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Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil Janeiro - Fevereiro / 2018 - Ano LXIV nº 480
Capítulo Provincial 2018
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M ensa gem Palavra
Sumário
Mensagem
Palavra do Províncial.......................................... ............. Homilia do Ministro Geral.................................................
Do Provincial
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Capítulo
05 Capítulo e Pós Capítulo ................................................. 09 Capítulo Províncial 2018 - Propostas Aprovadas ....... 10 Tabela Capítulas .............................................................. 13 Casas da Província.......................................................... 15 Mensagem do Ministro Geral Para o Capítulo ............
Vida Fraterna
17 Província celebra Ordenação de Seis Frades............... 18 Província Admite Jovens ao Postulantado.................... 19 Para Facilitar a Comunicação........................................ 20 Frei Jailson Mercês regressa a Província........................
Evangelização e Missão
21 Palavras do Custódio Sobre Visita ao Brasil....................22 Encontro entre as Conferências do Brasil e o Cone .....23 Formação Curso Interprovincial de Franciscanismo....................... 26 A Identidade Franciscana............................................... 27 Permanece Conosco Senhor.......................................... 31 CF 2018: Uma Reflexão Necessária............................... 38 O Reino de Deus e a Política.......................................... 39 Custódio da Terra Santa Visita nossa Província.............
I
Prezados confrades, paz e bem!
nicialmente expresso a minha alegria por nossa fraternidade provincial ter realizado mais um Capítulo Provincial. A constante ação do Espírito de Deus, que se revelou a todo instante nos momentos de Oração, nas Santas Eucaris�as e nas demais ocasiões, nos ajudou a tomar as decisões e fazermos os devidos encaminhamentos com bastante fluidez e sabedoria. É verdade que, não teríamos realizado um capítulo tão especial sem o consen�mento da Ordem que nos presenteou Frei Fabiano Aguilar Satler como Visitador Geral. Ele com seu rico conhecimento nos apresentou horizontes e caminhos para juntos andarmos com mais estabilidade e perspec�va na nossa própria história. Além do mais, tudo convergiu para bom êxito do Capítulo. O convento de Ipuarana, em Lagoa Seca – PB, sob a guardiania de Frei Francisco Alexandre e os cuidados da fraternidade local, acolheu muito bem a todos nós. Com bastante tranquilidade e entusiasmo, do dia 03 ao dia 10 de janeiro celebramos a vida e a vocação com os confrades e pudemos dirigir nosso olhar para o futuro com esperança. Do material digital àqueles que recebemos impressos, notava-se o zelo e o cuidado das equipes que, sem dúvida, se esforçaram na pre-
paração e organização desse evento memorial da nossa história. Foram muitas mãos que se somaram. De modo geral, todos os confrades nos ajudaram, direta ou indiretamente, para que pudéssemos realizar nosso Capitulo de maneira tranquila. Mas gostaria de expressar minha gra�dão às equipes (preparatória, secretaria, comissões, e tantas outras) que se empenharam em tornar todas as coisas bonitas e organizadas. Reitero meus sinceros agradecimentos pelos irmãos me confiarem a função de Ministro Provincial pelo próximo sexênio. Eu, acreditando na força de Deus, acima de tudo, e contando com as orações e ajuda de todos os irmãos, me disponho a colocar com amor minhas ap�dões a serviço da missão e da vida fraterna franciscana. Sei que nem todos os interesses dos irmãos são correspondidos como gostariam, mas sinto-me assegurado com a disposição de cada um, para juntos fazermos com que as coisas concorram para o bem da fraternidade e do povo que Deus nos confiou para servir diariamente. Sou grato pela escolha do novo Governo da Província, que representa a novidade oportuna para o momento desafiador em que vivemos. Recordo, diante disso, que o
Vigário Provincial e os Definidores que foram escolhidos por nós, se aliam na busca por encaminhar juntos, e com brevidade, as decisões capitulares e todo complexo estrutural, humano, material e pastoral que estão sobre a responsabilidade de todos nós. Creio que o Governo vai refle�r e decidir sobre as necessidades da Província, na medida em que torne mais qualita�va a vida fraterna e a missão provincial. Temos também um novo Secretário Provincial que tem a responsabilidade de viabilizar as informações do Provincialado para toda Província, para a Ordem e demais localidades que for necessário. Nossa gra�dão a ele pela aceitação desse serviço. Logo após o Capítulo Provincial veio o Congresso Capitular. Aí pudemos, visando a melhoria das nossas presenças, reorientar nossas capacidades e recompor nossas presenças e a�vidades. Sei perfeitamente que são muitos desafios, mas com a disposição e pertença provincial de todos, podemos ser mais fiéis àquilo que abraçamos como projeto de vida. Pela função que exerço e pela vida que abracei, estou aberto ao diálogo, à correção fraterna e sempre disposto a ouvir e respeitar o jeito de cada um ser com suas limitações e seus potenciais, recordan-
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do sempre que juntos temos que buscar medidas de enfrentamento e compromisso em situações, ora favoráveis, ora di�ceis. Mas, afirmo com certeza que, onde es�vermos, teremos sempre a capacidade de sermos úteis, afinal, cada realidade precisa de nossa presença e, em todo lugar há situações que nos desafiam. Não tenhamos medo! Desejo com grande entusiasmo que todos os irmãos assumam suas fraternidades com bastante corresponsabilidade, buscando constantemente a ajuda mútua,
nunca pensando somente em si próprio, mas sempre com o sen�mento que viveu e desejou nosso Pai e Irmão Francisco. Que se leve em conta a vida de oração pessoal, comunitária e que se dê preferência aos mais necessitados. Que os irmãos assumam a Formação Inicial e Permanente com bastante sensibilidade, acolhendo aqueles que nos procuram na busca por discernir sobre sua vocação. Que conduzamos com responsabilidade cada etapa da nossa caminhada de frade menor, essa será sempre nossa maior pro-
moção vocacional! Agindo assim poderemos manter sempre viva e atuante a mensagem evangélica que Francisco inteiramente se doou por meio da fraternidade, da missão e entrega aos necessitados. Pela intercessão de São Francisco e de Santo Antônio, suplico as bênçãos de Deus a todos vós. FREI JOÃO AMILTON , OFM Ministro Provincial
HOMILIA DO MINISTRO GERAL POR OCASIÃO DO ENCERRAMENTO DO ENCONTRO DA CFMB E CONE SUL COM O DENIFITÓRIO GERAL
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Em seguida, o Espírito levou Jesus para o deserto. E ele ficou no deserto durante quarenta dias, e ali foi tentado por Satanás. Vivia entre os animais selvagens, e os anjos o serviam.
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eus queridos Irmãos, o Senhor lhes dê paz!
E logo, ao sair da água, viu o céu se abrindo, e o Espírito, como pomba, descer sobre ele. E do céu veio uma voz: ‘Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem-querer’. “Em seguida, o Espírito levou Jesus para o deserto. E ele ficou no deserto durante quarenta dias, e ali foi tentado por Satanás. Vivia entre os animais selvagens, e os anjos o serviam”. Dois versículos atrás da passagem do evangelho que acabamos de ouvir, se narra a cena do ba�smo de Jesus por João Ba�sta no Jordão. Marcos nos conta que ali Jesus é
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declarado Filho amado de Deus, em quem Deus se agrada. Talvez seja melhor traduzir “em quem Deus colocou toda a sua confiança”. Mais tarde, Jesus é “empurrado para o deserto pelo Espírito Santo”, uma figura que encontra sen�do unicamente à luz de sua iden�dade como Filho de Deus “amado e confiável”, aquele que compar�lha uma in�midade com o Pai e com o Espírito Santo. O Deserto é apresentado como um lugar onde Jesus se encontrará, face a face, com a tentação, isto é, tudo o que procura destruir a harmonia e a comunhão com Deus. No entanto, Jesus entra nesse lugar tendo a absoluta consciência de sua iden�dade: ele sabe quem é!
O evangelho não menciona a missão de Jesus dirigida às “ovelhas perdidas de Israel” ou aos gen�os, coisa que fazem outros evangelistas, mas enfoca a importância da iden�dade como ponto de par�da na construção de uma vida espiritual robusta e consistente. Na verdade, o Pai diz: “Você é meu Filho, o amado”. Afirma desde o início quem é e por que é importante. Sabemos, de outras passagens das Sagradas Escrituras, que vários dos “escolhidos” de Deus foram testados e não podiam ultrapassar certas provas. Em Gênesis, por exemplo, vemos que Adão, o primeiro homem, falhou. Mais tarde, Noé passou pela experiência do Dilúvio, mas, literalmente falando, ele
caiu de bruços quando protagonizou um incidente deplorável com seus filhos. Mais tarde, Abraão experimenta vários fracassos em sua vida. Moisés, por outro lado, vive a experiência do fracasso, porque depois de libertar os israelitas da escravidão no Egito e levá-los pelo deserto, não lhe foi permi�do entrar na Terra Prome�da. A sorte não era melhor no tempo do rei Davi, que também caiu em pecado. Menciono brevemente esses personagens do An�go Testamento para mostrar o forte contraste com a pessoa de Jesus que vive uma experiência de vitória e triunfo, embora, para muitos, tudo tenha terminado como um fracasso, com a morte na Cruz. Segundo São Marcos, Jesus permaneceu no deserto durante 40 dias sendo tentado por Satanás, presumivelmente todos os dias. São Lucas, por outro lado, apresenta a tentação de Jesus apenas no final de seu jejum, nos úl�mos 40 dias. Sabemos dos estudos teológicos que São Marcos é um pouco mais realista e dá uma ênfase mais direta à dimensão humana de Jesus e seus seguidores. Talvez esse pequeno detalhe possa indicar que Jesus reconhece que a tentação de abandonar o chamado de Deus ou renunciar à iden�dade que recebemos como filhos de Deus e co-herdeiros com Cristo é um desafio de todos os dias. E acho que aqui vem o primeiro ensino concreto para nós hoje: todos os dias estamos sujeitos a fraquezas. Mas também, todos os dias, o Senhor quer que renovemos nossa resposta, deixemo-nos encher de esperança, de modo que, com cria�vidade e compromisso, vivamos a nossa vocação de irmãos e menores. Não podemos dizer: hoje sim e amanhã veremos. Mas, todos os dias! Minha resposta é todos os dias. Com forças ou sem elas, com
vigor ou fraqueza, com fer�lidade ou aridez, o Senhor aguarda minha resposta todos os dias. “Agora faço novas todas as coisas” (Ap 21, 5). O tema do discipulado cristão no Evangelho de São Marcos está diretamente relacionado à ideia de que a iden�dade é algo que deve ser con�nuamente reafirmado. Por esta razão, a Formação Permanente em nossa relação pessoal com Cristo e entre nós como comunidade de fé e fraternidade da Ordem é fundamental para perseverar no compromisso que fizemos diante de Deus. Mas a Formação Permanente também tem outro propósito: nos mantém alerta aos novos sinais dos tempos, às novas oportunidades para viver mais plenamente a vida evangélica mesmo em meio à confusão da mudança constante, à instabilidade e às ameaças à dignidade humana ou à integridade da criação. O único an�doto contra a ameaça de se quebrar sob a pressão das múl�plas tentações que aparecem diariamente em nossas vidas é que adotemos um modo de vida que inclua o compromisso diário de seguir Jesus, conscientes de que sempre O seguimos como Irmãos em Fraternidade. Vejamos como Jesus o faria: Ele constantemente “se re�ra” ou “sobe” para um lugar calmo com seus discípulos, nunca sozinho (Marcos 3, 7.10; 6, 30-31). Jesus propõe um “moratorium”; uma forma de discipulado estruturada em torno do “tempo livre” de sua pregação, ensino e cura dos mais necessitados. Ele nos revela que essa esta forma “alterna�va” de viver é vital para manter viva a chama do Espírito de Deus presente em nós e ardendo intensamente. São Francisco teve esta mesma “visão” e colocou em prá�ca este mesmo método encontrado na
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vida de Jesus; e também convidou a seus discípulos a abraçar essa maneira de viver sua fé cristã. Portanto, todos nós, os Frades Menores, começando pelo Ministro Geral, e con�nuando com todos os Ministros e com cada frade, precisamos aprender desta maneira de Jesus e Francisco, essa prá�ca de renovação con�nua de fé, esperança e amor, levando-nos um “tempo de qualidade espiritual” para permi�r que o Espírito Santo toque nossos corações, cure nossas feridas e nos abra à ação efe�va que nos impele a fazer escolhas sérias, responsáveis e significa�vas evangelicamente diante das necessidades de nossos irmãos e do Povo de Deus em geral. Se você não está disposto a gastar tempo para estar com ele, poderá ser um grande trabalhador, talvez cheio de muitas qualidades, talvez um excelente comunicador social, um bom elemento para a Província ou a Custódia, mas possivelmente alguém com pouca vida interior e, portanto, com uma “desnutrida espiritualidade”! Que o Espírito de Deus se derrame em nossas vidas e em todas as en�dades da Ordem dos Frades Menores. Que nós, ministros, sejamos os primeiros a abrir nossas vidas para a constante renovação de nossas mentes e corações para que Deus possa trabalhar efe�vamente em e através de nós. Irmãos, juntos com Francisco de Assis, nos comprometemos com essa renovação todos os dias de nossas vidas. Vamos começar, pois até agora, pouco ou nada fizemos! Dado no primeiro domingo da Quaresma (17/02/2018) Fray Michael A. Perry – Homilia
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CAPÍTULO PROVINCIAL 2018 “Formar e gerir em vista da vida fraterna e da missão” Ipuarana, Lagoa Seca, PB PROPOSTAS APROVADAS
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Tal como em Emaús, Ele caminhou conosco durante os dias do capítulo, e nós o reconhecemos porque Ele agiu em nós em cada tomada de decisão.
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tempo de preparação foi intenso. As expecta�vas aumentavam a cada dia que se passava. Até que, durante os dias em que aconteceu, o Capítulo Provincial nos colocava nos caminhos centenários da Ordem de São Francisco que se congregava em cada necessidade, para olhar responsável e cuidadosamente para a vida dos frades e para a missão que estes realizavam no mundo. Foram dias de trabalho a finco, de discussões bastante relevantes e de decisões um tanto quanto desafiadoras. Era a nossa vida fraterna e missão que mais uma vez se reescrevia em cada proposta aprovada, em cada voto ele�vo, em cada prioridade retomada. O capítulo provincial que teve como tema “formar e gerir em vista da vida fraterna e da missão” e
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como frase ilumina�va: “Permanece conosco Senhor” (LC 24,29.33) nos fez retornar ao caminho da nossa história para tentar conduzi-la conforme nos inspira o Espírito do Senhor e seu Santo modo de operar. Em cada relatório apresentado nos deparávamos com limitações, mas também com caminhos nem sempre claros a nós, mas que se configuram como sinais de Deus em nosso meio. O Senhor esteve conosco o tempo inteiro, mesmo diante das nas nossas cegueiras e nossas fragilidades. Tal como em Emaús, Ele caminhou conosco durante os dias do capítulo, e nós o reconhecemos porque Ele agiu em nós em cada tomada de decisão. Mas ele nos responsabilizou com a nossa própria história, recordou-nos novamente que somos os responsáveis
por ela. Essa tônica foi demarcada durante as horas que sucederam no Congresso Capitular. As responsabilidades foram distribuídas conforme a ap�dão e o entusiasmo da Fraternidade Provincial. São as nossas exigências em nossas próprias mãos. O Capítulo Provincial e o Congresso Capitular nos mostraram mais uma vez que somos sujeitos da nossa própria história. A Província que queremos somos nós quem a construímos. (Esse pequeno texto quer introduzir o leitor às Decisões e Propostas encaminhadas no Capítulo e Congresso Capitular, conforme seguem). Frei Faustino dos Santos Secretário Provincial
1.2. Que o Governo Provincial e o Conselho de Formação e Estudos elaborem juntos os critérios tanto para acolher as “vocações adultas”, como vocações que chegam de outras congregações ou dioceses, e/ou de frades de outras províncias franciscanas. Postulantado: 1.3. Que o Aspirantado seja realizado em no mínimo dois
anos (e não menos).
1.9. Que a teologia seja feita, também, em Petrópolis- RJ.
1.4. Que o Postulantado tenha a duração de um ano e meio. 1.10. Que seja realizado, normalmente no ano pré-capitular, 1.5. Que o Postulantado se re- um Congresso Provincial de Formação e Estudos a fim de que alize em Triunfo. sejam discu�das questões dessa ordem. Noviciado: 1.6. Que o corpo de formadores do Noviciado resida na casa 1.11. Que sejam integrados ao onde se dá a formação dos novi- Conselho Provincial de Formação ços. e Estudos o Secretário de Evangelização e Missão, o Ecônomo 1.7. Que durante o triênio se Provincial, um representante dos inicie o processo de diálogo com irmãos até 10 anos de Profissão a CFMB para que o Noviciado solene (Under Ten), um represeja encaminhado para uma in- sentante dos irmãos leigos e um representante dos Guardiães. A terprovincialidade. par�cipação destes deve ser no primeiro conselho de cada seJuniorato: 1.8. Que se inicie o processo mestre. de diálogo com a CFMB para que os estudos de Teologia sejam 2. GERIR: unificados no Brasil. 2.1. Elabore-se a Ra�o Oeconomicae Provincial.
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Era a nossa vida fraterna e missão que mais uma vez se reescrevia em cada proposta aprovada, em cada voto eletivo, em cada prioridade retomada.
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CAPÍTULO E PÓS-CAPÍTULO
1. FORMAR 1.1. Que se proporcione formação para os formadores da animação vocacional e das diversas etapas da formação, nos seguintes espaços oferecidos: escola vocacional dos Maristas, Curso para formadores da CFMB, a escola de formadores nas regionais da CRB do nordeste e o curso de formadores oferecido em Roma, além de outros centros possíveis, onde seja favorável realizar.
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2.2. Cons�tua-se um Conselho 3.3. Que o Capítulo aprove as Econômico e Administra�vo Pro- inicia�vas em vista da criação do vincial. Santuário de Santo Antônio da Colina de Aracaju. 2.3. Que ao longo do triênio se encaminhe a transformação da 3.4. Que anualmente seja realiProvíncia Franciscana de Santo zado pelo Secretariado ProvinAntônio do Brasil de Associação cial de Evangelização e Missão Religiosa sem fins lucra�vos para um encontro com os párocos e Organização Religiosa. outro encontro com os párocos e os leigos. 2.4. Que o Conselho Econômico fortaleça o Departamento Pro- 3.5. Que se elabore um Plano vincial do Patrimônio Histórico Provincial de Evangelização e (DPPH), criando uma equipe com Missão, considerando as Diretriassessoria de um profissional, zes de Evangelização da Provínpara cuidar dos restauros, uma cia, o Plano de Pastoral Paroquial vez que são muitos bens histó- Franciscano e as experiências ricos, além da criação de outra atuais de evangelização. equipe para cuidar das bibliotecas e da documentação da Pro- 3.6. Que haja um fundo econôvíncia. mico para o inves�mento das Frentes do Secretariado Provin2.EM VISTA DA VIDA FRATERNA cial para as Missões e EvangeliE DA MISSÃO (MISSÃO E EVAN- zação. GELIZAÇÃO) 3.1. Que no presente triênio rea- 4. REDIMENSIONAMENTO: lizem-se os encontros das juventudes em nível paroquial, regio- 4.1. Que a Associação Santo Annal e provincial. tônio – Antonius Verein – (pessoa jurídica da Província na Ale3.2. Que no primeiro Conselho manha) transfira, dentro dos Plenário Provincial sejam trata- próximos três anos, a propriedadas as atribuições dos guardiães de dos terrenos e prédios de Bare dos párocos. Que estes se fa- del no território da Diocese de çam presentes. Osnabrück à respec�va diocese.
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Ao mesmo tempo se assine um contrato entre a Diocese e a Província que rege, entre outros, os seguintes pontos: *Moradia dos frades em Bardel; *Trabalho pastoral e outras a�vidades; *Cuidado dos frades, por causa de sua idade ou doença; *Suporte administra�vo para os frades alemães residentes em Bardel ou no Brasil; por exemplo, questões de aposentadoria, plano de saúde, etc. Observação: Frei Estêvão Ottenbreit se pron�fica para acompanhar esse processo. Se seria por Delegação ou nomeação, seria necessário definir. 4.2. Que a Fraternidade do Rosário, em João Pessoa, a ser cons�tuída no próximo Congresso Capitular, encaminhe as adaptações necessárias para que a casa funcione como acolhimento aos confrades enfermos e idosos que precisam de cuidados especiais. Que se cons�tua uma equipe interdisciplinar, incluindo os frades que já atuam na área da saúde, que trabalhe em vista de implementar essa decisão de forma planejada, tranquila e adequada. 4.3. Que a Província inicie o processo de entrega da paróquia de
Lagoa Seca aos cuidados da Diocese de Campina Grande. [Empate técnico. A questão ficou a critério dos encaminhamentos a serem dados pelo Governo Provincial.] 4.4. Que se inicie o processo de entrega da paróquia de Cosme de Farias. 4.5. Que se inicie o processo de entrega da Paróquia de Salgadinho. 4.6. Que se inicie a entrega da Paróquia de Cairu à Diocese de Amargosa e que se encaminhe o melhor modo de aproveitamento do Convento. 4.7. Que se inicie a entrega da Paróquia de São Francisco do Conde e que se faça um contrato de comodato entre a Província e a Diocese de Camaçari. 5. ALTERAÇÕES ESTATUTÁRIAS: 5.1. Eliminar o Ar�go 88 e alterar o Ar�go 89 dos nossos EEPP sobre a par�cipação de Deputados. Propõe-se a ex�nção dos Deputados, uma vez que a Província foi consideravelmente reduzida. Tal proposta aponta para a par-
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�cipação de todos os frades de discorre sobre a presença e os diProfissão Solene; todos estes se- reitos dos confrades bispos emériam convocados. ritos, em conformidade com o adendo feito aos EEGG no úl�mo A nova formulação seria: Capítulo Geral. Art. 89 §1 Os bispos eméritos que dese§1 Sendo a Província Franciscana jam retornar à Província manifesde Santo Antônio do Brasil uma tem por escrito o seu desejo ao en�dade OFM que deseja viver Governo Provincial, que designauma experiência de par�lha e rá uma fraternidade para acolhêpar�cipação em seus compro- -los. missos de vida fraterna e apos- §2 No retorno à Província, os bistólica, para o Capítulo Provincial pos eméritos estão sujeitos às são Capitulares todos os frades normas comuns da vida fraterna, de Profissão Solene. salvaguardando as normas do di§2 O voto dos Capitulares nas reito universal. decisões do Capítulo deverá ser § 3 Não gozam de voz a�va ou pessoal, sendo vedado o voto passiva. por procuração ou por carta. §3 Estão dispensados da par�- Dado na Casa de Santo Antônio, cipação obrigatória no Capítulo Ipuarana, Lagoa Seca, PB. Provincial os irmãos com mais de Aos 10 de janeiro de 2018. 75 anos e os irmãos residentes na Alemanha. A estes é facultado Frei Paulo Araújo dos o direito de enviar seu voto para Santos, OFM o primeiro escru�nio para MiSecretário do Capítulo nistro Provincial por carta para o Presidente do Capítulo. §4 Os irmãos que tomarem parte no Capítulo Provincial deverão se registrar no início do mesmo e a sua par�cipação deverá estender-se por toda a duração do Capítulo. 5.2 – Inserir um novo ar�go, que
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TABELA CAPITULAR
SECRETARIADOS E SERVIÇOS SECRETÁRIO PROVINCIAL Frei Faustino dos Santos
ECÔNOMO PROVINCIAL
Frei Severiano Alves Barbosa
SECRETÁRIO PARA AS MISSÕES E EVANGELIZAÇÃO
GOVERNO PROVINCIAL
Capítulo
SERVIÇO PROVINCIAL DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO
SERVIÇO LITÚRGICO PROVINCIAL Frei Sergio Moura
MINISTRO PROVINCIAL Frei João Amilton dos Santos VIGÁRIO PROVINCIAL Frei Sergio Moura Rodrigues DEFINIDORES Frei Rogério Lopes da Costa Frei Paulo Araújo dos Santos Frei Wellegton Jean Barbosa de Souza Frei Jonaldo Adelino de Souza Frei Pedro Júnior Freitas da Silva Frei Marcos Osmar Freire da Silva Sá
Coordenador
Frei Severiano Alves Coordenador
Frei Marcos Antônio Almeida
Frei Roberto Soares
Frei Joanan Marques
Frei Dennys Santana
Frei Arthur Bruno Secundino
CONSELHO ECONÔMICO E ADMINISTRATIVO PROVINCIAL
Frei Gilmar Nascimento da Silva
MODERADOR DA FORMAÇÃO PERMANENTE
Frei Walter Schreiber
Frei Francisco de Assis Beserra
SECRETÁRIO DE FORMAÇÃO E ESTUDOS
Frei Severiano Alves Coordenador
Frei Sergio Moura Rodrigues
Frei Francisco Alexandre ANIMADOR PROVINCIAL DO CUIDADO PASTORAL DAS VOCAÇÕES
Frei Alleanderson Brito da Silva
Frei Antônio Rodrigues Frei Anastácio Ribeiro
COMISSÁRIO DA TERRA SANTA
Frei Luis Augusto Ferreira Lessa
REPRESENTANTE DOS PÁROCOS:
EQUIPE PROVINCIAL DE COMUNICAÇÃO
ANIMADOR DO JPIC
Frei César Lindemberg Serafim
REPRESENTANTE DOS GUARDIÃES: ARTICULAÇÃO COM A FAMÍLIA FRANCISCANA
Frei José Carlos Fernandes da Silva
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Frei César Lindemberg
Frei Francisco de Assis Beserra
Frei Francisco Rogério
Frei Erick Ramon
Frei Marcondes Uchôa
Frei Flávio Lorrane
Frei Mendelson Branco
Frei Faustino dos Santos Coordenador Frei Dennys Santana Ferreira
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Casas da Província PERNAMBUCO RECIFE – PE Frei Romualdo Bezerra de Araújo – Guardião Frei Antônio José Lima – Vigário da casa Frei João Amilton dos Santos – Ministro Provincial Frei Faus�no dos Santos – Secretário Provincial Frei Severiano Alves Barbosa – Ecônomo provincial Frei Humberto Bruegger Frei Protásio Stücker Frei Paulo Calixto Frei Juvenal Santos Carneiro Frei Marcos Antônio Almeida Frei Roberto Soares de Oliveira Frei Ronaldo César de Souza Santos OLINDA – PE Frei Rogério Lopes da Costa – Guardião Frei Adriano Ferreira da Silva –Vigário da casa Frei José Milton Azevedo Coelho Frei Aloísio Fragoso de Morais Frei Carlos Antônio Silva Santos – Pároco Frei Wilson Alves da Silva PESQUEIRA – PE Frei Francisco de Assis – Pároco e Guardião Frei José Domingos de Barros – Vigário da casa Frei Francisco Fernando da Silva Frei Manoel Ferreira Ferro IPOJUCA – PE Frei Antônio Rodrigues – Pároco e Guardião Frei Luís Augusto Ferreira Lessa – Vigário da casa Frei Ricardo Ferreira dos Santos Frei Sinésio Araújo Frei Fernando Pinheiro de Araújo TRIUNFO/POSTULANTADO - PE Frei José Gilton Rezende: Guardião e Vice-mestre Frei Hilton Francisco da Cruz: Vigário da casa Frei Paulo Araújo dos Santos: Mestre PARAÍBA CAMPINA GRANDE – PB Frei Pedro Júnior Freitas – Pároco e Guardião Frei Juscelino da Silva Pinto – Vigário da casa
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Frei Josafá Araújo Filho Frei Petrônio Cardoso Frei Hermano José Cürten Frei Joanan Marques de Mendonça JOÃO PESSOA – PB Frei José Carlos Fernandes da Silva – Guardião Frei Anastácio Ribeiro – Vigário da casa Frei Vito Hoffman Frei Hermano Heyens Frei Wellegton Jean Barbosa de Souza – Pároco LAGOA SECA/NOVICIADO - PB Frei Francisco Alexandre de Lima: Guardião Frei Janael Vieira da Silva: Vigário da casa e Vice-Mestre (Noviciado) Frei Wellington Buarque Souza: Mestre (Noviciado) Frei Hermano José Schwartbeck (Noviciado) Frei Anésio Gomes Frei Salvador Macedo de Oliveira Frei Urbano Kaup BAHIA SALVADOR – JUNIORATO – BA Frei Marcos Osmar – Guardião e Vice-mestre Frei José Edilson Maurício –Vigário da casa Frei Albano Pereira Nóbrega Frei Leônidas Meneses Frei Arnaldo Mo�a e Sá Frei José Antônio de Góis Frei Casimiro Pereira Frei Vicente Ferreira da Silva Frei João José da Silva Frei Hermano Wiggenhorn Frei Cristóvão Aprígio do Desterro Frei Augusto Dirksmeyer Frei Severino Fernandes de Sousa Frei Sergio Moura Rodrigues – Mestre Frei Mendelson Branco da Silva Frei Jailson Mercês de Oliveira Frei João Pedro Lima Costa CAMPO FORMOSO – BA Frei Ricardo Gomes da Silva– Guardião Frei Dennys Santana Ferreira – Vigário da casa Frei Miguel Evaristo Filho Frei José Davi dos Santos – Pároco SÃO FRANCISCO DO CONDE – BA
Frei Rogério Rodrigues – Pároco e Guardião Frei Felisberto de Brito – Vigário da casa Frei Ivo Alves Luna Frei Marcondes Uchôa da Silva (Experiência Fraterno-Missionária) Frei Clerison Carvalho Cruz (Experiência Fraterno-Missionária) CEARÁ FORTALEZA/JUNIORATO – CE Frei Francisco Rogério– Guardião e Mestre Frei César Lindemberg – Vigário da casa Frei Sigismundo Feitosa Gomes Frei Adimar Colaço Frei Francisco Édson da S. Mendes– Pároco e Vice-mestre Frei Izael Silva de Santana Frei Erick Ramon Pereira de Lima Frei Diolindo Santos Lima Frei Jean Santos da Silva Frei Flávio Lorrane Clemen�no de Almeida
ARACAJU – SE Frei Francisco Gonçalves – Pároco e Guardião Frei José Firmino Neto – Vigário da casa Frei Raymundo Hue�en Frei Antônio Carlos de Góis Cajueiro ALEMANHA BARDEL Frei Guilherme Ruhe – Guardião Frei Boaventura Keuter – Vigário da casa Frei Crisóstomo Wolters Frei Wendelin Krüger Frei Joaquim Michael Frei João Berendsen METTINGEN Frei Donato Kestel Frei Osmar Gogolok
CANINDÉ – CE Frei Jonaldo Adelino – Guardião e Pároco Frei Macelo Freitas da Silva – Vigário da casa Frei Adalberto Ferreira Lessa Frei Mar�nho Lammers Frei Osmar da Silva Frei José Haring Frei João Sannig – Responsável pelo Hospital S. Fco Frei Marconi Lins de Araújo – Reitor do Santuário e Responsável pelo Sistema Paz e Bem de Comunicação. Frei Jurandir Caetano Bezerra
FRADES EXTRA PROVÍNCIA
RIO GRANDE DO NORTE
CUBA Frei José Teixeira Rodrigues
MOSSORÓ – RN Frei Gilmar Nascimento – Pároco e Guardião Frei Agos�nho Vieira Xavier – Vigário da casa Frei Francisco de Assis Coelho Costa Frei Alleanderson Brito da Silva ALAGOAS PENEDO – AL Frei Walter Schreiber – Guardião Frei Lenilson Santana Santos – Pároco e Vigário da casa Frei Aluísio Domingos de Barros Frei Artur Bruno Secundino Medeiros (Experiência
Capítulo
Fraterno-Missionária) SERGIPE
RORAIMA–Experiência Fraterno-Missionária Frei Elias Pereira Gertrudes Frei Willames Ba�sta do Nascimento ROMA – Estudos Frei Wellington Reis da Conceição Frei Francisco Robério Ferreira de Souza JERUSALÉM Frei Domingos Sávio Silva Damascena Frei Elivânio Luiz da Silva
FRADE(s) BISPO(s) EM EXERCÍCIO NO MINISTÉRIO DIOCESE DE JUAZEIRO-BA Dom Frei Carlos Alberto Breis Pereira FRADES EM OUTRAS SITUAÇÕES FRADE(s) EXCLAUSTRADO(s) Frei Luiz (Almeida) Ponciano Celes�no FRADE(s) LICENCIADO(s) Frei Marcos Carvalho Macedo 2018 / Fev - Jan
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a Celebração Eucarís�ca do dia vinte e três de janeiro (terça-feira), às 18h, na Igreja do Convento São Francisco de Assis, situada no Bairro do Pelourinho em Salvador – BA, Frei Jaílson das Mercês de Oliveira, OFM, fez a Profissão dos Votos Temporários de Obediência, Cas�dade e Sem nada de próprio. A missa foi presidida por Frei Antônio de Melo Francisco do Nascimento, OFM, Mestre dos Frades de Profissão Temporária da Província Franciscana de Nossa Senhora da Assunção. Em sua homilia, Frei Melo destacou a alegria do povo de Deus ao receber a Arca de Deus, quando Davi transportou para sua cidade, (2 Samuel 6,12-15.17-19) relatada na primeira leitura. Assim como a Arca era sinal de Deus para seu povo e mo�vo de alegria, por meio dos votos, Frei Jaílson é também instrumento da presença de Deus junto ao seu povo. A acolhida dos votos do professando coube ao guardião da Fraternidade São Francisco, Frei Marcos Osmar Freire da Silva Sá, OFM, delegado do Ministro Provincial, Frei João Amilton dos Santos, OFM. Após emi�r os votos, Frei Jaílson foi acolhido pela Fraternidade São Francisco em Salvador – BA, onde dará con�nuidade a sua formação religiosa, cursando filosofia e ajudando nos trabalhos da fraternidade e serviços pastorais. Frei Jaílson já havia feito a Primeira Profissão Temporária dos Votos, em dois de fevereiro de dois mil e dezesseis (02/02/2016), mas, por mo�vos par�culares, teve que interromper a formação. Em novembro de 2017, teve o aval do Definitório Provincial e Geral para ser readmi�do à Ordem dos Frades Menores, na Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil. Na Ordem dos Frades Menores, o tempo da profissão temporária é o “período durante o qual se completa a formação para viver de modo mais pleno a vida própria da Ordem e melhor cumprir sua missão”. Na Província Franciscana Santo Antônio do Brasil, os votos dos professos temporários são renovados anualmente, na Festa do Perdão de Assis, dia 02 de agosto, até o momento em que seja realizada a Profissão Solene ou Perpétua. A Celebração Eucarís�ca contou com a par�cipação dos devotos de Santo Antônio, que marcam presença na Igreja São Francisco todas as terças feiras, também a fraternidade do Convento e demais confrades que estavam no Convento São Francisco, par�cipando do Curso Interprovincial de Franciscanismo, provenientes da Província Franciscana Nossa Senhora da Assunção, (PI/MA) Custódia Franciscana de São Benedito da Amazônia (AM, PA e RR). Ao Frei Jailson, muita tranquilidade e perseverança na caminhada. FREI MENDELSON BRANCO, OFM FREI MARCONDES UCHÔA, OFM
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PROVÍNCIA CELEBRA ORDENAÇÃO DIACONAL DE SEIS FRADES
“Tende em vós os mesmos sen�mentos de Cristo: humilhou-se e se fez servo” (Fl 2, 5.7)
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om essas palavras São Paulo convidava a comunidade de Filipos para viver conforme Cristo viveu, dando testemunho de humildade e serviço a todos. Foi essa mesma passagem que Frei Rogério Lopes, Frei Juscelino da Silva, Frei José Edilson, Frei Dennys Santana, Frei Alleanderon Brito e Frei Faus�no dos Santos escolheram para servir de inspiração e projeto no ministério que naquele momento abraçaram. A ordenação diaconal, ocorrida aos quatro de fevereiro na Igreja do Convento São Francisco, em Salvador – BA, foi um momento de muita emoção e espiritualidade. Contando com a presença de familiares, amigos, religiosos, padres diocesanos, membros da Família Franciscana e tantas outras pessoas, a Igreja se embelezou do calor humano ali presente. A duração da Ordenação Eucarís�ca, presidida por D. Frei José Häring, OFM, Bispo Emérito da
Diocese de Limoeiro do Norte CE, tornou-se curta diante da beleza e envolvimento do rito celebra�vo, que se conjugava com a beleza daquela Igreja dourada. As lágrimas que se iniciavam nos rostos dos frades ordenandos se estendiam àqueles olhares atentos do povo presente na celebração. Mas a emoção não deixou de marcar o tom da entrega e da responsabilidade que o sacramento da ordem exige. As lágrimas confirmavam a seriedade e profundidade com que a Ordenação acon-
tecia. Convidados a ter o mesmo sen�mento de Cristo, os seis confrades foram reves�dos com as estolas e dalmá�cas recordando Jesus quando, na Úl�ma Ceia, cingiu-se com o avental do serviço deixando o testemunho de humildade e doação. Foi esse propósito que se uniu ao reves�mento: os diáconos devem dar testemunho da Palavra pela prá�ca do serviço e da caridade! Após a celebração que se encerrava em cada abraço de felicitações e incen�vo por parte do povo, seguiu-se o momento da par�lha do pão, como prolongamento da Ceia Eucarís�ca. Nesse momento de confraternização, todos se tornaram parte de uma única mesa, a do pão, da dança e da alegria. Que o Senhor da Vida conceda a esses seis confrades es�mulo, alegria e coragem para exercer o ministério que abraçaram e conforme ordenou Jesus Cristo. Que eles sejam, pela vida e pela pregação, anunciadores das virtudes da Jus�ça e da Paz que exigem o Reino de Deus. Frei Faustino dos Santos (Diácono)
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PROVÍNCIA ADMITE JOVENS AO POSTULANTADO
PARA FACILITAR A
COMUNICAÇÃO Caros confrades! Apresentamos os novos e-mails para uso do nosso setor administra�vo. As nossas comunicações com os Conventos serão através destes e-mails. Ministro Provincial – João Amilton provincial@ofmsa.org Secretaria Provincial-ofmnordeste@gmail.com Economato – Frei Severiano, Roberta adm@ofmsa.org
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a manhã deste dia dezoito de fevereiro, na cidade de Triunfo – PE, a Província se alegrou com a chegada de vinte e quatro (24) jovens que, após fazerem o discernimento vocacional durante a etapa do Aspirantado, se dispuseram a vivenciar a etapa do Postulantado. A acolhida aos jovens se deu às sete horas da manhã na Missa do primeiro domingo da quaresma. A Celebração Eucarís�ca foi bonita, preciosa e rica, com bastante espiritualidade. Ela contou com a presença do povo de Deus de Triunfo, que inclusive se destaca pela acolhida, pelo amor que tem para com os frades, desde aqueles primeiros que no passado chegaram, até os nossos dias, com os novos que chegam. Nota-se que as pessoas acreditam no trabalho dos frades e reconhecem os passos que são dados a cada nova composição da fraternidade. É uma verdadeira simpa�a do povo para com aqueles que em Triunfo chegam! Marcaram presença na Missa, ainda, além do Vigário Provincial, Frei Sérgio Moura, que estava em nome do Provincial e presidiu a Celebração, Frei Paulo Araújo e Frei Gilton Rezende que compõem a equipe forma�va dessa etapa, Frei Ronaldo César, a Ordem Franciscana Secular, a Jufra, as Irmãs
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Franciscanas Maristella e tantas outras pessoas. Os presentes testemunharam esse momento de adesão inicial da caminhada vocacional desses jovens. A etapa do Postulantado é um momento de disposição para caminhar nos caminhos de Jesus Cristo e se configurar a Ele pela fraternidade e pelo modo franciscano de ser. Ver, portanto, a disposição desses jovens ajuda-nos a rezar e a contemplar a ação de Deus que age no mundo e ainda encontra jovens dispostos a servi-Lo na Igreja, no mundo e na fraternidade provincial. Perseverança aos nossos jovens! POSTULANTES DO 1º ANO Aelson Costa de Araújo Clodoaldo de Jesus Emerson da Silva Alves Felipe Ferreira de Almeida Cruz Francisco Bruno Silva Mendes Henrique Michel Jacob de Souza Jaime Galdino dos Santos Neto João Pedro Mar�ns Germano Jonielson Rios Silva
Setor de Pessoal - Aldilene pessoal@ofmsa.org José Hélio Vieira da Silva José Paixão Mar�ns de Jesus Lucas Santos Oliveira Luzinaldo Vital dos Santos Victor Hugo Braga Pereira Walmir Araújo Neto Cleanto Wilker Freire Vasconcelos POSTULANTES DO 2º ANO Carlos Roberto Alves Pontes Francisco Alexandro Silva Barbosa Francisco José Sampaio de Sousa Genilson Silva dos Santos Kleber Dias de Lucena Thiago da Silva Oliveira Valdy Emanoel da Silva Ramos Welivelton Luiz Félix dos Santos FREI SÉRGIO MOURA RODRIGUES, OFM (Vigário Provincial)
Contabilidade - Leivson contabil@ofmsa.org Aracaju -- aracaju@ofmsa.org Campina Grande-- cgrande@ofmsa.org Campo Formoso-- cformoso@ofmsa.org Canindé-- caninde@ofmsa.org Fortaleza-- fortaleza@ofmsa.org Ipojuca-- ipojuca@ofmsa.org Ipuarana--convento70@yahoo.com.br João Pessoa--jpessoa@ofmsa.org Mossoró--mossoro@ofmsa.org Olinda--olinda@ofmsa.org Penedo--penedo@ofmsa.org Pesqueira--pesqueira@ofmsa.org Salvador--ofmbahia@gmail.com Triunfo--triunfo@ofmsa.org Atenciomanente, Frei Severiano Alves – Ecônomo Provincial
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CUSTÓDIO DA TERRA SANTA VISITA A NOSSA PROVÍNCIA
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uando relembro a a�tude do Pobrezinho de Assis de ir à Terra Santa, desarmado e cheio de humildade num momento de conflitos in�tulado de “Guerra Santa”, clamando por Paz entre os exércitos Mulçumano e Cristão (Cruzada), penso numa a�tude que só poderia ser tomada por alguém movido pelo Espírito Santo. Este grande feito realizado por Francisco con�nua, nos dias atuais, encorajando outros irmãos menores a fazerem florir pequenos botões de esperança que exalam a Paz e o Bem. No próximo ano (2019), a Ordem dos Frades Menores culminará as comemorações dos 800 anos (1219-2019) da presença franciscana nos locais sagrados da Terra santa, advinda do encontro do nosso Pai São Francisco com o Sultão Malek-al-Kamel (Líder Mulçumano da época), que abriu uma janela para o um diálogo entre as duas religiões. Por esta ocasião o Custódio da Terra Santa, Frei Francesco Patton, OFM (Italiano), juntamente
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com dois definidores, Frei Bruno Varrione, OFM (Brasileiro) e Frei Marcelo Cichinelli, OFM (Argen�no), visitaram algumas principais dioceses do Brasil e algumas Províncias onde existe o Comissariado da Terra Santa, dentre elas a Província Franciscana de Santo Antonio do Brasil. O encontro na Província se deu nos dias 01 e 02 de fevereiro do ano corrente. Durante uma conferência que fora realizada no primeiro dia de sua visita no Convento de São Francisco em Olinda-PE (Primeiro Convento Franciscano do Brasil), o Custódio apresentou por meio de dados esta�s�cos a missão dos Franciscanos em vários lugares do Oriente Médio, sendo presença em locais sagrados, em obras sociais e em lugares de constantes conflitos e bombardeios como a Síria. As contribuições e visitas à Terra Santa foram também citadas pelo Custódio com um verdadeiro sen�mento de agradecimento por tão grande empenho e generosidade em contribuir com
a missão que os frades exercem (escolas, hospitais, casas de refugiados, etc...). Lembrou ainda da comemoração dos 300 anos da aparição da imagem da Imaculada Conceição de Maria aos pescadores no Rio Paraíba, contemplando a mensagem de igualdade que a Virgem Mãe Aparecida, transmi�u para aquele momento da história do Brasil e con�nua até nossos dias para o mundo todo. Por fim, o Custódio Frei Francesco, pediu com veemência que rogássemos ao Sumo bem por Paz em todo o mundo, mas em par�cular pela Paz no Oriente Médio. Nesta conferencia estavam presentes Fr. João Amilton OFM (Ministro Provincial), Fr. Sérgio Moura OFM (Vigário Provincial), Frei Guto Lessa OFM (Comissário da Terra Santa na Província), Fr. Edilson Rocha OFM (Comissário da Terra Santa na Custódia de São Benedito da Amazônia), demais frades da Província Franciscana de Santo Antonio do Brasil, Frades Capuchinhos, OFS, Contribuintes da Terra Santa e Leigos
da comunidade, onde no final puderam se confraternizar. No dia seguinte, dia da Apresentação do Senhor e da Vida Religiosa Consagrada, foi celebrada a Santa Missa de conclusão da visita do Custódio da Terra Santa à nossa Província, presidida pelo mesmo, o Frei Francesco Pa�on OFM, que agradeceu a acolhida que recebeu em solo nordes�no. Durante a Santa Missa, onde a liturgia nos apresentou José e Maria indo ao templo apresentar Jesus, oferecendo-o ao Senhor para cumprir a Lei Mosaica, celebramos a oferta da vida do Frei Elivânio Luiz da Silva, OFM à missão da Igreja na Custódia da Terra Santa em Jerusalém. Nesta ocasião o Custódio e o Provincial proferiram palavras de encorajamento e de Fé ao Jovem Frade Franciscano. Com todos estes acontecimentos durante esses dias, fica ainda mais forte a certeza de
Evangelização e Missão
que devemos ir aonde o Espírito Santo nos conduz, e também o sen�mento de gra�dão aos Frades que cuidam com tão grande zelo dos locais sagrados da nossa redenção na Terra Santa, o Quinto Evangelho como disse o Papa
Paulo VI. Que o Pai Seráfico São Francisco de Assis interceda por esta bela missão da Ordem. A todos, Paz e Bem. PAULO JOSÉ Pré-noviço
PALAVRAS DO CUSTÓDIO DA TERRA SANTA SOBRE VISITA AO BRASIL
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oi uma experiência muito posi�va e de encontro com a Igreja local. Tive a oportunidade de conhecer vários Bispos e também a possibilidade de encontrar os Comissários, isto é, os frades que trabalham para a Terra Santa. Foi muito importante conhecer os lugares onde os comissários
realizam o trabalho, o que nos ajuda a entender as dificuldades que eles enfrentam, principalmente quanto às distâncias que são grandes. É um trabalho muito, muito grande. Eu visitei Aparecida no Brasil e depois Luján na Argen�na, e pude ver como a Virgem Maria se manifestou aos pobres, porque a imagem de Aparecida foi encontrada pelos pescadores e, desta manifestação, nasceu a devoção. O Brasil é uma grande nação com o maior número de católicos. Tem
uma presença de Igreja muito importante e significa�va. Desde o ano passado vimos o número de peregrinos provenientes do Brasil triplicar. Em 2016 foram cerca de 9 mil, em 2017 foram mais de 30 mil. Estar com as pessoas é sempre muito bom, faz parte da nossa vocação. FR. FRANCESCO PATTON, OFM Custódio da Terra Santa (Em entrevista concedida à Christian Media Center)
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ENCONTRO DO MINISTRO GERAL E SEU DEFINITÓRIO COM AS CONFERÊNCIAS BRASILEIRAS E DO CONE SUL
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São Paulo – 11 a 17 de fevereiro de 2018
urante os dias 11 e 17 de fevereiro de 2018 a Província da Imaculada acolheu a reunião do Governo Geral da Ordem dos Frades Menores com as Conferências das Províncias Brasileiras e do Cone Sul. Para cada início de dia havia Celebração Eucarís�ca com a par�cipação do Povo de Deus. No começo dos trabalhos, após as apresentações dos Provinciais e Custódios das referidas En�dades, a palavra foi dirigida ao Ministro Geral, Frei Michael A. Perry que falou que o projeto de cada Província e Custódia deve ter em vista a busca de uma autên�ca vida evangélica, que requer um programa comum, diálogo entre as fraternidades, a realização diária do capítulo local; requer também caminhar num clima fraterno e de confiança, formar frades menores sem clericalismo
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e primar pelas formações inicial e permanente. Ainda no inicio dos trabalhos houve uma projeção em cores das localidades das Províncias e Custódias brasileiras, dentro do mapa da América La�na. Em seguida foram apresentadas as Províncias do Cone Sul que estão presentes nos países da Argen�na, Chile e Paraguai. Durante o período de apresentação das realidades Provinciais e Custodiais, cada Provincial �nha um tempo estabelecido de quinze minutos para tal apresentação. Foi um momento muito rico. Mostrou-se em síntese os avanços, desafios e as estratégias a serem organizadas, par�lhadas e implementadas em cada realidade. Nas apresentações se percebeu uma preocupação em enfa�zar os pontos que correspondem e re-
presentam os desafios e exigências para a nossa vida e missão: o trabalhar em comum, a moradia, presença e o compromisso social junto aos empobrecidos. Frisou-se que, como franciscanos, devemos dar um testemunho de minoridade e de presença, ques�onando a realidade social, a crise que sofre a América La�na e o mundo. Percebe-se que os interesses polí�cos são extremamente egoístas e por isso há uma invisibilização dos pobres. No Brasil o agronegócio destrói a natureza. Há um constante aumento do tráfico de drogas, cresce a violência e os pobres são as ví�mas que mais sofrem as consequências. Foi visto que várias ações precisam ser feitas: um trabalho consistente com a juventude, tornar prioritárias as missões inter gentes e ad gentes, ser presença em outros países, reforçar os eremi-
térios existentes, ter um corpo de formadores que corresponda às etapas de formação, trabalhar de forma colegiada, encontros, re�ros, formação por etapas, seja em nível de En�dade, Conferência ou Ordem. Algumas dificuldades existem e desinstalam a todos: sair em missão, ir às periferias existenciais, sair do comodismo, do pessimismo. Percebe-se pouca energia para desempenhar os trabalhos fraternos e pastorais. Não há humildade, há poucos sonhos e individualismos. Notam-se frades sobrecarregados, uns até com cinco funções e outros com uma função apenas e ainda são desleixados. Há frades com capacidades e condições �sicas boas, mas que não se dispõem a assumir trabalhos mais exigentes. Frente a esse quadro são exigidos serviços dos idosos que já não têm condições �sicas para assumir trabalhos pesados. Dentro da programação houve a oportunidade de todos visitarmos alguns projetos sociais assumidos pela Província da Imaculada na periferia de São Paulo e no centro. No Bairro Jardim Peri, por exemplo, existe um trabalho de convivência com as crianças, adolescentes e seus familiares. Esse é um bairro muito pobre com 300 mil habitantes. Na localidade chegam crianças e adolescentes para fazer trabalhos manuais, arte, música e formação humana. Outro exemplo é a “Casa Mãe” onde, a cada dia, grupos de idosos se dirigem para fazer terapia, rezar, cantar e receber formações. A casa dos imigrantes também foi visitada. É uma localidade onde se recebe, diariamente, famílias e jovens de vários países da África
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que, por questões polí�cas, deixam seus países e vem se refugiar no Brasil em busca de uma vida digna. Estes são muito bem acompanhados, inclusive por religiosas. Ainda houve tempo para se conhecer as dependências do convento no centro de São Paulo onde an�gamente era um cinema. Nesse local chegam os moradores de rua que diariamente recebem café da manhã, almoço e no meio da tarde o “Chá do Padre”, ação que dá nome ao local. São quatro mil moradores de rua que passam por mês no “Chá do Padre”. Assistentes sociais, psicólogos e os frades fazem o acom-
panhamento específico valorizando estas pessoas sem família e em estado de risco. Essas ações se configuram como um trabalho bastante exigente, afinal, são trabalhos com pessoas sem perspec�vas de emprego e a maioria delas não quer voltar para a família, além de muitas outras complicações pessoais. Na sexta-feira nos dirigimos ao Santuário/Basílica de Nossa Senhora Aparecida. Foi um dia diferente e de grande esperança. Todos rezamos diante da Imagem peregrina. Nesse dia houve tempo para visitar vários setores do complexo do Santuário,
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par�cipar da Santa Missa e, ao meio dia, almoçar em Guara�nguetá, na casa de formação dos frades da Imaculada. Foi aí que o Ministro Geral se reuniu com os confrades daquela fraternidade. Depois houve o regresso a São Paulo. No sábado, úl�mo dia do encontro, foi o momento da avaliação. E com palavras finais, Frei Michael A. Perry disse que foi uma grande alegria para os membros do Definitório Geral e para ele próprio estarem com os membros das Conferências durante esses dias de encontro. Foi ocasião para refle�r sobre a situação da Ordem no contexto de suas Conferências e procurar responder à pergunta sempre relevante: “O que Deus está pedindo hoje para nós, Frades Menores, no contexto do mundo, da Igreja, da Ordem e, mais especificamente, na região da América La�na e do Caribe?”. Provocou ainda: “Em diferentes regiões da Ordem, onde estamos experimentando um declínio numérico e um enfraquecimento da nossa capacidade de avançar com as estruturas existentes, tem havido um desejo de
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focar na revitalização do carisma franciscano? Neste processo, os frades são convidados novamente a retomar a origem do nosso carisma, aos valores não negociáveis que potencializam a razão de ser da nossa vida franciscana na Igreja e no mundo. Depois do Concílio Va�cano II, a Ordem tem buscado encorajar os frades e empreender uma análise séria sobre a qualidade da dimensão evangélica, espiritual, fraterna, missionária e forma�va de nossa vida”. O Ministro Geral, com bastante
simplicidade, foi muito claro e direto. Ele concluiu dizendo: “Convido vocês, fraternalmente, a dirigir seu olhar para Cristo, a fonte de nossa esperança e de nossa salvação, tendo em conta as palavras encorajadoras escritas na primeira Carta de São João: “Amados, desde agora já somos filhos de Deus, embora ainda não se tenha tornado claro o que vamos ser. Sabemos que quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque nós o veremos como Ele é” (1Jo 3,2).
Formação
CURSO INTERPROVINCIAL DE FRANCISCANISMO “História Franciscana: Origem e Posteridade”.
Recife, 21 de fevereiro de 2018 FREI JOÃO AMILTON Ministro Provincial
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conteceu de 15 a 27 de Janeiro, o Curso Interprovincial de Franciscanismo no Convento de São Francisco, em Salvador – BA. O Curso teve a par�cipação dos Junioristas da Custódia de São Benedito, da Província Franciscana Nossa Senhora da Assunção e da Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil. O tema trabalhado foi: “História Franciscana: Origem e Posteridade”. Os assessores abordaram temas importantes da história do carisma Franciscano. Sobre o “Contexto histórico da sociedade da Igreja medieval” se contou com a assessoria do Frei Joanan Marques de Mendonça, OFM. Este apresentou o ambiente da época, seus desafios e a posição da Igreja diante disso. Foi apresentado pelo Comissário da Terra Santa, Frei Luís Augusto Ferreira Lessa, OFM, a “Historia e atual atuação dos Frades Menores na Custódia da Terra Santa e Missões no Oriente”. Ele apresentou os desafios da evangelização nestes lugares, a história
da presença Cristã e Franciscana e também o cul�vo da devoção aos Locais Santos. Frei Celso Márcio Teixeira, OFM, nos apresentou o jovem Francisco Bernardoni em sua caminhada de conversão. Ele se baseou nos biógrafos da vida de São Francisco con�dos nas Fontes Franciscanas e também no contexto histórico em que Francisco viveu. Ele mostrou o jovem Francisco em sua trajetória de vida e experiência de in�midade com Deus que o conduziu para o meio dos mais necessitados. O historiador Frei Marcos Antônio de Almeida, OFM, abordou a presença do carisma franciscano na história do Brasil baseado em diversas fontes históricas e através do estudo das crônicas de Frei Antônio de Santa Maria Jaboatão, OFM. Abordou ainda a história do convento de Paraguaçu (esse estudo foi feito nas ruínas do an�go convento, onde, no local, fez uma reflexão dos azulejos portugueses do convento, bem como da Igreja do convento).
Frei Roberto Soares, OFM, apresentou o Arquivo Provincial, mostrou a importância de preservar os arquivos e os relatos de nossa história e por fim foi composta uma mesa redonda com a presença da Profª Dra Ana Palmira (UESB), Profª Maria Helena Ochi Flexor (UCSAL), Prof. Dr. Moreno Pacheco (UFBA) e a Prof. Ms. Paula Ruas, OFS (UESB) com a moderação de Frei Marcos Antônio. Além do rico aprendizado, o Curso Interprovincial de Franciscanismo proporcionou diversos momentos de comunhão fraterna, como por exemplo, a convivência entre os frades das Províncias par�cipantes e a noite cultural onde foram apresentados traços culturais do Norte e Nordeste brasileiros. O curso encerrou-se com a Celebração Eucarís�ca e despedida dos frades que completaram os três módulos do curso. FREI MENDELSON BRANCO DA SILVA, OFM
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Formação
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A IDENTIDADE FRANCISCANA
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Autoconhecimento e auto aceitação – Quem somos nós?
ais do que uma receita concluída, ou um pacote conceitual fechado, a iden�dade franciscana se dá historicamente em sua gênese, crescimento e evolução. Três perguntas se fazem importantes para a compreensão desta forma histórico-crí�ca de apreensão da realidade. São elas: 1- O que é iden�dade? 2- E o que é carisma? 3- Qual a relação entre carisma e ins�tuição? E�mologicamente iden�dade significa o que caracteriza o indivíduo e o dis�ngue dos demais (sua diferença). Deve ficar
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bem entendido que a diferença não define um indivíduo como melhor ou pior que outro. Carisma por sua vez é um Dom, uma graça ou dádiva, esta concepção vem da teologia paulina, mais especificamente do texto de São Paulo aos Corín�os “os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo”. Sobre o carisma podemos acrescentar mais duas questões corriqueiras, que de tão faladas tornaram-se naturalizas (em tom de afirma�vas categóricas) nos discursos sobre franciscanismo: A ins�tuição mata o carisma? Ela é um mal necessário? Con-
trariando tais afirmações ousamos dizer que o carisma só existe quando é ins�tuído. Carisma sem ins�tuição é pura fantasia. Pensar um carisma sem ins�tuição é uma abstração. Analisemos os fatos como aparecem na sequência cronológica: Francisco recebe uma inspiração e pressupõe que ela vem de Deus, ele tem a intuição que Deus está a lhe dizer algo, e em seguida vê naquela inspiração uma proposta divina, que “aceita e quer viver”. E justamente esta decisão é a ins�tuição do carisma. Só existe o carisma quando
ele é ins�tuído, ou seja, quando a pessoa que recebeu a inspiração se decide por ele. Portanto, a ins�tuição é o engajamento da vontade: “É isto que eu quero...” Mas daí decorre uma outra pergunta per�nente: o que sufoca o carisma? As estruturas que aos poucos vão sendo acumuladas. Quando Jesus diz, “nada leveis pelo caminho”, é porque ele sabe que nós amamos as estruturas faraônicas, que muitas vezes construímos para os outros e não para nós, a exemplo dos lideres religiosos judeus que sufocaram o povo com 613 prescrições, um
verdadeiro labirinto da �rania. A intuição de Francisco se orienta pelo que Jesus lhe diz nos evangelhos. Vejamos: A leitura do Evangelho do envio: enviar = em via; percorrer o caminho – Francisco ouve este Evangelho, pede explicação e diz: “é isto que eu quero...” ins�tui o carisma. Nada leveis pelo caminho: esta palavra lhe marca tão profundamente que sua a�tude foi muito concreta, despiu-se de tudo e colocou um hábito pobre, e “pelo caminho” viveu a pobreza, Francisco sen�u-se enviado. A iden�dade franciscana é a iden�dade evan-
gélica que nasce em movimento – pobreza em movimento e em função do movimento, porque quanto menos se tem melhor é para caminhar. Em primeira instância, o carisma não nasce em fraternidade, ele começa com Francisco sozinho, só algum tempo depois quando Bernardo e Pedro Catani juntam-se a Francisco que então ele entende que o Senhor havia lhe dado irmãos, e assim seu carisma ganha um caráter de fraternidade. Ele é o primeiro a chamar um grupo de religiosos de Frater. Em sua época surgiram as fraterni-
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tas, espécie de sindicatos. Essas fraternitas serviam para defender os interesses de categorias de trabalhadores diversos. Francisco, no entanto, não queria defender uma categoria, mas ser família: irmãos espirituais que assumem todas as consequências que resultam dessa experiência. Família é ser igual entre iguais. É por isso que na visão de Francisco o guardião não é superior aos demais, pois o conceito de obediência franciscana não é ver�cal, mas horizontal e mútua. Não há superiores: há ministros (aqueles que servem). Francisco Bernardoni acolhe Bernardo e Pedro Catani e com eles procurara um sacerdote e três textos são apresentados (não se tratava de sortes apostolorum). O que houve foi uma escolha consciente. O texto diz: “revolventes Evangelium”, ou seja, revolviam o Evangelho, procuravam voluntariamente por um modo de viver, porque para Francisco a vida evangélica não era abstração e por isso escolhe aquilo que quer viver concretamente. Viver o
Evangelho para estes três primeiros frades está compreendido nestes três textos. O 1° texto: “se queres ser perfeito, vai e vende tudo o que tens e dá aos pobres”. Vejamos bem, Chico está à procura de uma forma de vida com mais dois companheiros.
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O seguimento de Cristo na itinerância é o seguimento do Cristo da Cruz.
Este primeiro texto responde aos anseios de Bernardo (que fora um homem muito rico) com relação à pobreza. O 2° texto: “Nada leveis pelo caminho”. É exatamente o texto ouvido por Francisco na Porciúncula. O 3° texto: “Negue-se a si mesmo”, tome a sua cruz e me siga. Há, portanto, uma escolha consciente de textos com base em ideias centrais – expropriação, pobreza e seguimento – não era uma
escolha a esmo. O seguimento de Cristo na i�nerância é o seguimento do Cristo da Cruz. Em seguida Francisco quis e criou a regra. “E esta será a nossa regra”, “Eu quis escrever uma regra e o Sr. Papa ma confirmou”. Ele quer viver o evangelho de forma profunda. Procura um caminho para colocar em prá�ca os elementos con�dos nos textos evangélicos e a regra explicita o caminho. Em fevereiro de 1208 após chegarem os dois primeiros irmãos, uma semana depois chega frei Egídio. Os quatro confrades resolvem pra�car a pregação i�nerante. Uma outra questão muito recorrente é saber se Francisco queria fundar uma Ordem. Bom, ele escreveu uma Regra e por inicia�va própria foi pedir a aprovação da mesma, logo, queria sim fundar uma Ordem. No início não pensava nisso, mas quando o Senhor lhe deu irmãos, claro que pensou! Uma Ordem ins�tuída, aprovada pela Igreja, protegia seus irmãos das possíveis acusações de heresia, só isso seria um mo�vo mais que suficiente. Tem
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mais um detalhe a ser percebido, Francisco não fundou somente uma nova Ordem, ele foi além disso! Averiguemos a diferença entre Ordo e Religio: Ordo ou Religio, qual a diferença? a Regra não é só fundamento da Ordem (Ordo), mas de algo ainda maior, ou seja, de uma quarta Religião (Religio) dentro da Igreja. Ela podia gerar outras Ordens que ficariam debaixo da nova Religio. Isto significa que a OFM estava em pé de igualdade com os Cônegos, os Eremitas e os Monges. A Religio dos Menores, e Minoridade traduzia bem o que Francisco queria dizer, pois ela está próxima do Cristo crucificado, está perto dos empobrecidos pelo sistema (sistema com o qual ele rompe ao exigir que os frades não recebessem dinheiro). A Regra (regrinha
que é justamente as diferenças entre os carismas que somam a riqueza espiritual da Igreja. Houve depois uma tenta�va de clericalização da Ordem tomando por modelo os dominicanos. Depuseram frei Elias (Irmão Leigo) e colocaram um sacerdote em seu lugar. Dois anos depois da deposição de Elias, foi ordenado o primeiro bispo franciscano. Passo a passo a Ordem vai se fixando em paróquias, este modelo é mais uma vez copiado de fora, o modelo do padre diocesano. O frade se torna mais um padre diocesano. O modelo benedi�no é copiado na questão rela�va à pobreza. Como? Os benedi�nos não �nham nada individualmente, mas estavam livres para, em nome da Ordem, acumularem grandes patrimônios de terras. Estes são apenas alguns pontos que destacamos a fim de mostrar o quanto nos distanciamos do espírito original em coisas muito simples. Diante da nossa rica história nos deparamos com a realidade humana que muitas vezes busca se acomodar a fim de se preservar. Nesta tenta�va de autopreservação acaba abandonando a originalidade do carisma. Ficamos então diante de algumas perguntas inevitáveis: Como retomar o carisma? Como voltar às origens? A resposta é muito simples. Ou seja, criando novas formas de i�nerância, e para isso não precisamos copiar o passado. Precisamos mesmo é de cria�vidade!
primeira) que foi melhorada por Francisco acrescenta a minoridade como elemento da iden�dade franciscana. Exis�a uma divisão polí�ca em Assis organizada na seguinte hierarquia: Os maiores (nobres, senhores, clero) e os menores (artesão e burgueses em ascensão). Não é com essas classes polí�cas que Chico está se iden�ficando, mas com os menores de fato, os excluídos: mendigos, plebeus, leprosos, pros�tutas, etc. Mas logo apareceram as crises. Com Francisco ainda em vida, alguns frades já haviam se afastado Síntese do Curso Interprovincial da Regra. Então ele diz: – Que não de Franciscanismo falem em outra Regra. Porque estes frades queriam copiar as reFrei Jean Santos gras de outras Ordens, como se tudo fosse a mesma coisa. Uma homogeneização perigosa, por2018 / Fev - Jan
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Permanece Conosco
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Senhor
(Reflexão da Irmã Áurea durante o Capítulo da Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil)
colhida e apresentação feita à Irmã Áurea momentos antes de sua assessoria no Capítulo Provincial 2018 “Queremos nos acolher como irmãos e menores e acolher
também entre nós uma irmã menor. Esta irmã, já conhecida de muitos de nós, é uma Religiosa apaixonada por sua consagração, e que a vive intensamente e de forma profética e jovial, no compromisso por uma Igreja em saída. Como Religiosa que abraçou o carisma do Bom Pastor, ela sempre se dedicou aos pobres, pequenos e pequenas, como preferidos de Deus, a quem sempre soube servir. Ampliando a dimensão do serviço e da diaconia em sua vida, assumiu o serviço da animação da Província das Irmãs do Bom Pastor no Nordeste, por três Triênios consecuti-
vos, cabendo-lhe inclusive a missão de fundir as Províncias do Brasil e do Paraguai. Um processo doloroso, mas necessário, de redimensionamento, que toca à VRC como um todo. Nossa irmã também esteve recentemente à frente da animação da VRC presente no Ceará, como presidente da CRB Regional, encorajando-nos com ousadia criativa a vivermos a comunhão de nossos carismas com maior profundidade. Também participou da construção do Projeto “Tua Palavra é Vida”, assumido pela CRB Nacional e pela CLAR. Mas sua paixão mesmo é refletir e estudar a Palavra de Deus nas comunidades, nas CEB’s, nas periferias, enfim, lá onde a vida acontece e é alimentada e iluminada por essa palavra. Acolhamos com muito afeto e calor nossa irmã e companheira de caminhada, Irmã Áurea Marques”. Frei Wellington Buarque,OFM Coordenador do Capítulo
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Os inícios dos Caminhos: - São Francisco e os caminhos de Jesus - O ideal primeiro, a herança espiritual, o entusiasmo inicial, a alegria - Um ideal que toma conta do mundo - Pobres como herança Chegamos até aqui e pedimos: “Permanece conosco Senhor” (Lc 24,29.33) para testemunhar o cuidado e o amor frente ao mundo desumanizado. Iniciamos mais uma jornada de busca, é Deus mesmo quem nos favorece com seus dons, e nos dá mais uma oportunidade para revisar nossos caminhos, nossa prá�ca apostólica, a vida comunitária, a fidelidade ao projeto inspirador na vivência do Evangelho, na essência da nossa Vida Religiosa Consagrada. O pedido vem com insistência: “Permanece conosco Senhor” pelo avançado da hora e do nosso tempo. - Quais os sen�mentos e disposições que nos fizeram chegar até aqui? - O que podemos transformar a par�r dessa celebração Pascal que é um Capítulo de nossa Província? - Quais os apelos mais profundos de mudanças e conversões? A memória do Evangelho que trazemos da experiência do ressuscitado tem a força de nos animar para a comunhão, par�lha de nós mesmos e o impulso para a missão. Como fazer desse Capítulo a experiência de ressurreição: o que precisa morrer, e o que está urgindo ressuscitar para refazer o caminho de volta às fontes?
Nossa memória carismá�ca: refazendo a caminhada temos uma memória histórica que não se iguala a ninguém e, que, na verdade, marcou de modo extraordinário a vida de tantos jovens. Sen�r o encontro com o olhar penetrante de Jesus, cravado no olhar suplicante do pobre leproso. Um olhar apenas e tudo foi transformado! É em busca desse olhar que a convocação do Capítulo se fez acontecer. É para aprofundar e renovar esse olhar nos olhos do ressuscitado que esta celebração pascal quer renovar a fidelidade do seguimento a par�r desse olhar amoroso e misericordioso sobre o mundo. É nosso encontro com o ressuscitado na nossa realidade, na nossa missão, na vida comunitária, nas nossas contradições congregacionais, nos bons propósitos e na nossa realidade humana pessoal.
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É Deus mesmo quem nos favorece com seus dons, e nos dá mais uma oportunidade para revisar nossos caminhos, nossa prática apostólica.
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Como aquela dupla (de Emaús) queremos refazer o caminho e contemplar a nossa situação no caminho: romper a decepção, os medos, a falta de memória histórica, que ameaça a nossa esperança! Por outro lado, se dominamos muitos conhecimentos, porque estes não estão produzindo os frutos esperados?
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Memória dos acontecimentos anteriores: O que aconteceu? Os acontecimentos anteriores foram repletos de alegria! Coisas assombrosas foram testemunhadas por mul�dões. Os caminhos da Pales�na se transformaram, era tal a novidade que causava impactos de alegria. Primeiro, chegou como um grande desconhecido, no meio de gente muito simples, excluídas mesmo! Passou por sofrimentos e necessidades, igualzinho à condição dos pobres, que durante aquele período de trinta anos, passou as mesmas aflições e necessidades do povo. Jesus foi, afinal, um ser humano completo em Humanidade, abrindo mão completamente de sua igualdade com Deus, como nos lembra Paulo (cf. Fl 2,5). Aprendeu a obediência com o sofrimento (Hb 5,8) e as necessidades dos pobres. Aprendeu com a natureza onde via revelados os Mistérios do Reino, e de lá �rou todo conteúdo de ensinamento para aproximar a divindade de Deus à humanidade do povo, e transformou as relações. Foram 30 anos de experiência junto ao povo de Nazaré, uma escola popular feita de um co�diano simples, de olhares, sorrisos, festas, alegrias, prantos, inseguranças, par�lha nas necessidades, trabalho ocasional, doenças, abandonos de lideranças, perseguição, retrato de um sistema polí�co e religioso revelados no dia a dia da solidão do povo. Dentro de tudo isso, não faltava fidelidade para a celebração da Palavra, alimento da Fé em Javé, esperança para cada semana que iniciava. Depois dessa experiência fundante de humanidade, vai para o
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dos no chão pela violência, assaltados e feridos. Era um caminho tortuoso esse de Jesus! O que mais Jesus teria ensinado e aprendido no caminho? Quantas experiências e quantos ensinamentos! Por isso, ele elege o caminho como seu lugar do encontro com Deus: “As raposas têm suas tocas, os pardais um ninho para por seus filhotes, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8,20). Ele realiza uma experiência nova e não tem dúvida que o caminho é o melhor lugar para preparar os seus discípulos. E quando as coisas se complicavam e havia necessidade de mais explicação, ele levava seus discípulos para a in�midade de uma casa, criando um clima comunitário, e lá, nesse ambiente, à sós com eles, passa as explicações mais detalhadas sobre os acontecimentos e falas no caminho. Era o pulsar essencial do Reino que não carecia de grandes estruturas. Os discípulos se apaixonam, mesmo que não compreendam tudo, e reagem muitas vezes com a cabeça do opressor: mandam calar a boca das pessoas, afastam as crianças, se escandalizam quando o encontram conversando com uma mulher, não compreendem com o perdão dado nas casas. Eles �nham uma construção mental que os judeus (Doutrina) estavam certos, mas Jesus era avesso a essa construção mental. Nem compreendiam porque foram escolhidos, uma vez que eram de categoria baixa e impura. Jesus não tem medo das mul�dões que o acompanha, gente pobre, impura e pecadora. “Foi para estes que vim, os bons não precisam de médico” (Mc 2,17).
Assim, as surpresas foram grandes! E perguntavam: Quem é este? As alegrias eram maiores ainda, pessoas eram tocadas, visibilizadas, transformadas, a par�r do seu interior, de uma nova consciência, do aprendizado para seguir o seu próprio caminho. Era o maior fenômeno de inclusão de que se podia ter no�cias: cegos que passam a ver, mudos a falarem, coxos caminham firmes, doentes são tocados, mulheres incluídas. E assim, Jesus vai colocando no coração de cada pessoa que o Reino de Deus não tem mistério, nem magia, mas o Reino é simplicidade e humanização das relações. Isso sim é o Reino! Por isso ele afirma com certeza: “Eu sou o Caminho”.
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Ele (Jesus) realiza uma experiência nova e não tem dúvida que o caminho é o melhor lugar para preparar os seus discípulos.
Compreendemos também que Ele está no Caminho, e é lá que se encontra com as pessoas. Isso tem consequências. Foi por conta dos resultados dos encontros no caminho (desviando as pessoas da Ins�tuição, ou seja, “do lugar correto do encontro com Deus”) que ele pagou com a própria vida! As acusações e armações do processo foram sempre contra a Ins�tuição, por Jesus apresentar que o maior são os menores (Lc 22, 24). Essa inversão da ordem social foi o incômodo maior. Ele
subleva o povo por toda Judeia (Lc 23, 2-5), impedindo que paguem os impostos a César, pretendendo ser rei! Estamos no caminho para encontrar-nos com o Ressuscitado. Imaginemos aqueles dois, a situação na qual se encontravam, estavam completamente desanimados, toda aquela alegria parecia uma grande desilusão, o que retrata muitas vezes a nossa situação pessoal e ins�tucional, somos acome�dos de um grande desânimo. A pergunta é o que aconteceu com tudo o que foi recebido, celebrado, as alegrias do começo da Missão, os prodígios, os ensinamentos, enfim, o que foi feito de tudo isso? Eles �nham tudo para crer e para superar qualquer desafio que viesse pela frente. A cruz teve uma força para desvanecer a esperança, para desmobilizar a resistência frente à opressão. Era necessário um trabalho muito intensivo para recuperar o ânimo e a coragem de lutar. Na visão dos caminhantes, era somente Jesus que �nha essa força, mas se faz urgente um esforço para recuperar a Fé. Para eles, foi a memória de Jesus que fez com que Jesus caminhasse com eles. Cada vez que nos reunimos na oração pessoal e comunitária, Jesus se faz presente de novo no caminho. Dessa forma, nós compreendemos com mais clareza o que está escondido nos acontecimentos. Quando sen�mos o coração arder, é sinal que ele caminha conosco, em gestos simples e na in�midade. Os olhos se abrem na hora da vida par�lhada, quando
sentamos e compar�lhamos à mesa. Como nos reunimos? Temos tempo para nós? Vemos o outro? Sen�mo-nos incluídos? Tudo isso é sinal da presença dele no nosso meio. E como nos encontramos com o povo pelo caminho? Enxergar Jesus alimenta-nos a vida, sustenta-nos no cansaço e fortalece-nos no caminho. Devemos nos perguntar se Jesus está nas nossas Eucaris�as. Falamos da presença real de Deus no pão: O ressuscitado presente na meditação da Palavra e na par�lha do pão. Até que ponto cremos mesmo nessa presença? Como nos relacionamos com a nossa Fé? Como isso se traduz na prá�ca diária de nossas vidas? O que entendemos como presença de Deus? Os discípulos ouviram a proclamação de Jesus: “Isto é meu corpo”, “Eu sou o pão vivo descido do céu”, mas falou ainda mais sobre a presença real de Deus nos irmãos: “tudo o que fizerdes ao menor dos meus irmãos, é a mim que o fazeis”, “Eu �ve fome e me deste de comer” (Mt 25,35). Portanto, presença no Pão e presença de Deus nos irmãos! Nossa divisão começa quando fazemos toda adoração, tomamos todos os cuidados com a presença real no Pão. São muitos detalhes: decidimos quem pode ter acesso a este Pão e quem não pode, criamos uma verdadeira barreira com o medo de profanar o santo corpo de Deus, mas esquecemos facilmente dessa presença no irmão, nas pessoas, principalmente nos pobres. E Jesus foi muito claro quando apresenta a parábola do juízo universal. Ele nos lembra que nos ausentamos da presença
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de Deus na história humana: na vida, nos problemas sociais, numa imensa população de rua, nos aflitos, nos doentes, nos idosos. A maior iden�ficação com Deus é contemplar a humanidade e dizer: “Isto é minha carne e meu sangue”, principalmente a humanidade decaída. Quando nos preocupamos mui�ssimo com os fragmentos da hós�a que caem, isso causa uma grande perturbação. E essas pessoas já irreconhecíveis, jogadas no chão, desprovidas de tudo, não são, conforme Jesus, fragmentos do corpo de Cristo profanados pelo sistema opressor? Realmente não somos capazes de dispensar todos os cuidados para estas hós�as profanadas porque separamos a nossa Fé, uma que está no altar, mas que não se expressa na vida, nas lutas e nas dores humanas.
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separamos a nossa Fé, uma que está no altar, mas sem expressar na vida, nas lutas, nas dores humanas.
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caminho/deserto, encontra com João Ba�sta, o confirma no seu ministério e transforma o Ba�smo como um grande compromisso para a missão, recebendo a confirmação do Pai, unindo o céu com a terra. O deserto foi determinante para o entendimento de sua missão, e tendo vencido as forças sedutoras de satanás, parte para Nazaré, anunciando a sua missão, resgatando o projeto do Ano da Graça (Is 61,1-5) Os caminhos da Galileia não ficaram mais os mesmos: pedras floriram, fontes nasceram, orvalhos banhavam com doçura, mares se encheram de vida, e principalmente pessoas se transformaram, a vida nova pulsava em Nazaré, em toda Galileia e Decápoli. Os primeiros que foram chamados estavam no seu trabalho concertando redes. Era à beira-mar. Outras pescas deveriam ser realizadas. Era uma tarefa inusitada: ser “pescadores de homens” (Mt 4,19). A palavra certa para falar dessa novidade era Alegria. Alegria verdadeiramente Messiânica proclamada por Isaías, anunciando o fim do ca�veiro, apontando para a verdadeira Esperança, isso iria se cumprir da parte de Javé (Is 66,10-14). O povo se reconhecia e se alimentava nessa alegria esperada, frustrada, esperada de novo, até que se confirmassem as promessas messiânicas. O que Jesus teria dito enquanto caminhava? Ele, que estava sempre no caminho, par�cipava dos encontros e das expecta�vas das pessoas, inclusive daqueles que nem podiam estar no caminho, dos que estavam sempre à margem ou escondidos, ou estendi-
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Quais as consequências dessa visão eucarís�ca para a Igreja? Quais os conflitos hoje no Va�cano e a prá�ca de Francisco de Roma recordando o outro Francisco de Assis? Carregar os pobres para os corredores da cúria romana? A cena da Eucaris�a começa com Deus ajoelhado, lavando os pés dos discípulos. Será que nos acostumamos com esta cena? Ela ainda nos espanta? Trata-se, pois, de Deus se nivelando com 2018 / Fev - Jan
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a humanidade. Esse é o sen�do das nossas Eucaris�as!
se desencadeia um processo de mudanças. - Depois da experiência da Eucaris�a, os discípulos estão prontos para voltar por todas as aldeias, de dois em dois, como no começo da alegria do primeiro envio.
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Quando nossos olhos serão capazes de perceber a presença de Jesus que caminha ao nosso lado?
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Experiências Chaves: - Emaús está mostrando que é possível reconhecer Jesus no pão par�lhado. - Caminhar tristes de volta para o esconderijo, é uma ilusão causados pelos momentos de revolta e de crise, pela situação precária profissional, missão, conteúdo de formação, aposentadoria, seguro saúde, etc. - Quando nossos olhos serão capazes de perceber a presença de Jesus que caminha ao nosso lado? - Jesus os acompanhou no caminho pelo fato de os discípulos nunca o terem esquecido. - Há um processo: enquanto ouvem a Palavra, o coração arde e, na par�lha, os olhos se abrem. Daí a importância de nos reunirmos para recordar Jesus, contemplar o mistério de sua Paixão, isso vai aquecer o coração e fazer nossos olhos se abrirem! - Que a recordação faz arder o coração sim, mas não basta! Precisa-se passar da memória para a Ceia Eucarís�ca e suplicar: “Permanece conosco”. Ele permanece à medida que o reconhecemos uns nos outros e nos mais desprezíveis. - O realce: Jesus entrou para ficar com eles e, na Ceia, os olhos se abriram. Sen�ram arder o coração, e após a par�lha do pão, voltaram ao caminho. - Antes, naquele caminho, vinham tristes: não �nham metas nem obje�vo, lhes faltava esperança e não conseguiam reconhecer Jesus. - Jesus explica que era preciso que tudo isso acontecesse. A par�r da escuta dos acontecimentos
tudo sobre ele, mantém dele a lembrança. Daí vem a importância fundante dos nossos círculos bíblicos de leitura orante com o povo das comunidades. Fazendo a memória de Jesus, aproxima-se de sua iden�dade e fortalece a certeza que ele caminha conosco.
Porém, agora, estavam diferentes, a Missão tomou novo vigor: transmi�r a Paz, enfrentar os perigos, aliviar o sofrimento, curando, anunciando o Reino. - O que morreu naqueles dois? E em nós? O que está nos sufocando, roubando nosso entusiasmo e a nossa esperança? Temos tudo, recebemos todos os bene�cios espirituais. Será que nos encontramos na superficialidade entre o volume de conteúdos em contradição com a internalização? O que temos, é suficientemente sólido para enfrentar as
exigências dos acontecimentos? - O anuncio da Ressurreição chegou, mas não foi suficientemente internalizado, não conseguiu arder o coração. O que tem contribuído hoje para esfriar o coração? Mediocridade? Ro�na? Falta de in�midade com o Evangelho? Qual a nossa experiência de Jesus, o Vivente? Aqui está a chave de toda nossa vida. - Eles, enquanto caminham, não leem um texto, mas escutam a palavra do próprio Jesus. Não celebram liturgias, sentam-se como amigos. Passam da formalidade para a simplicidade, sentem-se próximos a Jesus. - Como nossas celebrações nos conduzem a fazer um contato mais pessoal com Jesus? Como Jesus está presente em nossas celebrações? Se ele desaparece das nossas experiências, todo o resto é inú�l. O segredo: Não perder a lembrança de Jesus. Os dois se afastaram de Jerusalém, largaram o grupo. A tragédia de perder um amigo os dispersou, a morte suprimiu a esperança, mas tem uma coisa muito importante: não esqueceram Jesus, sabiam
O importe: não fugir para Emaús, isto é, não alimentar, sobretudo, o pessimismo: sobre a situação polí�ca, a Igreja, a sociedade, as comunidades, a VRC, a juventude, os idosos, as lideranças, “mais um Capítulo”, achar que tudo parou ou está voltando ao zero, etc. Sofremos para recomeçar. Olhando para as nossas incertezas e a nossa falta de líderes com o espírito de Jesus, sofremos da falta de entusiasmo cole�vo e contagiante. A pergunta do retorno é: onde largamos Jesus e o que nos faz acreditar que podemos caminhar sozinhos? Quem deixamos para trás? É forte a vontade fugir, de largar tudo, “até aqui cheguei, para mim basta!”. Essa é a tentação de fugir para Emaús. Neste Capítulo temos a missão de construir um novo O�mismo, fortalecermo-nos como grupo para não cair na tentação de fugir, mas enfrentar, criando vínculos com o povo, intensificar as
relações e recordar a ternura de Francisco, seus anseios de Paz e, sempre as palavras de Jesus como se as ouvíssemos dele próprio. A situação hoje clama por presenças que vem trazer consolo e esperança por Eucaris�as que renovem a presença de Jesus na humanidade. Os caminhos marcados pela pós-modernidade: “Vivemos um profundo déficit de humanidade, marcado pela doença do a�vismo, compe�ção e do eficien�smo que nos conduz a um processo de degradação de tudo que é humano. A desumanização assume contornos assustadores: trivialidades, consumismo, superficialidade, vazio, vulgaridade, traços que acompanham nossa cultura e que dificultam enormemente a vivência profunda de nossa condição humana. Os meios de comunicação e as redes sociais nos apresentam a face perversa da história desumana, com um déficit de humanidade que nos assusta. Somos bombardeados con�nuamente com no�cias escabrosas de perversidade dos mais diferentes calibres, a ponto de nos tornar insensíveis e anestesia nossa capacidade de indignação. Tudo
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isso revela um sinal evidente de que todos fomos contaminados com o vírus da desumanidade, vivendo uma profunda dispersão”. (Do Pe. Adroaldo Palaoro, SJ. Ar�go publicado na Revista Convergência de dezembro de 2017). A palavra do Papa Francisco nos convida a uma a�tude importante e nos ajuda a permanecer com Ele: Deixar-nos surpreender por Deus. Quando ele escolheu o nome de Francisco, não seria evidentemente um nome “aceitável” no ambiente do Va�cano, mas quando o escolheu, �nha em mente o seu projeto, pois Francisco significa: amor aos pobres, à natureza e à Paz! O nome Francisco, na reflexão de Leonardo Boff, é um projeto de Igreja simples, pobre, evangélica e des�tuída de poder. O anúncio essencial da Fé cristã é o Evangelho, cujo centro é a Pessoa de Jesus. Nós, na realidade, temos tudo em nossas mãos, o saber, as condições, os valores da VRC, a Memória de Jesus, o testemunho de Francisco, nada nos falta. Resta-nos pedir insistentemente: “Permanece conosco Senhor”. IRMÃ ÁUREA MARQUES (Irmãs do Bom Pastor)
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CF 2018: UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA!
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m sintonia com a necessidade de refle�r sobre temas que afligem a sociedade, a CNBBna Campanha da Fraternidade 2018 - indica a violência como assunto a ser deba�do por todas as pessoas de boa vontade, em busca de soluções capazes de superarem um estado de coisas que não respeita a dignidade das pessoas. Com efeito, no Texto-Base da CF 2018, a CNBB afirma: “Nesta Campanha da Fraternidade desejamos refle�r a realidade da violência, rezar por todos os que sofrem violência e unir a forças da comunidade para superá-la (...) os índices de violência no Brasil superam significa�vamente os números de países que se encontram em guerra ou que são vi�mas frequentes de atentados terroristas”. A CNBB, mais uma vez, manifesta seu compromisso de apoio aos empobrecidos e a todos que sofrem com as violências perpetradas socialmente ou por meio ins�tucional. Impossível a convivência passiva ante o descalabro reinante no país, quando milhões de brasileiros carecem do mínimo de condições para um vida condigna, aliás “ao inviabilizar a formação dos mais pobres para a autonomia de pensamento, restringir os horizontes do interesse pelo exercício da cidadania, limitar as possibilidades de par�cipação a�va na polí�ca, o Estado, outras ins�tuições brasileiras e os segmentos sociais das elites contribuem para a con�nuidade de relações sociais pautadas na exclusão, no autoritarismo e na violência” (Texto-Base, página 25 nº 57). Ressalte-se, que o documento da En�dade, baseia-se em pesquisas de órgãos responsáveis, a exemplo
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do Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores dos Direitos Humanos, cujos índices de violência são de inaceitáveis: 61.163 homicídios; 7 pessoas mortas por hora; 2,6 mil latrocínios; 4,2 mortos em ações policiais; 49 mil estupros. Há mais vidas dilaceradas por variadas violências: a fome que ronda os lares dos mais pobres, a incúria hospitalar, o desemprego, a inépcia, a desones�dade dos servidores públicos de todos os ma�zes, a sonegação empresarial e muitas outras. Em solenidade de abertura da CF 2018, Dom Sergio da Rocha, Presidente da CNBB, relembrou o compromisso opcional pelos pobres, ao declarar: “A vida e dignidade das pessoas e de grupos sociais mais vulneráveis são con�nuamente violados de muitos modos” (...) “a indignação diante da violência representada pelas situações de exclusão e negação dos direitos fundamentais, especialmente dos mais pobres e fragilizados, não pode ser menor do que a despertada por crimes bárbaros”. É importante registrar a presença da Presidente do STF na abertura da CF, que se comprometeu com os obje�vos da Campanha. Tal par�cipação reflete a tradição da CNBB de sempre se colocar numa postura de diálogo e no horizonte de assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a jus�ça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, conforme determina a Cons�tuição Federal. Na abertura da CF 2018, manifestei-me com relação à violência que vi�ma a comunidade negra,
mormente os jovens negros, realidade, também revelada no Texto-Base. Negras, negros, indígenas, grupos sociais marginalizados em razão de preconceitos são os maiores alvos de ações violentas �sicas e ou psíquicas. A CF 2018 oferece a oportunidade de diálogo Estado e sociedade, incumbe-lhes o dever de garan�r a jus�ça e a paz em favor de todos os cidadãos, sustentar o equilíbrio verdadeiro mediante equânime distribuição das riquezas. Evidentemente, que ao agir na perspec�va dos interesses dos mais vulneráveis, a CNBB nem sempre é compreendida pelas franjas autoritárias presentes na sociedade brasileira. Presas em suas leituras hermé�cas, preconcebidas e raramente pastorais, são portadoras de teses absurdas e distantes da realidade do povo de Deus. A intervenção federal, sob comando militar no estado do Rio de Janeiro, deve ter por escopo a garan�a da inviolabilidade do lar, da cidadania e não somente os patrimônios, quer sejam públicos ou privados. Além do mais, a prevenção é indispensável bem como mecanismos de atendimento aptos à saúde, à educação, ao transporte, ao emprego, ao lazer e aos direitos impostergáveis para uma comunidade viver em paz. Certamente, a CF 2018 será um tempo forte e favorável de conversão, de mudança de vida, dentro do horizonte e dos mistérios da Páscoa do Senhor, vendo em cada humano a dignidade de filhos e filhas, cujos rostos são muitas vezes desfigurados pela violência. CARLOS MOURA Secretario Executivo da Comissão Brasileira Justiça e Paz - Organismo da CNBB. (Publicação: Unisinos Online, 22 Fevereiro 2018).
O REINO DE DEUS E A POLÍTICA
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evolvei a César o que é de César, e a Deus, o que é de Deus”. Esta frase do evangelho (Mt 22,15-21) será uma declaração polí�ca? De fato, tem peso polí�co, mas talvez de outro modo do que se pensa. Qual é o fato? Os judeus pagavam dízimo ao templo, com prazer, pois era “para Deus”. Mas, além disso, a potência estrangeira que ocupava o país, o Império Romano, cobrava dos judeus um imposto pessoal, em troca de um estatuto protegido no seio do Império. Em vista disso, os especialistas da Lei judaica perguntam a opinião de Jesus, querendo obrigá-lo a escolher entre os judeus e César, o imperador romano. Pensavam que sua pergunta fosse “queimar” Jesus de um ou de outro lado. Jesus deu a resposta que conhecemos. É como se dissesse: “Se vocês negociam com César em troca desse imposto, paguem-no, já que vocês aceitam o estatuto especial que ele lhes dá em compensação. Mas não esqueçam que também a Deus estão devendo, e não pouca coisa, já que lhes deu tudo!”. Deus não recusa a mediação polí�ca para o seu projeto. Serve-se até
de um rei estrangeiro para libertar Israel do exílio, e ainda o chama de “meu ungido” (o rei persa, Ciro, na 1ª leitura, Is 45, 1.4-6). Mas esse rei é um “servo” de Deus: ele tem quem está acima dele. Deus confia aos seres humanos as responsabilidades humanas. As questões polí�cas devem ser tratadas em nível polí�co, isto é, com vistas ao “bem comum” do povo. Um governo é bom se governa, o melhor que pode, para todos. Então, ele é bom para Deus também. Senão, que o povo se livre desse governo… Mas existe também o nível de Deus, que é o “fim úl�mo”, o nível da vocação humana a ser filho de Deus e a realizar semelhança com Deus (cf. Gn 1,26). A polí�ca, aos olhos dos fiéis, sempre será uma mediação para chegar a esse projeto de Deus, embora ela tenha suas regras específicas. Sem Deus, um governante poderia proclamar que o “bem comum” está sendo atendido quando os “inadaptados” são eliminados da sociedade. Quem, porém, quer “dar a Deus o que é de Deus” nunca poderá dizer isso. “A Igreja não deve fazer polí�ca!”. Se essa frase significa que a hierar-
quia da Igreja não deve se colocar no lugar da administração civil, está certa. Mas não pode significar que os cristãos não devem, como qualquer cidadão, assumir sua responsabilidade polí�ca. Cristo ensinou a realizar a fraternidade humana. Ora, esta se encarna num projeto polí�co, numa determinada maneira de entender o bem comum. Por isso, os cristãos, como cidadãos inspirados por Cristo, mexem com reforma agrária, levam os poli�camente marginalizados a se organizarem, propõem alterna�vas para a polí�ca econômica etc. Tudo isso é retribuir a Deus o que é de Deus, a saber, os dons que Deus deu a todos… mesmo quando para isso é preciso �rar de César o que não é dele. Enquanto, pois, se exerce a responsabilidade civil, deve-se pensar em dar a Deus o tributo devido, que é: reconhecê-lo como aquele que indica a norma úl�ma, o amor a Deus e ao próximo (ensinado por Jesus logo depois, em Mt 23,34-40). JOHAN KONINGS, SJ. Do livro “Liturgia Dominical”.
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Frei Cir
Ordenação de Fr Beda
Serviço Provincial de Comunicação Arte e Diagramação: Frei Erick Ramon, OFM Revisão: Frei Faustino Santos,OFM ; Frei Fernandes, OFM; Frei Marcos Almeida, OFM Expedição: Secretaria Provincial Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil Rua Imperador, 206, Recife - PE. CEP: 50010 - 240 - Tel: (81) 3424-4556 www.ofmsantoantonio.org / E-mail: ofmnordeste@gmail.com
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