Jornal O Alto Taquari - 29 de novembro de 2013

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Cotidiano| 5

JORNAL O ALTO TAQUARI . Sexta-feira, 29 de novembro de 2013.

Qual seu tipo de personalidade?

Em Outras Palavras

Gilberto Jasper gilbertojasper.blogspot.com.br/ gilbertojasper@gmail.com

Verão, época de saudade

O estresse é algo comum e inseparável do nosso dia a dia. “Hoje a tensão faz parte do nosso cotidiano, mas isso não significa que ela precisa ser algo ruim”, considera o psicólogo clínico Fernando Elias José. O estresse pode ser positivo, e o problema, na verdade, não está na tensão em si, mas na forma como lidamos com ela. Mas, nesse aspecto a personalidade é um fator muito importante na hora de reagir ao estresse. “Dependendo das suas características você leva com mais facilidade as questões da sua vida ou não, elas podem ser mais leves ou mais pesadas de acordo com seu jeito de funcionar”, define a psicóloga Marina Vasconcellos. Levando isso em conta, estudiosos norte-americanos vêm traçando alguns perfis e de que forma cada um deles lida com situações estressantes. É uma teoria, mas pode ajudar as pessoas a buscarem pelo autoconhecimento. Eles não são diagnósticos definitivos, na verdade o comum é que cada pessoa apresente características deles de forma misturada e única, afinal não existem duas pessoas iguais. De qualquer forma, vale a pena conhecer as principais características de todos eles, e ver onde você se encaixa!

Personalidade tipo A: explosivos e inseguros Esse perfil engloba, basicamente, pessoas que sempre correm contra o tempo, acumulam tarefas, têm uma atitude competitiva, usam palavras fortes, gostam de influenciar os outros e podem ser agressivos e hostis. Ter um desses traços já pode indicar essa personalidade. E tudo isso está ligado à baixa autoestima, gerando uma combinação explosiva. Além disso, a falta de tempo e acúmulo de tarefas são fatores que podem muito bem gerar situações estressantes.

Mas é importante ressaltar também que essas pessoas também demonstram mais a tensão que sentem. A própria explosão das pessoas agressivas já é uma forma de mostrar que tudo está fora do equilíbrio, o desgaste emocional é como se fosse uma faísca e tudo pega fogo imediatamente. Isso nem sempre significa que elas estão sofrendo mais de estresse do que os outros ao redor, pois muitas vezes eles estão acostumados a lidar com as situações dessa forma. De qualquer forma, quem tem esse tipo de personalidade não está condenado a viver estressado.

Personalidade tipo B: descontraídos Este perfil é de pessoas mais tranquilas e descontraídas, com maior capacidade para delegar funções, menor ambição e mais confiança tanto nos outros quanto em si mesmos. Ou seja, o exato oposto do tipo A, o que as torna menos propensas ao estresse, ou quando apresentam o problema, as capacita melhor a encontrar a causa. Outra característica dessa personalidade é refletir de forma mais racional sobre os problemas. Ao olhar a situação com frieza, fica muito mais fácil encontrar soluções e assim reduzir a tensão.

Personalidade tipo C: fechados São pessoas que internalizam mais seus sentimentos e o que lhes incomoda, não externalizando tanto seus sentimentos. Isso é ruim, pois essas pessoas acabam por não colocar para fora o mal-estar. De qualquer forma, pessoas com essa personalidade mais fechada precisam encontrar outras formas de colocar o estresse para fora. Isso pode ser realizado de forma não-verbal

através de atividades físicas ou de algum outro hobby que permita a pessoa se expressar.

Personalidade tipo D: pessimistas e solitários Esse grupo é composto por pessoas mais negativas, depressivas e normalmente solitárias. Claro, quando você já é negativo, fica mais difícil encontrar saídas em situações tensas, o que pode contribuir para o mal-estar. Além disso, esse tipo de atitude faz com que a pessoa acumule pensamentos ruins, que agem como um “peso”. Talvez o principal problema dessa personalidade seja a solidão, pois as pessoas se afastam de quem é negativo e acabam por lidar sozinhas com os problemas sem dividir muito. Além disso, essas pessoas podem não lidar bem com a opinião dos outros e acabam não tendo muito incentivo para mudar. Para esses, o ideal era tentar trabalhar esse lado negativo, e um bom caminho é através da psicoterapia.

Personalidade não é tudo Se você se identificou com um ou mais pontos de cada uma dessas personalidades, não se preocupe! Como cada pessoa é única, é normal que misturemos essas características mesmo. E o mais importante é lembrar que esse fator não é o único a determinar como lidamos com o estresse. E, mais importante do que o estressor ou a forma como se encara o estresse, está a capacidade de resolver as situações. Portanto, não encare as suas características como algo determinante para seu estresse, e tente, no lugar disso, trabalhar habilidades para lidar melhor com ele.

Guardo inesquecíveis lembranças da minha infância. Meu pai foi um companheiro pronto a ensinar tudo sobre muitas coisas. Não consegui assimilar tudo, principalmente em relação à agricultura e aos negócios, áreas onde era especialista. Curioso incurável estava sempre pronto a aprender. Era comum vê-lo repentinamente parar no acostamento – principalmente da BR-386 - sem motivo aparente. Mal o carro parava ele saltava a cerca. Em poucos minutos retornava com uma muda na mão, geralmente frutífera. Sem trocar de roupa se embrenhava em meio ao pomar para abrir covas para acomodar a “novidade” que em pouco tempo ostentava belos frutos. No verão ficava agitado em plena madrugada. De calção e camiseta “de física” (hoje regata) e chinelos de couro mudava a mangueira de lugar para garantir a irrigação de todas as mudas. - Sem água não tem solução. Tudo morre! - repetia. §§§ Ele me ensinou também a importância do trabalho. Desde pequeno passa o dia na empresa onde trabalhou por quase 40 anos. Com 12, 13 anos, até cartão ponto eu tinha nas férias de verão. Carimbava papéis e separava talões já usados. Mais crescido ganhei um banquinho de madeira (semelhante às caixas de engraxate) onde se colocava uma poção de cola caseira, feita à base de farinha de trigo para fixar os rótulos nas garrafas de vidro. Também comandei uma engenhoca usada para fixar a tampinha de inox nas garrafas com ajuda de um pedal depois de prender a sobretampa de cortiça. No intervalo me juntava aos operários para devorar um sanduíche de pão de milho feito pela minha mãe. Meu pai raramente usufruía de uma temporada na praia. O máximo que ele se permitia era ficar um fim de semana ou feriadão. Cansei de vê-lo arrumar a mala numa sexta-feira à noite e jurar que ficaria “pelo menos uma semana descansando”. Domingo à tardinha, porém, a inquietação tomava conta do velho Giba que acabava deixando o litoral à noite. §§§ Numa época em que não existiam celulares, ele não aceitava o nosso argumento para ir à extinta CRT, a qualquer hora, para ligar e saber como andavam os negócios: - Se eu ligar vão dizer que está tudo bem. Mesmo que haja algum problema - disparava. A teimosia – marca herdada integralmente por este blogueiro – impediu muitas horas de lazer na casa de praia em Tramandaí. A mesma casa onde ele morreu aos 52 anos de idade.


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