A LENDA DOS CRISTAIS

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Farid era um garoto consideravelmente legal. Tinha a pele cor de canela e estava claro para tudo mundo que gostava de Amber, menos para a própria Amber. Seus olhos eram pretos, e, como Amber descrevera uma vez, iguais à toda a escuridão e o que há de melhor nela. O garoto guardou a cesta e os dois sentaram lado a lado no círculo que havia sido formado. – Como eu ia dizendo antes de você chegar, Amber – continuou seu pai –, o riacho está secando mais rápido este ano do que no ano passado. Mas a ruiva parou de ouvir. Conhecia esse discurso de cor. O pai o havia ensaiado inúmeras vezes na cabana onde eles moravam. Em vez disso, Amber deixou que seus pensamentos voassem soltos para o dia em que sua mãe lhe dera o cristal que agora ela levava no pescoço. Amber tinha apenas seis anos, mas já se mostrava curiosa. Simplesmente não entendia por que a mãe sempre levava preso em seu colar, um cristal reluzente. – Mamãe! – ela chamou, indo de encontro à mulher que tinha os cabelos tão ruivos quanto os seus. A mãe a pegou no colo rindo e a levou para fora da cabana, onde o sol se punha no horizonte. As duas se sentaram juntas em uma velha cadeira de balanço e Amber começou a brincar com o cristal que a mãe trazia preso ao pescoço. – Quer que eu lhe conte a história desse colar? O porquê de eu carregá-lo sempre comigo? Amber balançou a cabeça, sem tirar os olhos do cristal. E a mãe lhe contara a mesma história que a sua mãe lhe contara e a mãe dela antes disso. Terminando por dizer: – E, pouco antes de eu vir para cá, sua avó me deu o colar e disse para eu fazer bom uso dele.

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