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| Gestão social como caminho para a redefinição da esfera pública

Corroborando a vivacidade com que grupos sociais têm vindo a recriar formas de produção, de organização e de se fazerem atuantes na esfera pública, os diversos trabalhos inscritos e apresentados no eixo temático trouxeram para o debate experiências de desenvolvimento local, tais como: o Centro de Desenvolvimento Comunitário das Timbaúbas, localizado na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará; o desenvolvimento territorial sustentável promovido no recôncavo baiano; incubadoras de empreendimentos solidários (desenvolvendo o papel de mediação entre estes empreendimentos e o poder público); fábricas recuperadas por trabalhadores e a experiência particular da Empresa Social Solidarium, entre tantas outras. Casos como o projeto de extensão universitária desenvolvido em Guaratuba, Paraná, construído numa perspectiva de diálogo entre a universidade e a comunidade, demonstram o quanto a esfera pública é um espaço em pleno movimento, transformação de fomento contínuo a novas formas de ser e de estar dos cidadãos. Não podemos perder de vista que, apesar do desenvolvimento dessas experiências e práticas se inserir num contexto capitalista, elas têm grande potencialidade na “redefinição de valores, símbolos e significados, num jogo de interação e reciprocidade entre o instituído e o instituinte” (GOHN, 2005, p. 19). O instituído aqui é compreendido como o que se conhece e está formalizado (normalizado), e o instituinte como o que está em formação, ou seja, o “novo” que se manifesta de forma latente, mas que logra inserir-se nas práticas instituídas. As práticas sociais apresentadas nos quatro GTs que constituíram o referido eixo temático também remetem para a afirmação de Scherer-Warren (2006) de que, para os sujeitos se tornarem atores de novas formas de governança, é necessário que a participação destes seja contemplada em diferentes espaços. Segundo a autora, os espaços em que ocorrem o empoderamento político e simbólico das organizações de base são os das mobilizações de base local, nos quais afirmam e consolidam as identidades coletivas, reforçando o sentimento de pertença. Também os simbolismos e místicas das lutas (os cultos das bandeiras, das músicas, dos ritos) valorizam a premissa da unidade na diversidade e da força interior para prosseguir com a luta. Por

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