AL-AISHA E OS ESQUECIDOS

Page 6

pais, seus avós, seus entes queridos, seus amigos e todo o resto, até mesmo aqueles que você não conhece e chama de desconhecidos. Por mais que os desconhecidos estejam tão próximos de você e você nem saiba disso. Também não sou “humana” para meu mundo. Não. Sou unicamente existente. Um ser. Uma entidade. Um ser vivo. Tampouco sou imortal como os Deuses. Sei que meu tempo de partir uma hora chegará, mas não será, como dizem em seu mundo: nem hoje, nem amanhã e nem, quem sabe, ontem. Minha missão é apenas observar e aconselhar. Sou uma conselheira dos Deuses de meu mundo. Nada acontece sem eu saber e sem minha opinião, porém jamais, em todos os dias de minha vida, interferi em algo! Apenas, e somente apenas, observei e aconselhei todos aqueles Deuses que um dia pediram minha ajuda, e todos os seres vivos que vieram até a minha presença. Observo tudo! Sempre, e somente dentro deste lugar, deste espelho líquido que eu chamo de lar, que eu amo e que ao mesmo tempo chamo de prisão e odeio. Raramente saio. Foram poucas as vezes que daqui eu saí, que consegui colocar meus pés no mundo de fora e ser observada pelos Deuses, olhos nos olhos, como um “humano”. E uma dessas vezes é que será contada nesta história. Sou igual a você e a todos os outros humanos. Também sou igual a todos os Deuses. Igual também a tudo que se considera ter alguma vida dentro de si. Eu sinto, choro, rio, penso, vejo, amo, odeio, tenho fúria, tenho inveja, raiva, ódio, compaixão, pena… Sou igual a você e você é igual a mim. E os Deuses também. Eles também! A única diferença deles? A imortalidade e seus infinitos poderes. E nós estamos muito longe disso.

10

al-aisha - 2prova.indd 10

18/05/2012 16:47:27


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.