NESTA magazine - Março 2012

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Out of the box

Alguns exemplares dos móveis Mo.Ca, construídos a partir de cartão.

E quando é que a brincadeira de criar esta peça evoluiu para a marca registada Mo.Ca? A brincadeira tornou-se mais séria a partir do momento em que os nossos familiares e amigos gostaram dela e começaram a incentivar-nos a ir mais além. O recurso a créditos ou outro tipo de financiamento que implicasse juros ou gastos avultados sempre esteve posta de parte. O crowdfunding apareceu por acaso, graças ao nosso amigo Flávio Gart da Bazooka que nos convenceu a ir a uma reunião da Massivemov enquanto ainda estavam em fase embrionária. Saímos de lá curiosos com o crowdfunding, investigamos melhor este tipo de financiamento e pareceu-nos ser (e ainda hoje achamos o mesmo) a única forma sustentável e justa. Tentamos a nossa sorte, trabalhamos com todas as nossas forças e arriscamos introduzir o projeto mo.ca. na plataforma. A experiência foi maravilhosa pois fomos forçados a aprender muito sobre marketing, ganhamos consciência das nossas limitações e verificamos a recetividade do projeto perante o público em geral.

E já vos encomendaram peças mais excêntricas, fora do normal? Felizmente sim! Na verdade, a Mo.Ca. é muito virada para o cliente individual. Estamos todos cansados de ser tratados como mais do mesmo, por isso, pareceu-nos pertinente que a Mo.Ca. distinguisse cada potencial cliente. Ao tratarmos as situações individualmente, temos a felicidade de perceber o que aquela pessoa em particular precisa e como utiliza o mobiliário. Isto faz aumentar exponencialmente a diversidade de pedidos de produtos. Uma sapateira para sapatos de salto alto foi das primeiras sugestões fora do normal que nos fizeram e ainda hoje pensamos em concretizar.

Porquê o crowdfunding? Somos fãs de crowdfunding porque é a única forma saudável de conseguirmos um financiamento para projetos que estão a começar e que são alérgicos a dívidas. Além de ser uma exposição total do produto, uma aprendizagem tremenda em comunicação e marketing, a aprovação ou não do projeto permite ao empreendedor aperceber-se se esse mesmo projeto tem viabilidade ou não.

Que conselhos podem dar a potenciais empreendedores que queiram passar da ideia à ação? Arriscar! Organizar ideias, trabalhar muito e com prazer! Lutar, ser genuíno, confiante, autêntico e muito otimista. Até ao momento, e segundo a experiência da Mo.Ca., são estes os truques a utilizar. Texto: José Guimarães Fotografias Mo.Ca.

Quais são os próximos passos da mo.ca.? Arranjarmos mais “lenha para nos queimarmos”!!! Isto é, pretendemos continuar a criar peças distintas das demais, com um tratamento Mo.Ca., e que nos permitam criar uma identidade própria. O plano é ir devagar, com muita atenção e imaginação.

Como é lançar uma marca em tempos de crise? Um desafio. As pessoas estão assustadas, não querem gastar dinheiro, foram habituadas a pagar muito pouco pelo que querem e a desvalorizar a mão- de-obra. Estamos a falar de peças artesanais, que demoram muitas horas a serem feitas. Às vezes, quando falamos no preço da peça e no tempo que demora a ser feita, dizem frequentemente: “é muito caro”. Quando lhes perguntamos quanto querem ganhar por hora pelo trabalho que fazem, rapidamente mudam o discuros de caro para justo. (risos) Isto tudo para dizer que a experiência está a ser deveras interessante, motivadora e desafiante. Andamos a lutar contra a corrente da desvalorização da matéria-prima e do consumo inconsciente. Não há nada melhor do que um bom desafio para apimentar qualquer projeto. De que forma é que o público tem respondido ao mobiliário de cartão? Regra geral a primeira dúvida passa pela resistência da mobília. Mas depois de se sentarem num banco de cartão ficam encantados e imediatamente a seguir apresentam sugestões para novas peças. O nosso público tem sido uma fonte de inspiração, força e motivação. Estamos muito gratos a todos.

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