelo: Organizar o Black

Embers Fest é bem trabalhoso, pois por uma opção minha e da Bianca (minha esposa e parceira) o festival é feito na base do “faça-você-mesmo”. Temos alguns amigos próximos, como o Flávio Scaglione (Basalt), o Cauê Nascimento e o Alessandro Soares (O Cúmplice) que estão sempre ajudando na produção. A Daniela e o Douglas, da Ugra, nos ajudaram a criar o espaço deles dentro do fest na última edição e deu muito certo. Acredito que repetiremos a dose no futuro. OD | A octoberdoom.com

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ENTREVISTA MARCELO FONSECA BASALT

quando nós proporcionamos situações para isso. Outro desafio é achar um espaço adequado, de fácil acesso e que comporte tudo que nos propusermos a fazer. Creio que, no geral, as pessoas entendem o espírito. Elas comparecem, se divertem, trocam informação, adquirem material da feira independente e no Espaço Ugra. É difícil mensurar isso, mas o feedback tem sido positivo. Recebemos mensagens de gente incentivando, sugerindo bandas, dizendo que gostaram. E vemos isso quando o evento acontece de fato, vemos que as pessoas conversam, criam vínculos, isso na minha humilde opinião é o mais importante.

Erick: As bandas e o público entendem o caráter do festival, de toda correria que envolve o evento? Marcelo: Sobre as bandas,

Gerir para fazer acontecer envolve uma porção de fatores, como selecionar bandas diferentes entre si, que sejam interessantes, e também interessadas em participar. Bandas que entendam o espírito por trás dessa ideia. Que entendam que o evento é construído conjuntamente e não é o palco em que um só brilha. Que entendam que o evento é feito por pessoas, para pessoas e que não somos uma produtora. Sempre quisemos que o fest fosse variado musicalmente. Não tenho nada contra eventos de um único estilo musical, mas acho que as ideias diferentes circulam

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nunca tivemos problemas. Tem bandas que queríamos ver tocar e não conseguimos, tem bandas legais que vieram a nós e foram gratas surpresas. No fazer o fest, já aconteceram diferenças de opinião que foram resolvidas no diálogo. O diálogo, sempre ele, será o definidor e o mais importante. Uma das coisas mais legais é ver que tivemos bandas de lugares muito diferentes, como interior e Grande São Paulo, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Paraná, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, Brasília, Portugal e Finlândia. Acredito que temos dado sorte até agora, conseguimos fazer quatro edições (três fests anuais e uma edição especial fora de época). Isso totaliza quase 60 bandas em

10 dias de show, praticamente. Tivemos exposições com mais de 20 artistas. Três tardes de autógrafo com lançamento de livro, feira envolvendo mais de 10 selos. Aconteceram duas collabs incríveis (Deaf Kids + O Cúmplice & Afro Hooligans + Jupiterian). Tudo isso é cansativo, mas muito gratificante, principalmente depois de feito.

Erick: Cara, agradeço demais pelo tempo e pela paciência em contar pra gente um pouco mais sobre a Basalt e tudo o que corre paralelo à banda. A gente fica na espera do lançamento do disco, e pode contar com a gente pro que der e vier! OD | A

No fazer o fest, já aconteceram diferenças de opinião que foram resolvidas no diálogo.” Marcelo Fonseca, BASALT

LINKS https://w https://www.facebook.com/basalt666 https://soundcloud.com/basalt666



ESPECIAL

5 DICAS DE COMO GRAVAR SUAS GUITARRAS AINDA MELHOR 44


1 POR | Fabio Mazzeu

V

oltei com mais uma coluna :) Como prometido, vou falar sobre gravação de guitarra. Como tudo no áudio, gravar guitarras pode ser muito simples ou muito trabalhoso. Mas quando falamos de guitas pesadas e arrastadas, nada melhor do que aquele som gigante, larger than life. Fazendo mil testes em casa e também ao gravar bandas, aprendi algumas dicas que podem ser bem úteis para quem está pensando em gravar ou está pronto para entrar em estúdio. Separei cinco dicas rápidas para você testar e que vão te ajudar a conseguir aquele timbre matador de guita. Saca só:

APOSTE EM AMPS MENORES

S

im, é verdade. Eu sei que o seu sonho é um Rockerverb 100w. O meu também é. Mas o que acontece é que amps de alta potência (50w para mais), principalmente os valvulados, precisam estar consideravelmente altos para você explorar todo o timbre que o amplificador tem. Se você já tocou em algum deles, você sabe que é impossível fazer isso em casa sem ser preso. Logo, amps menores são o segredo. Eles saturam em volumes menores e você consegue explorar todo o potencial do amp sem ficar surdo. Recentemente escutei uma música de uma banda chamada Tyler Bryant & The Shakedown, “Loaded Dice & Buried Money”, em que uma das guitas foi gravada em um amp Epiphone de 3w. Escutem! Ninguém nunca iria adivinhar isso. octoberdoom.com

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ESPECIAL

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USE VÁRIAS TRACKS DE GUITARRA

Q PREFIRA O VOLUME AO GANHO

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ganho faz nossas vidas mais felizes. Você pode colocar no 10 e aproveitar aquele som pesadão no quarto. Mas o segredo para o som pesado de muitas bandas não é muito ganho, e sim muito volume. Clássicos como AC/DC e Hendrix já aplicavam essa ideia há anos. Muito ganho traz aquele som glam metal 80’s, tipo Anthrax ou Metallica no “...And Justice for All”. Tem gosto para tudo, mas...

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uando você começar a brincar com mais volume e menos ganho, talvez você sinta a necessidade de colocar mais ganho pra chegar no “peso” que você tinha planejado. Sem problemas, vamos solucionar isso agora. Os overdubs são a ferramenta certa para essa hora. Você sobrepõe diversas tracks de guitarra, iguais para construir aquele som gigante. O Metallica faz isso há anos, e o último CD do Alice in Chains é gigantesco por isso (em algumas músicas são nove takes de guitarra, três de cada lado, mais três no centro). Claro, isso demanda muito tempo e nem sempre o orçamento permite fazer isso no estúdio, mas duas dobras de cada lado (quatro no total) já são um bom começo.

MUDE SEMPRE UM ELEMENTO

U

m segredo para gravar as tracks de dobra é trocar um dos elementos do seu set para o próximo take. Se você tem duas guitas, grave dois takes com cada uma e coloque cada um deles em um lado da música (L-R). Você pode fazer o mesmo com amps e pedais. Assim, é possível manter o som base e alterar algum elemento apenas para diferenciar. Por exemplo, se você tem uma Les Paul (mais grave) e uma Ibanez (mais aguda/média) grave um take com cada, sem alterar nada nas configurações, apenas aproveitando as características naturais das guitarras.


5 EXPERIMENTE COM MICS E AMPS

E

xperimentar é o segredo dos sons matadores. Às vezes, o que você tinha em mente não está funcionando tão bem e isso pode ser bem frustrante. Mas o que esquecemos muitas vezes é que diferentes amps, guitarras e microfones têm características próprias e você pode usar isso a seu favor. O som clássico do rock geralmente consiste em um Marshall com um Shure SM57, mas incontáveis CDs têm timbres memoráveis com outros amps e, principalmente, outros microfones. Condensadores de cápsula larga (aqueles grandes, geralmente utilizados para vocal) trazem sons mais abertos e “gordos”. Eu gosto muito de misturar esses mics com um 57, por exemplo. Você só vai achar o timbre perfeito se testar.

Coloque essas dicas em práticas e vá aperfeiçoando com o tempo. :) Qualquer dúvida, é só me mandar um e-mail em fabio@fabiomazzeu.com Até a próxima!

octoberdoom.com

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RESENHAS

ALBUM DO MÊS OUT2016

DIVULGUE SUA BANDA Envie seu material com todas as informações para nosso email contato@octoberdoom.com

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POR | Leandro Vianna


POR | Matheus Jacques

C

ontam-se dois anos do último lançamento da seminal banda sueca de stoner rock Truckfighters, “Universe”. Para mim, Truckfighters e o Stoner Rock são tão intrínsecos e correlatos, sendo o trio tão relevante e influente para o lance, que fica difícil dissociar a banda da vertente quando falo dela: a lembrança será sempre imediata e inevitável, obviamente. Dito isso, por outro lado puxo um certo pensamento de que sempre vou estar esperando alguma coisa impactante e bem positiva dos caras quando aparecem com algo novo, e isso pode ser apenas “OK” ou ser tremendamente decepcionante.

“V” é o quinto álbum de estúdio dos caras, sucedendo o já mencionado (e muito bom!) “Universe”. O anterior, como cada outro álbum da banda, trazia algumas nuances e possibilidades em aberto em adição ao seu predecessor. Essa capacidade de conseguir unir com habilidade os aspectos mais melódicos e desenvoltos (em construções instrumentais cativantes), mais experimentados, ao “punch”, àquela pegada mais sólida e barulhenta (falar de Truckfighters sem falar do seu fuzz é quase como querer falar da chuva sem falar da água…) sempre foi destaque dos caras aos meus ouvidos. A energia feroz visível nos palcos também sempre foi outro ponto forte do trabalho deles, certamente. E os elementos se juntaram novave-

mente de forma muito positiva em “V”, ainda que firmar, afirmar e reafirmar isso em sua mente possa levar algumas audições. “Calm before the storm”, faixa de abertura do trabalho, foi a primeira liberada e aquela que ganhou um videoclipe. Um videoclipe controverso, polêmico e forte, diga-se de passagem. E talvez seja realmente aquela faixa que mais destoa do conjunto da obra como um todo, aquela que você talvez precise de mais tempo pra assimilar. Mas, pela dose maciça de carga sentimental que pode carregar, com uma melancólica melodia (lentamente) bem construída, e pelo vocal muito bem aclimatado de Oskar (que tem nesse álbuns vários grandes momentos, ainda que em alguns tenda mais OD | A octoberdoom.com

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RESENHAS

ALBUM DO MÊS JUL2016

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a linhas um tanto mais suaves do que viscerais), a faixa pode pegar realmente pelo sentimento, ainda mais quando te bota pra pensar, pra relembrar momentos do clipe se você ja o tiver visto e ficar pensando em todos os momentos de “calma antes da tempestade” que você ja teve na vida. Mas o punch está lá. O peso está lá. O que diferencia o Truckfighters de muitas das várias outras bandas dentro do gênero está lá, da metade pra frente principalmente já dá pra sacar de boa. “Calm…” emenda com “Hawkshaw”, que inicia a atividade com uma linha trovejante e enérgica de baixo após um breve interlúdio. Os riffs de Dango se grudam no desenvolvimento instrumental de Ozo criando uma camada cativante e sólida de som, e no refrão todo o ressoar e a carga magnética do som dos caras são amplificados admiravelmente como se o próprio ar se estrangulasse em certos momentos. Essa dobra de Ozo e Dango em um vergalhão musical massivo, com Danno a acompanhar vigorosamente com maestria no desempenho das baquetas, evidencia os melhores momentos da banda. Isso e a parede riffs que se sobressai em vários momentos, claro, em um viés ora mais progressivo, ora mais “caótico”. “The 1” é um dos destaques. Mais uma ótima intro bem construída com a bem-sucedida “amarra” de guitarra e baixo andando paralelas à condução firme e cadenciada de bateria. Os espaços cedidos pelo peso às construções melódicas mais groovy embaladas pelo vocal quase etéreo de Ozo no

TRUCKFIGHTERS V FUZZORAMA RECORDS / CENTURY MEDIA

2016

SWEDEN WEB

TRUCKFIGHTERS.COM

1 - Calm Before the Storm 8:15 A 2 - Hawkshaw 5:59 A 3 - The 1 6:04 A 4 Gehenna 6:52 A 5 - The Contract 7:14 A 6 - Fiend 5:55 A 7 - Storyline 6:50

desembaraço da música estão no tamanho certo, e quando o punch é retomado pela rifferama e pelo “caos” proporcionado pela catarse convergente do trio, é na dose exata para que o interesse sempre se mantenha vivo na canção. Os caras decidem não ir apenas por uma linha reta nas músicas, mas, ao invés disso constroem curvas no gráfico e se permitem novas possibilidades em cada som. Os rompantes na faixa são sempre barulhentos, impactantes, e os momentos de regressão são convidativos e quase hipnóticos. “Gehenna” me deixou a sensação por vezes de estar voltando em um loop a “Gravity X”, o excep-


cional álbum de estreia dos caras. Uma abertura com um riff a la Country dá vazão a uma “corrente” de riffs enérgica, eletrizante. Truckfighters sendo Truckfighters e somente isso, descerrando a essência mais “crua” e empolgante dos caras. E claro, o fuzz cria aquela baita camada fantástica cobrindo toda a canção e lhe dando pano pra manga o bastante pra rolar bonito em toda sua duração. Sinceramente creio estar nessa faixa o melhor trampo de guitarra do álbum, o mais fluido e aquele que mais me deixou “atado” no som, e os dois derradeiros minutos da faixa certamente são o seu ápice, com os melhores momentos instrumentais e excelentes linhas vocais fechando com qualidade a parada. “The Contract”, quinta faixa, abre num compasso um pouco mais lento, mais disperso. O caminho vai sendo gradualmente percorrido até se dar a abertura para o vocal de Ozo, com algumas módicas sentenças sendo lentamente proferidas, em um ritmo bem mais suave. Baixo e bateria fazem aqui seu “pareamento”, seu embate, e proporcionam um momento muito interessante na audição. A faixa leva seu desenrolar para uma linha mais Prog, tomando um viés um pouco distinto do punch e do peso de faixas anteriores, tendo claro seus momentos pontuais para a vazão de energia bruta e fuzz. A penúltima faixa “Fiend” traz em sua abertura um dos riffs mais estranhos e, com certeza interessantes, do álbum. Fora isso, as variações de tempo e de andamento da faixa conseguem fazer com que sua cabeça não se mantenha

em um mesmo lugar por muito tempo. A faixa mexe com suas estruturas no passo que você tenha de acompanhar a lógica de seu desenrolar (e isso é recorrente no álbum, justamente essas variações de passo criam a atenção necessária para que você nunca desapegue do gosto com “V”), gerando mais nuances diversificadas e fora do “senso comum” no som da banda. O refrão é deliciosamente grudento e único, vale ressaltar também. O álbum é então encerrado com “Storyline”, minha faixa favorita. As linhas vocais são mais predominantes aqui e desempenhadas de uma forma extremamente satisfatória e contagiante, e quando o embalo mais suave com ela cessa, riffs massivos e bem desenhados vão sobressaindo e construindo grandes trechos na canção. O trabalho de bateria é impecável e muito bem adequado à verve da música, o que confere a ela um clima quase transcendental, não tão dentro do campo do peso dos caras, mas, ainda assim, servindo para moldar um som que rola com uma grande fluidez e agradando demais. Os momentos de pressão se conectam perfeitamente às passagens suaves, num engate perfeito. No fim das contas, “V” mostra que os suecos continuam sabendo lidar muito bem com um estilo que no qual eles próprios foram influentes e no qual se destacaram justamente por serem criativos e diferenciados nas nuances. A passagem no tempo serviu a bom propósito para eles e não aconteceu de ficarem mais “preguiçosos” ou perderem a habilidade em jogar com as cartas que possuem, muito pelo

contrário. Truckfighters continua sendo relevante e muito eficiente, ainda que em muitos momentos seja mais nos detalhes das sutilezas do que no barulho e no fuzzzzzzzzzão! “V” é um álbum recomendado pra caramba! OD | A

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RESENHAS

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POR | Morgan Gonçalves

E

u não costumo escrever resenhas, talvez por que prefiro um bom bate papo, conhecer melhor a banda e as pessoas que a compõem, mas tem momentos em que é necessário fazer uma exceção. Seasons Of Grief é o segundo álbum do trio de Heavy/Doom Metal de Arujá/SP. A banda já vinha se destacando desde seu álbum de estreia homônimo, lançado em 2015.

O Fallen Idol não é uma banda muito difícil de desenhar com palavras, quando você já conhece alguns dos grandes nomes do gênero, como Trouble, Candlemass e Black Sabbath, mas para os fãs de Doom Metal nacional – e até para aqueles que são fãs de outros gêneros do metal – o novo álbum, Seasons of Grief é no mínimo uma surpresa maravilhosa. Não tão pesado quanto seu antecessor, o novo disco é mais maduro, com melodias mais traba-


FALLEN IDOL SEASONS OF GRIEF

2016

ARUJÁ - BR 1 - Seasons of Grief 07’31’’ A 2 - Nobody’s Life 06’50’’ A 3 - Unceasing Guilt 06’48’’ A 4 Heading for Extinction 05’14’’ A 5 - The Boy and the Sea 06’32’’ A 6 - Worsheep Me 04’47’’ A 7 - Satan’s Crucifixion 05’47’’

lhadas, e o melhor de tudo, reafirmando a identidade da banda. A faixa-título abre o disco com um riff pesado e convidativo e pesado, como se fosse criada para ser trilha sonora de um filme de horror dos anos 80’s. A cadencia dada pelo baixo torna tudo meio hipnotizante, e o vocal de Rodrigo Sitta, em perfeita harmonia com o instrumental faz tudo fluir com uma naturalidade genial. Pra completar a obra, na exata metade

da faixa, um solo de guitarra eleva ainda mais o valor da música. Não tinha faixa melhor pra dar nome ao álbum. A segunda faixa, “Nobody’s Life” é ainda mais pesada e cadenciada que a primeira. Não tem com ouvir a música e não começar a balançar a cabeça instintivamente, dado a intensidade dos riffs e do peso da bateria e do baixo.... A faixa continua com o vocal meio arrastado e assombrado, típico do Epic Doom. Apesar de a maioria dos elementos contidos nas primeiras faixas estarem também contidos em “Unceasing Guilt”, está me pareceu a faixa mais suave do álbum, onde os vocais são menos agressivos e os grandes riffs e solos aparecem somente aos quatro, dos quase sete minutos de música. De qualquer forma, a faixa não perde brilho, servindo de prelúdio para a quarta faixa do disco, “Heading for Extinction”, que se apresenta numa celeridade maior que suas antecessoras. Além dos riffs mais céleres, o refrão lembra muito o de grandes músicas do gênero Traditional Doom Metal 80’s, sem falar que a faixa traz um “órgão” meio fantasmagórico, que dá um toque bem legal na produção.

“The Boy and the Sea” é a Single do álbum, que foi lançada em maio desse ano. A faixa tem uma pegada mais rápida, a exemplo de “Heading for Extinction”. “Worsheep me” é a sexta faixa do álbum, e traz, mas dessa atmosfera densa e soturna que a banda explora tão bem. Os solos que acontecem pouco após os dois minutos, tornam a música ainda mais interessante, mantendo o nível do álbum altíssimo. É então que Satan’s Crucifixion se apresenta para fechar a peça, com celeridade, empolgação e energia. Riquíssima em elementos do Heavy Metal, a última música ainda carrega um solo inspirador e os vocais matadores de Sitta, tanto gritado, quanto o limpo. Depois dos 43 minutos de Seasons Of Grief não tem como não ficar boquiaberto com a qualidade dessa banda, e mesmo os fãs de outros gêneros do metal concordarão que este álbum merece o topo da lista de melhores de 2016. OD | A

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RESENHAS

BRUJERIA POCHO AZTLAN NUCLEAR BLAST

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2016

TIJUANA - USA 1 - Pocho Aztlan 4’11’’ A 2 - No Aceptan Imitaciones 3’11’’ A 3 - Profecía del Anticristo 4’11’’ A 4 - Ángel de la Frontera 3’23’’ A 5 - Plata o Plomo 4’04’’ A 6 - Satongo 3’26’’ A 7 - Isla de la Fantasia 2’17’’ A 8 - Bruja 4’09’’ A 9 - México Campeón 2’25’’ A 10 - Culpan la Mujer 2’48’’ A 11 - Códigos 5’35’’ 12 - Debilador 3’21’’ A 13 - California Uber Aztlan (Dead Kennedys Cover) 3’13’’

POR | Raphael Arízio

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assados longos 16 anos, o Brujeria finalmente lança um novo disco, intitulado Pocho Aztlan. A banda/ projeto nos brinda com 13 faixas e uma mistura de death metal, grind-

core e alguns elementos de hardcore, com pitadas de groove, ou seja, recursos característicos de toda a carreira da banda. Após uma grandiosa abertura com a faixa-título, começa o massacre com riffs destruidores e um grande trabalho de bateria, o


que já deixa aquele gosto de que estamos diante de um ótimo disco. A seguinte, “No Aceptan Imitaciones”, já conhecida de quem frequentou os shows da banda nos últimos anos, é uma resposta direta ao ex-guitarrista da banda, Dino Cazares, também conhecido como Asesino, e é com certeza um dos grandes destaques da novidade. “Profecia del Anticristo” apresenta riffs intensos e uma levada matadora de bateria, mostrando que esse hiato de 16 anos sem lançamentos não afetou em nada o poder do Brujeria. O groove de “ Ángel de la Frontera” se destaca com um grande ótimo de baixo e com um refrão pesado e de fácil assimilação. Não pode passar batido a parte atmosférica no meio da música. “Plata o Plomo” retoma a violência característica desses mexicanos, aquela com riffs brutais - inclusive é dona de um videoclipe igualmente violento. Quem curte a fase antiga desses caras, no qual o death/grind prevalecia, vai amar “Satongo” com seus riffs brutalíssi-

mos e extremamente agressivos. A curta “Isla de la Fantasía” mostra que a banda não deixa pedra sobre pedra e nem tempo do ouvinte dar uma respirada. O groove retorna com a faixa “Bruja”, uma das primeiras divulgadas pelo conjunto. Apesar de ter riffs relativamente mais simples, ela empolga com seu grooveado sem deixar a agressividade de lado em nenhum momento. Lançada antes da última Copa do Mundo, “México Campeón” é bastante divertida e com certeza não passa despercebida diante as outras. “Culpan la Mujer” é ótima e com grandes variações de groove com a porradaria certeira que eles sabem fazer. A seguinte, “Códigos”, vai saciar quem gosta do disco Raza Odiada, pois se assemelha a “Ritmos Satánicos”, presente nesse compilado de 1995, com Juan Brujo vociferando acompanhado de um arranjo de guitarra. “Debilador” é a canção mais antiga de Pocho Aztlan, já que faz anos que é apresentada ao vivo. Um verda-

deiro arregaço em forma de death/ grind com riffs estúpidos de tão bons e das melhores composições da banda em todos os tempos. Para finalizar, a versão para “California Über Alles”, do Dead Kennedys, intitulada, aqui chamada “California Über Aztlan”, faria Jello Biafra, ex-líder da lendária trupe, muito feliz. É bom relembrar que, segundo uma das lendas que cercam o Brujeria, o próprio Jello foi membro do conjunto em seu começo. Com certeza este disco estará nas listas de melhores do ano de qualquer banger que se preze. Um grande retorno, mostrando que o tempo não fez mal nenhum a eles. Agora esperamos que não haja tanta demora para lançar um outro disco. Imperdível para qualquer um que curte um bom som extremo de qualidade. OD | A

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POR | Matheus Jacques

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P

eso, groove e eficiência se juntam com louvor no novo e melhor trabalho da carreira do Crobot! Os americanos da Crobot chegam em 2016 com Welcome to Fat City, o terceiro álbum da carreira, via Nuclear Blast/Wind-Up Records. Os doidões haviam lançado anteriormente “Something Supernatural”, o excelente segundo álbum de sua existência, e que vinha apenas ressaltar a habilidade dos caras em pegar elementos “batidos”, conhecidos, e ainda assim conseguindo sair do ugar comum e dando algum ar de originalidade.

E nessa nova jogada dos marmanjos, as coisas atingem seu ápice e a banda alcança um novo nível de excelência. A canção de abertura é, literalmente, um convite ao novo trabalho dos americanos. A faixa-título “Welcome to Fat City” te introduz ao novo universo de groove gordo e swing pesado dos caras, com uma cadencia funkeada, pura ginga de hard rock, plena de energia e vibração. Imagine algo como uma vigorosa e insana Jam entre James Brown e Soundgarden regada a riffs pesados, uma quebradeira na bateria e com o fino da qualidade o vocal proporcionada por Brandon Yeagley (aliás, não só nessa faixa,


CROBOT WELLCOME TO... FAT CITY

2016

USA WEB

CROBOTBAND.COM

1 - Welcome to Fat City 3’59’’ A 2 - Play It Cool 3’13’’ A 3 - Easy Money 3’41’’ A 4 - Not for Sale 2’53’’ A 5 - Hold on for Dear Life 4’49’’ A 6 - Temple in the Sky 3’15’’ A 7 - Right Between the Eyes 3’25’’ A 8 - Blood on the Snow 3’29’’ A 9 - Steal the Show 3’46’’ A 10 - Moment of Truth 4’46’’ A 11 - Plague of the Mammoths 3’00’’

o cara faz um trampo impecável no álbum inteiro). A canção é aquela abertura esperada de álbum, um ótimo cartão de visitas, o gatilho para o total interesse já no primeiro ato da peça, sem deixar uma lacuna para qualquer possibilidade de maramos. “Play it Cool” segue nessa intensa linha do groove gorduroso e encorpado (seria um crime chamar de “heavy funk”? É o que me passa pela mente às vezes...), com uma das principais qualidades da banda sendo ressaltada de forma veemente: refrão pegajoso, deliciosamente bem moldado e desenvolvido. A conexão de todos os instrumentos e do vocal de Yeagley com os demais

elementos cria uma massa sonora retumbante e visceral, um caminhão de Hard Rock da melhor qualidade que te atropela com gosto e te deixa lá atônito, demorando a se recuperar, enquanto novas carregam vêm em seu caminho em rota de colisão com mais riffs massivos, levadas brutas de bateria, ótimas conduções de baixo e aquele típico vocal 100% de Brandon. E os refrãos...ah, os caras manjam muito de criar os mais pegajosos e marcantes, no melhor estilo das bandas de Hard Rock dos anos 70. “Easy Money” mantem o nível e o groove trazendo bons riffs a reboque e estabelecendo mais uma grande conexão de Brandon com

o instrumental. Destaque para o trecho a la blues com a presença da gaita no desenrolar da canção. “A quarta faixa “Not For Sale” vem para ser um dos pontos mais altos do álbum, mostrando lado mais rápido e firme da banda, com um ataque rápido na guitarra, uma carga mais “metálica” associada à cadência suingada do som dos caras, e um excelente refrão. Bateria e baixo são da mais alta qualidade e compasso nessa faixa, a cozinha dos caras comprova sua eficiência em cada mínimo detalhe. “Not For Sale” é empolgante e visceral. “Hold on for dear life” coloca na mesa novas cartas, apresentando uma canção em tom mais OD | A octoberdoom.com

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RESENHAS

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“sentimental”, uma “power ballad” por assim dizer. Brandon Yeagley assimila muito bem o ritmo da canção e entrega uma de suas melhores performances no vocal, mas seria injusto ressaltar apenas isso e não toda a atmosfera poderosa da faixa. “Hold on...” é outra adição na vasta gama de influências e referências dos crazy beardos, fazendo uma ponte muito eficiente entre os fatores “peso” e “melodia”, com cada riff retumbante muito bem amarrado na construção rítmica do som. O álbum vai seguindo e mais canções acachapantes vão vindo. “Temple in the Sky” inicia com um baixo meio motorhediano urrando e Brandon lado a lado com os demais criando por alguns momentos uma atmosfera que me remete ao The Cult. O desenrolar da canção mostra uma união de elementos que associo a toques de Audioslave e Soundgarden, com o vocalista do Crobot assumindo por vezes uma postura meio na linha de Chris Cornell, mas dentro de sua própria linha de atuação e com suas características. “Temple in the Sky” é daquelas faixas feitas para o maximo volume e em alta velocidade, e é exatamente esta a vibe da próxima canção, “Right between the eyes”, que pode impor no ouvinte uma vontade de bater os pés ou as mãos no ritmo enérgico e pesadão da canção. A guitarra já surge trovejante, a bateria em compasso viciante e você já começa a faixa se sentindo apegado a ela, como se já houvesse ouvido umas 20 vezes. Aliados aos elementos do Hard rock 70’s presentes desde sempre no escopo musical da anda, toques de Audioslave, Soundgarden e nuances particulares da banda seguem

vivos e evidentes. “Right Between the Eyes” é mais uma das faixas com densidade, melodia e vocal se aglutinando de forma viciante, mas seguindo por um tom mais “urgente” e cru, nem tão focado no groove, sendo um dos destaques de “Welcome to Fat City”. O refrão do som é fora de série. Temos mais três ótimas faixas em sequência: “Blood on the snow”, “Steal the show” e “Moment of truth”, todas de alto nível e com seus próprios méritos. “Blood...” conta com uma malemolência e um toque funky muito bacanas, além de mais um grande


desempenho de Yeagley no vocal. “Steal...” tem cadencia e swing, mas também desce o tom em alguns momentos mais ásperos e rudes, timbrados, e conta novamente com a bem-vinda presença da gaita por cortesia de Brandon Yeagley, além de Chris Bishop sentando a mão nos riffs. E “Moment...” é outra das faixas em paso mais cadenciado, a lá “power ballad”, e inicia-se num daqueles tons mais melancólicos e com certo apelo blueseiro, mas a exemplo de outras faixas, descamba em uma baita pedrada com boa timbragem e instrumental bem caprichado.

Mas a meu ver, é ”Plague of the Mammoths” o verdadeiro peso-pesado do trabalho. A canção carrega exatamente o peso de um mamute, ou vários, em uma profusão de riffs massivos desde o início, dando uma verdadeira “surra sonora”, sendo uma das mais interessantes e pesadas canções da carreira do Crobot. Os caras parecem ter dado uma atenção toda especial a essa faixa, um real tanque de guerra dos sujeitos. E não há muito o que se dizer do vocal de Brandon além de “foda pra cacete”, desempenho primoroso do sujeito. “Plague...” fecha o álbum com aquela última marretada

no cérebro e nos ouvidos, botando um grande ponto final no álbum. Com algumas reservas, me atrevo a dizer que os caras conseguem apresentar um estilo próprio de fazer música, bem original dentro do possível, o que resultou em Welcome to Fat City: o melhor trabalho da carreira dos caras, simplesmente! Sem mais delongas: “WELCOME TO CROBOT-ROCK” OD | A

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RESENHAS

6


POR | Raphael Arizio

A

pós quatro anos, a banda carioca As Dramatic Homage retorna com o EP Enlighten, uma grande amostra para a sua próxima obra completa. Com muitos destaques, a compilação demonstra uma boa evolução diante de seu antecessor, Crown, lançado em 2012. No geral, pode-se notar grande destaque para as guitarras, com riffs e passagens belíssimas, aliando o peso às passagens mais melódicas e progressivas. O vocal de Alexandre Pontes também apresenta uma grande melhora em relação ao debut da banda, mostrando-se mais coeso e firme entre as partes mais extremas, alternando com vocais mais limpos. Não podemos deixar de destacar o grande trabalho da cozinha, com linhas de baixo e baterias matadoras. O EP abre com a instrumental “Advert”, uma introdução que deixa o ouvinte inquieto querendo saber o que vem pela frente. A faixa seguinte, “Astral Infernal”, é uma regravação da demo dos cariocas, intitulada Atmosphere of Pain / Anthens of Hate e lançada em

2005. É uma canção mais rápida e veloz, com acentuada influência de black metal, e nela podemos ver a evolução que os músicos apresentam desde a citada demo. Para dar uma quebrada, aparece a acústica “Praxis” com um clima bem obscuro e denso, na qual a veia progressiva de nomes como Yes e Pink Floyd se acentuam, com destaque para a grande interpretação de Alexandre. A cadenciada faixa-título mostra todos os elementos do conjunto com um acento folk, aliado a um belo trabalho de guitarras com riffs e melodias pesadíssimas. Mais uma vez, Alexandre demonstra um ótimo trabalho vocal, tanto nas partes limpas como nas extremas - com certeza, o ponto alto do disco. Para fechar, um cover de “Full Moon Madness”, clássico do Moonspell, lançado anteriormente em um tributo brasileiro dedicado aos portugueses. Trata-se de um grande feito de As Dramatic Homage, nos deixando com vontade de ouvir seu próximo disco. Esperamos que eles não demorem tanto tempo para um novo lançamento, pois, devido à amostra que temos, com certeza será um grande álbum. OD | A

A DRAMATIC HOMAGE ENLIGHTEN

2016

COLD ART INDUSTRY

RIO DE JANEIRO - BR

1 - Advert A 2 - Astral Infernal A 3 - Praxis A 4 - Enlighten A 5 - FullMoon Madness Moonspell Cover

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RESENHAS

GODS & PUNKS THE SOUNDS OF THE EARTH

2016

RIO DE JANEIRO - BR 1 - Eye In The Sky 04’08’’ A 2 - The Tusk 04’05’’ A 3 - Black Apples 04’21’’ A 4 - Universe 03’41’’ A 5 - Gravity 07’55’’

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POR | Matheus Jacques

“T

he Sounds of the Earth” é o EP de estreia do quinteto carioca Gods & Punks. Ponto. Dita essa frase, vale constar que esse aglutinado de cinco faixas não parece meramente um debut. O trabalho realizado aqui, que conta com gravação feita no Estúdio Superfuzz e uma grande arte de capa de Cristiano Suárez, vai além.

A banda capitaneada por Alexandre Canhetti no vocal desenvolve uma sonoridade que consegue mesclar elementos diversificados, mas que já foram utilizados em larga escala por diversas bandas, sem que soe um mero pastiche, entretanto. Não existe aqui uma cópia, uma plastificação ou um simples trabalho preguiçoso de “ctrl-c / ctrl-v” em cima do trabalho de qualquer outra banda. A começar pelo próprio vocal de Alexandre, que destoa bastante da maioria de


timbres e formas de cantar que acompanhamos hoje em dia, o que inclusive pode causar um certo estranhamento no início da audição, mas que ganha corpo e fácil assimilação sem muita demora. A roupagem levemente distorcida em algumas faixas é fantástica. Fora a parte vocal, existe no trabalho uma excelência de riffs atrativos e inspirados se conectando e dando margem para muitas

possibilidades na sonoridade, o que caminha lado a lado com uma cozinha eficiente e hábil, e o painel por vezes se contrasta com o vocal distorcido de Alexandre, o qual por vezes é jogado por cima/de encontro a riffs fluidos, solos e linhas mais densas de baixo criando um panorama muito interessante, como na faixa “The Tusk”. “Black Apple”, terceira faixa do produto, é outro dos momentos mais interessantes e inspirados, com uma intro que carrega de forma latente uma aura mais arrastada, algo meio “sabbathico”, com ritmo mais cadenciado e riffs puxadões para baixo sendo seguidos por

uma bateria muito bem cadenciada e groovy. No desenrolar, a parada descamba para um hard rock meio psicodélico com riffs muito bons e com momentos pontuais, bem no começo, em que o vocal de Alexandre sobressai e aparece solo, apenas acompanhado pelo baixo e por uma pegada quase estática de bateria dando suporte. E lá pelo último minuto ainda ganhamos um solinho bem bacana fechando bem a canção. Outro dos destaques é a harmoniosa “Universe”, como se “Planet Caravan” do Black Sabbath encontrasse Led Zeppelin realizando uma pequena comunhão. Dose precisa de uma mistura entre boa melodia mais suave e hipnótica com momentos pontuais de peso. As outras duas faixas, a abertura “Eye in the Sky” e o encerramento “Gravity”, têm seu valor também. A primeira é um hardão progressivo grooveado com toques sabbathicos e zeppelianos que também carrega uma certa inspiração metalizada, possuindo um pacote de bons riffs na bagagem. Já “Gravity” encerra muito bem o álbum, com alguns dos melhores momentos vocais e excelentes passagens da bateria. “The Sounds of the Earth” entrega bem mais do que poderia se esperar de um simples EP, apresentando na verdade uma banda com um potencial enorme e atributos suficientes para criar algumas expectativas para o futuro. O primeiro passo foi dado, o primeiro movimento foi feito no tabuleiro, e agora é aguardar a sequência. OD | A

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RESENHAS FESTAS

UM FESTIVAL REALMENTE ÉPICO 64


1

OUT 2016

EPIC METAL FEST ÁUDIO CLUB SÃO PAULO - SP Xandria A Project 46 A Finntroll A The Ocean A Paradise Lost A Tuatha de Danann A Epica

POR | Jenny Souza e Edi Fortini FOTOS | Edi Fortini

NICK HOLMES, vocalista do paradise Lost

O

EMF teve sua estreia em terras brasileiras no dia 15/10, na Áudio Club, com mais de cinco horas de shows intercalados em dois palcos. E claro, fomos conferir! OD | A octoberdoom.com

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RESENHAS FESTAS

SET LIST XANDRIA

XANDRIA A banda alemã (com vocal holandesa Dianne van Giersbergen) subiu ao palco e mostrou a que veio! Para quem não conhece a sua trajetória, eles lançaram em 2003 seu primeiro álbum (Kill the Sun) com a antiga vocalista Lisa Middelhauve e a partir do segundo álbum, “Ravenheart” (lançado em 2004) começou a se destacar no cenário mundial. Mesclando músicas de seus trabalhos atuais com clássicos, o Xandria ganhou a plateia e o show teve ótima participação do público! Os músicos estavam bem à vontade, e a vocalista se mostrou além de extremamente técnica e executar perfeitamente seu canto lírico, a simpatia e cordialidade com o público! Fizeram um grande show! Destaque para a música Ravenheart! A banda está na turnê Fire And

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Ashes Tour, pela América Latina e mais detalhes podem ser conferidos em sua página do facebook.

PROJECT 46 Talvez uma das bandas com o som mais diferenciado das que estavam no festival, não deixaram por menos e fizeram uma apresentação extremamente pesada com o seu metalcore agressivo! Com seu metalcore com letras em português, instrumental pesado e vocais agressivos, Caio Beserra mostrou que seu gutural e pig squeal trazem um peso característico ao som da banda, que já se apresentou no Rock in Rio, Monsters of Rock e outros grandes eventos! Quem gosta desse tipo de som vale a pena conferir! A banda se tocou no "Palco 2", onde tocaram também The Ocean e Thuata de Dannan.

1 - Nightfall 2 - Blood on my hands 3 - Unembraced 4 - Stardust 5 - Forevermore 6 - Little Red Relish 7 - Until the end 8 - Ravenheart 9 - Voyage 10 - Cursed 11 - Valentine

SET LIST

PROJECT 46 1 - Atrás das Linhas Inimigas 2 - Capa de Jornal 3 - Dor 4 - Erro +55 5 - Violência Gratuita 6 - Foda-se (Se depender de Nós)


FINNTROLL E chegou a hora dos finlandeses mostrarem seu Folk Metal! As letras são em sueco, mas nem por isso o público deixou de cantar! Todos os integrantes foram caracterizados como elfos e logo na primeira música ganharam a plateia. Quem estava presente teve a sensação de que ali estava rolando uma festa extremamente animada e não só um show de metal! Os teclados foram algo que se destacaram em meio ao peso das 12 composições apresentadas, fazendo com que os brasileiros que ainda não os conheciam curtissem a apresentação. Destaque para a música: Nattfödd. OD | A

SET LIST

FINNTROLL 1 - Blodsvept 2 - Mordminnen 3 - Solsagan 4 - Nattfödd 5 - När Jättar Marschera 6 - Svartberg 7 - Skogsdotter 8 - Häxbrygd 9 - Grottans Barn 10 - Jaktens Tid 11 - Trollhammaren 12 - Under Bergets Rot

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RESENHAS FESTAS

SET LIST

THE OCEAN

THE OCEAN O The Ocean é uma banda alemã formada em 2000 e faz parte daquele grupo difícil de se classificar em rótulos. Com um som trabalhado, lento que culmina em algumas explosões, eles passeiam pelo Post-Metal, sludge, progressivo, doom priorizando o experimentalismo nas composições, mas logo você se dará conta de que os rótulos não são importantes frente à experiência de vê-los ao vivo. Os fãs ficam mesmerizados com a percepção sonora, que junto às explosões do vocalista Loïc dão um clima tenso e intenso ao show. A apresentação como um todo muito foi marcante e certamente entrará a uma das melhores desse ano. Saindo do Brasil, os alemães

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1 - Epipelagic 2 - Mesopelagic: Into the Uncanny 3 - Bathyalpelagic I: Impasses 4 - Bathyalpelagic II: The Wish in Dreams 5 - Bathyalpelagic III: Disequilibrated 6 - Abyssopelagic I: Boundless Vasts 7 - Abyssopelagic II: Signals of Anxiety 8 - Hadopelagic I: Omen of the Deep 9 - Hadopelagic II: Let Them Believe 10 - Demersal: Cognitive Dissonance 11 - Benthic: The Origin of Our Wishes

passarão pelo Chile e Argentina antes de chegar na América do Norte, onde dividirão o palco com o North e com o Napalm Death.

PARADISE LOST Eis que os precursores do Gothic/Doom Metal subiram ao palco e mostraram o porquê mesmo após quase 30 anos de carreira ainda são considerados mestres! O show do Paradise Lost foi nada menos do que memorável! Entre clássicos e trabalhos mais recentes, o público interagiu muito bem com a banda e o vocalista Nick Holmes estava de ótimo humor, fazendo piadas com a galera (após tocarem "Beneath Broken Earth" ele perguntou ao público se ainda estavam felizes depois de ouvir um som como esse) e até arriscando algumas coisas em português. Durante o show ocorreu um pequeno problema com o amplificador do Gregor Mackintosh, mas não afetou a apresentação, e a


GREGOR MACKINTOSH Guitarra - Paradise Lost

SET LIST

SET LIST

1 - No Hope In Sight 2 - Pity The Sadness 3 - One Second 4 - Dead Emotion 5 - As I Die, Return To The Sun 6 - Erased 7 - The Enemy 8 - Embers Fire 9 - Beneath Broken Earth 10 - Say Just Words.

1 - Iark 2 - The Brave And The Herd 3 - The Dance of the Little Ones 4 - Rhymes Against Humanity 5 - Tan Pinga Ra Tan 6 - We’re Back 7 - Us 8 - Land of Youth 9 - The Last Words 10 - Believe: It’s True! 11 - Finganforn

PARADISE LOST banda continuou com maestria! Um destaque que deve ser mencionado é o fato de que o baterista Waltteri Väyrynen mostrou competência e técnica, além de um feeling absurdo em cada música tocada! Certamente um dos melhores bateristas que o PL poderia ter para tocar ao vivo. Outro detalhe também é o vocal de Nick Holmes! Voltando aos guturais intercalando com vocais limpos, mostrou que esses 30 anos só fizeram bem para sua performance! O último show da banda no Brasil está marcado para o dia 21/10 em Belo Horizonte.

TUATHA DE DANANN

E para fechar o segundo palco do festival, o escolhido foi ninguém menos do que os mineiros

TUATHA DE DANANN

do Tuatha de Danann. Transbordando simpatia e experiência, o grupo trouxe muitos espectadores mostrando suas principais composições de toda a carreira. Formada em 1995, o Tuatha é uma das primeiras bandas a mostrar o gênero no Brasil e suas apresentações são sempre animadas e cheias de energia. OD | A octoberdoom.com

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RESENHAS FESTAS

Contando com instrumentos típicos do folk como o uillean pipe, banjo, bandolin, dentre outros, os músicos são extremamente competentes e multitarefas, não devendo absolutamente nada a grupos folk gringos. Se você ainda não viu um show deles, é melhor se apressar: o grupo não passa muito por São Paulo, mas tem uma presença marcada no próximo Brasil Metal Union, em 15 de novembro.

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EPICA E chegaram os mentores do festival! Nesse momento, todos os camisas pretas ficaram em frente ao palco e ficou pequeno o espaço na Audio Club. Os holandeses esbanjaram simpatia: a todo momento brincando com seus fãs, desceram do palco e ficaram na área dos fotógrafos para interagir melhor com o pessoal que estava na pista, enfim, foi uma apresentação muito bonita!

Trazendo seus clássicos, músicas que não tocavam há muito tempo e sons do seu novo cd "The Holographic Principle", a banda assumiu seu posto como uma das grandes do Symphonic Metal e executaram com maestria todas as suas músicas. Destaque também para a voz de Simone Simons, onde mostrou uma evolução absurda no canto lírico e domínio de técnica vocal!


O EPICA TAMBÉM REALIZA a versão Holandesa do epic Metal Fest

SET LIST EPICA

1 - Eidola, 2 - Ege of the Blade, 3 - A Phantasmic Parade, 4 - Martyr of the Free World, 5 - Sancta Terra, 6 - Universal Death Squad, 7 - Divide and Conquer, 8 - Storm the Sorrow, 9 - Tear Down Your Walls, 10 - Beyond the Matrix, 11 - Façade of Reality, 12 - Ascension, 13 - Dancing in a Hurricane, 14 - Unchain Utopia, 15 - Once Upon a Nightmare, 16 - Mother of Light, 17 - Consign to Oblivion.

O público do festival era misto, mas o que aconteceu e foi muito bonito de se ver foi o comportamento e a aceitação da galera para o som de cada uma das bandas! Algo que deu muito certo, mesmo as bandas tendo estilos tão diferentes. OD | A

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“De mysteriis dom sathanas” no RJ 74


POR | Raphael Arízio

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ma noite histórica no Rio de Janeiro. Uma aula de como é o black metal. Isso resume a passagem da lenda norueguesa pelo Rio de Janeiro no dia 8 de outubro. Uma apresentação avassaladora em todos os sentidos. Um bom comparecimento dos bangers cariocas engrandeceu ainda mais o espetáculo que seria visto mais tarde. Todos com uma grande expectativa de ouvir o disco mais polêmico do gênero ser tocado na íntegra, a obra-prima “De Mysteriis Dom Sathanas”, um verdadeiro divisor de águas do black metal mundial e que pode se dizer como definidor da cena norueguesa de sua época. No palco, uma verdadeira obra demoníaca era invocada. Iluminação densa e pesada dão um clima aterrorizante para o espetáculo que teríamos a seguir. Uma intro macabra criando um clima ainda mais maldito inicia o show. A euforia dos presentes vai a mil por hora com a entrada dos encapuzados guitarristas Teloch e Charles Hedger, que entram no palco juntamente com os lendários Necrobutcher e Hellhammer, respectivamente baixista e baterista. O caos tem início com a porrada “Funeral Fog”. Guitarras desfilando os riffs sombrios e crus criados pelo lendário Euronymous dão início ao espetáculo. A casa vem abaixo com a entrada da lenda Attila Csihar. Vestido com sua túnica característica e com um corpse paint assustador, ele domina o palco com sua voz quase operística e seus trejeitos hipnotizantes. No intervalo, temos algo incomum: Attila não se comunica com a plateia e, entre uma

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OUT 2016

THE TRUE MAYHEM TEATRO ODISSÉIA RIO DE JANEIRO - RJ

SET LIST MAYHEM

1- Funeral Fog 2- Freezing Moon 3- Cursed in Eternity 4- Pagan Fears 5- Life Eternal 6- From the Dark Past 7- Buried by Time and Dust 8- De Mysteriis Dom Sathanas Bis 9- Deathcrush 10- Chainsaw Gutsfuck 11- Pure Fucking Armageddon

música e outra, temos intros que deixam o show com um tom ainda mais diabólico e tétrico entre os bangers presentes. Clássicos como “Freezing Moon”, que teve seu refrão gritado a plenos pulmões, “Life Eternal” e “Pagan Fear” são despejados sem dó na cara dos

presentes, que ficam hipnotizados com a presença macabra de Attila e sua caveira no palco. O membro fundador Necrobutcher se encarregou de ser uma espécie de porta-voz na banda, incentivando o público a agitar cada vez mais. A parte principal teve fim com a faixa-título do álbum da tour comemorativa. Música que parecia levar os presentes às profundezas do inferno guiados pela presença hipnótica do frontman. Com a plateia gritando por “Chainsaw Gutsfuck”, o quinteto retorna para o bis com a megaclássica “Deathcrush”, deixando todos com uma semana de torcicolo garantida. Só então o pedido do público foi aceito, deixando os bangers ainda mais loucos com seus riffs destruidores. Para finalizar, a faixa-título de sua primeira demo de 1986, “Pure Fucking Armaggedon”, encerra de forma avassaladora esse show histórico. Não podemos deixar de destacar o ótimo som e show de luzes do Teatro Odisseia, mais uma vez provando que se tornou o endereço dos shows de metal extremo no Rio. E parabéns para a produtora Be Magic, que vem se destacando de maneira positiva no cenário carioca. OD | A

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FOTOS | Allan Barata

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ABRAXAS COMEMORA 2 ANOS EM GRANDE ESTILO 78


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ABRAXAS FEST CELULA SHOWCASE FLORIANÓPOLIS - SC Cattarse A Ruinas de Sade A The Vintage caravan

POR | Matheus Jacques

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erto das 22:30 eu chegava no Celula Showcase, o ponto final do primeiro giro brasileiro da banda islandesa The Vintage Caravan. Após seis shows em terras brasileiras e dois na Argentina, sendo os dois últimos do Brasil em São Paulo e Rio de Janeiro, o trio de rock da do cast da grandiosa gravadora Nuclear Blast finalmente encerraria sua “Voyage” por terra brasilis com sua “Arrival” na capital catarinense. Junto a eles, o Power trio gaúcho de stoner blues Cattarse e o quarteto catarinense de doom metal psicodélico Ruinas de Sade, em uma noite verdadeiramente “quente”, não exatamente no aspecto climático da “Ilha da Magia”, mas sim na energia visceral e hipnótica que emanou do palco do Célula com as grandes apresentações da noite. E a primeira peça foi a brusquense Ruinas de Sade. OD | A octoberdoom.com

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RUINAS DE SADE O Celula Showcase, palco da apresentação da Vintage Caravan em Florianópolis, abriu suas portas pontualmente às 23h e já reunia uma galera em sua frente nesse horário, mas já era perto de meia noite quando se abriram as cortinas para o quarteto brusquense de sonoridade arrastada e chapada Ruinas de Sade. Formado em Brusque com uma sonoridade inicialmente mais voltada para o rock progressivo e tendo lançado em 2016 seu EP auto-intitulado de estréia com três faixas, a banda se apresentava pela primeira vez no Célula Showcase, e logo de cara na primeira edição catarinense do Abraxas Fest, evento que marcou o aniversário de três anos da produtora carioca responsável pela vinda de grandes nomes do stoner rock ao Brasil. Baseando seu som em uma

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cozinha densa e retumbante, riffs gordos e marcantes, um alucinado vocal lisérgico e em uma timbragem sólida e espessa, os caras desenrolaram ao longo de cerca de 40 minutos uma musicalidade endiabrada inspirada em bandas como Sleep, Electric Wizard, Belzebong e Black Sabbath para uma plateia inicialmente tímida, que ainda buscava fazer sua conexão com aquele evento e com a noite que se iniciava, que aos poucos buscava uma conexão com o stoner/doom metal abissal dos caras, mas que logo já tomava mais coragem e se aproximava da beira do palco para banguear e alucinar junto com os sujeitos. As faixas do EP “Ruinas de Sade” ganharam um aspecto ainda mais encorpado, bruto e pesado ao vivo, com faixas como “Funeral do Sol” e “Divindade Abissal” evocando a densidade

e o arrasto do Doom Metal e os delírios do rock psicodélico pesado, reverenciando nomes das vertentes através de seu som lombrado e cavernoso. A Ruinas deSade demonstrou domínio eficiente e habilidade com um palco maior como o do Célula (em Florianopolis, haviam tocado apenas no bar Taliesyn até então), e conseguiu “dominar” com louvor uma platéia que certamente esperava ansiosa pelo show principal da noite. O feedback foi muito positivo e a missão foi cumprida com honras, com o Doom Metal tendo achado um ótimo ponto para se estabelecer na noite de quinta-feira.

CATTARSE Sem que houvesse a possibilidade de uma grande demora e sem permitir que os nervos se acalmassem e os ânimos esfriassem, menos


de quinze minutos depois do término da Ruinas de Sade, o Power trio gaúcho Cattarse, que conta com Diogo Stolfo na bateria, Igor Van der Laan na guitarra e voz e Yuri Van Der Laan no baixo, já iniciava seus trabalhos após uma breve apresentação com a pesada “Meet me in the darkness”, o primeiro single de seu mais recente e excelente álbum “Black Water”. A interação dos caras com a platéia foi um dos pontos fortes e se manteve em alta desde o início, com o carisma e a conexão musical se fazendo presentes lado a lado com o peso absurdo dos riffs e a grandiosidade da cozinha da banda. A letal mistura de Stoner Rock e um blues pesadão e acachapante martelaram os ouvintes dos espectadores e proporcionaram vários momentos impactantes,

misturando faixas de “Black Water” e de seu primeiro álbum, o homônimo de 2014, que possuía letras em Português. Ótimas faixas como Black Water, Salamandra, Turn to Stone, Mr.Grimm e Walking on Glass fizeram parte de um setlist matador e visceral que foi encerrado com a épica Javali, do debut autointitulado dos caras. Com jeitão de banda veteraníssima, entrosamento afiado e uma sonoridade arrasa quarteirão, a banda de Porto Alegre mexeu com o brio da platéia, fazendo um show que considero ainda superior ao já ótimo anterior deles por aqui, no Infrasound Fuzztival. Ali, após uma duração de aproximadamente também 40 minutos, pode-se dizer que de certa forma, os caras deixavam ao meu ver um “desafio velado e inconsciente” os islandeses que fariam o principal show da noite e

fechariam a edição Florianópolis do Abraxas Fest: fazer um som tão empolgante e explosivo.

THE VINTAGE CARAVAN

Finalmente, depois de cerca de quarenta minutos da Cattarse no palco e de uma breve pausa para a troca de elenco (que apesar de ficar na mesma base dos quinze minutos anteriores, pareceu uma eternidade), era chegada a hora do trio de hard rock da Islândia estar La em cima, perante os olhares e expectativas de um Célula quase lotado que esperava para finalmente tirar a prova de tanta coisa que vinha se falando positivamente a respeito da performance ao vivo dos caras. Pois bem, o que eu ouvi por aí a respeito do show dos garotos se mostrou um tanto inverdade, na minha opinião: foi pouco. Muito pouco. Entrei lá esperando um bom show, e saí com a convicção OD | A octoberdoom.com

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RESENHAS FESTAS de que havia presenciado um verdadeiro espetáculo. O trio formado por Oskar Logi na voz e guitarra, Alexander no baixo e Voz, e Stefan Ari na bateria e voz é, definitivamente, uma das melhores coisas vistas no Rock pesado nos últimos anos, e não apenas corresponde a isso no palco com ainda vai alem e entrega algo sem lacunas, sem brechas, mas ainda assim com uma explosão e uma energia que só posso definir como viscerais. O que é ouvido em seus álbuns de estúdio, é redobrado e intensificado no show, amplificando toda a potência do som dos caras e entregando algo fantástico e apaixonado. Oskar é um prodígio. Alem de grande vocalista, o guri é simpático pra caramba e estabeleceu um contato muito bacana com a galera, mas foi na guitarra que se mostrou muito diferenciadoe destilou toda sua criatividade e eficiência em várias faixas grudentas e fodonas, como “Crazy Horses”, “Last Day of Light”, “Expand your mind” e “Innerverse”. Stefan Ari é um batera de “baqueta cheia”, desenrolando sua parte com afinco, proficiência e convicção, sentando a paulada na máquina e criando outro espetáculo à parte na noite. Mas pra mim, foi realmente o baixista Alexander que surgiu como a grande surpresa da noite. Tido como um cara mais caladão e quieto segundo algumas coisas que ouvi, mas apenas fora dos palcos, na frente de toda a galera da casa de shows o moleque exorcizou os demônios e tocou o terror com uma

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performance eletrizante, insana e empolgadíssima, fazendo o diabo com seu baixo e terminando o show já quase exausto, de tanto empenho e entrega em cena. Os três membros trabalharam em sincronia e criaram algo grandioso no palco, indo alem de qualquer rótulo ou definição, Stoner Rock, Hard Rock, Blues ou Metal, para entregar enfim uma grande demonstração de ROCK´N ROLL, daquelas que te arrebatam, te eletrizam, te tiram da cadeira e te fazem sentir grato por poder presenciar.

Quando a apresentação de pouco mais de uma hora acabou, com as faixas Expand your mind e Midnight Meditation encerrando a parada em forma de bis duplo, a galera já estava extasiada, em outro plano, em completo delírio com um show que fez bater cabeça, se mexer, suar e até mandar uns “empurra-empurra”. E eu terminei satisfeitíssimo, surpreendido, com uma das baquetas de Stefan em mãos e aturdido por uma das melhores apresentações que já tive o prazer

de presenciar, numa noite em que ainda pude conferir mais um show de um dos grandes destaques do Doom Metal brasileiro, e a segunda destruição sônica da banda gaúcha, pouco mais de um mês depois do show anterior. Assim aguardamos a próxima movimentação da produtora Abraxas (e da local Dissonante Produções, responsável pela vinda à Floripa, benditos sejam) e do próximo nome que colocarão na rota do rock chapado do Brasil!!!! OD | A

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ESPECIAL

CÂNCER DE MAMA X SUPERAÇÃO A IMPORTANCIA DA PREVENÇÃO CONTRA O CÂNCER DE MAMA POR | Jenny Souza

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omo estamos no #OutubroRosa, nada mais adequado do que abordar sobre um tema que com certeza você já deve ter ouvido várias vezes ou até mesmo ter alguém na família que passou por isso: o tão triste câncer de mama. Vamos falar sim sobre o método preventivo, mas antes

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vamos mostrar que essa doença não é vitoriosa sempre! Sim, várias pessoas conseguem sair disso e continuam suas vidas com mais determinação e alegria, afinal de contas passaram por algo difícil, mas não foi isso que tirou o brilho dos olhos delas! Aqui vamos dar dois exemplos (dentre tantos entre atrizes, cantoras, produtoras e etc) que superaram esse fato tão triste.


A cantora norte-americana Sheryl Crow foi operada em novembro de 2006 ao ser diagnosticada com câncer de mama. Ela conseguiu detectar a doença logo no início e durante o tratamento pós-operatório não teve nenhuma complicação. Sheryl também teve um câncer benigno no cérebro e a descoberta ocorreu em 2012. Todas essas experiências a fizeram desenvolver a ideia de ter um centro de diagnóstico de câncer de mama, chamado "Sheryl Crow Imaging Center". O espaço foi montado em Los Angeles, nos EUA.

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Rita Lee optou por tirar as mamas devido ao diagnóstico precoce (tendência a desenvolver) e também por sua mãe ter desenvolvido a doença. Nesse caso, a retirada foi ANTES do câncer aparecer. Claro, para tal procedimento é feito diálogo prévio com o médico e em todos os casos de cirurgia preventiva os resultados são os melhores possíveis. Notaram que são casos diferentes?

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Uma operou de acordo com o diagnóstico precoce e a outra operou devido descoberta. MAS, as duas estão firmes e fortes! Quer saber sobre o exame preventivo? No site do Instituto Oncoguia, existem várias informações a respeito da detecção precoce do câncer de mama. Lá vocês também têm acesso a história da ONG e etc. Seguem algumas informações: "Os sinais e sintomas do câncer podem variar, e algumas mulheres que têm câncer podem não apresentar nenhum destes sinais e sintomas. De qualquer maneira, é recomendável que a

mulher conheça suas mamas, e saiba reconhecer alterações para poder alertar o médico. A melhor época do mês para que a mulher que ainda menstrua avalie as próprias mamas para procurar alterações são alguns dias após a menstruação, quando as mamas estão menos ingurgitadas (inchadas). Nas mulheres que já estão na menopausa, este autoexame pode ser feito em qualquer época do mês. Alterações devem ser relatadas ao seu médico, mesmo que elas tenham aparecido pouco tempo depois de uma mamografia ou do exame clínico das mamas feito pelo profissional de saúde. OD |  octoberdoom.com

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ESPECIAL

Vale a pena lembrar que na grande maioria dos casos, a vermelhidão, inchaço na pele e mesmo o aumento de tamanho dos gânglios axilares representam inflamação ou infecção (mastite, por exemplo), especialmente se acompanhados de dor. Mas como existe uma forma rara de câncer de mama que se manifesta como inflamação, estes achados devem ser relatados ao médico da mesma maneira, e a mulher deve passar por um exame clínico, obrigatoriamente."

LINK http://www.oncoguia.org.br/conteudo/sinaise-sintomas-do-cancer-de-mama/1383/34/

O CÂNCER DE MAMA PODE APRESENTAR VÁRIOS SINAIS E SINTOMAS, COMO:

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Nódulo único endurecido.

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Abaulamento de uma parte da mama.

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Edema (inchaço) da pele.

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Eritema (vermelhidão) na pele.

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Inversão do mamilo.

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Sensação de massa ou nódulo em uma das mamas.

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Sensação de nódulo aumentado na axila.

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Espessamento ou retração da pele ou do mamilo.

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Secreção sanguinolenta ou serosa pelos mamilos.

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Inchaço do braço.

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Dor na mama ou mamilo.

PARA OS HOMENS: Também existem casos de câncer de mama e nesse link é possível conferir todas as informações a respeito de como tratar e como é feito o diagnóstico > http://www. oncoguia.org.br/conteudo/ diagnostico/3283/547/ A October Doom Magazine, como mecanismo informativo, também exerce função SOCIAL, e por isso, utilizamos nossos espaços para disseminar informações a respeito do Câncer de Mama, afinal de contas, sabedoria nesse tipo de assunto nunca é demais. PREVINAM-SE! OD |


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ESPECIAL

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POR | Jenny Souza

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ala, galera! Chegando ao fim da nossa matĂŠria, vamos agora falar a respeito daquelas que estĂŁo em outras esferas do underground, ajudando a cena a se manter viva! Aqui temos alguns nomes que ajudam e muito, vamos conhecer? octoberdoom.com

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ESPECIAL MICHELE DUPONT OLÁ, MICHELE, FALE DE VOCÊ Michele Dupont: Sou radialista na Dark Radio desde 2013. Desde o início, o intuito do programa era a divulgação de bandas autorais nacionais. Na fase inicial o programa era dividido com outra radialista, Sil, e o estilo tocado ia desde o Doom Metal até o Industrial. Devido a isso, o programa teve de ser dividido, ficando a Michele a cargo do Crazy Pinup e a Sil tendo seu próprio programa voltado ao EBM e Industrial, chamado Herzblut. Com o decorrer do tempo, o programa começou a ter uma identidade própria mais voltado às bandas extremas, como Death Metal, Black Metal, Doom Metal, War Metal, etc. QUAL A MAIOR E MELHOR EXPERIÊNCIA QUE TEVE? Michele: Eu tenho experiência a cada programa que faço, a cada

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evento que participo, cada fest que prestigio, o Underground muda a cada evento, e tem crescido muito. Acho que as experiências nos backstage ao qual as vezes trabalho em assessorar as bandas que vão tocar são experiências únicas, é muito bom ver os músicos como eles são, como pessoas. Também tem aquelas experiências surpresa, como encontrar o Lord Angelslayer do Archgoat na área de fumantes, um brasileiro tentando falar com ele e ele já desesperado (risos), então conversamos bastante e foi muito legal, ele mostrou algumas tatuagens, falou da noiva que iria voltar e se casariam e foi demais tudo isso. Também em um evento que trabalhei no backstage do Arkona, falar com eles, ver fotos dos filhos isso são experiências maravilhosas. UMA COISA QUE MUDARIA NO MEIO UNDERGROUND? Michele: Dentro do Underground tem muita coisa ainda a mudar, ainda existe muito machismo, muito preconceito e muito dos valores reais do movimento tem se perdido por rixas entre bandas. Faltam mais produtores com dignidade no meio, muitos parasitas que querem se aproveitar ao máximo das bandas, que acham que ganham moral somente porque vão aos shows, mas no fundo não apoiam a cena, se apoiam nela somente para encher a boca dizendo que são guerreiros. Chega a ser engraçado o que algumas pessoas fazem para aparecer. Outra coisa que eu não aceito é o pessoal velho da cena não apoiar os novos e a piazada, em especial as novas bandas. Temos que entender que a cena será continuada com esses “novos” e se não dermos su-


porte a eles, não teremos mais Underground. E mulheres por favor!!! Dormir com músicos não te faz ser ninguém na cena! Respeite, pois a maioria tem esposas e namoradas, e o mesmo para os homens: respeitem as mulheres, o fato de amar a banda não quer dizer que queremos dormir com vocês. #ficaadica Em geral, um recado: Seja você, seja honesto, não copie e crie!!! Façam a cena forte com união e acima de tudo respeito.

Dormir com músicos não te faz ser ninguém na cena!” LINK https://www.facebook.com/michele. dupont3

EDI FORTINI OLÁ, EDI, FALE DE VOCÊ. Edi Fortini: Sou fotógrafa, e faço coberturas de shows desde 2008, quando cobri oficialmente o Carcass, no Santana Hall. QUAL A MAIOR E MELHOR EXPERIÊNCIA QUE TEVE? Edi: Minha melhor experiência com certeza foi fazer a cobertura da minha banda favorita, o My Dying Bride, em 2013, no Teatro Rival no Rio de Janeiro. Me

lembro bem de um momento em que estava agachada fotografando detalhes do fundo do palco e quando me levantei estava quase que em frente ao Aaron Stainthorpe, o vocalista. Confesso que as pernas deram uma bambeada ali, mas claro, cumpri meu trabalho e deixei a tietagem para depois do show. Sobre a maior, este ano, durante a última passagem do Steven Wilson por aqui (de quem também sou extremamente fã), estive entre os fãs aguardando que ele nos atendesse. Enquanto o manager avisava que ele não atenderia ninguém naquela ocasião e em nenhuma hipótese tiraria fotos, Steven saiu e se dirigiu à van que aguardava os músicos, mas alguns poucos fãs tentaram contato. Eu queria muito que ele autografasse uma foto que fiz dele em 2012 para fazer um quadro e estava com a foto à mostra na primeira fila. Num dado momento essa foto chamou sua atenção, de forma que ele a fitou por alguns instantes e em seguida olhou para mim, a elogiando. Eu expliquei rapidamente que eu a tinha feito e pedi o autógrafo. E mesmo levando bronca do manager, ele tirou uma foto comigo. Para mim foi um grande reconhecimento do meu trabalho e me deixou imensamente feliz. Esses pequenos gestos valem muito e nos motiva a continuar fazendo o que gostamos!

respeito e a igualdade. Somos todos iguais em busca de reconhecimento e profissionalismo e todos merecemos as mesmas oportunidades. Infelizmente vejo muita discriminação e favoritismo no meio. Mas também há pessoas maravilhosas que fazem valer a pena continuar batalhando!

UMA COISA QUE MUDARIA NO MEIO UNDERGROUND? Edi: A cultura pelo

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Somos todos iguais em busca de reconhecimento e profissionalismo e todos merecemos as mesmas oportunidades.”

https://www.facebook.com/EdiFortini

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ESPECIAL ELLEN MARIS OLÁ, ELLEN, FALE DE VOCÊ Ellen Maris: Trabalho com Social Media e Media Press desde 2010, profissionalmente (com rentabilidade). Mas o trabalho de divulgação voluntária em apoio às bandas do Metal Nacional vem desde o final da década de 90, antes da explosão da internet, ainda na época dos zines e demo-tapes. Nos palcos, integrei por 4 anos a banda de Doom/Death Metal “Apocalyptichaos”. QUAL A MAIOR E MELHOR EXPERIÊNCIA QUE TEVE? Ellen: Com certeza foi com a União Doom Metal Brasil, quando conseguimos unir as mais diversas bandas de todas as regiões do país com o propósito de fortalecer e divulgar o cenário Doom nacional num sistema de apoio mútuo. O lançamento da primeira coletânea desse projeto em 2012, a Doomed Serenades, com certeza foi o maior acontecimento dentro

dessa proposta, seguido pelo lançamento do segundo volume da coletânea, em 2015, que agregou muito valor ao Doom Metal nacional e abriu portas para o gênero em nosso país. A coletânea também foi distribuída fora do Brasil, levando o nome de nossas bandas além dos limites do nosso continente. Foi um marco para mim. Me orgulho em ter participado disso. UMA COISA QUE MUDARIA NO MEIO UNDERGROUND? Ellen: O excesso de competitividade e individualismo entre as bandas. Underground deveria ser uma união, mas atualmente vejo mais segregação. E quando eu falo de união, não envolve religião ou política. Metal é para os palcos assim como religião deveria se limitar às igrejas e política para as câmaras. Quando ambos se misturam, a segregação vem por consequência.

Underground deveria ser uma união, mas atualmente vejo mais segregação.”

LINK https://www.facebook.com/ellensunset

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SILVANA PAULA OLÁ, SILVANA, FALE DE VOCÊ Silvana: Sou produtora de eventos relacionados ao heavy metal e subgêneros nos SESCS. Trabalho com produção de eventos há mais de 10 anos. Qual a maior e melhor experiência que teve? Silvana: Foi ter conseguido colocar o metal pesado dentro do SESC. Uma coisa que mudaria no meio underground? Silvana: Mudaria o comportamento de alguns músicos e produtores que ajudam a afundar a cena se metendo em coisas que provocam polêmicas nas mídias; Produtores que não cobram pelo seu trabalho e tiram das bandas a porcentagem que pertencem a eles;


Produtores que enganam as bandas fazendo vender entradas e ficam com o lucro sem ao menos dar um cachê para as bandas; Músicos que acham que são estrelas e causam em shows; Muitos que se dizem produtores e além de não serem, deixam os verdadeiros produtores em “maus lençóis”, como diziam meus avós. Isso nos atrapalha muito.

Mudaria o comportamento de alguns músicos e produtores que ajudam a afundar a cena e provocam polêmicas nas mídias.” LINK

melhores. Gostei de todos sem exceção. UMA COISA QUE MUDARIA NO MEIO UNDERGROUND? Suzana: Eu acho que deveria ter mais presença de público nos eventos, principalmente os gratuitos e autorais. Mas isso depende de cada um. Deveríamos nos unir mais.

Deveria ter mais presença de público nos eventos, principalmente os gratuitos e autorais.”

https://www.facebook.com/silpocobi

SUZANA GORRERA (SUZANA METAL ROCK BAR)

OLÁ, SUZANA, FALE DE VOCÊ. Suzana: Sou divulgadora de eventos do Coletivo La Migra e hostess do Metal Rock Bar desde junho de 2013. QUAL A MAIOR E MELHOR EXPERIÊNCIA QUE TEVE? Suzana: No meu bar: todos os eventos foram os

LINK https://www.facebook.com/ColetivoLaMigra/

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ESPECIAL ELAINE LOPES FALE UM POUCO DE VOCÊ Elaine: Sou produtora/ Editora Musical no Programa METAL HEART” de Jaguariúna - SP, desde maio de 2015. QUAL A MAIOR E MELHOR EXPERIÊNCIA QUE TEVE? Elaine: Ser convidada por meu marido Renato Orsi (Apresentador e Produtor do Programa METAL HEART) para trabalhar junto com ele como Produtora e Editora musical. E ao longo desse tempo de minha participação, tivemos a ideia de fazer mais Coletâneas do “Programa Metal Heart”, dessa vez com várias vertentes do Heavy Metal para diversos gostos. Inclusive, elas estão sendo divulgadas e tocadas na grade de programação da “Metal Militia Web Radio”, uma grande rádio online de São Paulo - Capital. E mais, a questão das mesmas

serem ouvidas, reconhecidas e elogiadas por pessoas de todo o Brasil e até dos EUA, Rússia e países da Europa. Enfim, isso é muito gratificante, me deixando realizada e feliz, pois todo o meu trabalho é feito com muita dedicação e amor ao Metal! UMA COISA QUE MUDARIA NO MEIO UNDERGROUND? Elaine: Se eu pudesse, mudaria a rivalidade que existe entre as vertentes do Metal e desejaria que tivesse mais união. E também, gostaria que existisse mais apoio e divulgação positiva da grande mídia para com o “Heavy Metal” no Brasil e no mundo, e a não-exposição de alguns fatos distorcidos e que na maioria são polêmicos e falsos, gerando uma imagem muito negativa para os Headbangers em geral.

Se eu pudesse, mudaria a rivalidade que existe entre as vertentes do Metal e desejaria que tivesse mais união.”

LINKS http://www.programametalheart. com/home.htm http://metalmilitia.com.br/2015/gradede-programas/home.htm

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NAYANE BRAGANÇA FALE UM POUCO DE VOCÊ Nayane: Atua há dez anos na produção executiva e artística de shows, festivais e eventos culturais de todos os portes e de diversos gêneros musicais. Também realiza a produção técnica do projeto Domingo no Parque, evento realizado em Porto Alegre. Fora da área de produção de eventos, atua com assessoria de imprensa e assessoria em mídias sociais com a Stereo Produtora, empresa que foi aberta há dois anos, e mais recentemente na produção executiva do Reverbera Soluções Culturais, um coletivo de produtores culturais. QUAL A MAIOR E MELHOR EXPERIÊNCIA QUE TEVE? Nayane: Certamente foi a produção dos festivais Movimento Gisarte e Rock no Renascença (este último em parceria com o Ray-Z, produtor musical e guitarrista dos Phantom

Powers - e também um dos meus mestres na vida, pois é um cara que respeito imensamente como pessoa e como profissional). O Movimento Gisarte foi realizado com o objetivo de arrecadar donativos para os moradores de uma comunidade carente local, a Vila Liberdade, que sofreu com um incêndio que a destruiu quase que totalmente em 2013; já o Rock no Renascença foi realizado em benefício de um abrigo que cuida de mulheres que sofreram violência doméstica. Estes dois eventos me marcaram muito, pois acho extremamente válido usar o que eu mais amo fazer na vida, que é produzir eventos, para auxiliar a quem precisa. Não custa nada doar o que tu sabes fazer de melhor para ajudar o teu próximo. Fora isso, posso citar como grandes experiências ter trabalhado com alguns artistas locais que considero como ídolos e referências e ouvir estes artistas elogiando o trabalho após o evento - estes artistas são o Frank Jorge, as bandas Acústicos & Valvulados, Tarsila e Rosa Tattooada, e o cantor e performer Madblush. Fora do meio underground, trabalhar em eventos que contaram com shows de alguns dos meus ídolos certamente foi bem marcante - entre eles: Crucified Barbara, Mechanics, Soulfly, Elke Maravilha (sim, hehehehe), Creedence Clearwater Revisited, Krisiun, Los Mentas, El Mato a Un Policia Motorizado, El Cuarteto de Nos, Juan Cirerol, La Vela Puerca e Muñoz. UMA COISA QUE MUDARIA NO MEIO UNDERGROUND? Nayane: No que diz respeito às dinâmicas de trabalho, eu

Regras bem definidas só contribuem para que os eventos sejam bemsucedidos, e demonstram respeito da produção em relação ao público e aos artistas.” mudaria a organização de alguns eventos. Na minha opinião, independentemente do evento ser de pequeno porte, são necessárias regras, organização, pontualidade e cronograma muito bem definido (e o cumprimento deste cronograma sem falhas e/ou atrasos), com horários e ordem para as bandas, assim como ocorre em qualquer evento mainstream. Regras bem definidas só contribuem para que os eventos sejam bem-sucedidos, e demonstram respeito da produção em relação ao público e aos artistas. Analisando outras especificidades do underground, eu gostaria que alguns veículos de comunicação de massa dessem mais atenção aos nossos eventos. Nós, produtores do meio underground, contamos com inúmeros veículos independentes que nos dão um apoio de importância vital na divulgação dos eventos (a October Doom Magazine é um destes veículos), mas alguns veículos de comunicação octoberdoom.com

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ESPECIAL de massa ainda relutam em abrir espaço para bandas e eventos do meio underground. Por fim, não sei se a próxima questão só ocorre aqui no Rio Grande do Sul, mas o que noto por aqui é uma formação de diversos grupos fechados entre as bandas e os produtores, e estes grupos não dialogam entre si. Já vi rolarem uns boicotes de bandas em relação a alguns eventos, boicotes de bandas a outras bandas, etc, e isso acaba prejudicando a cena musical como um todo. As bandas e produtores do meio underground já têm espaços muito reduzidos, seja em mídia, seja em locais para eventos, e por isso acho que é completamente fora de cogitação que continue essa falta de diálogo e boicotes entre alguns agentes ativos da nossa cena musical. Ok, contamos com várias cenas musicais aqui no RS: metal, punk rock, hard rock, stoner, hardcore (isso citando apenas o rock), mas penso que, independentemente dos nichos musicais de cada banda, todas as bandas da região fazem parte de algo maior, que eu chamo de macro cena: a cena musical independente gaúcha.

LINKS Stereo Produtora Produtora e assessoria de comunicação https://www.facebook.com/stereoprodutora

Reverbera Soluções Culturais Coletivo de produtores https://www.facebook.com/reverberacultural

Domingo no Parque Evento mensal, realizado em Porto Alegre https://www.facebook.com/domingonoparque

Tarsila Banda de Porto Alegre integrante do cast da Stereo Produtora https://www.facebook.com/facedatarsila

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LORRAINE SCARABEL FALE UM POUCO DE VOCÊ Lorraine: Trabalho na noite paulistana há 7 anos, em baladas, bares e casas de show. Também sou idealizadora e produtora da festa Doom Nation, desde maio 2016. A DN é uma festa que acontece mensalmente em SP, no Zapata, e em dezembro pela primeira vez irá pra outra cidade, desta vez, Curitiba. O formato do evento é festa mesmo, não é festival. Geralmente rolam de 2 a 3 bandas no máximo, até o sol raiar, com discotecagem a noite toda entre as bandas. QUAL A MAIOR E MELHOR EXPERIÊNCIA QUE TEVE? Lorraine: Cara, eu tive diversas experiências ótimas, difícil escolher uma só. Acho que a melhor parte disso é tirar bandas do estúdio e trazer pro palco. É dar aquela atenção que as bandas underground merecem.


Quando vejo uma banda que toca em raras oportunidades ou que nunca tocou depois de uma festa, recebendo cache, vendendo merchan, recebendo aquele amor da galera, isso não tem preço. Todo o esforço pra fazer acontecer, vale a pena totalmente. Outra coisa que gosto demais é estar em casa ouvindo aquele álbum maravilhoso, de extrema qualidade e bom gosto, tendo aquela baita experiência sensorial, e ai saio pra encontrar meus amigos e eu me ligo que aqueles amigos são os caras que fizeram aquele álbum! Haha. Sim, porque eu sou fã dos meus amigos! Me dá muito orgulho pois eu piro em todas as bandas que eu chamo pras festas, e em muitas outras que ainda não rolou de chamar. Isso me inspira sabe, até pra começar a compor e montar uma banda também haha. J.S: UMA COISA QUE MUDARIA NO MEIO UNDERGROUND? Lorraine: Todo mundo esperando eu dizer “machismo” não é? Haha. Confesso que nesse tempo na ativa, ocorreram apenas episódios bem isolados e “pequenos” digamos assim, de situações que era óbvio que os caras não sabiam lidar com o fato de ter uma mulher com voz ativa ali, dando a última palavra, tomando decisões, escolhendo, enfim, uma mulher que não era a namorada nem a gruppie de ninguém haha.

Ego transforma pessoas legais em verdadeiros monstros.” Também já tentaram me acuar com agressividade, com xingamentos, achando que eu iria baixar a minha guarda e minha cabeça. Achando que eu ia chorar no meu cantinho. Hahaha. É tanta coisa pesada que a gente lida durante a vida simplesmente por ser mulher, que quanto mais um macho inseguro vem usar a velha técnica de tentar te rebaixar pra alimentar a própria insegurança, eu dou muita risada, e tiro de letra, a gente coloca macho escroto em seu devido lugar diariamente. Mas o que mais me incomoda no under é algo tão complexo e difícil de lidar quanto o machismo - Ego. Ego transforma pessoas legais em verdadeiros monstros, e experiências ruins com ego foram bem superiores e traumáticas. É aquela máxima territorial. Tem gente que está no corre pelo prazer de ajudar, fazer acontecer, contribuir, participar ativamente. Outros, pelo ego. Mas ainda assim, tem muito mais gente do bem, gente que amo, amigos e parceiros, do que o contrário. Isso me conforta e consola 100%. Na grande maioria do tempo me sinto plenamente apoiada.

Na verdade, eu fico muito grata pela oportunidade que tive de botar o projeto pra funcionar. Eu conheci pessoas que vou levar pra vida, tive experiências incríveis, já chorei de emoção e felicidade, tenho apoio inenarrável de bandas, de grandes produtores experientes, os quais me inspiram e levo como professores, de músicos e outros profissionais que colaboram intensamente pra fazer as festas saírem do papel, o Zapata, desde o início totalmente dando suporte, e aquelas pessoas que não são músicos nem produtores, mas estão ali ativamente ajudando na divulgação, comparecendo nas festas, dando amor e prestigio paras as bandas locais. O número de pessoas e experiências maravilhosas supera os problemas e é por isso que continuo firme, é o que me dá força pra continuar. Obrigado, de coração.

LINKS facebook.com/doomnationbrazil/ doomnationprod.wixsite.com/ doomnationbrazil/

Último evento do ano em SP facebook.com/events/178958475883675/

Último evento do ano em Curitiba facebook.com/events/1231235420281095/

octoberdoom.com

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ESPECIAL

Se fosse possível, colocaríamos todas as mulheres que ajudam o nosso underground; porém, vocês sabem que são muitas, e seria necessária uma matéria infinita, então, agradecemos a todos que contribuíram com a matéria e a você leitor que acompanhou essa saga! O nosso underground tem se tornado cada vez mais forte e unido e queremos que todos tenham o seu espaço e que a "cena" não seja dividida por machismo, estereótipo, e tantos outros termos que correspondem às coisas chatas no meio musical! Parabéns à todas as mulheres que me envolvem com os acontecimentos da Cena, seja como musicista, seja como produtora ou fotografa. Vocês são muito importantes pra que esse movimento continue crescendo cada vez mais. Avante! OD | A

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AGENDA AGENDA OCTOBER DOOM

UMA SELEÇÃO DOS MELHORES EVENTOS, FESTIVAIS E SHOWS QUE ACONTECEM DURANTE OS PRÓXIMOS DIAS.

DIVULGUE SEU EVENTO Envie para nossa redação, as informações e links. contato@octoberdoom.com.br

Não nos responsabilizamos por mudanças ocorridas na programação

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FESTIVAL

SP DOOM DAYS VII

29/11 ESPAÇO SOM

SÃO PAULO/SP

BLAZING CORPSE E DEATH BY STARVATION SÃO AS BANDAS CONFIRMADAS PARA O SÉTIMO EPISÓDIO DO FEST SP DOOMDAYS, EM SÃO PAULO.

ACESSE

https://www.facebook.com/events/843648989070259/


LANÇAMENTO

FESTIVAL

SOLVE ET COAGULA

HELL IN RIO

SHOW

05/11

GARAGEM 13 MOTOROCK MOSSORÓ/RN O QUARTETO DE MOSSORÓ, BLACK WITCH, STÁ LANÇANDO SEU PRIMEIRO ÁLBUM COMPLETO, SOLVE ET COAGULA, E PARA O LANÇAMENTO DO REGISTRO FORAM CONVIDADAS AS BANDAS MAD GRINDER E THE FLOW

ACESSE https://www.facebook.com/ events/172486869876663

5 e 6/11

TERREIRÃO DO SAMBA RIO DE JANEIRO/RJ

EM UM SUPER FESTIVAL DE DOIS DIAS, O HELL IN RIO TRAZ ALGUNS DOS MAIORES NOMES DO METAL EXTREMO NACIONAL, COMO SEPULTURA, ANGRA, KORZUS OFFICIAL, HIBRIA, CLAUSTROFOBIA E MUITO MAIS.

ACESSE

https://www.facebook.com/events/285876798463688/


AGENDA SHOW NOITE DO DESERTO

10/11

SHOWS

SANTA PRAÇA BELO HORIZONTE/MG A NOITE DO DESERTO CHEGA A SUA 11ª EDIÇÃO, DESTA VEZ COM AS BANDAS CATTARSE E LIVELY WATER NO SANTA PRAÇA, EM BELO HORIZONTE

ACESSE

https://www.facebook.com/events/1805354776352061/

FESTIVAL DOOM NATION APRESENTA CATTARSE, MAGNETITA E CÂIMBRA SÃO AS ATRAÇÕES DO DOOM NATION 4 - WITCHES GARDEN, QUE ACONTECE NO CENTRO CULTURAL ZAPATA.

ACESSE

CENTRO CULTURAL ZAPATA – SÃO PAULO

18/11

https://www.facebook.com/events/178958475883675/

FESTIVAL RAROZINE FEST CENTRO CULTURAL GERALDO PEREIRA BRAGANÇA PAULISTA/SP A RAROZINE É UMA MÍDIA DE COMUNICAÇÃO QUE APOIA VÁRIOS SEGIMENTOS DO UNDERGROUND, E NO PRÓXIMO DIA 20 REALIZARÁ SEU FEST, COM AS BANDAS PEIXES FRITOS (PIRACAIA-SP), BIG MOTOR (BRAGANÇA PAULISTA - SP), MOTOR CITY MADNESS (PORTO ALEGRE - RS) E URUTU (SP).

ACESSE

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CRAZYPUB APRESENTA

20/11

20/11

CRAZYPUB – CURITIBA/PR

TAMBÉM NO DIA 20, MAS EM CURITIBA, STONE HOUSE ON FIRE, CASSANDA E MARTE SE APRESENTAM NO CRAZYPUB.

ACESSE https://www.facebook.com/events/1781801448701954/

https://www.facebook.com/ events/684933584995479


FOTO BY EDI FORTINI


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