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Antigamente era assim

João Bendito bendito@sbcglobal.net

A

cabei de ver mais um episódio de uma série de televisão que tento não perder aos domingos à tarde. Trata-se do programa “Parts Unknown”, do cozinheiro tornado globe-trotter Anthony Bourdain, um nova-iorquino que descobriu que percorrendo o mundo à procura de comidas, temperos e costumes culinários seria a melhor maneira de assegurar um futuro como figura mediática na TV americana. Os programas de Bourdain têm sofrido transformação nos últimos anos. Depois de ter dedicado algum tempo a viajar pelo planeta à descoberta de comidas exóticas, o apresentador e sua equipa agora têm a preocupação de nos mostrar muito da cultura dos povos que vai encontrando, as suas dificuldades de subsistência, os contornos políticos, religiosos e sociais das suas vidas de dia a dia. Para mais, o programa tem uma qualidade técnica de fazer arregalar os olhos, os documentários são filmados e produzidos por profissionais do melhor que há, principalmente no que concerne à fotografia e apresentação final. Outro programa que, confesso, via antes com certa regularidade mas que agora já não dedico muito tempo, é o “Amazing Race”, uma série que põe várias equipas de viajantes numa corrida pelo mundo, de aeroporto em aeroporto, de cidade em

mesmo quando ainda nem sabia uma palavra da língua inglesa. Já conto por várias centenas as fotos que vou depositando nos álbuns que mantenho na minha página do Facebook. Um deles, a que dei o título de “Gold Country”, serve para documentar aquilo que vou vendo aqui à minha volta mais precisamente na chamada “Mother Lode”, nas cidades e lugares que testemunharam essa gran-

nologias modernas a permitirem que sejamos turistas só com um simples clique no controle-remoto. As gerações que nos precederam também tiveram os seus meios de conhecer o mundo sem porem um pé fora de suas casas. A chamada literatura de viagem permitia que os leitores se aventurassem e sonhassem que estavam a atravessar a África de ponta a ponta, que viajavam nas naus de Magalhães ao redor dos oceanos ao lerem as descrições de António Pigafetta, ou que eram os primeiros europeus a chegar com o Capitan Cook às “Ilhas Canecas”. Num exemplo mais nosso conhecido, muitos portugueses ficaram a conhecer melhor a Madeira e os Açores com o livro “As Ilhas Desconhecidas”, de Raul Brandão. Por minha parte, sempre tive um interesse especial por este género de literatura. Presentemente está na minha banca de cabeceira, para ler duas páginas todas as noites antes que o cansaço me domine, um livro sobre as viagens de Hiram Bingham, o aventureiro americano que “descobriu” as ruinas da cidade Inca de Machu Picchu. E tenho, desde 1983, guardados todos os exemplares do National Geographic Magazine, essa soberba revista que me habituei a ler desde bem novo, quando a ia folhear à biblioteca pública de Angra,

de época que foi a descoberta do ouro na Califórnia. Muitas dessas cidades ainda conservam a arquitetura, o traçado e o charme que as caracterizavam desde 1849, ano em que, em Coloma, nas margens do American River, os trabalhadores de uma serração de madeiras tiveram a sorte de encontrar o precioso metal que lhes veio mudar completamente a vida a eles e o futuro deste país. Num outro álbum, mais generalizado, mostro a quem quiser ver, muitas fotos de paisagens, edifícios e ruas, enfim, aquilo que me desperta a atenção nas minhas deslocações “Pelos Caminhos da Califórnia”, como batizei a coletânea. Por causa de algumas dessas fotos troquei um diálogo electrónico com um amigo de juventude que vive no outro lado do mundo, na cidade de Santarém. Dizia-me o João Medina que só por duas razões não me vinha visitar para poder ver in loco muitos dos lugares que eu fotografei. Primeiro, tem medo de andar de avião e uma viagem assim tão longa não lhe cheira lá muito bem. Segundo, embora já tivesse investigado algumas cidades na Wikipidia, achava que a América ainda tem uma História muito recente e talvez pouco interessante, em comparação com a Europa. Claro que eu não concordo com a opinião

San Leandro

do meu amigo. A História deste país e mesmo a deste Estado, embora não sendo muito antiga, é recheada de factos e acontecimentos que foram muito importantes e até certo ponto decisivos para a História da humanidade. Quem tiver interesse em aprender não lhe faltam museus, centros interpretativos, galerias e bibliotecas onde estão documentadas as vidas de todos os que pisaram estes solos, desde os povos descendentes dos primeiros colonizadores, passando pelas tribos dos American Indians que aqui se estabeleceram ( ainda foi a semana passada que visitei uma antiga aldeia dos Indios Maidu, mesmo aqui a dez minutos da minha casa...), até aos mais recentes contributos dos emigrantes que vieram à procura de fortuna no “El Dorado”. Conhecer a Califórnia é um pouco como conhecer o mundo inteiro. Por toda a parte deparamos com exemplos da presença de povos que aqui arribaram e criaram raízes. As “Chinatown” de San Francisco e de Los Angeles têm o frenesim, os ruídos e os cheiros das metrópoles asiáticas; Nas planícies do Vale de San Joaquim vemos a influência dos Portugueses e dos Mexicanos nos ranchos leiteiros ou nos grandes pomares que se estendem até ao horizonte; No Silicon Valley podemos aprender a falar Indiano ou Japonês com facilidade, tal a quantidade de gentes dessas etnias; Um pouco por toda a parte, podemos saborear manjares tão diversos como exóticos em restaurantes Filipinos ou do Cazaquistão; E podemos viajar pela costa da Califórnia e visitar as 21 Missões que os padres Franciscanos estabeleceram para converter os nativos mas que tiveram efeito contrário já que ajudaram ao desaparecimento das tribos autóctones. Até o “Home Depot” já é internacional, numa das suas lojas aqui em Sacramento um grande anúncio por cima da porta de entrada é escrito com caracteres Russos... Portanto, meu velho amigo João, não tenhas medo da viagem do avião. Mete-te por esta América abaixo e vem passar uns dias à Califórnia. Não vais só conhecer este grande e maravilhoso Estado, vais ficar, ao mesmo tempo, a conhecer melhor o Mundo. Se for preciso até contrato o Anthony Bourdain para te preparar umas refeições especiais e, asseguro-te, vou ter a “frisa” cheia de sorvete para te consolares, melhores do que aqueles que comias antigamente no “Chá Barrosa”.

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Madeline Moniz Guerrero Conselheira Portuguesa

Telefone: 510-483-0123 160 Estudillo Ave, San Leandro, CA 94577

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Pelos Caminhos da California e do Mundo

cidade, tentando contornar e resolver situações que lhe são postas. Também aqui os realizadores se prestam a mostrar-nos, com fotografia e montagem de superior qualidade, lugares e culturas por esse mundo fora, gentes e seus costumes que estão distantes mas que a televisão nos trás até às nossas casas. Viajamos por continentes e oceanos sem sair do conforto do nosso sofá. São as tec-

Santos-Robinson Mortuary

COLABORAÇÃO

As melhores panorâmicas dos Açores são de José Enes Tel. 562-802-0011


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