Cardápio de Projetos

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Partindo desse pressuposto, este projeto não teve um fim como devem ter estas palavras: a ideia do projeto continua, pois as crianças que estão estudando comigo neste ano continuam dispostas e interessadas em aprender e — por que não? — em ensinar a aprender. Para que isso ocorra, entretanto, precisamos ter a consciência de que não podemos ensinar aquilo que não sabemos; que uma prática sem teoria ou planejamento é irresponsabilidade consigo (que ensina) e com o outro (que aprende), e que não podemos exercer o magistério sem ter um compromisso político, ético, moral e social. Nas palavras de Paulo Freire (1994, p. 17), O que se espera de quem escreve com responsabilidade é a busca permanente, incansável, da pureza que recusa a hipocrisia puritana ou a desfaçatez da sem-vergonhice. O que se espera de quem ensina, falando ou escrevendo, em última análise, testemunhando, é que seja rigorosamente coerente, que não se perca na distância enorme entre o que faz e o que diz.

Façamos de nossos projetos e da nossa prática, portanto, o que Freire nos aconselha: um trabalho puro, coerente e sem hipocrisia em que o que se pensa e o que se diz não sejam diferentes do que se faz.

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AVALIAÇÃO O instrumento formal utilizado para avaliar o presente projeto foi o relatório escolar em que se avalia a criança em seu aspecto integral. Constam dele os resultados atingidos a partir dos objetivos do projeto. Além disso, durante e após as atividades com cada grupo de crianças, eu procurava fazer com que elas se autoavaliassem, que refletissem sobre o que, como e por que fizeram aquelas atividades. Dessa forma, não dizia para elas se estavam certas ou erradas, mas fazia essas perguntas para cada uma delas e para o grupo. Assim, elas mesmas determinavam seus erros ou acertos e construíam o conhecimento de forma “crítica” e autônoma. RESULTADOS OBTIDOS Ao longo do ano, fui percebendo o quanto este projeto era importante para as crianças. Elas iam alcançando gradativamente os objetivos propostos. J. G., aluno do Maternal A, por exemplo, estava com o desenvolvimento da linguagem oral defasado, embora seu raciocínio lógico e coordenação visomotora tivessem um desenvolvimento excelente. Sua linguagem oral foi, aos poucos, melhorando. O aluno T. (4 anos), do Jardim A, alcançou com este projeto o desenvolvimento de crianças de 5 a 6 anos. Ele reconhecia e reproduzia de forma escrita e quantitativa (demonstrando através de conjuntos) os numerais de 1 a 10; reconhecia os nomes de todos os colegas, escrevia o seu e de algumas outras crianças; montava todos os quebra-cabeças da creche (alguns para crianças a partir de 6 anos) e alcançou um aumento vocabular e conceitual significativos, tanto para os adultos da creche


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