Matilde Oliveira - 5.ºD da E.B 2/3 Augusto Gil
Editorial
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“Flores para Aurélia” Hoje celebramos a Aurélia, a Aurélia de Souza pintora e a Aurélia, o nosso agrupamento. Celebramos este dia sobretudo através de imagens, do movimento, da cor, porque a Aurélia de Souza exprimiu a sua arte pela cor, pelas formas, pelos volumes, pelas texturas, pelo movimento. E talvez por esse facto se tenha escolhido “Flores para Aurélia” para titular este 26 de maio de 2022. As flores simbolizam a beleza, são uma promessa de futuro e de renovação, mas não deixam de nos lembrar que a efemeridade faz parte da vida e daí que seja tão importante deixar uma marca do que fomos, do que fizemos. E Aurélia de Souza deixou essa marca. Nascida de pais portugueses, emigrantes no Chile, atravessou a América do Sul e o Atlântico para vir ancorar no Porto. Vinda dessa terra longínqua, terra de montanhas, de glaciares, de verdes, de mar e de poetas, Aurélia de Souza vai saber pintar as nossas paisagens, o nosso quotidiano, as nossas pessoas pelos famosos retratos. Quero acreditar que a viagem de Aurélia, unindo continentes e atravessando um oceano, se reveste de um simbolismo necessário a estes tempos difíceis que atravessamos: a arte estabelece laços, dissipa diferenças, cria valores, promove a aceitação e a tolerância, torna o mundo e torna-nos melhores. Celebremos Aurélia! Zaida Braga 26 de maio de 2022
lores para Aurélia Desenha uma vez mais se puderes
o solene rosto deste dia esboça uma vez mais
se puderes
esta linha azul do horizonte e pinta uma vez mais se puderes
estas breves flores. Guarda uma vez mais se puderes
em luz e sombra
as lembranças da lembrança
deste caminho–natureza-morta que nos liga a ti. E percebe
se puderes
que a espuma dos dias
mantém imprevista nas paredes a ideia feita ídolo de uma mulher clara e leve
hábil
capaz de
desenhar rostos eternos
esboçar horizontes azuis
pintar vibrantes os frutos do dia
e fixar para as eternidades
as fugazes flores da esperança que trazemos nas mãos.
Matilde Oliveira, aluna do 5.º D da E.B. 2/3 Augusto Gil e Marina Viana, profª de Inglês Envergando o fato do famoso autorretrato recriando a imagem da patrona da escola, Aurélia de Souza fotografadas por António Carvalhal
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Carmo Oliveira, proª de Português
A nossa “Sete Luas” “A minha aldeia era rodeada de olivais, com oliveiras antigas de troncos enormes. Elas desapareceram. Senti-me como se me tivessem roubado a infância.” (José Saramago)
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“Fundação José Saramago” fez nascer o projeto “100 Oliveiras para Saramago”, celebrando o seu centenário, que ocorre em 2022, com a plantação de 100 Oliveiras, em homenagem ao escritor que por várias vezes referiu a mágoa que sentia pelo desaparecimento das Oliveiras na sua Azinhaga natal. Cada uma das 100 Oliveiras plantadas, numa das ruas principais de Azinhaga, receberá o nome de uma personagem Saramaguiana, mas a centésima Oliveira, que será plantada no dia 16 de novembro de 2022, data de nasci -
“ 100 Oliveiras para Saramago “ Razões de uma escolha
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ete Luas é a alcunha que o padre Bartolomeu escolhe para nomear Blimunda, após o casamento com Baltasar, de alcunha Sete Sóis. Blimunda é a personagem feminina central e talvez mesmo a mais importante do “Memorial”, uma vez que é a única que sobrevive à ignorância, ao obscurantismo, à violência e à morte, representada pela vitória do amor. A oliveira é também uma árvore feminina, símbolo da paz, bem como a lua, símbolo da fertilidade e da maternidade femininas. Se o sol permite ver às claras, a lua permite ver às escuras, simbolizando o conhecimento que vai para lá do factual, do real, do palpável, enfim, o verdadeiro conhecimento, aquele que persiste, que permanece. O conhecimento que está nos livros, nas bibliotecas, nesta biblioteca, agora também iluminada pela nossa oliveira, pela nossa Sete Luas. ESAS, 12.º D Março 2022
Rua Alegria 961 - 4000-048 Porto 225 505 795 estreladolima@gmail.com
mento do escritor, receberá o nome da sua avó materna, Josefa, por quem nutria um especial carinho e admiração. A plantação da nossa “Sete Luas” no canteiro da Biblioteca foi uma iniciativa conjunta do Clube Europeu e dos Professores de Português do 12.º ano, só possível com o contributo dos alunos, que escolheram o nome inspirados pelas leituras de “O Memorial do Convento”, e da Direção que a viabilizou economicamente. Catarina Cachapuz, profª
O programa Parlamento dos Jovens é organizado pela Assembleia da República, em colaboração com outras entidades, com o objetivo de promover a educação para a cidadania e o interesse dos jovens pelo debate de temas de atualidade. Todas as Escolas do 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e do secundário são convidadas a participar. Este ano o tema em debate foi “O impacto da desinformação na democracia” e os representantes da nossa escola na fase nacional foram , João Barão e o David Barros, do 12º C. A professora Catarina dinamizadora da iniciativa na ESAS acompanhou a equipa, assim como o aluno Henrique Lage, do 12ºA, responsável pela cobertura jornalística.
Projeto (Re) ler com a Biblioteca Escolar o âmbito do Projeto (Re) ler com a Biblioteca Escolar, alguns alunos do 7.º ano frequentaram uma oficina de leitura dramatizada, dinamizada pela atriz Rita Reis, em articulação com o Centro Educativo do Teatro Nacional de S. João. Os alunos fizeram a leitura da peça de Alice Vieira " Leandro o Rei da Helíria" , tendo-se realizado uma apresentação final do trabalho realizado para as professoras de Português e encarregados de educação.
Os alunos envolvidos gostaram muito da atividade: " Com este projeto fiquei a saber de coisas que nem eu sabia sobre mim"; " Fizemos jogos, lemos, representamos, fortalecemos amizades antigas, criamos novas" ; " Agradeço a todos os que fizeram parte deste pequeno percurso e que me ensinaram coisas que vou guardar para a vida"... Leituras dramatizadas Helena Sampaio, profª Coordenadora da BE/CRE
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Biosfera é notícia OLIMPÍADAS NACIONAIS DAS RESERVAS DA BIOSFERA
Escola Secundária Aurélia de Sousa entre os primeiros
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Escola Secundária Aurélia de Sousa (ESAS) foi única representante da cidade do Porto nas Olimpíadas Nacionais das Reservas da Biosfera (ONRS), tendo os alunos participantes revelado bom desempenho, numa luta renhida pelos primeiros lugares da classificação. A Rede de Reservas da Biosfera, classificadas pela UNESCO, explora estratégias de conservação da biodiversidade e de melhoria dos serviços de ecossistemas prevendo a sua utilização sustentável, no âmbito do desenvolvimento das populações humanas em equilíbrio com a Natureza. Os alunos de 8.º ano participantes no Escalão I das ONRB, organizadas pela Ordem dos Biólogos, elaboraram um poster sobre a Reserva da Biosfera das Berlengas, tendo a Beatriz Dias, o Rodrigo Rua, a Mariana Silva e a Clara Santos conquistado um Diploma de Mérito. As quatro equipas de 11.ºano, que participaram no Escalão II, realizaram uma prova escrita de conhecimento geral e elaboraram um poster por equipa, respetivamente sobre as Reservas da Biosfera da Ilha do Corvo, da Meseta Ibérica, das Berlengas e da Ilha das Flores. A equipa constituída pelos alunos do 11..ºD (Ciências e Tecnologias) Matilde Correia e Pedro Martins ficou apurada para a segunda eliminatória, na Reserva da Biosfera do Paúl do Boquilobo, enquanto a equipa das alunas Bárbara Pedro, Mariana Fidalgo e Mariana Mieiro obteve um Diploma de Mérito na categoria. De referir que, do elevado número de equipas participantes e pertencentes a cerca de trinta escolas do território nacional, apenas dez equipas foram selecionadas para a segunda eliminatória, em que os alunos deverão defender posições num debate sobre as opções mais favoráveis ao tão ambicionado desenvolvimento sustentável, com o ser humano a respeitar mais e a destruir menos os ecossistemas de que faz parte. Na primeira eliminatória todas as equipas participantes obtiveram uma classificação final superior a 15/20, sendo de referir que o poster melhor pontuado (Fig.1), na ESAS, foi o elaborado pelos alunos do 11.ºI (Humanidades) Beatriz Amaral e Diogo Ferreira, com destaque para a ilustração científica desenvolvida sob orientação do Clube de Ilustração Científica existente na escola. No debate realizado no Paul do Boquilobo, a equipa constituída pelo Pedro Martins e pela Matilde Correia ficou classificada em 4..º lugar na final das Olimpíadas Nacionais da Biosfera. Para além do desenvolvimento de capacidades que a participação neste tipo de atividades promove, as Olimpíadas Nacionais da Biosfera vieram contribuir para o melhor conhecimento das Reservas Nacionais da Biosfe-
ra e dos seus importantes objetivos na luta pela preservação dos ecossistemas, no âmbito de um desenvolvimento sustentável da civilização humana. Aqui fica, pois, o nosso melhor agradecimento à Ordem dos Biólogos pela importante iniciativa e dinamização. Poster elaborado pelos alunos do 11.ºI, Beatriz Amaral e Diogo Ferreira, ilustrado com guache e aguarela.
Manuela Lopes, profª de Ciências e Coordenadora do Clube de Ilustração Cientifica
Entrevista aos finalistas das Olimpíadas Nacionais da Biosfera
Pedro Martins e Matilde Correia uma semana de aulas em contacto com a natureza. Claro que nem sempre era fácil rebater argumentos, desconstruí-los e refutá-los ponto a ponto, mas o importante era defender as nossas posições. Que aspetos consideram positivos ao terem conhecido muitas pessoas de vários locais do país? Além de já termos casas de férias por todo o país: Madeira, Açores…! Também ficamos a conhecer um pouco mais sobre os sítios de onde eles vinham, aprendemos expressões de Cascais, dos Açores e dissemos algumas expressões nossas. Ainda conseguimos conviver algum tempo, depois dos debates. Quem não passou também pôde ir ao Museu Agrícola em Santarém e até andamos a cavalo. De que vão ter mais saudades nesta experiência? Nós estamos a pensar participar outra vez para o ano, já que os do 12.º ano também podem. Vamos ter saudades das pessoas com quem debatemos, apesar de ter sido pouco tempo para formar vínculos fortes, mas interagimos muito naturalmente e ainda mantemos algum contacto num grupo do WhatsApp. Que outras atividades realizaram? Além de debatermos, também fomos à reserva do Paul do Boquilobo e fizemos uma visita, são cerca de 24 mil hectares, o que é consideravelmente maior do que a reserva da biosfera. Entrevista de Luísa Alves , 12.ºA
R. de Latino Coelho 5, 4000-315 Porto Telefone: 22 536 9301
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Como é que a vossa participação neste concurso contribuiu para o vosso desenvolvimento pessoal? Permitiu-nos desenvolver a nossa capacidade de argumentação, fizemos amizades por todo o país e os debates também contribuíram para o nosso desenvolvimento interpessoal, para o nosso sentido de organização e responsabilidade. Tivemos de nos habituar a fazer pesquisas rápidas entre os debates, e procuramos em muitos jornais, obtendo informação fidedigna. Não tinham muito tempo para se preparar? Nós sabíamos quais eram os temas que íamos debater e as nossas posições (a favor ou contra), por isso, conseguimos preparar alguns argumentos. No entanto, no último debate só participaria quem passasse à final e as nossas posições eram sorteadas, o que dificultou o nosso trabalho. Quem não chegou à final foi visitar um museu. Éramos das únicas equipas com 2 elementos, as outras tinham 3 ou 4. No nosso caso, um introduzia o tema e outro acabava por debatê-lo durante três minutos. Se ultrapassássemos esse tempo, éramos penalizados. Depois, também houve um debate livre em que, para participarmos, tínhamos de levantar a mão. Que tipos de temas é que debateram? O primeiro tema estava relacionado com a influência das reservas da biosfera na promoção internacional do turismo e dos territórios; o segundo era sobre o condicionamento do território na conservação da natureza; por último, debatemos se todas as escolas deveriam ter
Menção Honrosa nas Olimpíadas de Física
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Agrupamento de Escolas Aurélia de Sousa participou na Etapa Regional das Olimpíadas de Física realizadas no departamento de Física e Astronomia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, como vem sendo hábito todos os anos. Desta vez participaram alunos do 9.º ano da escola Augusto Gil e alunos do 9.º ano e 11.º ano da escola Aurélia de Sousa, acompanhados pelas professoras Paula Baptista, Arminda Ferreira e Margarida Macedo. Os alunos consideraram esta atividade muito interessante e enriquecedora, referindo como muito positivo o desafio das provas e o facto de assistirem a uma palestra onde se revelaram muito interventivos, participativos e curiosos por novos saberes. A sessão de encerramento terminou da melhor forma: a aluna Sofia Cardoso do 11.ºE obteve uma menção honrosa, tendo sido selecionada para participar nas Olimpíadas de Física (etapa nacional) no dia 28 de maio, em Coimbra. Parabéns, Sofia, pelo excelente desempenho! A professora de Física e Química, Margarida Macedo, profª de Física Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, 23 de abril 2022
Sofia Cardoso do 11.ºE com o certificado de atribuição da Menção Honrosa
Alunos do AEAS participantes nas Olimpíadas de Física 2022
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Breves notícias As turmas de artes do 11.ºJ e 12.ºH, acompanhadas pelos professores de Oficina de Artes e Desenho, Carmo Rola e António Carvalhal, realizaram uma visita à ESAD (Escola Superior de Arte e Design de Matosinhos), onde participaram em oficinas de Tipografia e Serigrafia, além de visitarem várias secções da escola, como os Estúdios Fotográfico e Estúdios de Sonoplastia. O balanço foi bastante positivo, dado que os alunos tiveram oportunidade de contactar com diversas tecnologias de Artes Visuais que não existem na nossa escola, tendo concretizado algumas experiências. O arquiteto Rui Canela, Diretor da ESAD, recebeu o grupo da ESAS e, numa breve sessão, apresentou os diversos cursos e formações técnicas da instituição. Informou, ainda, sobre as possíveis e eventuais saídas profissionais. Carmo Rola e António Carvalhal, prof.ºs de Oficina de Artes e Desenho
Pavegen Porque não na nossa escola? a nova revolucionária forma de obtenção de energia
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o âmbito do trabalho de Cidadania e Desenvolvimento, tendo como tema “A Sustentabilidade”, descobri que há uma nova forma de obter energia Alguma vez pensaste que apenas a andar conseguirias gerar energia? Agora, com a Pavegen, essa ideia tornou-se possível com os desenvolvimentos dos seus painéis. A Pavegen aproveita o poder de cada passo para gerar eletricidade limpa e instantânea para variadas aplicações, como a iluminação. Cada passo gera 7 Watts, e é assim que funciona: pisando a plataforma, esta desce ligeiramente (não o suficiente para que a pessoa que a pisa se desequilibre) e, ao descer, uma cremalheira e uma roda dentada sofrem um movimento alternado. Essa roda dentada está ligada a um gerador, que transforma a energia mecânica em energia elétrica, podendo ser utilizada depois para o que for necessário. Esta tecnologia é um lembrete diário não intrusivo que demonstra um claro compromisso com os cidadãos que vivem e contribuem para uma cidade mais sustentável e limpa. Seria interessante colocar este tipo de pavimento em locais onde há muita movimentação de pessoas, para que a energia acumulada fosse em grande quantidade. Certas escolas, assim como o Colégio de Valsassina, criaram um protótipo deste pavimento. Usando as mesmas ideias, mas com materiais de fácil obtenção, este colégio conseguiu replicar este “chão”. Porque não na nossa escola? Pedro Vidal, 11.ºB
Is school the equivalent to anxiety?
The best teaching method, especially in modern-day schools, is a topic that has been long time discussed. And it is yet to be found. The current teaching and evaluating method used in Portuguese schools is one that values written evaluations over practical ones. This directly correlates with the increased anxiety levels in students. The students are obliged to memorise the subjects’ material to later put on the test, although it would be more favourable for them to actually learn and understand it in order to later put it into practice. Some European countries, such as Sweden, have already begun implementing a more practical teaching approach in their schools. Hopefully, Portugal will soon follow in their footsteps. Lúcia Camelo, 10.ºD
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Breves opiniões
O dia da pinhole clube de fotografia da ESAS
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ma câmara estenopeica ou câmara pinhole é uma câmara fotográfica sem lente. A designação tem por base o inglês, pin-hole, "buraco de alfinete". Este tipo de fotografia é uma prática económica e simples pois utiliza uma qualquer caixa em que a luz não penetre, como por exemplo uma lata de bolachas, uma caixa de charutos, etc. A existência de um pequeno furo (do grego stenós, estreito) é o queem português permite designar este tipo de fotografia por fotografia estenopeica. A pinhole consiste numa maneira de ver uma imagem real através de uma câmara escura. De um pequeno orifício onde a luz é captada para dentro da câmara, e sofrendo um movimento de inversão, a imagem é projetada para a parede oposta ao orifício ao contrário. Para produzir uma imagem razoavelmente nítida, a abertura tem que ser um furo pequeno, na ordem de 0,5 mm ou menos realizado numa "folha de flandres". O obturador da câmara pinhole geralmente consiste
num dedo a tapar o orifício ou de algum material à prova de luz para o cobrir e descobrir. As câmaras pinhole requerem um tempo maior de exposição do que as câmaras convencionais, devido à pequena abertura; os tempos de exposição vão de 2 segundos a muitas horas. No caso das fotos realizadas com a "câmara" pinhole do Clube de Fotografia da ESAS os tempos de exposição andam à volta de 16 segundos em fotografias de exterior. A imagem é sensibilizada diretamente em papel fotográfico que está no interior da lata/câmara. No caso de presença de pessoas que fiquem focadas nas fotografias, ´´e necessário que estejam de estar imobilizadas o tempo total da exposição. Pela mesma razão, também se consegue registar movimento e até a sensação de transparência das pessoas expostas, o que permite muitas vezes realizar fotografias muito criativas. António Carvalhal, prof.º coordenador de Clube de Fotografia
Algumas das fotos com que os alunos do Clube de Fotografia participaram no pinholeday.org site mundial que celebra anualmente, no último domingo de Maio o dia da pinhole.
PROJETO eTWINNING A POP ART– um movimento iconoplasta Um telemóvel – PORQUÊ? [Claes Oldenburg], […] em 1962 […] fez uma escultura chamada Dois Cheeseburgers, com Tudo (Dual Hamburgers) […] É divertida, banal, ergue a junk food ao nível da arte erudita e é o epítome da cultura de consumo […] ataca e celebra o materialismo, ao desnudar a loucura que ocupa o lugar central do modo de vida consumista, mas amplia também a sua atenção […] Pop Art: Terapia a Retalho - 1956-70. In COMPERTZ, Will – “150 anos de Arte Moderna num Piscar de Olhos”. Lisboa: Editorial Bizâncio, 2014, p. 32
Pop Art nasceu nos anos 50, em núcleos urbanos de Londres e depois de Nova Iorque, numa atitude crítica aos hábitos de consumo da sociedade da época e a um questionamento da cultura e da estética, num desejo de rutura com a abstração. Nos anos 60, esta expressão artística utilizou figuras mediáticas a par de marcas e imagens vulgarizadas pelos mass media, imagens do quotidiano facilmente reconhecíveis por todos numa evidente aproximação à cultura visual contemporânea e às massas populares. Artistas como Jasper Johns, Robert Rauschenberg, Andy Warhol, Roy Lichtenstein e Claes Oldenburg aderiram a uma arte ligada à vida concreta e aos acontecimentos do quotidiano, através de diversas e pessoais linguagens visuais. Destacamos aqui a obra de Claes Oldenburg, artista no qual nos inspiramos para o nosso projeto. A partir da sua escultura de grandes dimensões – 7 metros de altura -, uma Colher de Jardineiro de 2001, exposta num espaço exterior de Serralves. Este artista teve um percurso na Pop Art, em que se notabilizou pela reprodução de objetos do quotidiano em grande escala e produzidos industrialmente. Uma das suas obras mais conhecidas - Dois Cheeseburgers, com Tudo (Dual Hamburgers) de 1962. Partindo do desafio lançado pelo projeto eTwinning – A Pop Art – um movimento iconoclasta, a turma do 11.º J quis criar um ícone atual da nossa sociedade de consumo, à imagem das propostas dos artistas da Pop Art dos anos Sessenta, neste caso de Claes Oldenburg. O telemóvel tornou-se um objeto indispensável do nosso quotidiano e foi, por nós, eleito para tema do projeto em estreita ligação com o tema do projeto de Cidadania e Desenvolvimento – Sustentabilidade. Porque vivemos numa época em que constantemente somos confrontados com o apelo ao consumo (É preciso consumir /Não se deve resistir à tentação) e numa altura em que o nosso planeta se encontra ameaçado, quisemos surpreender e dar maior visibilidade, a partir desta versão gigante, a um dos objetos mais controversos do nosso quotidiano.
O telemóvel gigante - criação da turma do 11.ºJ Carmo Pires, profª de História da Cultura e das Artes
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Innovation Challenge A ESAS ficou em 1° lugar no Innovation Challenge - Porto de Futuro, promovido pela JAP, e foi representada por 5 alunos: Pedro Ferreira, Vera Carminé e Beatriz Cardoso (todos da turma do 11°F) e Sara Soares e Mafalda Sanches (ambas da turma 12°D), orientados pela Professora Clara Falcão.
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ESAS ficou em 1° lugar no Innovation Challenge Porto de Futuro, promovido pela JAP, e foi representada por 5 alunos: Pedro Ferreira, Vera Carminé e Beatriz Cardoso (todos da turma do 11°F) e Sara Soares e Mafalda Sanches (ambas da turma 12°D), orientados pela Professora Clara Falcão. Nós, alunos, fomos desafiados a desenvolver uma ideiasolução para os problemas identificados na Educação, no Ambiente e na Sociedade, tendo por base 3 ODS - Educação de Qualidade; Reduzir as Desigualdades e Ação Climática. À nossa equipa coube combater e reduzir as desigualdades, nomeadamente no acesso à informação por parte dos idosos, na região interior do país, através das novas tecnologias. A partir deste objetivo, traçámos um projeto com base em três aspetos essenciais: iguais oportunidades, economia circular e sustentabilidade. Durante 4-5 horas, pusemos mãos na massa e desenvolvemos uma instituição sem fins lucrativos que iria distribuir dispositivos eletrónicos (telemóvel, tablets e computadores) recondicionados nesta região mais desfavorecida e permitindo, simultaneamente, promover a sustentabilidade e a economia verde e circular. A verdade é que de nada serve o equipamento se não o soubermos manipular e, assim sendo, a instituição, para além de o disponibilizar, abre portas ao conhecimento - voluntários, desde jovens do secundário, académicos ou até mesmo adultos, ensinariam os idosos a trabalhar com este tipo de objetos.
Porquê? Porque hoje em dia, as plataformas online são as nossas companheiras: serviços financeiros, consultas, receitas, etc, são fulcrais e surgem cada vez mais em formato intangível, o que reduz de maneira drástica o seu acesso. Com isto em mente, só nos faltava acrescentar um pequeno pormenor: o nosso impacto. Não só estaremos a combater as desigualdades, como abordaremos as diversas vertentes essenciais ao desenvolvimento humano e da sociedade, favorecendo o combate à solidão, à mitigação do contraste entre interior e litoral e, até mesmo, permitir que, de certa forma, famílias se reúnam mais frequentemente. Como aluna que participou no projeto, penso que o nosso entusiasmo, empenho e trabalho de equipa foi o que nos possibilitou o que conquistámos. Foi uma experiência enriquecedora e que nos acrescentou muito como futuros profissionais e como pessoas. Sensibiliza-nos para importantes causas e problemas, acabando por permitir que a nossa geração e a futura se possam inserir numa nova e melhorada realidade. Pelo menos, que tenha esperança e trabalhe nesse sentido… “Participar, experienciar e aventurar” é sempre uma mais-valia e, para mim, sinónimo de crescimento. E por isso eu digo: Arrisquem! Mafalda Sanches, 12.ºD Alunos na foto da esquerda para a direita: Vera Carminé, Beatriz Cardoso, Sara Soares, Mafalda Sanches e Pedro Ferreira .
A Empresa Participação na XV Competição Nacional
Nós somos a Made To Offer e no dia 25 de maio, estivemos presentes na XV competição nacional do programa “A Empresa”, organizado pela Junior Achievement Portugal, realizada no Palácio de Cristal.
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e o Dr. Artur Santos Silva.
nossa empresa consistia na prestação de um serviço de troca e doação de bens online sem qualquer custo para o utilizador, tendo como principal missão a diminuição das desigualdades sociais. Desde a conceção da ideia até à sua apresentação no evento nacional, contamos com o apoio da professora de Economia, Clara Falcão Antes de chegarmos aqui, passamos pela competição regional, tendo sido uma das oito equipas da região do Porto, a ser escolhida para a fase nacional. Nesta última fase participaram 25 equipas de todo o país. De manhã cada equipa apresentou um pitch sobre a sua ideia de negócio, perante um júri constituído por representantes de várias empresas de renome. Durante a tarde foi-nos feita uma entrevista em língua inglesa, por um painel de cinco jurados, no qual tivemos que defender o nosso projeto e responder a questões como, de onde surgiu a ideia, de onde viriam as receitas da empresa ou se trabalhavamos bem em grupo. Tivemos, ainda, oportunidade de assistir aos discursos de algumas personalidades como, por exemplo, o Dr. Rui Moreira
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O convívio Quando conheci pessoas importantes para mim Um momento feliz nesta escola foi quando conheci a Érica O dia em que conhecemos uma nova miúda ucraniana e fizemos uma festa de boas-vindas para ela. O dia em que conheci a minha turma nova, e agora somos uma turma muito unida e conheci alguns dos meus melhores amigos. Um dos momentos em que fui mais feliz cá na escola, foi quando conheci as minhas melhores amigas. A partir desse momento, soube que estava com elas o resto da minha vida (quer queiram, quer não!) Quando estou com a minha namorada Um dos momentos mais felizes que tive nesta escola foi poder abraçar os meus colegas depois que a pandemia acalmou e o confinamento terminou, aprendemos a dar valor ao que dávamos por certo. Sempre que estou com a minha turma. Quando tenho furos e posso passar mais tempo com a minha turma fora da sala de aula
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Esta experiência ajudou-nos a ter uma visão mais realista sobre como se cria uma empresa e todos os aspetos a ter em consideração. Conseguimos também desenvolver competências como falar em público, especialmente em frente a grandes audiências. Todo o dia foi animado, não só pela boa disposição e entusiasmo das equipas, mas também por toda a dinâmica da organização e dos seus convidados. Catarina Mota, Inês Figueira, Mª Eduarda Dias e Rodrigo Fonseca, 11.ºF
Porto de Futuro
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omos um grupo da turma 11.ºF, constituído pelos alunos, Ana Ferreira, Camila Soares, Renata Silva e Pedro Ferreira, da escola secundária Aurélia de Sousa, e juntos criamos a Eco-Kids, no âmbito da disciplina de Economia A, com ajuda da nossa professora Clara Falcão. A Eco-Kids é uma aplicação destinada para crianças com o intuito de incentivar a educação ambiental através de jogos, missões e vídeos didáticos. No dia 20 de abril, apresentamo-nos na Exponor, no Porto, para participar na Feira do Porto Futuro, que é promovida pela Câmara Municipal do Porto em parceria com a Júnior Achievement Portugal, e demos a conhecer a nossa ideia de negócio. Este desafio permitiu-nos ter uma ideia do funcionamento da indústria do negócio e como podemos fazer de forma a que um negócio tenha sucesso. Uma das adversidades que ultrapassamos foi a comunicação com o público. No início, foi difícil estabelecer essa comunicação e cativar a atenção da audiência para a nossa ideia de negócio, mas à medida que adquirimos confiança, conforto e coragem, a nossa
abordagem melhorou. A ideia de falar com o júri, que são identidades com conhecimentos de mercado, deixou-nos nervosos, mas as dicas que nos foram dadas ajudou-nos a ter um discurso claro e objetivo. Desenvolvemos aprendizagens a nível social e cognitivo, enriquecendo o nosso conhecimento. Esta atividade foi sem dúvida fundamental para o nosso progresso pessoal e profissional. Uma dica que damos é terem uma ideia sólida e objetiva sobre o vosso projeto e, acima de tudo, encararem um desafio destes como algo engrandecedor e não como algo que têm de fazer apenas para obter um certificado no final. Por último, gostaríamos de agradecer à nossa professora de Economia A, Clara Falcão, por, desde o início, ter incentivado a nossa participação e em momentos de aflição nos ter ajudado e apoiado.
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Quando tiro boas notas Quando tirei boa nota no teste de matemática Quando não perdia o jogo Quando tive positiva no teste de matemática pela 1ª vez Quando tirei positiva a história Quando estudei bobinas em Física-Química A Quando jogo futebol em Educação Física “Festa da lista M” “Festa da lista E”
Ana Ferreira, Camila Soares, Renata Silva e Pedro Ferreira, 11.ºF
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Geografia a sorrir (?)
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Geografia a sorrir” foi o mote para um olhar diferente sobre a realidade que nos últimos tempos tem sido tão cinzenta. Foi o COVID, agora a Guerra, e os motivos para sorrir coletivamente têm rareado. Tentando contrariar este contexto forramos os placards com cartoons e imagens coloridas de mensagens curtas, mas seguramente intensas, onde as preocupações geográficas não deixaram de ser retratadas. A seleção foi feita pelos alunos do secundário. Posteriormente, já com todos os materiais expostos, cada um fez a sua leitura e tirou as suas conclusões. Mas nesta celebração da Geografia tivemos um convidado muito especial, o geógrafo e Prof. do ISCET, Jorge Ricardo Pinto que nos encantou com uma sessão intitulada “Porto – uma história da sua geografia”, a que assistiram no auditório os alunos do secundário que frequentam a disciplina de geografia. Para os professores houve ainda uma prova cega de água, em que o desafio foi conseguir distinguir entre cinco variedades de água; a água da torneira, água mineral, água de nascente, água mineral gaseificada e água mineral gasosa. E não é que houve gente de palato tão apurado que foi capaz de distinguir as diferentes águas? Grupo disciplinar de Geografia, 2 a 6 de maio 2022
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Sempre que faço caminhadas com os alunos Quando fiz uma visita de estudo à Quinta da Paz Quando jogamos futebol sem bola, pela primeira vez
Ver a minha filha feliz
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O momento mais feliz que tive nesta escola foi numa reunião em que me mostraram que iam dar todo o apoio ao meu filho. Na forma como fui recebida pelos funcionários. Pela reunião de pais de hoje. Por conhecerem a minha filha no meio de tantos. Fui feliz ao ver o trabalho que conseguimos realizar com os alunos do currículo alternativo (1ª turma), e ao perceber o impacto que teve na sua perceção do mundo e percurso de vida. Numa reunião de trabalho para preparação de uma visita de estudo, interdisciplinar, na qual todos os presentes estavam envolvidos e entusiasmados.
“HAPPY SCHOOL”
O conceito foi amplamente discutido na ONU, em 2012, num encontro organizado pelo Butão, que contou com a presença do Prémio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz. Com a proposta “Felicidade e Bem-Estar, um novo paradigma económico”, os participantes reconheceram a relevância da felicidade como aspiração universal e a sua importância na definição de políticas públicas.
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discussão, iniciada no Butão no início da década de 70, que reconhece o valor da felicidade para a economia nacional, levou à criação do índice de “Felicidade Nacional Bruta” - FNB. (https://news.un.org/ pt/). Em 2012, a proposta do Butão para celebrar a 20 de março o “Dia Internacional da Felicidade” foi aprovada por unanimidade, pelos 193 estados-membros da ONU, reconhecendo-se assim que a busca pela felicidade é um objetivo humano fundamental. No âmbito das Escolas Associadas da UNESCO / Projeto Happy Schools com a colaboração das estagiárias em Educação Social e com o propósito de construir um MURAL DA FELICIDADE NA ESAS, foi feito um desafio à comunidade educativa (professores - amarelo, alunos - azul, encarregados de educação - rosa e assistentes operacionais/administrativo verde): “PENSE NUM MOMENTO EM QUE FOI FELIZ NESTA ESCOLA. DESCREVA-O NO BOLETIM, DE FORMA SUCINTA E ANÓNIMA. INSIRA-O NA URNA.”
Contabilizaram-se 102 respostas. Destas, apenas 32 apresentaram motivos que se enquadram nos 22 critérios propostos pela UNESCO (https://www.ripef.pt/). 70 foram consideradas “não elegíveis”, visto que não especificaram o momento feliz passado na escola ou porque o motivo de felicidade/infelicidade estava conotado com alguém claramente identificado (a resposta deveria ser totalmente anónima). Não é nossa pretensão fazer o mapeamento da felicidade da ESAS, para tal seria necessário realizar um estudo com outro rigor. Com esta atividade pretendemos “trazer o assunto para dentro da escola” e lançar as sementes para, quem sabe, poder vir a integrar a Rede (in)Formal Portuguesa para Escolas Felizes. Para começar, podemos consultar as respostas dadas nas 3 categorias do modelo UNESCO: PESSOAS | PROCESSOS | ESPAÇOS. Catarina Cachapuz Profª Coordenadora do Clube Europeu/Unesco;
Inês Fontes, Marina Moreira
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Ida à Casa da Música As turmas do 8.º ano da Escola Aurélia de Sousa foram à Casa da Música participar na oficina “Há Física no Som”, no âmbito da disciplina de Físico-Química. A atividade foi orientada por dois formadores, Filipe Fernandes e Inês Lapa, com quem realizamos algumas experiências usando sons, tal como a produção de “eco”, “vibrações”, uma pistola laser das Star Wars, entre outros. Os formadores criaram uma música com objetos de uso corrente, pouco comuns na produção musical, tais como uma escova de cabelo, copos de água, o que nos inspirou
para produzirmos também uma música que poderá ir para o Youtube e o Spotify. Em suma, divertimo-nos a ouvir sons e a experimentá-los. Regressamos à escola mais motivados para as aulas, onde aplicamos alguns dos conhecimentos adquiridos na visita de estudo, já que estivemos a aprender matérias relacionadas com o tema. Miguel Camisa, 8.ºD Porto, 10 de fevereiro 2022 Alunos do 8.º D, com a professora de Físico-química
Caminhando pela Serra d´Arga
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CONCURSO DE FOTOGRAFIA (Categoria Convívio) 1º lugar Jean Pierre Viana - 10ºA 2º lugar Sara Sousa - 10ºA —————————Prémio - 3 entradas Exposição Porto Legends + Frida Kahlo *Monet Oferta da CMP - Pelouro da Saúde e Qualidade de Vida, Juventude e Desporto
Rua Santos Pousada , 1222 4000-483 Porto Tlf. 225029821
Equipa Jornalesas, 29 de abril 2022
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1º lugar - Jean Pierre Viana
este dia soalheiro de abril chegaram à serra da Arga para um percurso de cerca de 8 km alunos de todas as turmas de 10.ºano da nossa escola e a serra em tons rosa, lilás e amarelo, recebeu-nos com todo o seu esplendor. Ao sermos invadidos pela beleza gratuita do tojo, da urze e da giesta em flor, vem-nos à ideia as notícias que abriram tantos noticiários, suportaram reportagens e encheram páginas e páginas de jornais, dando conta da vontade de explorar o lítio na serra d’Arga. O lítio foi a resposta encontrada para suportar as baterias dos modernos gadgets e carros elétricos e escapar ao consumo dos combustíveis fósseis, garantindo a mobilidade sem poluição. Depois de bastante polémica, a Serra D’Arga foi retirada da prospeção de Lítio. “É o triunfo da racionalidade, dos argumentos e do conhecimento científico”, diz o autarca de Caminha. Felizmente, a Serra D' Arga pode respirar de alívio e nós também, pois poderemos continuar a percorrer os seus trilhos entremeados por pequenos cursos de água e desfrutar da sua grandeza sem igual. Esta elevação, com uma altitude máxima de 825 metros, integra o alinhamento montanhoso paralelo à linha de costa na Região Norte de Portugal, constituindo no seu conjunto a “barreira de condensação” que determina uma transformação gradual do carácter atlântico das paisagens na área do Minho. A Serra de Arga surge como o primeiro grande obstáculo interior aos ventos carregados de humidade provenientes do Atlântico. A organização desta saída ficou a dever-se à profª de Educação Física, Catarina Cachapuz, que nos proporcionou uma experiência memorável, onde não faltaram as peripécias e momentos divertidos que não deixarão cair no esquecimento esta oportunidade de convívio irrepetível.
Espaço de turismo termal - Viseu
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artimos em direção a São Pedro do Sul, mais propriamente à maior e mais desenvolvida estância termal da Península Ibérica. Aí encontramos uma povoação a viver a partir das águas medicinais cuja fama já vem dos tempos imemoriais muito antes da fundação da nacionalidade. Conta-se que por ali andou D. Afonso Henriques a recuperar de uma fratura na perna sofrida durante a batalha de Badajoz. Aliás, visitamos as ruínas recuperadas do balneário romano, agora requalificado em centro cultural e museológico. Para além dos hotéis e espaços de tratamento percorremos, as margens do rio Vouga vibrantes de cor, repletas de amieiros, carvalhos, salgueiros, freixos, sabugueiros e fetos de várias espécies, respondendo ao apelo da primavera. As águas que brotam a cerca de 68.ºC garantem o tratamento de doenças de foro respiratório, dermatológico, músculo-esquelético e reumatismal. Como é possível? De facto, a natureza encerra fenómenos deveras curiosos e por mais que saibamos a sua explicação científica, associada ao vulcanismo, sempre nos surpreendemos. É esse calor que é aproveitado para curas medicinais, e que também é usado como energia capaz de garantir o aquecimento dos espaços interiores dos edifícios. Olhando em redor, a partir da fachada do Balneário da Rainha St Isabel, percebemos como este recurso hidrogeológico determinou o desenvolvimento do território.
Os turistas que por aqui andam interessam-se não só pelo efeito benéfico dos banhos, mas também pela tranquilidade e serenidade dos percursos que a beleza do sítio proporciona. Sem se renderem à tradição, os serviços termais procuram atrair novas clientelas, oferecendo um Spa onde se pode usufruir de massagens relaxantes e hidratantes com as águas naturais e com os produtos dermocosméticos AQVA. Curiosamente, verificamos a fixação da população local pela oportunidade de emprego que as infraestruturas de apoio facultam. Depois das Termas de S.Pedro do Sul, paramos no Centro Histórico de Viseu, onde a professora de História aproveitou para explicar um pouco da complexidade da belíssima Catedral de Santa Maria de Viseu / Sé de Viseu. Esta saída foi programada pelas professoras de geografia , Isabel Trigo e Julieta Viegas, a que se juntaram outros professores que num espírito de interdisciplinaridade acompanharam as turmas, foram eles: Clara Falcão (Economia), Ernesto Matos (Filosofia); Cristina Sobral (História), Alexandre Libânio (Educação Física) e Luísa Ribeiro (Espanhol). Alunos das turmas 10.ºE, 10.ºF, 10.º G e 10.ºH ESAS, 6 de abril 2022
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Sugestão musical do Miguel - 8.ºD
“Rota do Porto Liberal” Fomos à descoberta do Porto Liberal. Saímos em direção à Praça da Liberdade, onde encontrámos a estátua de D. Pedro IV e observamos as características da área funcional dessa parte da cidade. ubimos a Avenida Dom Afonso Henriques até à Sé Catedral do Porto, aplicando no caminho alguns conteúdos abordados em Geografia, nomeadamente características físicas e urbanas evidenciadas nesta zona da cidade – rio, planta da cidade, etc. De seguida, dirigimo-nos para o Museu e Igreja da Misericórdia do Porto, situado na Rua das Flores, uma das ruas mais emblemáticas do centro histórico do Porto. No local, o guia da visita falou-nos sobre a história da cidade e deu-nos a conhecer a história da Santa Casa da Misericórdia do Porto. Ouvimos falar das sociedades contemporâneas da Ponte das Barcas, do período liberal e da Primeira Constituição Portuguesa, que contemplou o fim da Inquisição e dos julgamentos em praça pública, em Portugal. Foi-nos referido também o ano de 1828, como tendo sido o ano de mais uma revolução, que resultou na execução dos doze Mártires da Liberdade (homens liberais), em 1829. Estes mártires estiveram previamente encarcerados na Cadeia da Relação. Ficámos também a saber que os criminosos, depois de executados, eram enterrados fora dos limites da cidade. A Guerra Civil acabou mesmo por acontecer, no período entre 1832 e 1834. Ficou conhecida como “Guerra Liberal pela Sucessão Real” por ter sido travada entre os liberais, apoiantes de D. Pedro IV, e os absolutistas, apoiantes do seu irmão, D. Miguel. A “Galeria dos Benfeitores” é outra das curiosidades deste Museu, destacando-se, entre eles, o Conde de Samo-
dães. Pelas 11h30, entrámos no “Centro Português de Fotografia” (Antiga Cadeia da Relação). A guia da visita contounos a história do edifício, referindo o ano da sua restauração (1582) e o ano em que deixou de estar ativo enquanto cadeia (1974). O 1.º andar - Enxovias – era considerado o pior: aí ficavam até um máximo de 100 pessoas numa mesma cela. As celas eram frias, húmidas e desconfortáveis. As celas do 2..º andar – salões – tinham melhores condições. O 3..º andar – quartos – era considerado o melhor. Ficava apenas uma pessoa em cada cela. Como curiosidade, ficámos a saber que o escritor do famoso Romance “Amor de Perdição”, Camilo Castelo Branco, esteve preso nesta cadeia, acusado de adultério, por causa da sua fuga com Ana Plácido, uma mulher casada. No final desta visita, que nos permitiu conhecer melhor alguns detalhes da história desta nossa cidade do Porto, regressámos à escola com a certeza de querer repetir a experiência. Todas as turmas do 8..º ano da Escola Aurélia de Sousa participaram na visita à “Rota do Porto Liberal”, uma iniciativa implementada pelas disciplinas de História e Geografia.
A turma do 8.º A1, na Sala de Exposições Museu da Misericórdia
A turma do 8.º B1, na Sala de Exposições Museu da Misericórdia
Porto, 28 de abril 2022 Ana Henrique, 8.ºD
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Cartoon da seleção Geografia a sorrir (?)
“Que futuro ?”
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luz do sol atravessava os vidros da janela e batia nos meus olhos. Acordei no exato momento em que o mundo que eu conhecia já não parecia o mesmo. Olhei em volta. Estava realmente no meu quarto, mas algo parecia estar diferente: a tinta velha e gasta caía das paredes, plantas e fungos cresciam pelo teto e chão. Levantei-me da minha cama, agora velha e cheia de ruídos, e dirigi-me para a porta. Lá fora senti o cheiro a mofo, parecia que estava numa casa desabitada e antiga. E, na verdade, estava! Segui a luz do sol e já fora de casa, reparei que não tinha uma parte do telhado. A cidade estava deserta, as plantas tinham dominado aquele lugar, os meios de transporte estavam parados, enferrujados, os pneus estavam presos, tendo musgo à volta, já não tinham portas nem janelas. Alguma coisa muito estranha tinha acontecido naquele sítio. Decidi então ir até à minha escola, seguindo o respetivo caminho. As casas à volta estavam todas abandonadas e, na escola, senti um silêncio medonho vindo daquele grande edifício completamente vazio. Entrei no portão, do qual já só existia metade, atravessei o grande hall de entrada e desloquei-me pelos corredores escuros. Ao passar pela cantina, ouvi uma voz. Era uma rapariga que aparentava ter uns doze anos, seguida de dois rapazes um pouco mais velhos. Parecia que já não comiam há algum tempo, pois estavam completamente pálidos e
com a pele colada aos ossos. – Mais uma sobrevivente! – disse a menina, num tom baixo e com a voz rouca. – O que queres dizer com sobrevivente? – perguntei. Senti o medo tomar conta de mim, olhando para as faces daquelas pobres crianças. – A água no mundo está a desaparecer, os alimentos são poucos e as pessoas estão a morrer. – respondeu a rapariga. Percebi, então, o porquê das cidades estarem vazias e as casas abandonadas. Naquele momento vi à minha frente a extinção da raça humana e o fim do mundo. O Homem, à medida que os anos passavam, poluía cada vez mais a Terra, sabia as consequências, mas, por fim, acabou por destruir a vida no planeta. Dei três passos atrás. De repente, caí num buraco escuro que parecia não ter fim. Fechei os olhos, à espera que tudo acabasse. Voltei a abri-los e encontrei-me no meu quarto, sentada no chão, mas, desta vez, não vi fungos no teto e não tinha a tinta das paredes a cair. Eu sabia que aquilo que tinha visto podia ser o nosso futuro se não tomássemos medidas para proteger o nosso planeta. Ana Henrique, 8.ºD
Plano para uma cidade sustentável Dá a tua ideia: Reciclar Separar o lixo Reaproveitar resíduos (11.º.C) Investir em energias renováveis (11.º.C) Uso mais frequente de transportes públicos Bicicletas como transporte gratuito (11.º.A) Reutilizar os livros escolares (11.º.A) Promoção de veículos elétricos (11.º.H) Criar e utilizar fontes de energia renovável (11.º.H) Reduzir o desperdício alimentar Maior frequência na recolha dos lixos (nos contentores) Roupa em 2ª. Mão Arranjar reservatórios para recolher água da chuva (11.º. B) Comprar apenas o que precisamos Criação de mais espaços verdes (12.º.E) Criação de coberturas verdes (12.º.E) Boa rede de transportes públicos de maneira a reduzir o trânsito (11.º.I) Melhorar o planeamento urbanístico para obter uma boa mobilidade (11.º.I) Usar palhinhas de cartão (12.º.F) Substituir os guardanapos de papel por guardanapos de pano Utilizar sacos em pano Criação de hortas comunitárias (11.ºD) Fraldas reutilizáveis (11.ºD) Comércio local apoiado (11.ºD) Colocar painéis solares em edifícios públicos (12.º.G)
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Disciplina de Cidadania e Desenvolvimento: Beatriz Borges, Daniela Ursu, Denise Ribeiro e Jéssica Tavares, 11.º.G
Cartoons da seleção Geografia a sorrir (?)
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DA MODA E DO BOM GOSTO…ENSAIOS DE UM ESTETA “Há uma maneira nobre de ser pobre. Quem não a conhece, nunca será rico” (Séneca) Das vítimas da moda ou, como está na moda, os fashion victims.
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e a moda é, como dizem os seus fervorosos apologistas, uma tendência, assumo já que não gosto de moda! Pelo contrário, amo eternamente roupa! Contrassenso?... Nunca gostei de tendências. As tendências tendem à vulgarização e à massificação. Vai daí que eu não gosto de vulgaridades, nem tampouco de massas. A tendência tem uma tendência nata a formatar pessoas, a tornar uma peça que pode chegar à condição da eternidade, numa peça sem carácter, sem alma, sem personalidade. Uma peça de roupa, como escrevi na última vez em que passei por aqui, deve ser intemporal, um eterno clássico. O que passa de moda nunca foi uma questão que se colocasse na casa onde cresci. Por um motivo muito simples: não vestíamos o que estava na moda! Se as tias copiavam os modelitos das revistas (e iam à Hola, à Paris Match, à Harper’s Bazaar) faziam-no de uma forma que, ainda hoje, recordo com um sorriso na cara: numa divisão da casa da minha avó materna, estas revistas estavam empilhadas por todo o lado. Havia duas máquinas de costura, rolos de tecido, agulhas, tesouras, moldes de papel, retalhos de outros tecidos, caixinhas de variados estilos com imensos botões, presilhas, rendilhados, tudo espalhado num caos organizado (visualmente lúdico, na minha cabeça de então), com um cheiro típico (dos tecidos que eram comprados nos Armazéns d’Aveiro, essa Instituição de honra da minha cidade – natal) que ainda sinto a aflorar as minhas narinas quando me ausento, mentalmente, em jeito de fuga do quotidiano, para esse quarto de costura. Um rádio estava sempre ligado e passava, invariavelmente, música com som bastante baixinho porque, o que interessava, era conversar sobre os pontos, os bispontos, as pregas…. Nas tardes sempre livres da escola primária, e sempre com trabalhos de casa diários, entregava-me a este quarto onde sentia que nada
no mundo me podia perturbar. De há uns anos para cá, surgiram os chamados influencers ou, traduzido à la lettre, os influenciadores da moda. É um “animal humano” que tem proliferado como percevejos num colchão antigo. Aparentemente, o/a influencer dita as tendências da moda, para simplificar a coisa e, a partir de uma rede social, onde aparece, narcisisticamente, meneando as ancas, teatralizando situações ou sorrindo histrionicamente com uns preparos que, dizem os seus seguidores, são o último grito da moda ou, a tendência “deste ano”, “deste Inverno”, o “futuro” e outras barbaridades associadas. Então, as vítimas da moda, vulgo o anglicismo fashion victims, faz o possível para, num curto espaço de tempo, ficar “na moda”. Tal não implica apenas a calça, a meia, o calçado, mas, amiúde, as cores! Mesmo que, toda a vida, a vítima da moda tenha detestado amarelo, preto, rosa, azul-turquesa, salmão. Isso não interessa! O que interessa é estar na moda, seguir a tendência, ser fashionable (mesmo que isso não signifique ser elegante, como no google translator o diz). Na verdade, estas pessoas querem ser moderns, new, mas o tastefull (de bom gosto) é uma miragem. O influencer comum não acompanha as ruas de Paris, de Londres ou do muito elegante quarteirão de Salamanca, em Madrid. Pior ainda, o influencer comum nunca imaginou como veste um japonês ou um sul coreano (talvez os locais onde consigo encontrar a quintessência do bom gosto, especialmente no que a mim diz respeito enquanto homem). Já não falo na apoteótica Pitti Immagine Uomo, em Florença, onde toda a fina flor da beatifull people masculina ligada à indústria têxtil, à roupa e acessórios para homem, se encontra numa feira, duas vezes por ano. Pude assistir, enquanto residente em Florença um ano e pouco da minha vida, à visão de tudo aquilo que, aos vinte e muitos anos, selaria, para sempre, a minha união à roupa, ao prazer de vestir e à contemplação da elegância. Acho que foi uma dádiva. Regressemos ao influencer dos tempos modernos que tem centenas de milhares de likes e gostos nas redes sociais. De onde bebe esta gente as tendências que apregoa? Das revistas cor – de – rosa, do pessoal do futebol, das “passadeiras vermelhas” das “siques” deste mundo, dos piores programas de televisão (geralmente para as famílias portuguesas…) e de outras pandilhas semelhantes. Na verdade, esta gente vê o fulano tal ou a fulana tal (que geralmente são pessoas que aparecem muito na televisão ou fazem músicas “vunitas”) a usar uma sapatilha, um adereço, uma cor de um trench -coat, uma carteira ou uma meia que, sem o saberem, já são usadas há anos por quem apenas apreciou a beleza de uma peça por quem sentiu uma natural ligação estética, e toca rapidamente (porque soube, com um atraso de anos que era caro e o indivíduo tal e o sicrano tal usaram) tornar a
tornar a peça numa tendência! Acabou-se! Quando a peça, a cor, o adereço, o outfit são assim promovidos à categoria da banalização, acabou-se a beleza da peça para os que, até aí, viam nela um esteio daquilo que era a sua personalidade. Os exemplos são vários e sucedem-se, ainda que a um ritmo, graças a Deus, lento. Este parasita da banalização é muito comum, sobretudo no calçado. Em 2007, comprei em Aix – en – Provence (no sul de França), as minhas primeiras Adidas Stan Smith. À época, achei que a sapatilha reunia o melhor dos dois mundos para quem, como eu, tem 78 pares de sapatilhas: era branca, confortável e com um pequeno pormenor de verde junto ao artelho. Uma vez no Porto, e numa viagem de metro, dei conta que um grupo de senhoras tecia comentários às minhas sapatilhas e, em surdina, ria. No Plano B, chegaram a perguntar-me que sapatilha era aquela. Depois foi o que todos sabemos. As Stan Smith, a partir sensivelmente de 2015/16, começaram a ser vendidas em todo o lado. O “artelho verde” era o grande must. Depois, o arco-íris atingiu esta antiga peça de elegância discreta. Por essa altura, fiz o “funeral” das minhas Stan Smith e fui colocar o meu par de 2007 junto a um sem abrigo na Avenida de França. Neste momento, a mesma doença contagiosa está a atingir outra marca, as Veja. Tinha 8 pares. Comprei as primeiras em Paris, em 2009, na casa que representava a marca em França – Centre Commercial -, na Rue de Marseille. De há um ano para cá, tenho vindo a assistir ao processo, ainda que mais lento, de vulgarização das Veja. De repente, dou conta de que o shopping passou a vender Veja, dou conta que a pessoa mais insuspeita está a calçar Veja (a mesma que, ainda há um ano, me perguntava “Que engraçadas! Isso é Valentino?....” (Meu Deus!...). Entretanto, e no espaço de um ano, presenteei pessoas sem abrigo com 3 pares de Veja, coloquei outros 2 pares à venda no OLX, dei um par a uma vítima da moda (do meu círculo de amigos) e mantive dois pares que já não se fabricam há anos e que, em Portugal, nunca se venderam. Naturalmente, não posso calçar o que calça o povo. O povo é a massa. A mesma massa que Fernão Lopes tão bem descreve na sua Crónica de D. João I….informe, perdida, agindo por instinto, não sabendo muito bem para onde se virar (a verdadeira Mariavaicomasoutras, para resumir!). São assim as tendências. São a morte do artista. E da obra de arte. Na maior parte dos casos, e quando pergunto a alguém porque usa isto ou aquilo, a resposta é invariavelmente a mesma: “Porque é moda! Porque é a grande tendência deste Verão! Porque o cantor tal e o actor tal e o futebolista tal também usam…”. Atente -se em alguns casos: Veja (Outrora, um must dos amantes das sapatilhas, agora um produto banal que está na moda e que está a perder um sem número de fãs). Adidas Stan Smith ( Desde a sapataria do Sô Zé, em Alguidares de Cimeires, até à loja do Chinês, passando pela feira de Espinho, a minha pessoa já fez o luto que se exige e o serviço fúnebre recomenda-se). Não há comentários para o pé de gesso. Quando a meia branca se torna uma coisa da moda , bateuse no fundo. Sem comentários. Poucas peças de roupa podem ser de tão mau gosto como esta calça. Junte-se-lhe o corpo bombado/ inchado e temos o paradigma da completa falta
de bom senso e da deselegância. Muitíssimo actual (foi uma explosão súbita!) está o colar de pérolas usado por homens. Nos mesmos que, há pouco menos de um ano, eram capazes de chamar todos os impropérios a um homem com um colar destes ao pescoço. Dos que conheço, a resposta é invariavelmente a mesma: “Porque fica giro! Porque está na moda! Porque acho piada!”. Espero que as plumas e as lantejoulas não surjam, também, de repente. Por outro lado, secretamente, adoraria poder ver alguns dos machos que conheço, para além dos colares de pérolas, com as ditas plumas e o glitter das lantejoulas. A par com as pérolas, anda aí uma nova tendência…o homem com as unhas pintadas de preto. As respostas são hilariantes. Vão do banal “é moda” ao “estou a afirmar um traço da minha personalidade…”, passando por “é para não roer as unhas”. A
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Voltemos ao quarto de costura da minha avó, às minhas tias, às amigas, às conversas dos trapos: “Dizem que isto está na moda! Deixa experimentar!...”. A seguir, um espelho, de corpo inteiro: “Isto não me fica nada bem! Que horror! Pode estar na moda, mas sintome mal com isto…Deixa-me tirar já isto!”. O espelho nunca mente e a nossa voz interior também não. Simplicidade, sempre! Simploriedade/Credulidade, nunca! Revejam as tendências. Não sejam vítimas… Luís Cravo, prof.º de História
O Erro Inocente de Nova Iorque
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a minha opinião, deuses são seres estranhos. Alguns nem podem dormir sem consequências catastróficas. “Nova Iorque é a cidade que nunca dorme”. Pois, gostava de ver Nova Iorque como deusa. Bom, a verdade é que pude. Promoveram Nova Iorque a “Deusa Grega”. Deusa de quê não tenho a certeza, mas claro que ela arranjou maneira de fazer asneira, no 21..º dia, o que para os deuses, que são imortais, é tão pouco como é, para os humanos, a vida de um mosquito. Irónico, até, visto que o erro de Nova Iorque durou mesmo a vida de um mosquito. Pouco mais de uma semana. Bom, é certo que no 21..º dia, ela entrou nos escritórios interditos a todos que não fossem deuses do Olimpo há pelo menos 20 dias. Regra que foi posteriormente alterada, por razões óbvias. Os Deuses não são como nós: em vez de portas, usam violinos. Em vez de livros, usam vinho. E em vez de computadores, usam plantas. Pesquisam tudo o que há para pesquisar nas plantas. Infelizmente, podem também mudar configurações nestas últimas, se estiverem no jardim certo. E Nova Iorque estava. Andou ali à volta de um vaso com uma flor com ar muito abstrato. A verdade é que Nova Iorque apenas conhecia as flores pelo que elas eram. Flores. Para cheirar. Não computadores, que podiam alterar a linguagem que as pessoas falavam. Que era mesmo o que a flor em questão fazia. E, sem sequer dar por isso, Nova Iorque mudou a língua de toda a gente; trocou a língua do país, por uma língua qualquer que começasse com a mesma letra que o nome da pessoa. O Bruno acordou a falar búlgaro. O Ernesto, espanhol. E a Lúcia, latim. Eles e mais oito mil milhões de pessoas. Então, como alguém teve de escrever a ata do acontecimento e a tarefa me calhou a mim, que tenho uma sorte infeliz, aqui vão as consequências do, como descrito mais tarde pela própria, “erro inocente” de Nova Iorque. O mundo parou. Não havia pessoas que falassem duas línguas que pudessem traduzir porque ninguém tinha dois primeiros nomes. Foi nesta altura que todos deram graças à escrita e aos tradutores on-line. E o que lhes valeu a todos foi que as configurações não tinham sido alteradas ao ponto de não se poder aprender outra língua, a partir de qualquer instante depois do erro de Nova Iorque. Lá houve uns quantos génios que aprenderam a língua em menos de dois dias. Mas menos de dois dias, por muito pouco que seja, a verdade é que ainda é mais de um dia. E um dia onde ninguém se entende é, verdadeiramente e sem se puder descrever de outra maneira, caótico. As pessoas iam aos supermercados, de telemóveis nas mãos e com dicionários de bilingues na carteira. Apontavam para o dinheiro, faziam gestos com as mãos e houve uma imensidade de crises alérgicas, pois os rótulos de pouco serviam. Todos os julgamentos foram suspensos, porque os réus não se podiam defender. Os fãs de vários cantores de sucesso viram-se desapontados com os concertos cancelados, porque estes não conseguiam cantar numa língua que já não compreendiam. Os médicos só tratavam pessoas cujos nomes começavam pelas primeiras letras que os deles, e rodeavam-se de uma equipa médica por estes mesmos critérios mas, mesmo assim, havia a possibilidade de não se compreenderem. Os professores, que deviam ensinar as crianças pequenas a ler, viram-se impossibilitados de ensinar uma língua que não conheciam. Por falar em crianças pequenas, devia dizer mesmo que estas foram as mais afetadas. Não conseguiam ler, então, não conse-
guiam traduzir os seus pedidos, observações curiosas e brincadeiras, o que certamente as inquietou. Foi organizada uma feira de troca, onde os artigos trocados foram crianças. As mães arrastavam-nas pela mão, à procura de uma banca onde elas fossem entendidas. Estas eram depois trocadas por crianças cuja linguagem correspondesse à mesma que a da mãe em causa. Desta forma sentiam-se todos compreendidos. E seria só por uns dias. Até que todos os progenitores conseguissem aprender a linguagem que os seus filhos falassem. A rainha Elizabeth safou-se de boa. Na sua língua de origem, “inglês” é “english”. Portanto, a mesma primeira letra do seu nome. Pior foi para o presidente dos Estados Unidos. Acabou a fazer uma conferência em japonês sem se aperceber. Pois isto aconteceu a muitas pessoas. Nem se aperceberam de que estavam a falar um idioma completamente diferente. Quando se deram conta, sabiam que nunca tinham falado ou sequer aprendido as palavras que lhes saíam da boca. Sabiam que língua deviam estar a falar. Mas só não sabiam como falar a língua que lhes era tão familiar e não a conseguiam compreender quando as outras pessoas a pronunciavam naquele tom tão suave, que elas costumavam conhecer. Foi tão esquisito. Ver outras pessoas a falar a sua língua, como se fosse delas e verem -se presas a um outro idioma, a perder a forma como tinham interpretado o mundo até àquele momento. Famílias inteiras não conseguiam comunicar e muitas amizades foram criadas nesses dias, apenas com o critério da concordância na língua. Os telejornais tentavam manter as pessoas informadas, passando notícias em todas as línguas, mas muito pouco se pode dizer, quando se o tem de repetir umas outras centenas de vezes. Livros e revistas foram trocados uns pelos outros. E, quando estavam finalmente a perceber e a entender-se uns com os outros, o erro foi corrigido. Aqui está o que aconteceu: Nova Iorque nem se apercebeu do seu erro. Saiu da sala e, por obra do Destino (outro que tinha sido promovido a Deus Grego, mas era, provavelmente, demasiado provocador para isso), deixou fechar a porta atrás de si, trancando-a. O único Deus Grego que tinha a chave daquela dita sala (a Providência, caso estejam curiosos) estava de férias e teve até de voltar mais cedo. Quando abriram a sala e se aperceberam da grande asneirada que lá tinha ocorrido, correram a corrigir tudo. Trocaram as línguas de volta e modificaram a memória das pessoas: não as podiam apagar, porque já tinha passado demasiado tempo, para simplesmente ignorar a existência daquela inédita semana. Apenas substituíram as memórias relativas à confusão por outras com atividades do dia-a-dia e as causas das novas amizades e da troca de famílias e da semana de folgas por razões plausíveis. Além de que, obviamente, substituíram os idiomas nas memórias. Houve uma grande discussão sobre se seria culpa de Nova Iorque, visto que as autorizações para aceder a certos locais talvez não devessem ser dadas tão prematuramente. Mudaram bastantes regras no Olimpo, nesses dias (devido, principalmente, à Providência, ainda azeda das férias que lhe tinham sido cortadas a meio, e que ameaçou despedir-se, caso não fossem feitas mudanças). Quanto a Nova Iorque, voltou a cidade, como sempre deveria ter sido. Nova Iorque até podia ser a cidade que nunca dorme, mas acho que nunca ninguém se questionou que consequências isso teria no seu discernimento.
Sara Morais, 8.ºD
Concurso Literário 2022 1.º prémio — poesia
Cavaleiro do navio cargueiro Gonçalo Tenreiro, 11.ºH E se um cavaleiro forte de braços aparecesse em ti num cavalo branco?
2.º prémio — poesia
Cobertores da empatia Gonçalo Tenreiro, 11.ºH Abracem em empatia qualquer alma com ou sem alegria, pois o amor deste mundo é quem realmente nos guia.
Digo-te mais: este é tão grande que te consegue levar na leveza do vento para que não morras sozinho ao frio relento.
Todo este esplendor de efeito redentor é um tesouro feito de um grosso cobertor: um mistério quente e acolhedor.
Convence uma feiticeira a transformar este cavalo num grande navio cargueiro; Assim, poderíamos embarcar todos nós na leveza do ar e na pureza do mar para que mais ninguém morra ao relento.
E qualquer pessoa que verás a andar p’ra frente ou p’ra trás, abraça-a nesses grandes cobertores e ela te dirá: “Que felicidade a empatia nos traz!”
Trabalho premiados – contos - 2022 2.º Prémio 3.º Prémio
Um só mundo diferentes possibilidades Pessoas
Vera Teixeira Gandra
11.ºF
Eu digo nós, não digo eu.
Beatriz Luís
12.ºA
Clarice Pelegrini
12.ºG
Atividades no Dia da evocação do 1.º Centenário da morte da nossa Patrona, Aurélia de Souza - 26 de maio
25 I Jornalesas
1.º Prémio
Código de vestuário na escola
26 l Jornalesas l junho L I X l l l
o que é considerado apropriado? Estatuto do Aluno e Ética Escolar, Secção II, Artigo 10.º, alínea v)Apresentar-se com vestuário que se revele adequado, em função da idade, à dignidade do espaço e à especificidade das atividades escolares, no respeito pelas regras estabelecidas na escola. Esta é a regra que dita a forma como nos vestimos na escola e gostava de realçar o adjetivo adequado, porque é esta a palavra que, mesmo em pleno século XXI, permite que os professores e outros membros da comunidade escolar possam expulsar e censurar as suas alunas baseando-se na forma como estão vestidas. Não é ao acaso que falo no feminino. Todos nós já ouvimos comentários desagradáveis, quer nos tenham sido dirigidos ou não, sobre roupas desadequadas, quer seja por decotes excessivos, calções demasiado curtos, ou por outros motivos. E o que há de tão errado no corpo das mulheres, ou melhor, meninas, que seja motivo suficiente para serem expulsas? Todas estas situações explicitam a mensagem de que a forma como nos vestimos é mais importante do que a nossa educação. É fundamental respeitarmos a dignidade do espaço, sendo a escola um órgão importante na nossa educação, mas o tamanho do decote de alguém não define se essa pessoa é digna ou não. Apesar de este problema ser mais comum nos EUA e noutros países, convém perceber que também acontece cá, sendo que são pequenas regras que moldam a forma como olhamos para o nosso corpo e para os nossos direitos. Corremos riscos de retroceder no tempo em relação aos direitos da mulher, tal como é o caso dos EUA e da polémica sobre a legalização do aborto. Assim, o que deve distinguir o que é apropriado de se usar é o nosso bom senso, sendo que a liberdade de expressão deve prevalecer. Luísa Alves, 12.ºA
Editorial
2
Flores para Aurelia
3
Sete Luas / Parlamento
4
Biosfera
6
Física
8
Pavegen - Energia
9
Pinhole
10
Projeto eTwinning
11
Innovation Challenge
12
A empresa
13
Porto Futuro
14
Geografia
15
Happy School
16
Serra dÁrga
17
Viseu
18
Porto Liberal
19
Que futuro?
20
Cidade sustentável
21
Moda
22
Erro inocente de NI
24
Concurso Literário
25
Vestuário na escola
26
Programa do centenário
27
FICHA TÉCNICA Coordenadores:
Carmo Rola (profª) e Julieta Viegas (profª) Revisão de textos: Ana Margarida Sottomayor; Carmo Oliveira, Isabel Neumann, Maria João Chorão profªs de Português Capa: Interpretação surrealista de um autorretrato de Aurélia de Sousa - Diana Sofia Nunes Lobo 11.ºJ Paginação e Maquetagem: Julieta Viegas (profª) Equipa redatorial: Foto de António Carvalhal
ESCOLA SECUNDÁRIA/3 AURÉLIA DE SOUSA Rua Aurélia de Sousa - 4000-099 Porto Telf. 225021773
Ana Ferreira, 11.ºF; Ana Henrique, 8.ºD; António Carvalhal, prof.º de Desenho; Beatriz Borges, 11.ºG; Camila Soares, 11.ºF; Carmo Oliveira, profª de Português; Catarina Cachapuz, prof.º Coordenadora do Clube Europeu/Unesco; Catarina Mota, 11.ºF; Graça Martins, profª Inglês, Daniela Ursu, 11.ºG; Denise Ribeiro, 11.ºG; Gonçalo Tenreiro, 11.ºH; Helena Sampaio, profª Coordenadora da BE/ CRE; Henrique Lage, 12.ºA; Inês Cardoso, 11.ºI; Jéssica Tavares, 11.º.G; Julieta Viegas, profª de Geografia; Idalina Miranda, profª de Geografia, Inês Figueira, 11.ºF; Lara Almeida, 11.ºB; Lúcia Camelo, 10.ºD; Luísa Alves, 12.ºA; ; Mafalda Sanches, 12.ºD; Manuela Lopes, profª Coord. do Clube de Ilustração Cientifica; Margarida Macedo, profª de Física; Maria Carmo Pires, prof.º de H. Cultura das Artes; Maria Eduarda Dias , 11.ºF; Miguel Camisa, 8.ºD; Paula Cunha, prof.º de História e Cultura das Artes/ Projeto Cultural de Escola (PCE); e Pedro Ferreira, 11.ºF; Pedro Vidal, 11.ºB; Renata Silva, 11.ºF; Rodrigo Fonseca, 11.ºF; Sara Morais, 8.ºD; Vera Carminé, 11.ºF; Xavier Cardoso, Zaida Braga, Presidente do Conselho Geral, 11.ºI; Turma E , F, G e H do 10.ºano; Turmas A e D do 11.ºano; Turma D do 12.ºano ; Grupo disciplinar de Geografia- equipa Jornalesas. Entrevista: Luísa Alves , 12.ºA Fotografia: António Carvalhal, prof.º coordenador do Clube de Fotografia Financiamento: Brun’s l Pão Quente; Café Onital; Estrela do Lima l Café Restaurante; Estrela Branca l Pão quente, pastelaria; Glam l Instituto de Beleza; Susana Abreu | cabeleireiros, estética e cosmética l Sapiens, Centro de estudos e Escola Secundária/3 Aurélia de Sousa.
2€
Foto de Beatriz Ribeiro (profª)
junho 2022