Edição 111

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soas ao teste do bafômetro. A mulher se negou – quando isso acontece, o motorista se livra de prestar esclarecimento na delegacia, mas leva todas as outras sanções como se tivesse bebido. O desrespeito também torna as operações delicadas. Entre sexta-feira e sábado, um condutor de cerca de 60 anos foi pego pelo bafômetro e precisou ligar para o filho ir buscá-lo. Enquanto aguardava, xingava o policial que aplicou o teste. “Eu estou lúcido. Se estivesse andando assim, fazendo ziguezague com as mãos, mas estou bem. Estava em uma festinha. Não se pode mais nem ir a um churrasco e tomar um traguinho? Não estou bêbado de cair. Hoje, a gente paga para os bandidos. Há 30 anos que eu dirijo e isso nunca aconteceu”, bradava. O policial respondeu à altura, fazendo-o recuar: “Isso mesmo, o senhor está certo. Prendo 20 bandidos por semana, mas isso não aparece. Só é ruim quando arde no seu”. O agente de trânsito Johny Ariotti, de 27 anos, conta que reações ásperas dos autuados costumam ser comuns. Diferentemente dos PMs e policiais rodoviários, servidores como ele não têm poder para prender. “Apenas fiscalizamos o trânsito e as pessoas multadas ficam falando que deveríamos estar prendendo bandidos, mas não são só essas coisas grandes que contam. O que fazemos é um serviço de atuar nos crimes menores”, relata. Se os agentes ouvem críticas dos moO motorista recebe multa quando toristas bêbados, recebem o aplauso de equipamento marca acima de 12 mg/l. especialistas. O professor de trânsito e Fiscalização achou garrafas em carro transportes João Hermes Junqueira, da Fotos: Maurício Concatto/O Caxiense Unisinos, elogia ações como essa. “O

poder público está fazendo a sua parte em fiscalizar o uso inadequado dos veículos. As pessoas têm que se conscientizar que, se estão dirigindo, não podem ter bebido, pois elas acabam não assumindo o risco”, explica. Mas ele pondera: só fiscalização não basta. Os poderes públicos também precisam investir em ações permanentes de educação. Ele defende campanhas com imagens fortes, que mostrem o perigo do álcool no trânsito. “As campanhas devem ser diárias, tem que estar todo mundo falando nisso”, diz o professor. Também cobra melhorias no transporte público, que estimulariam os bêbados a trocar os carros por ônibus. Os aumentos nas blitze não são exclusividade de Caxias do Sul. Apoiado pela Lei Seca, em vigor desde 2008, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) lançou, em parceria com outros órgãos, iniciativas como o Balada Segura em Porto Alegre. “Não é admissível que as pessoas usem o espaço público sem condições de dirigir”, observa o presidente em exercício do órgão, Ildo Mário Szinvelski. Satisfeito com os resultados, o Detran estuda estender a área de atuação – e inclui Caxias entre as possíveis áreas que seriam beneficiadas com a ação estadual. Enquanto o reforço na fiscalização proporcionado pelo Detran não chega, Caxias do Sul trata de planejar melhorias nas atuais blitze. A Secretaria de Trânsito promete operações em ritmo intenso, com foco em novas áreas, como os acessos a balneários no interior do município. A prefeitura também prevê a compra de mais 4 camionetes, 2 motos e um radar fotográfico. Tudo com um único objetivo: salvar vidas.

O perfil dos motoristas flagrados Idade

Sexo

18 - 25

96,2%

Três em cada 10 condutores que receberam multa nas blitze têm menos de 25 anos:

26 - 30 31 - 40 Acima de 41

16

30,2% 20,1%

A combinação bebida e direção está associada aos motoristas do sexo masculino:

Homens

3,7%

Mortes

Como as blitze só começaram no fim do ano, acidentes fatais tiveram alta em 2011:

71

67

73

Mulheres

26,4% 23,1%

2009

2010

2011


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