Allen Ginsberg - Mente Espontânea

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longas viagens do início até meados dos anos 1960. Foi tanto por causa das suas frequentes viagens quanto pelo fato de que uma ampla imprensa alternativa só conseguiu emergir plenamente da metade para o fim dos anos 1960, que há pouquíssimas entrevistas com Allen no início de sua carreira, e a maioria das primeiras entrevistas existentes são breves. Neste volume, nosso primeiro encontro com Ginsberg será quando ele retorna de Paris para Nova York. – DC “Por que você voltou, Allen?”, eu perguntei. “Para salvar a América”, ele respondeu. “Não sei bem do quê.” Entre a pergunta-sorriso, resposta-risada, a primeira cerveja no tempo e espaço entre a mesa e um piso coberto de pó de serra, a ordem de uma entrevista estava perdida: ordem que exige a rigidez que ninguém pode manter por muito tempo quando fala com Allen Ginsberg, explorando Allen Ginsberg. Dados: Allen Ginsberg, 32 anos, Paterson, N.J. (Nova Jersey), Universidade de Colúmbia, Marinha Mercante, Texas, Denver, Times Square, Cidade do México, Harlem, Yucatan, Chiapas, São Francisco, “Uivo”, Rue Gît-le-Coeur, Lower East Side. Ginsberg estava sentado na mesa em um bar do Village usando uma camiseta colorida e uma calça desbotada. Também me lembro das pausas no tempo quando peguei a cerveja ou quando ele pediu emprestado fósforos para três garotas que estavam sentadas perto de nós. Às vezes, eu tomava notas e, às vezes, não, e isto não é nenhum perfil do jornal New Yorker, mas uma série de respostas, pensamentos e frases. Se eu fosse escrever sobre Ginsberg em vez de escrever sobre as suas declarações, isto não seria uma entrevista: seria uma litania. Paris: “Oito meses em Paris vivendo com (William) Burroughs e Gregory Corso. A poesia de Corso está realmente fluindo agora; ele e Burroughs (“autor de Almoço Nu, um romance sem fim que vai deixar todo mundo louco” – Howl) ainda estão vivendo lá; Corso está escrevendo poemas ricos de maravilhosa perfeição. Corso estendeu as áreas de cobertura da poesia desde Gasolina. Sou muito literário, você sabe, mas Corso sabe escrever sobre bolas de naftalinas ou bombas atômicas... Fomos visitar (Louis-Ferdinand) Céline; a gente não lê mais nada sobre ele na Europa por causa de política. Ele é um homem velho retorcido vestido de preto, louco e lindo, e achava que fôssemos jornalistas – ‘Ah, a imprensa!’ –, até que lhe contamos que éramos poetas.” 23

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