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atrasar os processos. De outra maneira, é claro que a força da transformação tende a prevalecer. Eu acho que o procedimento correto é o seguinte: você tinha interesses. É muito mais cômodo você defender os interesses que você tinha, do que evoluir junto com a sociedade e com as tecnologias as novas formas de construir esses interesses. O deslocamento básico, radical, que é o que se estuda como economia criativa, é que uma vez que você gastou o investimento de criar um produto, a utilização desse conhecimento é gratuita. A produção criativa não é um bem físico, que tem que ter propriedade. O ato de produção é uma coisa, o ato de circulação deve ser gratuito e planetário. E A QUESTÃO DOS CUSTOS BANCÁRIOS É OUTRO EMPECILHO. COMO PAGAR UM VALOR POR ARTIGO OU POR MÚSICA NA INTERNET , SE OS CUSTOS DE OPERAÇÃO DO CARTÃO SÃO MAIS CAROS QUE O VALOR DE COMPRA . N UM MOMENTO EM QUE AS PESSOAS NÃO QUEREM MAIS PACOTES FECHADOS, ISSO VIRA UM PROBLEMA .

Veja bem, você tem o problema dos intermediários financeiros, não é? Eu, por exemplo, poderia disponibilizar textos meus a R$ 5,00. É viável para a maioria das pessoas terem os textos. Ele para fazer um doc eletrônico para me pagar R$ 5,00, ele vai pagar R$8,00 pela operação bancária, porque ninguém pensou, na área financeira, em gerar sistemas inteligentes. Mas existem exemplos interessantes aparecendo. Um professor norte-americano colocou opções no site pessoal e disponibiliza toda a sua produção de graça. Tem as opções no site. Você pode usar os textos através do Creative Commons, gratuitamente. Mas se você quer contribuir para o site, para a produção científica do autor, você pode pagar dois dólares por texto que você busca – e dois dólares não matam ninguém. Uma terceira opção é, relativo ao volume de textos que você baixou, mandar o que você acha que isso vale. Num país como os Estados Unidos, eles descobriu que 70% das pessoas que usam seus textos contribuem com alguma coisa. Quando a remuneração é justa, as pessoas não se opõem. É muito interessante isso, porque quando você vai para a Suíça, ao invés de você ter um profissional perdendo tempo vigiando uma pilha de jornais para vender a um preço ridículo, existem umas caixinhas na rua e você pega o jornal e deposita o dinheiro. E, no fim, o sistema funciona. Se alguém faz um bom serviço, não exige nada, você acaba contribuindo com alguma coisa. Nós temos esse sentimento da reciprocidade nas pessoas. São processos colaborativos. Se sairmos do pagamento extorsivo, por exemplo, das telefônicas, do cheque especial, enfim, de um conjunto de elementos que 63


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