O caso da crinolina misteriosa

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— Você é uma boa pessoa, Srta. Meshle, seja lá qual for seu nome verdadeiro... — Enola Holmes — sussurrei involuntariamente. Porém, felizmente, ela não conseguiu me ouvir e continuou distraída: — ...e tem uma força que deve ser considerada. E estou me abrindo, pois sei que você pode me ajudar. Diversas vezes ela havia me ajudado, cuidando de mim durante o frio ou quando estava com febre ou ferida, na ocasião em que o estrangulador me atacou. Pousava sobre mim um olhar materno — eu que só podia imaginar como era ter uma mãe de verdade — a Sra. Tupper me forçava a comer salsichas no café da manhã e me encorajava nos meus momentos de melancolia. Sem dúvida lembrava as atitudes de uma mãe comum. É claro que eu queria ajudá-la. — Por Deus! — exclamei, me inclinando em sua direção. — O que há de errado? Ela, então, retira do bolso de seu avental um envelope que evidentemente chegou pelo correio e o entrega para mim. Acenando e gesticulando como se fosse eu, e não ela, a surda, encorajou-me a abri-lo e ler o que havia ali dentro. A luz que entra durante o dia pela janela do andar inferior da Sra. Tupper — da qual ela se sentia legitimamente orgulhosa, já que há um imposto sobre cada janela de uma casa — é fraca, porém bem mais forte era a tinta usada para escrever a carta, um tipo de tinta negra bem densa, vinda da Índia, que tornava a leitura muito visível. Rabiscada ao longo do papel, com o tipo de caligrafia mais brutal que já havia visto: angular, furiosa e 15


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