2018 - Notícias - Setembro/Outubro

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Noticìas

Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil Setembro - Outubro/ 2018 - Ano LXIV nº 484


Sumário

Mensagens pelo dia de São Francisco Mensagem de Páscoa do Provincial................................03 Mensagem Pelo dia de São Francisco............................ 04 Vida Fraterna Encontro de Diáconos...................................................... 08 I Feijoada Franciscana......................................................08 Jubileu de Frei Adimar e 55 anos de Otávio Bonfim..... 09 Frei Humberto Bruegger, 90 anos de vida..................... 10 Dia dos idosos é celebrado em salvador .................... 11 Restos mortais de Frei Lucas Dolle ............................... 11 Painel das Festas de São Francisco na Província......... 12 Evangelização e Missão II Encontro do SPEM ......................................................... 14 Encontro de Párocos e Leigos......................................... 16 CFMB Carta da CFFB ao Papa Francisco .................................18 Frei Sérgio é nomeado Visitador Geral .......................... 19 Novo Governo na Província do Santíssimo Nome .........20 Igreja 50 anos de Medellín..........................................................20 Dia mundial do cuidado da criação.............................. 22 Sínodo sobre a Juventude................................................24 Formação O entendimento teológico franciscano da cruz............

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Palavra

Do Provincial

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MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL POR OCASIÃO DO DIA DE SÃO FRANCISCO

“Que sejamos irmãos e menores.”

stimados confrades, meus sinceros cumprimentos de Paz e Bem!

O documento da Ordem “Pobres e Menores” (2016), narra uma pequena história que vale a pena retomar: Um aldeão ao se encontrar com Francisco perguntou: “Tu és Francisco de Assis”? São Francisco respondeu que sim. “Então te esforça, disse o aldeão, por ser tão bom como és tido por tanta gente, pois muitos tem grande fé em ti. Então eu te admoesto que em ti não haja outra coisa senão o que o povo espera.” Caros confrades eis um desafio que bate a nossa porta constantemente: de sermos homens de testemunho de vida, incapazes de causar qualquer contradição àquilo que as pessoas esperam de nós, de sermos frades e menores! A resposta ao chamado de Deus pelos passos de Francisco de Assis deve ser assumida com autenticidade e de modo perene. Ainda que sejamos herdeiros de estruturas centenárias

que muitas vezes nos pesam e preocupam, não podemos cair no pecado do comodismo. Devemos fazer dessa herança um motivo a mais de inquietação, afim de torná-las serviço à vida fraterna e missão, e sobretudo, serviço aos pobres, nossos irmãos e preferidos do Senhor. Faz parte do nosso testemunho a opção pela vida, e não podemos estar tranquilos enquanto houver ameaça à ela nos seus mais diversos âmbitos. A desigualdade, a injustiça, a violência, a marginalidade são as chagas que alcançam muitos dos nossos irmãos do mundo, das quais devemos nós ser os cuidadores. Porém, para termos essa sensibilidade com nossos irmãos sofredores, nos é exigido um olhar otimista e solidário com o mundo, como teve nosso irmão e pai Francisco. Celebrar a Festa de São Francisco é motivo de grande alegria, mas é também ocasião oportuna para reafirmarmos nosso compromisso com os irmãos menores do mundo. So-

mos exigidos a ter alegria de Francisco, a cuidar da criação e se irmanar com ela, a atualizar no presente a vida do pobrezinho de Assis, que com seu testemunho encanta o mundo na simplicidade, despojamento, penitência, vida de oração. Tudo por amor a Jesus e ao seu projeto. Que o Pai Seráfico São Francisco, interceda a Deus por todos nós para que sejamos outros Franciscos no mundo que é carente de justiça e paz. E nós, como irmãos menores, nos esforcemos para sermos instrumentos de paz e bem nas nossas fraternidades e na missão que o Senhor nos confiou. Que façamos sempre coisas santas, justas, honestas e úteis para o bem dos irmãos e do povo de Deus. Que o Senhor nos conduza. Fraternalmente, Frei João Amilton dos Santos, OFM Ministro Provincial

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CAMINHANDO PELA ESTRADA COM OS JOVENS Caros irmãos, o Senhor lhes dê a sua paz! A Solenidade de nosso Seráfico Pai São Francisco de Assis, nesse ano de 2018, felizmente coincide com o início do Sínodo dos Bispos, convocado pelo Papa Francisco, cujo tema é: Os jovens, a fé e o discernimento vocacional. Trata-se de um momento em que toda a juventude está no centro do coração do próprio Papa, bem como de toda a Igreja. Ao olharmos para a maneira como o nosso Seráfico Pai viveu a sua juventude, suas inquietações e buscas, percebemos que há uma profunda conexão entre aquele jovem de 800 anos atrás e os jovens de hoje, pois o solo sagrado do coração humano continua sendo o mesmo. O modo como São Francisco soube responder aos desafios de seu tempo pode também lançar luzes para a busca dos jovens de hoje, bem como apresentar um “convite para procurar novos caminhos e a percorrê-los com audácia e confiança, mantendo o olhar fixo em Jesus e abrindo-se ao Espírito Santo, para rejuvenescer o próprio rosto da Igreja” (Instrumentum Laboris, Sínodo da Juventude, 1) nesta mudança de época. Assim, tendo presente a metodologia dos discípulos de Emaús, queremos, com os jovens, descobrir a presença do Cristo que caminha ao nosso lado, nos faz superar o desânimo, reler a nossa própria história, fazer arder o coração e nos tornarmos anunciadores da sua Boa Nova. I.

Enquanto conversavam e discutiam pelo caminho, Jesus em pessoa os alcançou e se pôs a caminhar com eles.” (Lc 24,15)

Depois da paixão e morte de Jesus, os discípulos de Emaús, com o rosto abatido e a alma ferida, iniciaram uma caminhada de volta para as suas realidades. Nesse trajeto, sem que eles se dessem conta, o próprio Jesus colocou-se no meio deles e os acompanhou, ouvindo-os atenta e silenciosamente. Assim como aos discípulos de Emaús, é ao longo da caminhada existencial que nossos jovens vão discutindo, amadurecendo, refletindo e partilhando as suas principais experiências. Trata-se de “um período de experimentação, de altos e baixos, de alternância entre esperança e medo e de tensão necessária entre aspectos positivos e negativos, através dos quais se aprende a articular e integrar dimensões afetivas, sexuais, intelectuais, espirituais, corporais, relacionais e sociais” (IL 18). Nesse dinamismo próprio da juventude, muitas realidades

vão sendo experimentadas e vivenciadas sem muita possibilidade de reflexão e aprofundamento. Celebrado recentemente em Nairóbi, no Quênia, o Conselho Plenário da Ordem (CPO, 2018) concluiu que “ouvir os jovens e caminhar com eles significa o esforço pessoal, fraterno e estrutural de percorrer as suas mesmas estradas, entender os seus dramas, conhecer suas realidades, partilhar suas conquistas e ser presença amiga e sincera no seu quotidiano”. Para tanto, é preciso adequar nossos passos aos passos deles e manter o mesmo ritmo, a exemplo de Jesus, que humildemente caminha ao lado de seus discípulos. Embora hoje a tecnologia nos ofereça um auxílio muito válido no sentido de diminuir as distâncias geográficas, para “percorrer as mesmas estradas” faz-se necessário um esforço de estar lado a lado com a juventude, dividir os mesmos espaços físicos e partilhar de seus anseios, sem furtar-lhes o protagonismo que lhes é característico. Da mesma forma que São Francisco encontrava meios para fazer-se próximo daqueles que lhe eram caros, conforme atesta a sua Carta a Frei Leão, também nós, frades, devemos mostrar pelas nossas posturas que se os jovens “precisarem e quiserem vir a nós, que venham”. Além de caminhar ao seu lado, é preciso aprender a escutá-los. Para os tempos atuais, já não bastam apenas documentos, escritos ou declarações formais de nossa parte ou da hierarquia da Igreja, pois é preciso ter a capacidade de deixá-los narrar a sua própria verdade e deixá-los conduzir a sua própria história. Antes de falar, querer apontar o caminho e dar respostas rápidas, é preciso ter a paciência do Mestre que sabe indagar e ouvir: ”Sobre o que conversais pelo caminho?” (Lc 24, 17). Tal escuta nasce da certeza de que o jovem é também a expressão da voz de Deus, de modo que é preciso entendêlo como lugar teológico e teofânico, pois, para que haja uma verdadeira evangelização, importa entrar em contato com o “divino” da juventude e entender sua psicologia, sua biologia, sua sociologia e sua antropologia, com o olhar da ciência de Deus. Da mesma forma que Francisco recebia conselhos, admoestações, correções e inspirações dos seus irmãos e irmãs, que tenhamos a capacidade de deixar-nos interrogar, questionar e desinstalar teórica e estruturalmente pelos jovens que estão à nossa volta, resistindo à tentação de querermos ter sempre a última palavra. 2018 / Set - Out

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II. E começando por Moisés e continuando por todos os profetas, explicou-lhes o que se referia a Ele em toda a Escritura. (Lc 24, 27) Depois de ter ouvido as angústias e a maneira como os discípulos estavam encarando os últimos acontecimentos acerca da sua paixão e morte, o próprio Jesus começa a lhes ajudar a interpretar a realidade à luz da Palavra de Deus. Nesse sentido, nosso carisma franciscano tem muito a dizer aos nossos jovens. Eles, em suas buscas, querem e esperam de nós atitudes e palavras que lhes sirvam de balizas, de sinal e de fonte de interpretação de tudo aquilo que acontece à sua volta, pois é preciso dar um sentido às suas inquietações. Se alguns analistas falam de uma “metamorfose da condição humana, que lança, para todos, enormes desafios no caminho da construção de uma identidade sólida, nossos jovens, sentinelas e sismógrafos de todas as épocas, percebem-nos mais do que outros como fonte de novas oportunidades e ameaças sem precedentes” (IL 51). São questões políticas, religiosas, morais, sociais e existenciais que lhes tocam diretamente, diante das quais também temos uma forma de interpretação a oferecer, a partir do nosso próprio carisma. Tratase do segundo passo, daquele em que, como irmãos e menores, podemos ajudá-los a entender os últimos acontecimentos, sejam eles pessoais ou comunitários. Assim, mais do que apenas se “esforçar por saber e interpretar as Sagradas Escrituras aos outros” (7ª Adm), nosso empenho deve ser por um testemunho de vida coerente e eloquente. Tal qual Francisco de Assis, que não era um teórico da vida espiritual, pois falava de Deus em termos de experiência, somos chamados a fazer da nossa vida um verdadeiro Evangelho aos nossos jovens, como expressão de fidelidade à nossa vocação. Nossos votos, nosso testemunho, nosso empenho pessoal, nossa forma de viver e encarar as diferentes situações são o modo pelo qual a juventude vai descobrindo uma forma de reinterpretar os sinais dos tempos. III. Fica conosco, Senhor. (...) Não se abrasava o nosso coração enquanto Ele nos falava pelo caminho? (Lc 24,29.32) Depois de um longo caminho percorrido junto e ao sentirem o cair da noite, os discípulos de Emáus pedem para Jesus ficar ao lado deles. Nessa permanência, a partilha aconteceu, a amizade nasceu e o coração ardeu. Diante de um mundo com tantas possibilidades, é preciso que nós, frades, reacreditemos na força

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profética e na atualidade de nossa vocação. Para muitos jovens de hoje, a vida religiosa franciscana é sinônimo de um coração aquecido. “À medida que acreditarmos mais em nós mesmos e partilharmos nossa riqueza carismática com nossos jovens, certamente nascerá no coração deles o desejo de que não os deixemos, de que permaneçamos com eles” (CPO, 2018). Diante do individualismo e da indiferença, nossos jovens esperam de nós um testemunho que seja “profecia de fraternidade, uma casa capaz de tornar-se a sua família” (IL 65). Diante de uma “cultura inspirada no consumismo, no materialismo e no hedonismo, na qual as aparências dominam” (IL 8), podemos oferecer um verdadeiro testemunho com nosso modo simples e despojado de ser, onde o “ser humano vale por aquilo que é diante de Deus e nada mais” (Adm 19). Para uma juventude que enfrenta tantas situações de morte, de violência, de guerra e de exclusão, nosso modo “manso, pacífico, modesto, afável e humilde de ir pelo mundo” (RB 3, 11) lhe servirá como uma bússola a indicar o verdadeiro caminho da paz. Para uma juventude que não tem medo de desafios e propostas ousadas e radicais, nossa Vida Religiosa vivida com entusiasmo e paixão pode oferecer uma resposta atual e relevante. Diante de uma sociedade cada vez mais secularizada e que prescinde de Deus na vida e nas escolhas, nossos jovens têm sede de estar ao lado de pessoas que vivem pela fé, de frades que “outra coisa não desejam, não querem, não lhes agrada, nem os alegra senão o Criador e Redentor e Salvador, o único e verdadeiro Deus (RNB 23, 27). Para um mundo que vive na relativização dos valores, onde tudo é passageiro e fugaz, nossas opções perpétuas de vida são como uma verdadeira chama a aquecer o coração de nossos jovens. Sabemos também que em alguns países nossa Ordem enfrenta uma expressiva diminuição vocacional. Os motivos são inúmeros e os mais variados. No entanto, o desejo de percorrer o caminho religioso e sacerdotal não nasce de um proselitismo simplório, cujo objetivo é a manutenção das instituições. Quando nós, Frades Menores, estamos atentos à nossa vocação de “observar fielmente o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo” (RB 1, 2), evangelizando, sobretudo, com boas obras (RNB 17, 3), os jovens percebem em nós a mesma presença de Cristo que muitos puderam sentir em Francisco, de modo que poderão fazer florescer santas vocações. Mostrar e incentivar, pelo exemplo, a esses jovens a fazerem a mesma experiência evangélica que nosso Seráfico Pai nos pede, com a identidade e o dinamismo da juventude, é acender em seus corações uma chama abrasadora que poderá se converter em uma nova primavera vocacional.


Por fim, todo esse processo de abrasamento do coração dos jovens é muito envolvente. Não são somente eles que sentem a presença do Ressuscitado, mas também nós, se tivermos a ousadia e a coragem de pararmos e partilharmos o pão de suas vidas iremos experimentar o quanto podemos nos renovar e redescobrir aquele entusiasmo inicial tão próprio da juventude. Para nós, irmãos menores, Jesus também se manifesta no jovem, de modo que também pedimos que Ele permaneça conosco. IV. Eles, por sua vez, contaram o que acontecera no caminho e como o haviam reconhecido ao partir o pão. (Lc 24, 35) O Evangelho nos diz que depois que os olhos dos discípulos se abriram, Jesus desapareceu do meio deles. Mais do que ter Jesus diante deles, certamente os discípulos descobriram que agora eles já O tinham dentro deles, pois O reconheceram dentro de si. Concluindo a proposta de Emaús, entendemos que também os nossos jovens e vocacionados, a partir do momento que fazem a experiência de encontro pessoal com Jesus, tornam-se discípulos e testemunhas do Ressuscitado, assumindo, assim, seu protagonismo na Evangelização e na vocação. Nossa presença no meio da juventude deve ser de incentivo e no sentido de ajudá-los a percorrer um caminho de autonomia, maturidade e realização própria. Quando acreditamos nos jovens, quando acolhemos o sonho e o ideal de nossos vocacionados, aos poucos vamos tornando-os protagonistas da sua própria caminhada. Abandonamos possíveis modelos formativos infantilizantes e de dependência, e os deixamos realmente serem adultos na sua fé, nas suas escolhas, bem como nas consequências que elas trazem. Para nós, frades, cabe a capacidade de deixá-los partir. Vencer a tentação de queremos sempre ter o

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domínio, de sermos sempre necessários. Deixá-los assumir seu protagonismo na Igreja, assumir a sua própria vocação e crescimento. Trata-se, portanto, do coroamento de um trabalho que realmente lhes proporcionou um encontro pessoal com Jesus, a partir da espiritualidade franciscana, e que os tornou maduros na fé e prontos para assumirem a sua própria história e vocação. E assim como o Cristo se faz presente através daqueles que repartem o pão e vivem a sua proposta evangélica, que nós, Frades Menores, possamos também ser presença de Francisco para os dias atuais, apresentando aos jovens a face do Cristo que caminha com toda a criação. Além disso, neste momento histórico, nossa Ordem, sendo parte da Igreja, reconhece que alguns de seus membros, como também outros religiosos, religiosas e padres, com suas ações se distanciaram dos ideais apresentados nesta carta e causaram graves danos a alguns jovens, traindo assim a confiança deles. Tudo isso para nós, antes de mais nada, é fonte de dor, além de ser motivo de vergonha, e nos interpela a fazer o todo possível para praticar e reforçar políticas e escolhas com as quais se possa garantir que todos os jovens sejam protegidos e respeitados. Que a Solenidade de nosso Pai São Francisco, que como jovem soube acolher a novidade evangélica que o Senhor lhe inspirava, renove nossa opção “afetiva e efetiva” (Santo Domingo, 114) pela juventude e que junto dela possamos vislumbrar os sinais de renovação que o Espírito está suscitando em nossa Igreja e em nossa Ordem. Boas Festas de São Francisco! Paz e bem!

Roma, 29 de setembro de 2018. Festa dos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael Frei Michael Anthony Perry, ofm (Min. Gen.)

Frei Giovanni Rinaldi, ofm (Sec. Gen.) Capa: São Francisco (detalhe) de Frei Christopher Villanueva, OFM Prot. 108517

Frei Julio César Bunader, ofm (Vic. Gen.) Frei Jürgen Neitzert, ofm (Def. Gen.) Frei Caoimhín Ó Laoide, ofm (Def. Gen.) Frei Ignacio Ceja Jiménez, ofm (Def. Gen.) Frei Nicodème Kibuzehose, ofm (Def. Gen.) Frei Lino Gregorio Redoblado, ofm (Def. Gen.) Frei Ivan Sesar, ofm (Def. Gen.) Frei Valmir Ramos, ofm (Def. Gen.) F rei Antonio Scabio, ofm (Def. Gen.) 2018 / Set - Out

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www.ofm.org


Vida Fraterna

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ENCONTRO DOS DIÁCONOS DA PROVÍNCIA

euniram-se em Olinda – PE, de 04 a 05 de setembro, seis dos sete diáconos da Província (Fr. Rogério Lopes, Fr. Juscelino da Silva, Fr. Macelo Freitas, Fr. José Edilson, Fr. Alleanderson Brito e Fr. Faustino dos Santos). O encontro contou com a presença do Moderador da Formação Permanente, Frei Walter Schreiber, e do Padre Geraldo Freire, CSsR, Provincial da Vice-Província do Recife, que ficou incumbido de orientar os diáconos na reflexão sobre a espiritualidade e missão do ministro ordenado. Além disso, o assessor falou da tensão entre identidade religiosa e ministério presbiteral. As reflexões foram oportunas para partilhas entre os presentes. Frei Faustino dos Santos, OFM

I FEIJOADA FRANCISCANA NO CONVENTO DE PENEDO-ALAGOAS

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A fraternidade Franciscana Nossa Senhora dos Anjos de Penedo e a Associação Amigos do Convento realizaram no domingo, 16 de setembro, a 1ª Feijoada Franciscana. Este evento teve como finalidade a arrecadação de recursos financeiros para a implantação e manutenção da pousada que funcionará em uma parte do convento. O evento seguiu a seguinte programação: 10h – Momento de visita às dependências do convento, uma espécie de “portas abertas”, para que o povo participante conhecesse as instalações após a reforma do IPHAN. Das 11h até às 16h

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foi servida a feijoada, seguida do bingo que foi animado pela personagem humorista e radialista “Poderosa” da cidade de Penedo. Além disso, alguns brindes foram sorteados para os participantes. Todo o evento foi animado pela boa música de Júnior Maia e Núbia Alexandre. O claustro do convento foi preparado para um número de 250 pessoas, mas a evento contou com uma média de 300 pessoas. Ficamos gratos pelos voluntários que ajudaram para o bom êxito desse evento. Frei Artur Medeiros, OFM


Vida Fraterna

FREI ADIMAR CELEBRA 80 ANOS DE VIDA E PARÓQUIA NOSSA SENHORA DAS DORES 55 ANOS DE EREÇÃO

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dia 20 de setembro, em Fortaleza, foi marcado por duas celebrações concomitantes: o aniversário dos 80 anos de Frei Adimar Colaço e os 55 anos da Paróquia Nossa Senhora das Dores. Desde a manhã, a nossa fraternidade rendeu graças a Deus por mais um ano de vida de Frei Adimar num café festivo. Reservou-se o almoço para comemoração onde o aniversariante recebeu as homenagens dos confrades e amigos, de Aracaju e Salvador, que vieram lhe visitar. Muito emocionado, agradeceu a Deus e aos amigos pelo dom da vida, que segundo ele é o maior presente que Deus nos concede. Mais tarde, às 19h, na missa de ação de graças pela paróquia, Frei Sérgio Moura, Vigário Provincial e presidente da celebração, fez menção da rica história franciscana na comunidade de Otávio Bonfim que começara há 89 anos. A Paróquia de Nossa Senhora das Dores marcou a vida de cada confrade que ali morou. Frei Sérgio também fez referência ao aniversário de Frei Adimar, lembrando o salmo que diz: “Setenta anos

é a duração da nossa vida e os mais fortes talvez cheguem aos oitenta” (Sl 90,10). Disse-lhe Frei Sérgio: “Caro confrade, permita-me te atribuir essas palavras, pois o traço mais marcante da tua vida é a tua grande força de vontade. Parabéns pelo teu dia. Demos graças a Deus pela tua vida!” Ao final da Missa fez-se um momento festivo para mais comemorações. Frei Jean Santos, OFM

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FREI HUMBERTO BRUEGGER 90 anos de vida

rei Humberto Bruegger, de batismo Félix Heinrich Bruegger, filho de Hermann e Elisabeth Schwietering, nasceu aos 24 de outubro de 1928 em Epe, Diocese de Münster, na Alemanha. Ingressou no noviciado da Ordem dos Frades Menores, aos 16 de abril de 1956 em Bardel – Alemanha e aí realizou sua primeira profissão religiosa aos 18 de abril de 1957. Estando no Brasil emitiu os votos perpétuos no dia 28 de abril de 1960 em Salvador – Bahia, local onde foi ordenado diácono, no dia 23 de dezembro de 1961, e onde, pela imposição das mãos e oração consecratória do pernambucano Dom Augusto Álvares da Silva, foi ordenado presbítero no dia 22 de julho de 1962. Frei Humberto exerceu o ministério presbiteral na função de pároco em Ipojuca - PE, Rio Formoso - PE, Triunfo - PE, Mossoró RN, Lagoa Seca - PB, Paramoti – CE e São Cristóvão – SE. Em Recife (desde 1994) foi administrador das capelas do Abrigo Cristo Redentor e Capela de Sant’Ana de Rio Doce, em Olinda. Atualmente, Frei Humberto administra com muito zelo e dedicação os sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia no Convento do Recife. Pela sua vida nós queremos render a Deus ação de graças e louvores. Frei Faustino dos Santos, OFM Recife 24 de outubro de 2018

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Vida Fraterna DIA DOS IDOSOS É CELEBRADO EM SALVADOR que nos fez olhar nossa vida a partir de nós mesmos, numa perspectiva de cura e liberdade diante das pessoas e da vida. Foi uma manhã marcada pela acolhida e pela sinceridade de que a história humana precisa ser enriquecida com toda sua carga de vitalidade. A psicóloga insistiu na memória de vida a partir de nós mesmos para ativar em nossos corações e em todo nosso existir a viva esperança do bem viver. Da fraternidade de Salvador, estavam presentes os confrades: Albano, Vicente, Severino, manhã do dia 27 de se- proporcionar o Dia do Idoso, Arnaldo, João José, Casimiro. tembro na fraternidade celebrado agora 1º de outubro. Frei Zezinho, que estava de de Salvador foi cheia de Em razão da criação do estatu- passagem, e Frei Mendelson, criatividade e alegria, to do idoso essa comemoração jovem frade, também entraram celebramos a vida e o cuidado foi transferida para esta data na dinâmica do encontro. dos nossos confrades idosos, de acordo com a lei número Que o Senhor enriqueça nosde acordo com o calendário ci- 11.433, de 28 de dezembro de sos irmãos idosos de vitalidade vil. 2006, antes, porém, era cele- e alegria pelo caminho dedicaSabendo do direito à vida, que brada no dia 27 de setembro. do ao Reino de Deus. deve ser dignificada do nasci- A dinâmica da comemoração se mento à morte, nós da frater- deu com o auxílio de uma proFrei José Edilson, OFM nidade de Salvador quisemos fissional da saúde Vânia Sotero

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FREI LUCAS DOLLE PARA SEMPRE EM CANINDÉ

o último dia 18 de outubro, a fraternidade do Convento Santo Antônio de Canindé celebrou o dia do apóstolo e evangelista São Lucas e na ocasião ocorreu a imposição dos restos mortais de Frei Lucas Dolle († 2013) no jazido franciscano da fraternidade. Frei Lucas teve grande amor e ardor em realizar obras em prol

do povo mais simples. Foi amado por lutar sempre em favor dos ideais de uma sociedade justa e igual, com direito a boa educação, como foi o exemplo dos diversos serviços à educação nas letras, na catequese e na comunicação que ele, com tanto gosto, investia e fazia a fim de instruir o povo a quem ele se identificou como pastor e irmão.

Foi um momento rico e de fraternidade, onde junto ao povo de Deus presente em Canindé, celebrou-se em tom de ação de graças a Deus pelos serviços de Frei Lucas prestados ao povo canindeense em seus 22 anos de missão e paixão por esta terra franciscana. Frei Willames Batista, OFM

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SECRETARIADO PROVINCIAL PARA AS MISSÕES E EVANGELIZAÇÃO REALIZA ENCONTRO EM JOÃO PESSOA/PB

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m clima de festa de Nossa Senhora do Rosário, padroeira da Paróquia que tem o mesmo nome, em João Pessoa, teve início no dia 17/10 o II Encontro da Secretaria Provincial de Evangelização e Missão – SPEM. Participaram deste encontro os seguintes confrades: Frei Antonio Rodrigues – Párocos, Frei Luiz Augusto (Frei Guto) – Terra Santa, Frei Alleanderson Brito – Serviço de Animação vocacional – SAV, Frei Francisco Rogério – Missão, Frei Fernandes – Família Franciscana

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e Frei Gilmar Nascimento – Secretário de Evangelização e Missão. Frei Faustino dos Santos e Frei César Lindemberg justificaram suas ausências e enviaram relatório com suas atividades e proposta para incrementarem seus serviços – Comunicação e Serviços de Justiça, Paz e Integridade da Criação – JPIC respectivamente. Pela manhã os irmãos foram chegando e, depois do almoço, às 14h30, do dia 17, no Convento de Nossa Senhora do Rosário, teve início o encontro com a oração conduzida

por Frei Fernandes que, entre outras coisas, destacou o ano vivenciado pela Ordem e pelas Entidades que são as Juventudes. Após a oração deu-se prosseguimento à pauta. Inicialmente Frei Gilmar desejou a todos um bom encontro além do momento de convício. Depois propôs a leitura do texto do documento da Ordem Ite Nuntiate, o ponto 3.1 – Rumo a uma renovação de vida e missão nas Fraternidades Provinciais. Foram destacados três pontos: Vida com Deus, Vida Fraterna e Missão e Evangelização. À medida que ia lendo


eram discutidos, pelos participantes alguns itens considerados essenciais. Viu-se como importante para exercer a missão ter um coração generoso e aberto para acolher o diferente; ter uma capacidade de saber descentrar-se para dar lugar a Cristo e de reconhecer que é efetivamente Ele que conduz a missão; reconhecer em profundidade, a nível pessoal e comunitário, que o autor de nossas vidas é efetivamente o Cristo e que somos animados pelo sopro de seu Espírito; o espírito fraterno pressupõe uma mútua e recíproca acolhida que não se baseia sobre o domínio de um irmão sobre o outro. A humildade nas relações consente de atuar uma melhor descentralização de si para dar mais espaço ao Senhor e a uma melhor disposição à acolhida do irmão diferente de mim. Por fim chegamos a evangelização: A missão evangelizadora, realizada sempre como Fraternidade e como íntima necessidade de ir e anunciar aos outros o que o Senhor nos deu, implica: o desejo de testemunhar; uma boa preparação; a entrega e a avaliação diante de Deus e dos irmãos. Seguido foi feita uma partilha do III Encontro Nacional Franciscano de Juventudes realizado de 12 a 19 de julho em Vila Velha, no Espírito Santo. Deste encontro participaram 650 jovens de todas as Entidades Brasileiras, sendo 36 de nossa Província. Faltou uma maior articulação de nossas Paróquias. O encontro deu uma dimensão nacional da Ordem. O próximo será em Santarém – PA. Foi criada uma comissão para trabalhar em nível de Paróquia e de Província o tema tratado em Vila Velha: Frei Pedro Jú-

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nior, Frei Wellington Buarque, Frei Alleanderson Brito e Juliana. Eles prepararão um roteiro para ser estudado e refletido nas paróquias e depois num encontro provincial. Frei Guto falou do seu trabalho junto à Terra Santa. Disse que está unindo as visitas às Fraternidades da Ordem Franciscana Secular – OFS e visita as zeladoras da Terra Santa. Percebe que há muitas pessoas idosas. Falou também que há um apelo da Custódia da Terra Santa para que os Secretariados realizem peregrinações. Sobre o SAV Frei Alleanderson disse que em julho houve um encontro com os membros deste serviço com o Prof. Roberto Jefferson em Lagoa Seca para refletirem sobre o sínodo das juventudes e sobre analise de conjuntura sócio-política e eclesial. O trabalho continua repercutindo bem na Província graças o empenhos dos confrades. Falou que os custos com a psicóloga é caro e que o SAV não dispõe de dinheiro para financiar todos os encontros. Com relação às Paróquias foi falado do encontro acontecido no início de agosto em Olinda o qual foi muito animado. Estavam dez paróquias e o entrosamento foi bom. Espera-se que nos próximos encontros todas as paróquias se façam presentes. Viu-se em seguida que o SPEM não dispõe de um projeto financeiro para custear as despesas do mesmo. Achou por bem tratar deste assunto no encontro dos padres a ser marcado pelo Definitório. Falando sobre as Missões Populares, Frei Francisco Rogério colocou a os seus planos a respeito das mesmas. Achou-se por bem que ele, Frei Francis-

co Rogério, elabore um plano para apresentar aos confrades e à medida que for sendo aceito e ganhando adepto, vai se definindo. Quanto à Família Franciscana, Frei Fernandes, falou houve a Assembleia Regional e o tema foi São Francisco e o Sultão tendo como assessor Frei Rafael, OFMConv que reside em Brasília – DF. Apesar de ter poucos participantes, em torno de trinta, o encontro foi muito bom. Em seguida Frei Gilmar leu os relatórios das Comunicações na Província, enviado por Frei Faustino e o do JPIC, enviado por Frei César. Passaram-se a seguir às comunicações: Missões Populares: em Mossoró de 22 a 25/11/18. Tema: Enviados a Evangelizar em Fraternidade e Missão na Paróquia; Encontro de Evangelização e Missão na Guatemala, de 22 a 27/10/2018, deverão participar Frei Gilmar Nascimento e Frei Francisco Rogério. Congresso da Terra Santa em Jerusalém em novembro deste ano, Frei Guto participará. Foram marcados alguns encontros: Encontros de Párocos e Leigos: 31/08-01/09/2019. SPEM: 03 e 04/04/2019 em Ipojuca e 16 e 17/10/2019 em Fortaleza/ Canindé. Assistentes Espirituais da OFS, JUFRA e PFF 18 e 19/05/2019, em João Pessoa. Sobre as ordenações que acontecerão no próximo ano pensou-se em fazer um tríduo vocacional em cada lugar onde ela for realizada. Finalizando o encontro Frei Gilmar agradeceu a todos pela presença e participação e, em seguida, deu a bênção de São Francisco. E à noite ele celebrou a missa na novena de Nossa Senhora do Rosário.

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Evangelização e Missão RELATÓRIO DO ENCONTRO DE PÁROCOS E LEIGOS DA PROVINCIA FRANCISCANA DE SANTO ANTONIO DO BRASIL

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“Humanizar a humanidade. Praticando a proximidade”. (Dom Pedro Casaldáliga)

stivemos durante os dias 01 e 02 de setembro de 2018, reunidos no convento de Nossa Senhora das Neves em Olinda - PE no encontro de párocos e leigos franciscanos, reunidos com 10 paróquias, com a participação de 07 párocos e o Ministro Provincial, refletindo sobre o tema: “Protagonismo dos leigos com o enfoque na juventude”. Neste encontro tivemos os seguintes objetivos: animar e fortalecer a caminhada da ação pastoral paroquial sob a responsabilidade da província; trocar experiências e realizar ações de pastoral de conjunto; e encaminhar a nossa ação pastoral à luz do Carisma e Espiritualidade Franciscana na paróquia e entre paróquias vizinhas. Para a assessoria deste encontro contamos com a valorosa contribuição de Juliana Caroline, atualmente Secretária Nacional de Formação da JUFRA – Juventude Franciscana. Inicialmente ela pediu para os presentes realizarem um cochicho a partir das seguintes perguntas: Como está nas nossas paróquias a participação dos jovens? Que mecanismos possibilitamos para promover o protagonismo dos leigos/jovens? A partilha foi enriquecedora, pois os representantes de cada paróquia apresentaram frutos e desafios. Dentre eles, destacamos: em algumas paróquias os jovens são protagonistas, mas em outras são acomodados; existem divergências entre os adultos e os jovens, sobretudo em relação ao poder; foi citada a importância do catecumenato para o engajamento dos jovens; e a necessidade de ampliar o trabalho com os jovens que estão distantes da Igreja. Em seguida, Juliana apresentou os objetivos do ano do Laicato: Objetivo geral: “Como Igreja, Povo de Deus, celebrar a presença e a organização dos cristãos leigos e leigas no Brasil; aprofundar sua identidade, vocação, espiritualidade e missão; e testemunhar Jesus Cristo e seu Reino na sociedade”. Objetivos específicos: Dar testemunho de ser cristão (ã); batizados (as) sintam-se protagonistas, sujeitos desse momen-

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to da Igreja; Despertar uma espiritualidade mais definida para os leigos e leigas; leigos assumindo o seu papel na sociedade – sujeito eclesial; e buscar em Jesus a plenitude da vida. Depois apresentou alguns pontos relevantes do documento 85 da CNBB que trata da Evangelização da Juventude – desafios e perspectivas pastorais. O documento é dividido em três partes: primeiro capitulo, elementos para o conhecimento da realidade dos jovens, traz questões históricas e culturais da modernidade e da pós-modernidade e o perfil socioeconômico e religioso da juventude. Além disso, demonstra o relato da experiência acumulada da Igreja na Evangelização da Juventude. O segundo capitulo, um olhar da fé a partir da palavra de Deus e do magistério, apresenta o olhar teológico sobre a juventude à luz da Palavra de Deus. E o terceiro, linhas de ação, traz pistas concretas para a Evangelização da juventude. Diante do que foi explanado a assessora dividiu os participantes em 3 grupos de leigos e um grupo com os frades presentes. As perguntas para os leigos: 1- Nós leigos/as temos sido protagonistas na Igreja e na sociedade? Como? 2- Qual modelo de Igreja e de sociedade nós acreditamos ou desejamos? 3- Qual o modelo de paróquia estamos construindo? 4- Que caminhos podemos traçar para a construção de um laicato maduro? Para os frades: 1- Estamos permitindo o protagonismo dos leigos/as, em especial dos jovens? 2- Qual modelo de Igreja acreditamos e desejamos? 3Qual modelo de paróquias estamos oferecendo para os nossos leigos/ E para nossos jovens? As respostas nos leva a crer que estamos no caminho certo, sobretudo com a participação dos leigos nos conselhos oferecidos por nossas paróquias. O grande desafio é a atuação dos leigos, como protagonistas, na sociedade. Precisamos enfatizar mais a importância dos leigos nas diversas áreas da sociedade como protagonistas da Evangelização através do testemunho. No domingo participamos da Santa Missa, pre-


sidida por Frei Amilton, na Igreja conventual com os fieis desta comunidade. No restante da manhã realizamos a apreciação do Plano Pastoral de Pastoral Paroquial Franciscano com o enfoque nas dimensões da missão compartilhada com os leigos e a dimensão da juventude. Depois os participantes se reuniram, por regional, e definiram algumas atividades por paróquias vizinhas, a saber: as paróquias de Pernambuco pensaram em realizar escola formativa com trocas de experiências entre as paróquias irmãs; Formação dos grupos de missão; e resgatar o carisma franciscano a partir da formação compartilhada. Frei Antonio Rodrigues ficou como referência para fazer o calendário com os demais párocos. Na Paraíba foi citada a presença das paróquias nas festas dos padroeiros. No próximo ano a paróquia de Nossa Senhora do Rosário completará 90 anos. Para celebrar esta data será realizada uma missão. Será uma boa oportunidade para realizar este momento em conjunto com a paróquia de São Francisco de Campina Grande. O regional CE/RN no ano passado fez o seguinte planejamento para este triênio: Para 2018: a realização de uma semana missionária em Mossoró; No primeiro semestre de 2019 ocorrerá uma articulação das juventudes, em vista do “Conecta jovem” no mês de outubro na Paróquia de Nossa Senhora das Dores; Em fevereiro de 2020 será realizada a articulação para um encontro das ações sociais do regional na segunda quinzena de junho, em Canindé. As paróquias da Bahia promoverão um encontro de párocos e leigos para traçar um plano em conjunto. E a Paróquia de Igreja Nova entrará em contato com a paróquia de Aracajú em vista de algum trabalho em conjunto. Foram feitos alguns pedidos: que todos se comprometam com a articulação das paróquias vizinhas; que o Plano Pastoral Paroquial Franciscano possa ser apreciado nas Assembléias Paroquiais; e que os leigos possam estreitar os laços de amizade, aproveitando as mídias sociais. Peçamos a Deus que nos ajude a colaborar com uma Igreja em que os leigos e os presbíteros caminhem de mãos dadas numa missão compartilhada.

Evangelização e Missão

Frei Gilmar Nascimento (Secretário Provincial de Evangelização e Missão).

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CFMB CARTA DA CONFERÊNCIA DA FAMÍLIA FRANCISCANA DO BRASIL AO PAPA FRANCISCO “Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!” (Mt 5,10) ferência da Família Franciscana do Brasil quer reafirmar o compromisso com o Cristo Pobre, Humilde e Crucificado tão amado por FrancisVivemos tempo de profundas mudanças e como co de Assis e tão desvelado em teu Pontificado, bem disseste em Laudato Si são tempos de uma Francisco de Roma. É a partir destes desafios, e igualmente dos citaséria e grave crise socioambiental. Assistimos preocupados o aprofundamento per- dos em tua última “Carta ao Povo de Deus”, de turbador de políticas e retóricas globais de ódio 20 de agosto, que dirigimos nosso apoio irrestrie violência, que incitam a desintegração das re- to a ti que nos precede na caridade e na miselações humanas, a desfiguração do Sagrado e a ricórdia. E uma palavra é sempre necessária: o ruptura cada vez maior do humano com a Terra, Papa não está sozinho! Somos contigo! nossa Casa Comum e fonte da vida. Obrigado por teu serviço à Igreja e por teu testeVemos, com igual preocupação, a mesma e munho. Quem vive radicalmente o Evangelho e crescente agressão a ti e aos teus apelos de se- luta pela justiça será rejeitado e perseguido. guirmos ao Senhor, no rosto ferido dos feridos E certos de que Deus não abandona os pobres e nem àqueles que O atendem nos fracos e indede nossos dias. Em meio a este tempo sombrio e de transfor- fesos, te confiamos à proteção de São Francisco mações que exige de nós, cristãos e cristãs, e de Sua Mãe, a Virgem de Aparecida. profetismo e esperança acompanhamos em teu Benção Apostólica sobre nós, a nossa Confeministério e pastoreio o chamado vigoroso para rência e o nosso povo. a “alegria do Evangelho”, para a saída ao encontro dos pobres e para a comunhão universal de Brasília, 31 de agosto de 2018 todas as pessoas de “boa vontade”. Acabamos de celebrar os 50 anos da ConferênFrei Éderson Queiroz - OFMCap, Presidente cia Latino Americana, de Medellín. Afirmamos que “a opção preferencial pelos pobres” é a ra- Conferência da Família Franciscana do Brasil CFFB zão primeira do ser da Igreja. É dentro deste panorama desafiador que a ConPapa Francisco, Paz e Bem!

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CFMB

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FREI SÉRGIO MOURA É NOMEADO VISITADOR PARA A PROVÍNCIA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS

m outubro de 2019 acontecerá o Capítulo Provincial dos Franciscanos no RS. Os capítulos ocorrem a cada seis anos (tendo sempre um capítulo intermediário após o primeiro triênio) e servem para avaliar a caminhada dos frades, tomar as principais decisões e eleger os frades para o definitório. O definitório é o grupo de frades que coordena a província sendo formado pelo Provincial e Vigário Provincial (que exercem um mandato de 06 anos) e 04 definidores (que exercem um mandato de 03 anos). Para acompanhar o processo capitular a Cúria Geral nomeia um Visitador Geral. O Visitador é o delegado do Ministro Geral, com a missão de acompanhar o processo, e confirmar os frades na missão. Ao mes-

mo tempo elabora, a partir dos diálogos com todos os irmãos e os leigos que participam da Missão, um relatório para o Governo Geral da Ordem e para o Capítulo dos Freis. Para acompanhar o nosso Capítulo de 2019 foi escolhido pela Curia Geral o Frei Sério Moura Rodrigues dos Santos. Ele atualmente é o Vigário Provincial da Província Franciscana Santo Antônio do Brasil. A província franciscana mais antiga do Brasil que é composta por 08 estados do nordeste. Frei Sérgio é natural de Quixeramobim (CE) e além de Vigário Provincial é mestre dos frades de profissão temporária. Mora no Convento São Francisco em Salvador na Bahia. Ingressou na vida religiosa franciscana em 2002 realizando a sua profissão solene em 2007.

Foi ordenado presbítero em novembro de 2012. Durante os dias de estudo 09, 10 e 11 de outubro, Frei Sérgio acompanhou o encontro dos frades em Daltro Filho (Imigrante) onde pôde ter seu primeiro contato com os frades e a realidade da nossa província. Neste mesmo encontro os frades decidiram o tema e o lema do Capítulo para o próximo ano. Tema: “Fraternidade e redimensionamento” e o lema: “Vai e reconstrói a minha casa!”. Desde já rezemos pelos franciscanos do RS que iniciarão seu processo capitular e pelo Frei Sérgio Moura para que o Espírito Santo o acompanhe nos seus trabalhos como visitador geral. Fonte: Site da Província São Francisco de Assis

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PROVÍNCIA DO SANTÍSSIMO NOME REALIZA CAPÍTULO ELETIVO E ELEGE NOVO GOVERNO A Província do Santíssimo Nome de Jesus celebrou o Capítulo Provincial Eletivo de 15 a 19 de setembro e elegeu como seu novo Governo para o próximo triênio: Ministro Provincial Frei Marco Aurélio da Cruz Vigário Provincial Frei Wanderley Carvalho do Couto Definidores Frei Carlos Antônio da Silva Frei Jair Ferreira da Cruz Frei Benedito Lemes Sobrinho Júnior Frei Ronaldo Alves da Silva

50 ANOS DE MEDELLÍN

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Segunda Conferência Geral do Episcopado Latino Americano foi realizada na cidade de Medellin, na Colômbia, de 24 de agosto a 06 de setembro de 1968. Completam-se, portanto, 50 anos de sua realização. A celebração do seu cinquentenário é uma boa oportunidade para resgatar a memória deste acontecimento, que se tornou emble-

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mático como referência do esforço para colocar em prática, de modo criativo o Concílio Vaticano Segundo. A própria data da realização da Conferência de Medellin, no ano de 1968, coloca este evento no contexto histórico do Concílio, que tinha suscitado na Igreja um amplo processo de renovação, que necessitava ser bem articulado e bem con-


duzido. O Concílio tinha se realizado de 1962 a 1965. Já antes que ele terminasse, foi amadurecendo a idéia de que era preciso aplicar suas grandes intuições de maneira adequada à situação da Igreja em cada continente. Quem logo abraçou esta idéia foram os bispos latino americanos. É importante assinalar que a Igreja da América Latina era a única que já possuía uma incipiente articulação continental, através do CELAM – Conselho Episcopal Latino Americano. Isto facilitou as tratativas iniciais visando a realização de uma “conferência episcopal”, com a finalidade ampla de acolher o Concílio e realizar suas propostas de renovação eclesial no contexto da realidade própria do continente latino americano. Esta iniciativa contou logo com o incentivo do Papa Paulo VI, fato que contribuiu muito para legitimar os seus amplos propósitos. Outra constatação importante para se entender Medellin, era a situação muito tensa, vivida pela maioria dos países latino americanos, muitos deles enfrentando regimes de exceção, sob o peso de ditaduras militares, e com a pressão da pobreza em que se encontrava grande parte da população. Neste contexto se compreende melhor o que significou a Conferência de Medellin. A preocupação em integrar as orientações pastorais do Concílio com a realidade própria dos países da América Latina, levou a Conferência de Medellin a adotar o método que acabou sendo uma de suas características principais: VER, JULGAR E AGIR. Este método era uma das preciosas heranças da Ação Católica, em especial da JOC, Juventude Operária Católica. O desafio de entender a realidade, para se agir adequadamente diante dela, suscitou a consciência da importância da reflexão teológica. A caminhada da Igreja precisa ser acompanhada de adequada compreensão da realidade. Daí nasceu a “teologia da libertação”, em sintonia com a busca concreta de libertação que permeava o empenho de tirar da miséria e promover as populações pobres do continente. Com isto fica situada a “opção pelos pobres”, que a partir de Medellin passou a ser uma característica marcante da Igreja latino-americana. E assim dava para ir entendendo melhor outas marcas da caminhada pastoral, como as comunidades eclesiais de base, a leitura popular da

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Bíblia, a valorização dos leigos, o planejamento pastoral, a inserção das comunidades religiosas nas periferias, as pastorais sociais, a proximidade da hierarquia com o povo. Estes breves acenos sobre a Conferência de Medellin não são para deixar o assunto esgotado. Ao contrário, se destinam a nos motivar para resgatar a memória das grandes opções pastorais, e ter presente as resistências que elas encontraram, ou que ainda encontram em nossos dias. Pois Medellin continua sendo um marco referencial para avaliarmos a caminhada da Igreja na América Latina. Dom Demétrio Valentini Bispo de Jales

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Igreja

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO POR OCASIÃO DO DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELO CUIDADO DA CRIAÇÃO Caros irmãos e irmãs! Neste Dia de Oração desejo, em primeiro lugar, agradecer ao Senhor pelo dom da casa comum e por todos os homens de boa vontade que estão comprometidos em protegê-la. Agradeço também pelos numerosos projetos que visam promover o estudo e a proteção dos ecossistemas, pelos esforços destinados a desenvolver uma agricultura mais sustentável e uma alimentação mais responsável, pelas diversas iniciativas educacionais, espirituais e litúrgicas que envolvem muitos cristãos em todo o mundo no cuidado da criação. Devemos reconhecê-lo: não soubemos proteger a criação com responsabilidade. A situação ambiental, quer a nível global, quer em muitos lugares específicos, não pode ser considerada satisfatória. Com razão, surgiu a necessidade de uma relação renovada e saudável entre a humanidade e a criação, a convicção de que apenas uma visão do homem autêntica e integral nos permitirá cuidar melhor do nosso planeta para o benefício das gerações presentes e futuras, pois «não há ecologia sem uma adequada antropologia» (Carta Enc. Laudato si’, 118). Neste Dia Mundial de Oração pelo cuidado da criação, que a Igreja Católica há alguns anos celebra em união com os irmãos e irmãs ortodoxos, e com o apoio de outras Igre-

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jas e Comunidades cristãs, gostaria de chamar a atenção para a questão da água, elemento tão simples e precioso, cujo acesso infelizmente é difícil para muitos, se não impossível. No entanto, «o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos. Este mundo tem uma grave dívida social para com os pobres que não têm acesso à água potável, porque isto é negar-lhes o direito à vida radicado na sua dignidade inalienável» (ibid., 30). A água nos convida a refletir sobre as nossas origens. A maior parte do corpo é composta de água; e muitas civilizações, na história, surgiram nas proximidades de grandes cursos de água que marcaram sua identidade. É sugestiva a imagem utilizada no início do Génesis, em que se diz que nas origens o espírito do Criador «pairava sobre as águas» (1,2). Pensando em seu papel fundamental na criação e no desenvolvimento humano, sinto a necessidade de dar graças a Deus pela «irmã água», simples e útil sem nada de parecido para a vida no planeta. Precisamente por esse motivo, cuidar de fontes e bacias hídricas é um imperativo urgente. Hoje, mais do que nunca, é necessário um olhar que

ultrapasse o imediato (cf. Carta Enc. Laudato si’, 36), além de «critério utilitarista de eficiência e produtividade para lucro individual» (ibid., 159). Precisa-se urgentemente de projetos conjuntos e de ações concretas, tendo em conta que é inaceitável qualquer privatização do bem natural da água que seja contrária ao direito humano de poder ter acesso a ela. Para nós cristãos, a água é um elemento essencial de purificação e de vida. O pensamento vai imediatamente para o Batismo, sacramento do nosso renascimento. A água santificada pelo Espírito é a matéria pela qual Deus nos vivificou e nos renovou; é a fonte abençoada de uma vida que não morre mais. O Batismo representa também, para os cristãos de diferentes confissões, o ponto de partida real e indispensável para viver uma fraternidade cada vez mais autêntica no caminho da plena unidade. Jesus, durante a sua missão, prometeu uma água capaz de saciar para sempre a sede do homem (cf. Jo 4,14), e profetizou: «Se alguém tem sede, venha a mim e beba» (Jo7,37). Ir a Jesus, beber d’Ele significa encontrá-Lo pessoalmente como Senhor, haurindo da sua Palavra o sentido da vida. Que possam ressoar em nós com força as palavras que Ele pronunciou na cruz: «Tenho sede» (Jo 19, 28). O Senhor continua a pedir


para ser saciado na sua sede, pois tem sede de amor. Ele nos pede para dar-Lhe de beber nos muitos sedentos de hoje, para então nos dizer: «Eu estava com sede e me destes de beber» (Mt25,35). Dar de beber, na aldeia global, não envolve apenas gestos pessoais de caridade, mas escolhas concretas e compromisso constante de garantir a todos o bem primário da água. Gostaria também de tocar na questão dos mares e dos oceanos. Devemos agradecer ao Criador pelo dom imponente e maravilhoso das grandes águas e de quanto elas contêm (cf. Gen 1,20-21; Sl146,6), e louvá-Lo por ter coberto a terra com os oceanos (cf. Sl 104,6). Orientar os nossos pensamentos para as imensas extensões marinhas, em constante movimento, representa também, em certo sentido, uma oportunidade para pensar em Deus, que acompanha constantemente a sua criação, fazendo com que siga adiante, mantendo-a na existência (cf. S. João Paulo II, Catequese, 7 de Maio de 1986). Proteger esse bem inestimável todos os dias representa hoje uma responsabilidade imperiosa, um desafio real: é necessária uma cooperação eficaz entre os homens de boa vontade para colaborar na obra contínua do Criador. Infelizmente, muitos esforços desaparecem devido à falta de regulamentação e de controles efetivos, especialmente no que diz respeito à proteção das áreas marinhas para além das fronteiras nacionais (cf. Carta Enc. Laudato si’, 174). Não podemos permitir que os mares e oceanos se preencham com extensões inertes

de plástico flutuante. Também para essa emergência somos chamados a nos comprometer, com uma mentalidade ativa, rezando como se tudo dependesse da Providência divina e agindo como se tudo dependesse de nós. Rezemos para que as águas não sejam um sinal de separação entre os povos, mas de encontro para a comunidade humana. Rezemos para que sejam protegidas aquelas pessoas que arriscam suas vidas em meio às ondas em busca de um futuro melhor. Peçamos ao Senhor e àqueles que realizam o alto serviço da política que as questões mais delicadas da nossa época, tais como as relacionadas com a migração, com a mudança climática, com o direito para todos de usufruírem dos bens primários, sejam encaradas com responsabilidade, com previsão olhando para o amanhã, com generosidade e com espírito de cooperação, especialmente entre os países que têm maior disponibilidade. Rezemos por aqueles que se dedicam ao apostolado do mar, por aqueles que ajudam a refletir sobre os problemas com que se debatem os ecossistemas marítimos, por aqueles que contribuem para o desenvolvimento e a aplicação de regulamentos internacionais sobre os mares que possam tutelar as pessoas, os Países, os bens, os recursos naturais – penso, por exemplo, na fauna e na flora marinha, bem como

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nos recifes de coral (cf. ibid., 41) ou nos fundos marinhos – e garantindo um desenvolvimento integral na perspectiva do bem comum de toda a família humana e não de interesses particulares. Lembremos também de quantas pessoas trabalham para a proteção das áreas marítimas, para a tutela dos oceanos e sua biodiversidade, para que possam realizar essa tarefa com responsabilidade e honestidade. Por fim, preocupemo-nos com as jovens gerações e rezemos por elas, para que cresçam no conhecimento e no respeito pela casa comum e no desejo de cuidar do bem essencial da água para o benefício de todos. O meu desejo é que as comunidades cristãs contribuam cada vez mais concretamente para que todos possam usufruir desse recurso indispensável, no cuidado respeitoso dos dons recebidos do Criador, em particular dos cursos de água, mares e oceanos. Vaticano, 1 de Setembro de 2018 FRANCISCO

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HOMILIA DO PAPA FRANCISCO POR OCASIÃO DA XV ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA DO SÍNODO DOS BISPOS “Jovens, fé e discernimento vocacional”

«O Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, Esse é que vos ensinará tudo, e há de recordar-vos tudo o que Eu vos disse» (Jo 14, 26). Desta maneira tão simples, Jesus oferece aos seus discípulos a garantia de que acompanhará todo o trabalho missionário que lhes será confiado: o Espírito Santo será o primeiro a guardar e manter sempre viva e atual no coração dos discípulos a memória do Mestre. Ele faz com que a riqueza e beleza do Evangelho seja fonte de constante alegria e novidade. No início deste momento de graça para toda a Igreja, em sintonia com a Palavra de Deus, peçamos insistentemente ao Paráclito que nos ajude a trazer à memória e a reavivar as palavras do Senhor que faziam arder o nosso coração (cf. Lc 24, 32). Ardor e paixão evangélica que geram o ardor e a paixão por Jesus. Memória que possa Set - Out / 2018

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despertar e renovar em nós a capacidade de sonhar e esperar. Porque sabemos que os nossos jovens serão capazes de profecia e visão, na medida em que nós, adultos ou já idosos, formos capazes de sonhar e assim contagiar e partilhar os sonhos e as esperanças que trazemos no coração (cf. Jl 3, 1). Que o Espírito nos dê a graça de ser Padres sinodais ungidos com o dom dos sonhose da esperança, para podermos, por nossa vez, ungir os nossos jovens com o dom da profecia e da visão; que nos dê a graça de ser memória operosa, viva e eficaz, que, de geração em geração, não se deixa sufocar e esmagar pelos profetas de calamidades e desgraças, nem pelos nossos limites, erros e pecados, mas é capaz de encontrar espaços para inflamar o coração e discernir os caminhos do Espírito. É com esta

disposição de dócil escuta da voz do Espírito que nos congregamos aqui de todas as partes do mundo. Hoje, pela primeira vez, estão conosco também dois irmãos Bispos da China continental, a quem damos as nossas calorosas boas-vindas. Graças à sua presença, é ainda mais visível a comunhão de todo o Episcopado com o Sucessor de Pedro. Ungidos na esperança, começamos um novo encontro eclesial capaz de ampliar horizontes, dilatar o coração e transformar as estruturas que hoje nos paralisam, separam e afastam dos jovens, deixando-os expostos às intempéries e órfãos duma comunidade de fé que os apoie, dum horizonte de sentido e de vida (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 49). A esperança interpela-nos, move-nos e destroça o conformismo ditado pelo “sempre se fez assim” e pede que nos erga-


mos para fixar olhos nos olhos o rosto dos jovens e ver as situações em que se encontram. A mesma esperança pede que trabalhemos por derrubar as situações de precariedade, exclusão e violência, a que está exposta a nossa juventude. Fruto de muitas das decisões tomadas no passado, os jovens chamam-nos a cuidar, com maior empenho e juntamente com eles, do presente e a lutar contra aquilo que de algum modo impede a sua vida de crescer com dignidade. Pedem-nos e exigem-nos uma dedicação criativa, uma dinâmica inteligente, entusiasta e cheia de esperança, e que não os deixemos sozinhos nas mãos de tantos traficantes de morte que oprimem a sua vida e obscurecem a sua visão. Esta capacidade de sonhar juntos, que hoje o Senhor nos dá de presente a nós como Igreja, exige – conforme nos dizia São Paulo, na primeira Leitura – que desenvolvamos entre nós uma atitude muito concreta: “Cada um não tenha em vista os próprios interesses, mas todos e cada um exatamente os interesses dos outros” (Flp 2, 4). E, ao mesmo tempo, aponta para mais alto pedindo que, humildemente, consideremos os outros superiores a nós mesmos (cf. 2, 3). Com este espírito, procuraremos colocar-nos à escuta uns dos outros para discernirmos, juntos, aquilo que o Senhor está a pedir à sua Igreja. Isto exige de nós que estejamos atentos e nos precavamos bem para não prevalecer a lógica da autopreservação e da autorreferência, que acaba por tornar importante o que é secundário, e secundário o que é impor-

tante. O amor ao Evangelho e ao povo que nos foi confiado pede-nos que alarguemos o olhar e não percamos de vista a missão a que nos chama a fim de apostar num bem maior que será de proveito para todos nós. Sem esta atitude, serão vãos todos os nossos esforços. O dom da escuta sincera, orante e, o mais possível, livre de preconceitos e condições permitir-nos-á entrar em comunhão com as diferentes situações que vive o povo de Deus. Ouvir a Deus, para escutar com Ele o clamor do povo; ouvir o povo, para respirar com ele a vontade a que Deus nos chama (cf. Discurso na Vigília de Oração preparatória para o Sínodo sobre a família, 4 de outubro de 2014). Esta atitude defende-nos da tentação de cair em posições moralistas ou elitistas, bem como da atração por ideologias abstratas que nunca correspondem à realidade do nosso povo (cf. J. M. Bergoglio, Meditações para religiosos, 45-46). Irmãos, irmãs, coloquemos este tempo sob a proteção materna da Virgem Maria. Que Ela, mulher da escuta e da memória, nos acompanhe no reconhecimento dos vestígios do Espírito, a fim de que solicitamente (cf. Lc 1, 39), entre os sonhos e esperanças, acompanhemos e estimulemos os nossos jovens para que não cessem de profetizar. Padres sinodais! Muitos de nós éramos jovens ou dávamos os primeiros passos na vida religiosa, quando terminou o Concílio Vaticano II. Aos jovens de então, foi dirigida a última mensagem dos Padres conciliares. O que ouvimos quando éramos jovens far-nos-á bem repas-

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sá-lo com o coração, lembrados das palavras do poeta: “O homem mantenha o que, em criança, prometeu” (F. Hölderlin). Assim nos falaram os Padres conciliares: “A Igreja, durante quatro anos, tem estado a trabalhar para um rejuvenescimento do seu rosto, para melhor responder à intenção do seu fundador, o grande vivente, o Cristo eternamente jovem. E no termo desta importante “revisão de vida”, volta-se para vós. É para vós, os jovens, especialmente para vós, que ela acaba de acender, pelo seu Concílio, uma luz: luz que iluminará o futuro, o vosso futuro. A Igreja deseja que esta sociedade que vós ides construir respeite a dignidade, a liberdade, o direito das pessoas: e estas pessoas, sois vós. (…) Tem confiança que (…) vós sabereis afirmar a vossa fé na vida e no que dá um sentido à vida: a certeza da existência de um Deus justo e bom. É em nome deste Deus e de seu Filho Jesus que vos exortamos a alargar os vossos corações a todo o mundo, a escutar o apelo dos vossos irmãos e a pôr corajosamente ao seu serviço as vossas energias juvenis. Lutai contra todo o egoísmo. Recusai dar livre curso aos instintos da violência e do ódio, que geram as guerras e o seu cortejo de misérias. Sede generosos, puros, respeitadores, sinceros. E construí com entusiasmo um mundo melhor que o dos vossos antepassados” (Conc. Ecum. Vat. II, Mensagem aos jovens, 8 de dezembro de 1965). Papa Francisco

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Formação

O ENTENDIMENTO TEOLÓGICO FRANCISCANO DA CRUZ Francisco, após o encontro com o leproso e com a cruz de São Damião, tornou-se um homem inebriado de amor. Viver em sua vida a imitação do Cristo e seu itinerário até a Cruz era perceber que “a Cruz é um símbolo muito positivo quando consideramos a vida nova que brota. Sem a cruz não pode haver crescimento no amor ou maturidade, nem plenitude ou equilíbrio, nem vida e energia, nem relacionamento pessoal entre Deus e a humanidade”[1]. A cruz é vista por Francisco como uma identificação, até porque a vida da humanidade está ligada com a vida de Cristo que nos amou até o último instante. O próprio São Boaventura “está profundamente convencido de que na “cruz todas as coisas (ominia) são reveladas; ninguém tem acesso a Deus de forma direta (recte), se não por meio do Crucificado; e “Jesus Cristo revelou-se imi-

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tável em sua medida máxima na forma que teve na cruz”[2]. Bem sabemos o quanto foi importante para Francisco a experiência nas ruínas de São Damião, brotando daí um amor indivisível ao Cristo Crucificado. Agora, após dezenove anos de uma vida permeada na imitação do Cristo, ele recebe, no Monte Alverne, em seu corpo as marcas da paixão. “Foi aos pés do Crucificado da igrejinha de São Damião que iniciou sua carreira generosa e foi pela crucifixão mística das chagas impressas em seu corpo no alto do Alverne que chegou a culminância de sua vida na terra”[3], sendo assim o amor incomensurável pela paixão, amor esse que vai se desenvolvendo até culminar com a impressão das Chagas no Monte Alverne. A visão com que Francisco é mimoseado sobre o Alverne é tanto a da Cruz Glorificada como a de uma Glória Cru-

cificada. O sublime serafim resplandecente de fogo, tanto representa o Ressuscitado, o Transfigurado de amor, como o Santo de Israel tocando as montanhas com seu esplendor. A Glória que surge diante de Francisco sob a aparência do Serafim é bem a Glória do Senhor para além da sua morte gloriosa, é a Glória Pascal, aquela que pelo amor triunfou sobre a morte, aquela que, no silêncio do Calvário[4]. A experiência alcançada no Monte Alverne é, sem dúvidas, “o cume de uma ascensão mística em que Francisco buscou durante toda sua vida, o Cristo não só na sua figura de homem, mas também na sua figura de homem aniquilado, despojado de todo poder”[5], expressão máxima de amor. Ao receber em seu corpo as marcas da paixão, torna-se um “alter christus” (outro Cristo), pois “a contemplação de


Francisco estigmatizado, considerado “outro Cristo crucificado”, foi o ambiente vital em que floresceu uma profunda e original espiritualidade e uma notável teologia da cruz e do Crucificado”[6]. A cruz, portanto, é o despojamento do amor de Deus em favor dos homens, onde Deus mesmo se encarna (presépio), ensina (discípulos), ouve o Pai e se entrega totalmente na cruz (estigmas). As chagas formam a confirmação e a fidelidade ao projeto que o Senhor lhe deu. “Boaventura está convencido de que o arrebatamento de Francisco no Alverne não está desligado da caminhada que Francisco fez até aí. No Alverne ela se torna modelo de contemplação, como antes se tonara modelo de ação”[7]. Essa é a expressão máxima do amor incondicional do amante para com o amado, é a vivência concreta do amor-doação expressa em marcas em Jesus e em Francisco, os quais amaram a todos até o fim. Receber os estigmas é deixar-se viver inteiramente permeado pela força amorosa de Cristo que se doa, percebendo em sua volta e assumindo em seu corpo a imagem de todos os desprezados de seu tempo. Deste modo, “Francisco tinha dado sua alma de tal forma que nem mesmo seu corpo conserva mais. Quando lhe pedem uma explicação, nada tem a nos dizer. Ele é propriedade de alguém que não explica, mas plenifica”[8]. É no Cristo Crucificado, em seu corpo, que o Pobre de Assis vivencia toda dor-alegria, uma profunda harmonia de amor de Deus-Filho que padeceu na Cruz por amor a todos.

Portanto, “a vida de São Francisco foi uma celebração de liberdade no esforço vitorioso de libertar-se de tudo quanto embaraçava o seu ideal. A luta desapiedada contra si mesmo para vencer os seus impulsos”[9], fez com que ele chegasse na sua vida contemplativa e espiritual ao ápice do “imitar a Cristo” pobre e crucificado, gravando em seu corpo as marcas da paixão. “É uma transformação interior e exterior que faz de Francisco, à imagem da vida do Crucificado, à semelhança daquilo que se dá em Jacó, quando ao contato profundo com Deus, em sua luta interior de transformação de si mesmo, se torna Israel”[10]. Isso porque “a crucifixão de Jesus foi a expressão suprema do amor de Deus por nós. Nossa expressão de amor por Deus e pelos outros inclui uma crucifixão semelhante”[11], porque quem mergulha na paixão do Cristo, sente arder o coração e vive profundamente assim como o Pobre de Assis, no amor.

Formação

[5] RITO, Honório (OFM). Teologia Franciscana. “Revista da Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil”, 1988, nº108, p. 87. [6] IAMMARRONE, Giovanni. Cristologia. In: MERINO, José Antônio; FRESNEDA, Manual de Teologia Franciscana. p. 202. [7] RITO, Honório (OFM). Teologia Franciscana. “Revista da Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil” p. 87. [8] LECLERC, Éloi. Francisco de Assis. O retorno ao Evangelho. p. 108. [9] ZAVALLONI, Roberto. Pedagogia Franciscana: Desenvolvimento e perspectiva. Op. cit., p. 149. [10] RITO, Honório (OFM). Teologia Franciscana. “Revista da Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil”. p. 87. [11] PEDROSO, José Carlos Corrêa. Olhos do espirito: itinerário de formação na contemplação na escola de Francisco de Assis. p.113.

Frei Allanderson Brito, ofm [1] PEDROSO, José Carlos Corrêa. Olhos do espirito: itinerário de formação na contemplação na escola de Francisco de Assis. p. 113. [2] IAMMARRONE, Giovanni. Cristologia. In:MERINO, José Antônio; FRESNEDA, Manual de Teologia Franciscana. p. 180-181. [3] KOSER, Constantino. O pensamento franciscano. p. 37. [4] MOTTE, P. Ignace-Étienne; HÉGO, P. Gérald. A Páscoa de São Francisco. p. 99-110. 2018 / Set - Out

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