2019 - Notícias - Maio/Junho

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logia da Libertação, fazendo da opção preferencial pelos pobres o foco central de sua atuação pastoral, condição essa demonstrada pelo empenho em lidar com as pessoas mais desvalidas e os grupos de excluídos da sociedade. Homem e cidadão de arraigada concepção ideológica, em favor dos marginalizados sociais, devotava especial atenção aos camponeses, especialmente àqueles despojados de terra, engajando-se entre os mais ardorosos apologistas do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), cujo símbolo gostava de ostentar sobre a cabeça, combinando as dimensões política e religiosa de sua ação pastoral. Foi com enorme pesar que as comunidades paroquianas da Igreja Nossa Senhora das Dores, em Fortaleza, e da Igreja de S. Francisco de Canindé, da qual também foi pároco, por largos anos, no Ceará, tomaram conhecimento da morte de Hubert Engelbert Wallschlag (Frei Humberto, ofm). Ao ensejo da sua morte, ocorrida em Fortaleza, em 05.06.2005, dia dedicado a S. Bonifácio e civilmente comemorado o dia do meio ambiente, viram-se na orfandade as diversas pastorais por ele fomentadas, além das dezenas de crianças carentes da Creche Nossa Senhora Medianeira, por ele muito amadas e pelas quais tanto lutou. Calara-se, enfim, uma voz, tantas vezes levantada em defesa dos oprimidos, das crianças mirradas que perambulavam pela Rua Larga e que eram acolhidas, com amor e carinho, na creche mantida pela paróquia, no Bairro do Otávio Bonfim. Não quis a Medicina que o Frei Humberto sobrevivesse a um câncer de pele agressivo, que se disseminou, e foi responsável pela poda de sua vida, quando ainda era muito grande a messe a ceifar. Vale ressaltar que no enfrentamento das dificuldades, causadas por sua doença, Frei Humberto revelou um estoicismo próprio dos mártires, aceitando o sofrimento, sem contestação, como quem sabe estar cumprindo um desígnio do mesmo Deus que o mandara levar Sua palavra às ruas, às travessas e aos becos tortuosos do Morro do Ouro e adjacências, onde era comum encontrar alguém disposto a ouvi-lo e a cantar, com ele, hinos de louvor à Maria e ao seu filho bem-amado. Com o seu passamento, Frei Humberto virou uma saudade, ao mesmo tempo em que o seu espírito de luz prosseguiu brilhando no bairro, na cidade, e em todas as vielas por onde ele

Evangelização e Missão

andou, e deixou as pegadas do seu fazer, profundamente cristão. Após sua morte, todos os anos as pessoas da comunidade antes chamada de Mercado Velho e hoje entitulada Comunidade Frei Humberto, juntamente com a Associação Viva a Vida, que foi criada como forma de gerar renda para mães de família da comunidade e com um propósito de cuidado ambiental. Que Frei Humberto continue inspirando pessoas dispostas a lutar em prol dos mais necessitados e pelas questões ecológicas, hoje mais do que nunca.

2018 / Set - Out

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