TRAJETÓRIA ANALÍTICA

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NEPP - NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM PSICANÁLISE

Trajetória Analítica

e-mail: nepp@nepp.com.br Site: www.nepp.com.br


FRÁGUA – FREUDIANA Periódico de Psicanálise

“Foi

preciso

aparecer

um

homem

chamado

Sigmund

Freud, para trazer luz ao mundo quanto às questões do inconsciente.” Prof. Sérgio Costa

“O inconsciente havia muito tempo, batia nos portões da psicologia. A filosofia e a literatura brincavam com ele, mas a ciência não lhe atribuía nenhum uso”. Freud (Obras completas, vol.XXI- pág.181)

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FRÁGUA – FREUDIANA

1 - APRESENTAÇÃO 1.1

Editorial..................................................................................

03

1.2

Agenda Semestral – Datas para início de novos grupos.......

05

1.3

O NEPP...................................................................................

06

1.4

Atividades:  Vá ao Cinema com o Psicanalista ...................................  Quinta

10 11

Filosófica................................................................  Quinta-Feira

12

Científica......................................................  Acompanhe os Próximos Eventos

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2 – ARTIGOS 2.1

Transferência – Prof. Sérgio

2.2

Depressão – Prof. Sérgio Costa.............................................

14

Costa..........................................

20

3 – COLETÂNEA 3.1

Construção das Escolas Psicanalíticas – Escola

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Freudiana.

4 - ARTIGOS 4.1

Crianças mais que “Custosas” –

4.2

Pânico, Diagnóstico da Moda –

..

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4.3

Sensação – Prof. Sérgio Costa...............................................

40

34

5 - PROJETOS E PUBLICAÇÕES DO NEPP 5.1

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FRÁGUA – FREUDIANA O NEPP

Prof. Sergio Costa

https://www.facebook.com/cafecompsicanalista

http://revistanepp.blogspot.com.br/

nepp@nepp.com.br www.nepp.com.br Número 1 Belo Horizonte/MG-2013

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FRÁGUA – FREUDIANA EDITORIAL

EDITORIAL Prof. Sérgio Costa

Quando criei o NEPP o fiz com o propósito de fazer dele um lugar onde se estuda psicanálise ortodoxa freudiana, isto é, onde se conhece grandes pensadores, mas se estuda Freud. Sempre me incomodou o fato de que a grande maioria dos que falam de Freud não o conhecem e nem o lêem. Além disso, foi uma maneira que encontrei para prestar uma homenagem ao mestre pelo enorme bem que seus ensinamentos têm-me feito ser testemunha ao longo de minha clínica psicanalítica freudiana ortodoxa. Nunca me arrependi desta decisão e cada vez mais tenho a certeza de haver acertado: o NEPP superou todas as expectativas, mesmo as mais otimistas. Sem medo de incorrer em erro posso afirmar com convicção que o NEPP não teve o triste destino de tantas outras escolas psicanalíticas, praticamente sem alunos n os seus quadros, principalmente por que o NEPP sempre continuará fazendo como o próprio Freud fez: manter as suas portas abertas a todos aqueles que têm o interesse de estudar psicanálise ortodoxa freudiana, sem distinção ou discriminação de qualquer tipo. Não podemos nos esquecer que Otto Rank era um mecânico quando começou a freqüentar as quartas-feiras em casa de Sigmund Freud (vol.XIV, Obras Completas de Freud). Nos seus pouquíssimos 4 anos de existência, o NEPP conquistou grandes vitórias. Já passaram por aqui muitos associados. Destes, alguns solicitaram e obtiveram o passe e são hoje psicanalistas atuantes. Outros tantos solicitaram e obtiveram certificados em Metapsicologia Freudiana (teoria psicanalítica), em Psicopatologia Analítica, em Transferência. Foi publicado, no ano de 2004, o primeiro número da Revista de Psicanálise, apresentando vários artigos dos nossos profissionais e em 2005 o segundo número, que trouxe os resultado estatísticos de uma pesquisa realizada por psicanalistas formados por nós, sobre o perfil atual da família mineira.

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FRÁGUA – FREUDIANA EDITORIAL

O NEPP foi também homenageado pela UNESCO com a publicação de um artigo sobre o trabalho realizado em parceria com a UFMG no Projeto Caparaó – Uma Comunidade de Aprendizagem, no volume 3 da Coleção Evaluacion De Proyectos De Desarrollo Educativo Local – IIPE – UNESCO, também no ano de 2004. Realizou o 1º Congresso de Direito e Psicanálise, na cidade de Conselheiro Lafaiete/MG em parceria com a OAB, bem como 2 simpósios em BH. Participou do 2º Congresso de Psicanálise da Bahia e do 1º Congresso de Resgate à Memória Freudiana no Rio de Janeiro, além de vários artigos publicados no Jornal do Brasil e na Revista Psicologia Brasil. O NEPP / Divinópolis é uma realidade: contamos com 12 membros associados atualmente. E hoje, com grande emoção, lhes apresento o nosso periódico a Frágua–Freudiana, que surge da imperiosa necessidade de um lugar onde (desaguar) encontrar a produção do associado do NEPP. É mais uma conquista e mais uma grande vitória de todos os que fazem do NEPP o que ele é. E estejam certos: foi a excelência da produção de cada associado que fez surgir este periódico, que servirá como instrumento de estreitamento dos vínculos não apenas daqueles que atualmente estudam e trabalham no NEPP, mas também de todos os que se encontram fisicamente distantes pelas circunstâncias da vida. Sinto-me bem por ter criado o NEPP e sinto-me especialmente bem de poder inaugurar a Frágua–Freudiana que se destina ser mais um lugar aberto a todos os que se propõem a navegar nos oceanos do saber freudiano guiados pelo próprio Sigmund Freud. A Frágua–Freudiana é agora uma realidade em nossas mãos: um analécto de psicanálise freudiana ortodoxa do associado do NEPP. Parabéns a todos nós, sem esquecer que “só se é original quando se é tal e qual o mestre”

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FRÁGUA – FREUDIANA O NEPP

NOVOS GRUPOS

FORMAÇÃO

EM

PSICANÁLISE

Público alvo: profissionais de diversas áreas, interessados nos estudos da Psicanálise Freudiana.

Início: 06 de JULHO de 2013.

TRANSFERÊNCIA Público alvo: profissionais de diversas áreas, interessados no conhecimento do manejo da Transferência para aplicação profissional. Início:

FAÇA A SUA INSCRIÇÃO

Informações pelo telefone: (31) 3241-2042 Ou pelo e-mail: neppbh@yahoo.com.br

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FRÁGUA – FREUDIANA O NEPP

O NEPP O NEPP – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicanálise - é uma associação, fundada em 02 de setembro do ano de 1999, sem vinculação político-partidária ou religiosa, sem distinção de raça, cor, sexo ou nacionalidade. Sua sede administrativa é em Belo Horizonte/MG, tendo um núcleo de estudos em Divinópolis/MG, atuando sem limites ou restrições, tanto geográficas como políticas. Constituído por psicanalistas clínicos, voltados para o estudo contínuo da Psicanálise, tem a missão de contribuir e estimular o seu desenvolvimento, de acordo com as normas e finalidades legais, dentro de uma didática interdisciplinar e multidisciplinar, por acreditar na conexão da Psicanálise com as demais áreas do saber, contribuindo com o exercício das demais profissões. Procura formar psicanalistas e estudiosos, desenvolvendo a escuta psicanalítica apoiada na transferência, e o conhecimento do sujeito e suas organizações patológicas, associadas às demandas do mundo contemporâneo. Além da transmissão da Psicanálise freudianas, estudam-se outros autores.

baseada

nas

obras

Para tanto, oferece cursos, seminários, encontros científicos, estudos de casos clínicos, análises de filmes, projetos e pesquisas voltadas para a área da educação, análise de causas e efeitos da violência social, familiar, etc. Tem ainda, uma biblioteca com um vasto acervo de livros e filmes para estudos e pesquisas, à disposição de seus membros e dos proponentes a psicanalistas que se encontram em formação.

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CRITÉRIOS

DE

SELEÇÃO

Qualquer pessoa interessada pode fazer psicanalista ?

sua formação de

“Durante muito tempo, a formação exigia a condição mínima de o candidato ser médico; no entanto, aos poucos a IPA foi reconhecendo que alguns postulantes que não eram médicos demonstravam um talento especial para o exercício da investigação e da prática analítica, de sorte que as portas foram se abrindo para outros profissionais, muito especialmente para psicólogos. Na atualidade, a IPA concede certa autonomia para que, em separado, cada sociedade psicanalítica a ela filiada, com o seu respectivo instituto de ensino, use critérios próprios. Dessa forma, não são raros os psicanalistas de formação oficial que, além de médicos psiquiatras e psicólogos, sejam médicos em geral, sociólogos, assistentes sociais, matemáticos, filósofos, etc. A exigência mais enfática é de que a seleção dos candidatos à formação seja bastante rigorosa e que, uma vez admitidos, o acompanhamento da evolução deles seja igualmente acompanhada de perto e de forma permanente”. (David E. Zimermam, Psicanálise em Perguntas e Respostas, p.81).

O NEPP apresenta como requisitos essenciais à formação, a supervisão individual do trabalho clínico, análises pessoais e didáticas, participação nos grupos de estudos e a produção de material científico. A Psicanálise não é um saber médico. Como critério de seleção, o proponente à psicanalista no NEPP, se submeterá a um período probatório, correspondente aos primeiros 9 (nove) meses, no qual estará na condição de neófito, produzindo material científico, participando dos seminários científicos, de encontros para estudos de casos clínicos e demais eventos realizados, bem como em processo de

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análise, pois assim entendemos que, o direito ao saber e ao autoconhecimento não pode ser negado ao ser humano. E o NEPP, por estar de acordo com a Constituição Brasileira assim entende que os princípios básicos da cidadania partem do princípio que a melhor seleção para se tornar um profissional da Psicanálise é quando o proponente, por si só, se seleciona dentro dos padrões éticos e morais da instituição da qual faz parte.

Novas Turmas

FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE TRANSFERÊNCIA Inscreva-se! Início:

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FRÁGUA-FREUDIANA REVISTA DE PSICANÁLISE

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FRÁGUA – FREUDIANA A TIVIDADESA BERTAS AOPÚBLICO

ATIVIDADES ABERTAS AO PÚBLICO Se você é interessado nos estudos e temas da Psicanálise, venha participar!

“VÁ AO CINEMA COM O PSICANALISTA” PROJETOS PARA O SEGUDO SIMESTE. Apresentação de um filme e estudo dentro da visão psicanalítica. Nó na Garganta

Psicose

10hs

*A letra Escarlate

Sociologia

10hs

A Rainha Margot

Histeria

10hs

Prof. Sérgio Costa

*uma abordagem psicanalítica com um paralelo teológico.

A participação é gratuita As inscrições devem ser feitas antecipadamente pelo telefone (31) 3241-2042 Limitado a 20 lugares.

“QUINTA FILOSÓFICA” 1ª Quinta-Feira de cada mês.

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Estudo de temas relacionados à Filosofia e Psicanálise. Data

Tema Nietsche e a psicose Sartre - Implicações Filosóficas no Entendimento da Angústia

Horário

Coordenação

19:30

Prof. José Luiz Deroma

19:30

Prof. Sérgio Costa

Kiekegaard Implicações filosóficas no entendimento da angústia

19:30

Prof. Davi Kinispel

Heidegger Implicações filosóficas no entendimento da angústia

19:30

Prof. José Luiz Deroma

A participação é gratuita As inscrições devem ser feitas antecipadamente pelo telefone (31) 3241-2042 Limitado a 20 lugares.

“QUINTA CIENTIFICA” Última Quinta-Feira de cada mês. Número 1 Belo Horizonte/MG-2013

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Estudo de casos clínicos.

Data

Horário

Tema

19:40hs

Psicose

19:40hs 19:40hs 19:40hs 19:40hs

Apresentador Prof. Sérgio Costa Prof. Sérgio Costa

Prof.José Luiz Deroma e Interpretação Silva de sonhos Prof. Sérgio Costa Histeria Transtorno de Personalidade Prof. Sérgio Costa Borderline *O Ciúme

Prof. Sérgio Costa

*uma análise do personagem Bento Santiago – protagonista do livro Dom Casmurro de Machado de Assis.

A participação é gratuita As inscrições devem ser feitas antecipadamente pelo telefone (31) 3241-2042 Limitado a 20 lugares.

ACOMPANHE OS PRÓXIMOS EVENTOS Mantenha-se atualizado. Entre em contato com o NEPP e anote as datas dos próximos encontros:

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FRÁGUA – FREUDIANA A TIVIDADESA BERTAS AOPÚBLICO

“VÁ Filme

AO

CINEMA COM O PSICANALISTA”

Tema

Data

Horário

Estudo do Filme

“QUINTA FILOSÓFICA” Data

Tema

Horário

Coordenação

“QUINTA CIENTIFICA” Data

Horário

Tema

Apresentador

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FRÁGUA – FREUDIANA TRANSFERÊNCIA

VOCÊ SABE O QUE É TRANSFERÊNCIA?

FRÁGUA-FREUDIANA REVISTA DE PSICANÁLISE

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FRÁGUA – FREUDIANA TRANSFERÊNCIA

A TRANSFERÊNCIA É UMA FERRAMENTA PODEROSA (...)

FRÁGUA-FREUDIANA REVISTA DE PSICANÁLISE

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FRÁGUA – FREUDIANA TRANSFERÊNCIA

ESTA FERRAMENTA, SE BEM UTILIZADA, TRAZ SUCESSO EM QUALQUER RAMO DE ATUAÇÃO.

FRÁGUA-FREUDIANA REVISTA DE PSICANÁLISE

TRANSFERÊNCIA Número 1 Belo Horizonte/MG-2013

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FRÁGUA – FREUDIANA TRANSFERÊNCIA

DEFINIÇÃO: A imaginação constitui o grande poder emancipador de todos os conhecimentos que o ser humano adquiriu ao longo da sua vida (...); o poder que nos faz empreender grandes viagens, aventuras e desventuras na exigüidade da raça humana. Mas isso só se dá quando este homem se trans / fere para um objeto (...), independente do que ele seja: empresa, parceiro, profissional liberal, professor, etc... Só aí ele vai ser focado e o objeto passa a estar dentro dele. È o que eu chamo de gostar de gostar, é quando ele se torna altruísta.

Prof. Sérgio Costa

“...conta Homero, na Odisséia, que por ter desafiado os deuses, Sísifo foi condenado a empurrar eternamente montanha acima, uma rocha que - pelo seu próprio peso rolava de volta tão logo atingisse o cume...”

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FRÁGUA – FREUDIANA TRANSFERÊNCIA

Gostaria de levar você a uma instigante interpretação deste mito: o imenso esforço despendido por Sísifo não deixa lugar para ele pensar, pois não existiam tempo nem lugar na sua consciência para dar término a este trabalho escravo de si próprio (...) e o que é pior: quando a rocha despenca montanha abaixo (...) neste exato momento, a sua consciência é confrontada com seu trágico desafio. É assim que grande parte dos profissionais se sente em sua vida corporativa, o epítome do trabalho inútil e a desesperança. Mas aí vem a grande questão: o trabalho deve ser necessariamente associado ao sofrimento? Lembremos-nos da origem da palavra trabalho – seu significado remonta à sua origem latina: tripalium (três paus) - instrumento utilizado para subjugar os animais e forçar os escravos a aumentar a produção. O tripalium era, pois, um instrumento de tortura, algo semelhante à cruz que o rebanho cristão adotou como objeto-símbolo de um culto masoquista. Será que o normal de um trabalho é ser em vão ou mesmo torturante? Será que o adágio popular: primeiro o trabalho depois o prazer, tem uma inferência em nosso psiquismo de tal forma que ao seu final nos sentimos como um Sísifo? Qual será o real valor da comunicação, da significância e da linguagem na relação profissional para evitar tanto desperdício de tempo, energia e desencontros que a vida corporativa nos impõe? Estas são apenas algumas questões que nos levam a procurar estudar e melhorar estas práticas corporativas no intuito de tornar o ambiente empresarial mais salutar, produtivo e aprazível.

GLOSSÁRIO Transferência: Etimologicamente, a palavra “transferência” resulta dos étimos latinos “trans” e “feros”. O prefixo “trans” além de outros significados possíveis, também alude a passar através de

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FRÁGUA – FREUDIANA TRANSFERÊNCIA

(como eu “transparente”) ou passar para outro nível (como em trânsito), enquanto “feros” quer dizer: conduzir. A transferência é um processo psicanalítico no qual, o analisando reproduz certas experiências vividas no passado, colocando o analista na posição do “outro” revelando assim, os desejos inconscientes do analisando. Segundo as observações de Sandor Ferenczi, a transferência existe em todas as relações humanas: professor e aluno, médico e paciente, entre outros. Na análise, observou que o paciente coloca o analista numa posição parental. Odisséia: A Odisséia pertence ao gênero literário “Épico”. São contos de feitos heróicos, legendários ou históricos, que narram aventuras de guerreiros ou heróis populares. O personagem da Odisséia apresenta características que se identificam mais com o objetivo do que com o subjetivo, isto é, se identifica mais com a nação em geral elevando o orgulho nacional, do que de um único cidadão. Nos épicos, há descrições majestosas de batalhas e forças sobrenaturais e à vezes, se descreve a vida cotidiana no mesmo tom e estilo do resto do poema, porém, de forma menos intensa. De modo geral, nos épicos há abundante uso de linguagem elevada, participação de grande número de personagens, e invocação aos deuses.

DEPRESSÃO Prof. Sérgio Costa

Olhar sem olhar (...) Devastado e exaurido Fico sem força no olhar.

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FRÁGUA – FREUDIANA DEPRESSÃO

O que olhar (...)?! Afogado na vergonha Meus olhos estão embaçados Pela lama que não me deixa olhar. O que é o olhar? Eu procuro por você Mas não consigo te olhar. Pra que eu quero olhar Se não tem mais nada a enxergar? Você me vê Mas não pode me enxergar Que maneira estranha que você tem de olhar! Como posso sair de uma prisão Que eu não consigo enxergar? Você me mostra como sair, Mas com o seu olhar. Gostaria de com você Meus olhos trocar, E obter um novo olhar. Olhar o mundo sozinho É a mesma coisa que na vida não estar. Como é importante o olhar da mãe Pra eu sentir Como o mundo é belo de se olhar.

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NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM PSICANÁLISE

Construção das Escolas Psicanalíticas - A Escola Freudiana -

Prof. Sérgio Costa

ESCOLA FREUDIANA A psicanálise veio trazer “luz” à loucura.

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Se a loucura foi fabricada, a psicanálise tornou seu objetivo, descobrir dentro do louco a matéria prima dessa produção em massa. Seja Freud, Melanie Klein, Lacan ou qualquer outro desbravador deste sertão árido, há que se ressaltar neles o desejo de acerto frente à cura, ou simplesmente o controle dos distúrbios mentais. O homem é ainda capaz de entender que somente pode existir um “eu” na presença do “nós”, e se desdobrar incansavelmente na busca do outro. Se em meio à sanidade louca do séc. XVIII existiram homens como Pinel e Esquiros, capazes de mudar um contexto pelo gozo de estarem em conformidade com suas idéias e ideais, abrindo assim, caminho para a compreensão da natureza humana, a psicanálise só poderia surgir dentro desse contexto como o caminho verdadeiro para o entendimento humano. A psicanálise é realmente, e em essência, como afirmou Freud, a cura pelo amor. I ndependentemente a qual escola pertença, o psicanalista deve portar-se como “O MÉDICO DAS ALMAS”, visto que, toda e qualquer patologia instala-se no homem quando esse experimenta, em qualquer fase de seu desenvolvimento psíquico, a falta dessa energia supridora da vida: “O AMOR”. O entendimento dos escritos de Freud é facilitado pelo acompanhamento das suas idéias, à medida que ele completava o edifício da psicanálise. Sua árdua luta para obter uma autoconsciência cada vez maior fez-se necessária para conhecer as mais profundas regiões da alma.

A técnica psicanalítica não foi descoberta ou inventada repentinamente, foi evoluindo gradualmente enquanto Freud lutava para encontrar uma maneira de tratar eficazmente de seus pacientes neuróticos, assim ajudando-os. Embora, mais tarde, ele negasse -

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qualquer entusiasmo pela terapia, foi sua meta terapêutica que levou a descoberta da psicanálise. Freud era clínico astuto e podia discernir o que era importante na série complexa dos fatos clínicos que vinham após os vários procedimentos técnicos por ele utilizados. Freud teve a audácia para explorar regiões novas da mente. Mudanças nos Procedimentos Técnicos Embora Freud, em 1882, tivesse ouvido Breuer falar do caso de Anna O., e tivesse estudado hipnose com Charcot de outubro de 1885 a fevereiro de 1886, ele se limitou a utilizar os métodos convencionais terapêuticos da época em que começara a exercer sua profissão. Durante uns vinte meses, ele empregou o estímulo elétrico, a hidroterapia, massagens etc. (Jones 1953, cap.12). A hipnose: descontente com os resultados, ele começou a usar a hipnose em dezembro de 1887, aparentemente tentando acabar com os sintomas do paciente. O caso de Emmy Von N, tratada em 1889 é significativo porque aqui, pela primeira vez Freud empregou a hipnose visando à catarse. Sua abordagem terapêutica consistia em hipnotizar a paciente e ordenar-lhe que falasse sobre a origem de cada um de seus sintomas. Em 1892, Freud compreendeu que sua capacidade para hipnotizar pacientes era tremendamente limitada e teve que fazer uma opção: ou abandonar o tratamento catártico ou tentá-lo sem atingir o estado sonambulístico (Breuer e Freud, 189395, p.108). A sugestão: ordenava a seus pacientes que se deitassem, fechassem os olhos e se concentrassem. Em determinados momentos pressionava a testa dos pacientes com a mão e insistia que as lembranças iriam vir à tona. Elizabeth Von R. (1892) foi a primeira paciente tratada por Freud, inteiramente através da sugestão, com a paciente acordada. Já em 1896, ele também havia abandonado a hipnose. A associação livre: no caso de Emmy Von N. (Breuer e Freud, 1893-95, p.56) Freud estava pressionando e questionando Elisabeth Von R. e ela o censurou por estar interrompendo o fluxo de seus pensamentos. Freud teve a humildade de aceitar essa sugestão e

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desde então, o método de associação livre dera um grande passo em direção ao progresso. A associação livre continuou sendo o método de comunicação dos pacientes - método básico e ímpar - em tratamento psicanalítico. A interpretação ainda é o instrumento decisivo e fundamental do psicanalista. Estes dois procedimentos técnicos conferem à terapia psicanalítica a sua marca característica. Mudanças na Teoria do Processo Terapêutico Os Studies on Hysteria (1893-95) podem ser considerados como o início da psicanálise. Nesse trabalho pode perceber-se como Freud lutou para descobrir o que é essencial no processo terapêutico do tratamento dos histéricos. Impressiona observar que alguns dos fenômenos descritos por Freud naquele tempo, tornaram-se os alicerces da teoria da terapia psicanalítica. Na Preliminary Communication (Breuer e Freud, 1893-95) afirmavam que o sintoma histérico de cada indivíduo desaparecia imediata, e permanentemente, quando havíamos conseguido trazer realmente à tona a lembrança do fato que provocara tal sintoma e conseguido fazer surgir o afeto correspondente, quando o paciente havia descrito o fato, mais detalhadamente possível, e conseguira verbalizar o afeto. Eles achavam que só pela ab-reação o paciente podia atingir um efeito totalmente “catártico” e assim se livrar do sintoma histérico. Tais experiências, afirmavam eles, em condições normais, estavam ausentes da memória do paciente e só podiam ser atingidas pela hipnose. As idéias patogênicas haviam persistido com tanto vigor e força afetiva porque lhes fora negado o processo normal de esvaziamento. Assim, eles estavam lidando com afetos “estrangulados” (p. 17). A descarga dos afetos estrangulados iria tirar a força da lembrança patogênica e os sintomas desapareceriam. Nessas alturas, na história da psicanálise consideravam-se processos terapêuticos a ab-reação e -

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a recordação, com ênfase na ab-reação. Freud se conscientiza cada vez mais da existência de uma força dentro do paciente que se opunha ao tratamento. Tal força se cristalizou no caso de Elizabeth Von R., a quem não conseguia hipnotizar e que se recusava a comunicar determinados pensamentos seus, apesar das pressões de Freud (p.154). Ele chegou à conclusão que esta força, que uma resistência ao tratamento, era a mesma força que impedia as idéias patogênicas de se tornarem conscientes (p.268), e o motivo disto era a defesa. Freud achava que o trabalho do terapeuta consistia em vencer essa resistência e ele o fazia “insistindo”, instigando, fazendo pressão na testa, questionando etc. Nos Estudos Sobre a Histeria, Freud tentou enfocar seus esforços terapêuticos nos sintomas individuais do paciente. Ele percebeu que esta forma de terapia era sintomática e não causal. No caso Dora, publicado em 1905, mas escrito em 1901, Freud declarou que a técnica psicanalítica fora totalmente revolucionada (1905). Considerou tal método inteiramente inadequado para tratar da estrutura complexa de uma neurose. Ele agora permitia que o paciente escolhesse o assunto que surgisse no momento e começava seu trabalho, qualquer que fosse a parte do inconsciente apresentada pelo paciente, na hora da sessão. Uma nova ênfase era posta agora em fazer o inconsciente se tornar consciente, na eliminação da amnésia na recuperação das recordações reprimidas. A resistência se tornou um ponto básico da teoria psicanalítica e estava ligada àquelas forças que haviam provocado a repressão. O analista utilizava a arte da interpretação para vencer as resistências. No caso Dora (1905a) Freud enfatizou pela primeira vez o papel fundamental da transferência. No pósescrito ao caso Dora, Freud descreveu como a paciente interrompeu o tratamento porque ele não fora capaz de analisar os elementos transferenciais múltiplos que interferiram nas condições do

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tratamento. Em seu trabalho “The Dynamism of Transference” (1912a) ele descreveu a relação entre transferência e resistência; a transferência positiva e a negativa; e a ambivalência das reações transferenciais que nos prestam um serviço incalculável de tornar imediatos e manifestos os impulsos eróticos escondidos e esquecidos do paciente. Ele afirmou que o trabalho de interpretação, que transforma o que é inconsciente no que é consciente, amplia o ego à custa do inconsciente. Em The Ego and the Id (1923b), Freud expressou tal idéia com muita concisão. “A psicanálise é instrumento para possibilitar que o ego consiga ir conquistando progressivamente o id”. Em l933, Freud escreveu que os esforços terapêuticos da psicanálise visam a “reforçar o ego, torná-lo mais independente do superego, ampliar seu campo de percepção e aumentar sua organização de modo que o ego se possa apoderar de novas porções do id”. E novamente, na Analysis Terminable and Interminable (1937) Freud afirmou: “O trabalho na análise consiste em assegurar as melhores condições psicológicas possíveis para as funções do ego; com isso, a análise cumpriu seu dever”. O analista ajuda a tentar ir além da barreira da consciência, mas ele utiliza a associação livre, a análise de sonhos e a interpretação. O campo mais importante do trabalho analítico é a área da transferência e a resistência. Esperamos transformar o inconsciente em consciente, recuperar recordações reprimidas e superar a amnésia infantil. Mas, mesmo isso já não é mais conceptualizado como um objetivo essencial. O objetivo fundamental da psicanálise é aumentar a força relativa do ego em relação ao superego, ao id e ao mundo externo. A Teoria Psicanalítica da Neurose. A teoria e a técnica da psicanálise se baseiam essencialmente nos dados clínicos extraídos do estudo das neuroses. Embora nos

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últimos anos tenha havido uma tendência para ampliar o alcance da investigação psicanalítica, visando a incluir a psicologia normal, as psicoses, os problemas históricos e sociológicos, o conhecimento que temos destas áreas não progrediu tanto quanto o conhecimento que temos das psiconeuroses (A. Freud, 1954a - Stone, 1954h). As descobertas clínicas das neuroses ainda constituem, para nós, a fonte mais segura de material para formular a teoria psicanalítica. Para abarcar a teoria da técnica psicanalítica é necessário que o leitor tenha um conhecimento atuante da teoria psicanalítica da neurose. As lntroductory Lectures de Freud (1916-17), os textos de Nunberg (1932 - 1945a) e Waelder (1960), constituem excelentes livros de consulta. A psicanálise sustenta que as psiconeuroses se baseiam nos conflitos neuróticos. O conflito provoca uma obstrução da descarga dos impulsos instintuais que ocorrem num estado em que estão sendo reprimidos. O ego vai ficando cada vez menos capaz de lidar com as tensões crescentes e é, finalmente, subjugado. As descargas involuntárias se manifestam clinicamente como sintomas da psiconeurose. O termo conflito neurótico é empregado no singular, embora sempre haja mais de um conflito importante. O costume e a conveniência nos levam a falar do conflito no singular (Colby, 1951). Um conflito neurótico é um conflito inconsciente entre um impulso do id procurando descarga, e uma defesa do ego impedindo a descarga direta do impulso ou seu acesso à consciência. Às vezes, o material clínico pode revelar um conflito entre duas exigências instintuais, por exemplo, a atividade heterossexual pode estar sendo utilizada para reprimir desejos homossexuais. A análise irá mostrar que, neste caso, a atividade heterossexual está sendo utilizada como defesa para evitar os sentimentos dolorosos de culpa e vergonha. A heterossexualidade, neste exemplo, está cumprindo a exigência do ego e se opondo a um impulso instintual mais proibitivo, a homossexualidade. Desta maneira, a formulação de que um conflito neurótico é um conflito entre o id e o ego ainda é uma formulação

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válida. O mundo externo também desempenha um papel importante na formação das neuroses, mas aqui também, o conflito deve ser vivenciado como um conflito interno entre o ego e o id para que surja um conflito neurótico. O mundo externo pode mobilizar tentações instintuais e há situações que talvez tenham que ser evitadas porque trazem com ela a ameaça de algum tipo de castigo. Todas as Partes do Aparelho Psíquico Participam da Formação de Sintoma Neurótico. O id jamais deixa de procurar uma descarga e seus impulsos vão tentar obter uma satisfação parcial utilizando-se de alguns expedientes regressivos e derivativos. Para acalmar as exigências do superego, o ego tem de deformar até mesmo estes derivativos instintuais de tal forma, que estes surjam disfarçados, dificilmente reconhecíveis como instintuais. Mesmo assim, o superego faz o ego se sentir culpado e a atividade instintual disfarçada provoca sofrimento de diversas maneiras. O fator-chave para compreensão do efeito patogênico do conflito neurótico está na necessidade constante que tem o ego de gastar suas energias tentando impedir que os impulsos perigosos tenham acesso à consciência e a motilidade. Isto leva, finalmente, a uma relativa insuficiência do ego e os derivativos do conflito neurótico original vão subjugar o ego enfraquecido e irromper na consciência e no comportamento. A Teoria da Técnica Psicanalítica A terapia psicanalítica é uma terapia causal: ela procura desfazer as causas da neurose. Seu objetivo é solucionar os conflitos neuróticos do paciente, incluindo a neurose infantil que serve de núcleo à adulta. Solucionar os conflitos neuróticos significa juntar ao ego consciente aquelas parcelas do id, superego e ego inconscientes que ficaram excluídas dos processos de amadurecimento da parte restante saudável da personalidade total. O psicanalista aborda os elementos inconscientes através de seus derivativos.

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Estes derivativos surgem nas associações livres do paciente, nos sonhos, sintomas, lapsos e na atuação (acting out). Pede-se ao paciente que, com o máximo de sua capacidade, tente deixar as coisas aparecerem e dizê-las sem ligar para a lógica e a ordem: deve relatar coisas, mesmo que elas pareçam triviais, vergonhosas ou indelicadas etc., deixando as coisas virem à mente. Há uma regressão a serviço do ego e os derivativos do ego inconsciente, do id e do superego tendem a vir à superfície. Os pacientes neuróticos são propensos a reações transferenciais. A transferência é uma das fontes de material mais valiosa para análise; uma das motivações mais importantes e; também o maior obstáculo para o sucesso. O paciente tem a tendência de repetir o passado, no campo das relações humanas para obter satisfações que não havia vivenciado ou, ainda que com atraso, para dominar alguma ansiedade ou culpa. A transferência é o reviver do passado, uma incompreensão do presente em termos de passado. A importância fundamental das reações transferenciais na teoria da técnica resulta do fato de que, se as reações transferenciais forem tratadas adequadamente, o paciente vai vivenciar, na situação do tratamento e em relação ao psicanalista, todas as relações humanas importantes do seu passado, que não lhe são conscientemente acessíveis (Freud, 1912a). A situação psicanalítica é estruturada, de maneira a facilitar ao máximo o desenvolvimento das reações transferenciais. O comportamento do analista, criando privação para o paciente e a ajuda, relativamente anônima do analista, traz à tona todos os tipos de sentimentos e fantasias transferenciais. Todavia, é a análise coerente da transferência, tanto dentro como fora da situação analítica, que permite ao paciente suportar as diferentes variações e intensidades da transferência. A transferência também é a fonte das maiores resistências, durante a análise. Um paciente pode trabalhar arduamente no começo de uma análise para ganhar as boas graças do analist a. É

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inevitável que o paciente sinta algum tipo de rejeição porque todos os nossos pacientes tiveram a experiência da rejeição no passado e a atitude do analista é essencialmente não-gratificante. Os sentimentos hostis do passado reprimido ou os anseios sexuais proibidos da infância ou da adolescência vão fazer reaparecer tendências fortes no paciente que o farão lutar, inconscientemente, contra o trabalho analítico. A qualidade e quantidade das “resistências transferenciais” serão determinadas pela história passada do paciente. A duração dessas reações será também influenciada pelo grau de eficiência com que o psicanalista analisa os problemas transferenciais que estimularam as resistências. A técnica psicanalítica visa diretamente ao ego porque só o ego tem acesso direto ao id, ao superego e ao mundo externo. Nosso objetivo é fazer com que o ego renuncie a suas defesas patogênicas ou encontre outras mais convenientes (Freud, 1936, pp.45-70). As velhas manobras defensivas demonstraram ser inadequadas; uma defesa nova, uma defesa diferente ou nenhuma defesa poderia permitir alguma descarga instintual sem culpa ou ansiedade. A descarga do id diminuiria a pressão instintual e o ego ficaria, então, numa posição relativamente mais forte. O psicanalista tem a esperança de induzir os aspectos relativamente maduros do paciente do ego para lutar com o que, outrora, foi banido da consciência por ser muito perigoso. O analista espera que, sob a proteção da aliança de trabalho e da transferência positiva não-sexual o paciente irá para aquilo que outrora achou muito ameaçador; espera que o paciente seja capaz de reavaliar a situação e finalmente atreva-se a tentar novas maneiras de lidar com o perigo antigo. Pouco a pouco, o paciente vai compreender que os impulsos instintuais da infância foram arrasadores para os recursos de um ego infantil, que foram distorcidos por um superego infantil e que esses impulsos podem ser vistos de forma diferente na vida adulta. Os Componentes da Técnica Psicanalítica Clássica A associação livre: Na psicanálise clássica para comunicar o material clínico, o paciente tenta, como forma predominante de

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comunicação, a associação livre. Geralmente o paciente associa livremente durante quase toda a sessão, mas ele pode também relatar sonhos e outros acontecimentos da sua vida cotidiana ou do seu passado. Uma das características da psicanálise é que se pede ao paciente que inclua suas associações quando narra seus sonhos ou outras experiências. A associação livre tem prioridade sobre todos os outros meios de produção de material na situação analítica. A associação livre é um método mais importante para a produção de material na psicanálise. É utilizada, em momentos preestabelecidos naqueles tipos de psicoterapia, que buscam uma certa dose de volta do reprimido, assim chamadas psicoterapias orientadas psicanaliticamente. As Reações Transferenciais: Desde que tratou de Dora, Freud havia compreendido que as reações e resistências transferenciais do paciente produziam o material essencial ao trabalho analítico (1905 pp.112/122). Desde então, a situação analítica foi planejada de modo a facilitar o desenvolvimento máximo das reações transferenciais do paciente. O objetivo das resistências é evitar este desenvolvimento ou obstruir a análise da transferência. Tanto a resistência, como a transferência, são portadoras de informações vitais sobre o passado e a história reprimida do paciente. A transferência é a vivência de sentimentos, impulsos, atitudes, fantasias e defesas dirigidas a uma pessoa no presente, sendo que essa vivência toda não se coaduna com essa pessoa e constitui uma repetição, um deslocamento de reações surgidas em relação a pessoas importantes na infância primitiva. A susceptibilidade de um paciente às reações transferenciais advém do seu estado de insatisfação instintual e da conseqüente necessidade de encontrar oportunidades de descarga (Freud, 1912a).

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É importante salientar o fato de que o paciente tem a tendência de repetir em vez de relembrar; a repetição é sempre uma resistência em relação à função da memória. Todavia, pela repetição, pela reencenação do passado, o paciente torna possível a entrada do passado na situação de tratamento. As repetições transferenciais trazem para a análise o material que, de outra forma, seria inacessível. Se manejada adequadamente, a análise da transferência vai nos levar a recomendações, reconstruções e compreensão interna e, a uma parada eventual da repetição. Existem várias maneiras de classificar as diversas formas clínicas de reações transferenciais. As designações mais utilizadas são a transferência positiva e negativa. A transferência positiva implica as diferentes formas de anseios sexuais assim como o gostar, amar e respeitar o analista. A transferência negativa implica algumas variações da agressividade, sob a forma de raiva, aversão, ódio ou desprezo pelo analista. Deve ter-se sempre em mente que todas as reações transferenciais são essencialmente, ambivalentes. Clinicamente, o que aparece é apenas a superfície. Para que ocorram as reações transferenciais na situação analítica, o paciente deve estar disposto e capacitado para correr o risco de alguma regressão temporária em relação às funções do ego e das relações objetais. O paciente deve ter um ego capaz de regredir temporariamente às reações transferenciais, mas tal regressão deve ser parcial e irreversível, de modo que o paciente possa ser tratado analiticamente e ainda assim viver no mundo real. As pessoas que não se atrevem a regredir da realidade e aquelas que não conseguem voltar rapidamente à realidade são riscos indesejados para a psicanálise.

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ARTIGOS

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CRIANÇAS MAIS

QUE

“CUSTOS’’ POR PROFº

SÉRGIO COSTA.

No centro-oeste mineiro usa-se muito o termo popular "custoso(a)" para se referir a pessoa, criança ou adulto, muito difícil, que vive fazendo brincadeiras e travessuras, "aprontando" com tudo e com todos; "arteiro". É evidente que toda criança, com raríssimas exceções, é portadora de uma hiperatividade nata, instintual, própria de seu desenvolvimento, necessária até certo ponto. No entanto, existem crianças que vão além desta hiperatividade fisiológica, apresentando uma energia gigantesca e aparentemente inesgotável, capaz de originar nestes menores transtornos de ansiedade, depressão, dificuldades no aprendizado escolar e psicossomatizações. Podemos estar diante de crianças portadoras de DDA. O DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção) tem como parte integrante de seu quadro clínico 3 características essenciais: HIPERATIVIDADE, IMPULSIVIDADE e DÉFICIT DE ATENÇÃO. Podendo a criança apresentar as três características supracitadas ou apenas duas ou uma. Estudos recentes têm relatado que tais crianças possuem uma deficiência quantitativa de um neurotransmissor cerebral chamado Dopamina. Até um certo tempo atrás, o DDA era considerado um distúrbio cerebral mínimo ou menor. Atualmente, algumas escolas têm defendido a hipótese de o DDA ser um tipo de personalidade, que está ligada a fatores genéticos (hereditários) e intensificada pelo meio familiar e sócio-cultural nos quais a criança está inserida e de como ela faz a leitura de seu mundo consciente ou inconscientemente. Cabe aqui, tecermos alguns detalhes sobre cada uma de suas características:

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HIPERATIVIDADE: a criança é "elétrica"; não pára facilmente; mexe em tudo e com todos; não tem paciência e perseverança para levar uma atividade até o final, principalmente se não gosta da mesma, mas, se é algo que lhe dá prazer, como uma brincadei ra ou um jogo, ninguém consegue retirá-la dali; possui a tendência a escrever palavras faltando sílabas, não corta a letra T nem coloca o pingo no I encontrados nas palavras, não usa recursos de pontuação para ela não está faltando nada, consegue ler o que escreveu normalmente. IMPULSIVIDADE: a criança não possui noção de perigo, chegando a se submeter a situações de risco de vida como andar de bicicleta numa pista com carros em alta velocidade e na contramão; andar em muros altos e sem proteção; atrever-se a mexer com produtos químicos inflamáveis e daí por diante, pois a sensação de risco de vida, de perigo, lhe é prazerosa. Xinga e agride as pessoas sem pensar. "Tudo pode, tudo faz". DÉFICIT DE ATENÇÃO: qualquer coisa dispersa a atenção da criança facilmente, possui dificuldade de concentração e memorização, sendo freqüentes os lapsos de memória. Sua atenção existe somente para aquilo que gosta de fazer. O diagnóstico de DDA é clínico, não possuindo exame complementar específico. Na maioria dos casos, são realizados exames como Tomografia Computadorizada de Encéfalo e Eletroencefalografia (EEG), os quais apresentam-se normais. O EEG em alguns casos pode apresentar características relacionadas a transtorno de ansiedade apenas. O tratamento medicamentoso é realizado com substância psicoativa, cujo objetivo é a melhora da atenção e da concentração, sendo o Metilfenidato o mais utilizado no Brasil, em associação, quando necessário, com um antidepressivo inibidor seletivo da recaptação de serotonina e noradrenalina, visando o controle e até mesmo a cura da ansiedade que é muito comum no quadro.

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São de extrema importância também um acompanhamento psicopedagógico com profissional competente da área, com a finalidade de melhorar o aprendizado e o convívio da criança com seus professores e colegas da escola; e a prática de uma atividade física diariamente.

NOVOS GRUPOS

FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE Público alvo: profissionais de diversas áreas, interessados nos estudos da Psicanálise Freudiana.

TRANSFERÊNCIA Público alvo: profissionais de diversas áreas, interessados no conhecimento do manejo da Transferência para aplicação profissional.

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PÂNICO, DIAGNÓSTICO DA MODA Dr. Sérgio Costa.

É de admirar como se tem falado em Transtorno ou Síndrome do Pânico (Neurose Fóbica, em Psicanálise) na atualidade, mas é preciso estar atento a algumas verdades sobre a doença. É grande o número de diagnósticos mal feitos e tratamentos que não beneficiam em nada a vida do paciente; pelo contrário, aumentam o grau de manifestaçõe do quadro clínico de tal patologia mental. Etimologicamente, a palavra Pânico vem do grego Panikós, relativo ao deus Pã, protetor dos rebanhos e dos pastores; acreditava-se que os ruídos que se ouviam nas montanhas e nos vales eram provocados por esse deus, o qual era cultuado pelos atenienses por ter inspirado aos persas, durante as guerras médicas, um "terror pânico". Na língua portuguesa, podemos traduzi-lo como susto ou medo súbito que pode provocar uma reação descontrolada de um indivíduo ou de um grupo, sem, motivo determinado. É importante destacar que os pacientes que apresentam este transtorno são pessoas que trazem consigo o relato de uma vida intrapsíquica bastante conturbada, derivada de conflitos familiares, pessoais e afetivos. É igualmente prevalente entre homens e mulheres, portanto, em sua maioria, as pessoas que tem o Pânico são jovens ou adultos jovens na faixa etária dos 20 aos 40 anos e se encontram na plenitude da vida profissional. Normalmente, são pessoas extremamente produtivas, costumam assumir grandes responsabilidades e afazeres, são perfeccionistas, muito exigentes consigo mesmas e não costumam aceitar bem os erros ou imprevistos. Os portadores de Pânico costumam ter tendência à preocupação excessiva com problemas do cotidiano; têm um bom nível de criatividade rescessiva necessidade de estar no controle da situação;

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têm expectativas altas; pensamento rígido; são competentes e confiáveis. Freqüentemente esses pacientes tem tendência a subestimar suas necessidades físicas. Essa maneira da pessoa ser acaba por predispor a situações de stress acentuado e isso pode levar ao aumento intenso da atividade de determinadas regiões do cérebro, desencadeando assim um desequilíbrio bioquímico e, conseqüentemente, o aparecimento do Pânico. O cérebro produz substâncias chamadas neurotransmissores, responsáveis pela comunicação entre os neurônios (células do sistema nervoso). Estas comunicações formam mensagens que irão determinar a execução de todas as atividades físicas e mentais de nosso organismo (ex: andar, pensar, memori zar, etc). Um desequilíbrio na produção destes neurotransmissores pode levar algumas partes do cérebro a transmitir informações e comandos incorretos. Daí, o organismo desencadearia uma reação de alerta indevidamente, como se houvesse realmente uma ameaça concreta. Seria isto, exatamente, o que ocorreria numa crise de Pânico: uma informação in-correta, decorrente de uma disfunção dos neurotransmissores, alertando e preparando o organismo para uma ameaça ou perigo que na realidade e concretamente não existe. No caso do Distúrbio do Pânico, os neurotransmissores que se encontram em desequilíbrio são os mesmos envolvidos na Depressão: a Serotonina e a Noradrenalina. Vem daí a ideia de aplicar-se ao transtorno do Pânico o mesmo tratamento medicamentoso da Depressão associado, em grande parte, à Psicanálise. 0 ataque tem um início súbito e aumenta rapidamente, atingindo um pico em geral em dez minutos, acompanhado por um sentimento de perigo ou catástrofe iminente e um anseio por escapar. Os 13 sintomas físicos são os seguintes:

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1 - palpitações; 2 - sudorese; 3 - tremores ou abalos; 4 - sensações de falta de ar ou sufocamento; 5 - sensação de asfixia; 6 - dor ou desconforto torácico; 7 - náusea ou desconforto abdominal; 8 - tontura ou vertigem; 9 - sensação de não ser ela(e) mesma(o); 10 - medo de perder o controle ou de "enlouquecer"; 11 - medo de morrer; 12 - formigamentos; 13 - calafrios ou ondas de calor.

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FRÁGUA – FREUDIANA SENSAÇÃO

SENSAÇÃO Sérgio Costa

Por volta do ano de 1.750, um filósofo chamado Condillac imaginou uma estátua que nasceria pela percepção dos sentidos. A fragrância de rosa pela qual o filósofo suscitava a vida sensorial dessa estátua se dirigia do "olfato", porque esse sentido é entre todos o que menos parece contribuir para o conhecimento humano. A única função do corpo da estátua é o olfato, seu prazer, o odor de rosa. Entretanto, Condillac descreve, em seu estilo, um sistema análogo ao funcionamento psíquico, tais como reflexão, desejos, paixões, etc... não são, senão a própria sensação que se transforma dentro de um padrão inscrito e circunscrito, onde viemos programados de mecanismos de defesas, que nos darão parâmetros para fuga ou aproximação. Mas Condillac não pára por aí, deixa à experiência o cuidado de nos fazer contrair hábitos e concluir a obra que ele iniciou. Quando deixamos de olhar para o outro, tocar no outro, relacionar com o outro, parecemos com a estátua de Condillac; aí invertemos a escolha da análise da rosa para o narcisismo. Narciso é a flor que persiste em cada um de nós, como uma fragrância preciosa e frágil. Ela volta sobre si o olhar da angústia e procura assegurar-se de que nada existe fora do seu corpo e fora de si mesmo. Quando a libido se volta para dentro do corpo, traz transtornos difíceis para o sujeito: ele tenta estancar a sede do Narciso que contempla, através do outro, exterior aos seus limites de carne e pede pela voz, pelo olhar, o tato e o olfato, a pessoa reconstitui permanentemente durante sua própria imagem. A dialética dentro/fora se realiza pelo sistema prazer-dor. Eu e outro, irrefutavelmente e sem interrupção. E é através do sonhar que o sujeito perpetua e relaciona-se consigo mesmo, instaura e fundamenta-se através de seus mecanismos de realização do

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desejo. Nós temos que começar desde cedo, e estamos preparados para isso no momento de nossa concepção ao nascimento do corpo. Nossa mãe nos entrega e nos transmite às sensações do meio exterior. A minha intenção, no entanto, é a mesma que a de Condillac: descobrir como se constrói a parte de dentro do homem, seus sentimentos, seu pensamento, a partir de dados que lhe são inicialmente estranhos e exteriores, e de outros dados que são congênitos, orgânicos ou psíquicos. Ele desconfia que não nascemos nem adultos, nem "vazios" como sua estátua, mas não concebe a relação dos mundos exterior e interior, a não ser no mundo qualitativo das "representações". Nós nascemos com um corpo orgânico já em funcionamento e um aparelho psíquico em potencial. O caótico dentro/fora daquilo que se vivenciou no seu limiar, pouco a pouco se precisa em pontos agudos : as passagens se fazem. Tendo passado, o próprio corpo total experimenta-se dentro/fora da mãe, retido e escorrido para fora do continente materno, ( orifício quente ). O olfato reencontra e reaproxima a presença materna e o sabor nutriz corre do seio na boca, entre a gengivas, concentram num ponto a possibilidade de recriar um interior voluptuoso como as lembranças daquele interior onde banhava o seu corpo. O Humano é feito de tal maneira que tem como destino ser penetrado pelo mundo exterior: rendamos justiça à Condillac por concebê-lo assim, entregue à sensação. Os sentidos humanos são tantos orifícios abertos, tanto à intrusão, quanto ao prazer. O próprio envelope corporal, feito de um material sensível na sua fatalidade, proporciona uma inquietante possibilidade de perfuração. Tudo no inicio é fonte de prazer, mas também a vida oferece perigos e estímulos perigosos à destruição do ser, e tudo também pode se tornar perigo para o sujeito, e o interior pode ser inválido. pelo agressor. A dialética sensorial se funde imediatamente com a vivência do interior no bebê, para constituir as primeiras fantasias. A vivência visceral coincide com a vivência sensorial, somando estas, os

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afetos confundem o percebido e o desejado, corpo erógeno. E é através destes canais que o ser humano se relaciona com o mundo, e é ai que temos que desenvolvê-los e para que isto aconteça temos que falar muito deles... Freud pensava que partindo de suas sensações genitais, a criança chegaria a descobrir a vagina, mas não lhe foi possível pela confusão criada pela mãe, ao afirmar-lhe que não havia diferença de sexos. Partirmos da metáfora que a mulher é uma flor, e pensamos que mãe é uma mulher, e para a criança, a flor mais bonita do seu jardim é a sua mãe. Mas as mulheres/mães estão disponíveis hoje para todos que as queiram colher. O jardim da criança é, então, uma floricultura, onde sua rosa mais bela está na vitrine para todos os homens que passam. Como o próprio Freud analisou os provérbios populares e suas implicações no inconsciente, como poderíamos explicar para uma criança: “galinha na manguara não tem valor”?! Necessário faz-se esclarecer, que minhas palavras nada têm a ver com machismo, mas estou colocando, ou tentando colocar, o pensamento pré-operatório que a criança pode ter nesta idade e as conseqüências no seu psiquismo, porque as comparações metafóricas são de grande valor para a expressão simbólica dos seres humanos. Freud assinalou que o conflito é uma conseqüência às ameaças de castração da mãe, e justificou dizendo: “mas devemos ter presente em tudo isso, que a mãe não fazia mais que desempenhar um papel marcado pelo destino, extremamente espinhoso e comprometido”. Também, em Romance Familiar (Freud – 1909), vamos buscar tais afirmativas para apoiar o nosso interesse na sustentação de que universalmente a angústia de castração se desfaz quando a criança

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tenta defender a figura da mãe. Hoje, com a nova postura da mulher, aumentou-se, em grau extremo, esta angústia, pois a sua sexualidade está muito aflorada, e na sua nova concepção junto a novos parceiros, os filhos têm que aceita-los também com a sua sexualidade, sem nenhum preparo especial para isso... Voltando a Condillac, os perfumes, o exalar da sexualidade da mulher que assume a função de mãe, ofusca o lugar de um homem que teria que assumir a função de pai (...); e enquanto fêmea disponível e propensa a viver sua sexualidade na plenitude, os odores ficam mais ativos, criando uma aura para criar um novo ser, que terá, no primeiro momento, que se embriagar com tanto perfume, que irá confundi-lo com a possibilidade de saborear tantas sensações. Freud em seu artigo sobre a negação, interpreta o aceitar como parte da fase oral, o engolir, assimilar, incorporar e o não aceitar, o cuspir, o re chaço à vida, expressando os instintos de vida e morte respectivamente. Qual filho não nega que sua mãe seja sexuada (...), que ela tenha vários namorados? Podemos notar claramente nos comportamentos e brincadeiras infantis, pois a pequena estátua de Condillac, exposta a tantos odores, pode se refugiar no seu mundo interno, e suas dificuldades podem figurar na formação de seus símbolos, que já podem ser detectados em jogos com substâncias que não correspondem à sua idade...

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BIBLIOGRAFIA FADMAN, JAMES – Teorias da personalidade – Harbra, SP. 1998 NUTTIN, J. Psicanálise e personalidade. Agir RJ 1971 RUDGE, Ana Maria – Pulsão e linguagem. Zahar. RJ 1998 SCHINTMAN, Dora Paradigma, cultura e subjetividade, Artes Médicas, 1997 FENICHEL, Otto Teoria Psicanalítica das Neuroses, Atheneu, SP 2000. HORNEY, KAREN A personalidade neurótica do nosso tempo – Zahar, 1996. HAL LINDZEY – Teorias da personalidade Epu SP 1997 SEGAL HANNA, Introdução à obra de Melanie Klein, Imago, RJ 1998. SGRANCIO, Marco Antônio Apostilas Teoria Psicanalítica IV Slapsi. FREUD SIGMUND Obras Completas, Imago RJ 1990. GARCIA ROZA, Luiz Alfredo – Freud e o Inconsciente, Zahar RJ 1984. BRENER, Charles – Noções Básicas de Psicanálise, Martins Fontes SP 1991. LAPLANCHE, Pontalis Vocabulário de Psicanálise, Martins Fontes SP 1991. MARX, MELVIN Sistemas e teorias em psicologia Cultrix SP 1997. GREENSON Raph A técnica e a prática da Psicanálise, Imago RJ 1981. ALMEIDA Wilson Castello – Defesas do Ego, Agora SP 1996. ZIMERMAN , DAVID – Fundamentos Psicanalíticos, Artmed . RS,1999.

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O NEPP: Instituição de pesquisas, estudos e formação de profissionais na área da Psicanálise.

Simpósios, Congressos e Projetos Realizados: 

Iº Simpósio Nacional Aberto de Psicanálise – Nov/2000 em BH

Projeto em parceria com a 16ª Delegacia de Polícia emBH: Psicanálise para o Cárcere – Agosto/2000 à 2001

Projeto: Psicanálise e Educação – Consultoria e cursos, voltados para a área da educação dentro da abordagem psicanalíticadesde 1999

Iº Simpósio Mineiro de Psicanálise no Exercício do Direito – Junho/2003- Conselheiro Lafaiete/MG

Projeto Caparaó – Comunidade de Aprendizado - realizado pela UFMG e a Fundação Kellogg nas cidades de Caparaó e Alto Caparaó/MG – 2003

Jornada NEPP- Política, Tv, Religião e Criminalidade – novembro a dezembro/2003

IIº Congresso Psicanalítico em parceria com o CEPSI – Centro de Estudos Superior e Psicanalítico – março/2004 – Feira de Santana/BA

Iº Congresso Brasileiro de Resgate à Memória Freudiana em parceria com o IBEPE – Instituto Brasileiro de Estudos, Pesquisas e Educação – setembro/2004 – Rio de Janeiro/RJ, dentre outros.

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Publicações:

 Jornal do Brasil – Coluna semanal “No Divã do Psicanalista” – Prof. Sérgio Costa – de 1999 à 2002

 Revista Científica do NEPP- 1º número / 1º Semestre de 2004  Revista Científica do NEPP- 2º número / 2º Semestre de 2004  Capítulo do Livro da UNESCO – Gestión de Proyectos de Desarrollo Educativo Local – sobre la iniciativa “Comunidad de Aprendizaje”-Fundación W. K. Kellogg / 2004

 Revista Psicologia Brasil – “Memória e elementos sensoriais e não sensorialidade advindas dos desejos em análise” –Prof. Sérgio Costa – setembro/2004

 Revista Psicologia Brasil – “Sensação” – Prof. Sérgio Costa – novembro/2004

 Revista Psicologia Brasil – “ O Homem como um ser pulsante e não faltante” – Prof. Sérgio Costa – março/2005 , dentre outros.

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NÚCLEO

DE

ESTUDOS E PESQUISAS EM PSICANÁLISE DIRETORIA

Presidente: Prof. Dr. Sérgio Costa 1ª Secretária: Sandra Alves da Silva 2° Secretário: Araken Pereira Madalena Junior Diretor Jurídico: Dr. Maurício Cerqueira Monducci Diretor Pedagógico: Juvenal Ferreira da Cunha Neto Supervisora Pedagógica: Maria do Carmo Tavares Departamento Científico: Dr. José Luiz Deroma e Silva e João Antônio Fernandes da Silva Conselho Fiscal: José Maurício Baptista, Déborah Viviane de Souza Conselho Gestor: Antônio Tadeu Penido Silva, Andréa Paula Ribeiro Lopes e Ivo Silva Oliveira Junior

Av Cristiano Machado nº 640/ S 1501 – Sagrada família - Belo Horizonte/MG CEP 30150-240 Tel:

31 3241-2042

E-mail: neppbh@yahoo.com.br - Site: www.nepp.com.br

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Apoio:

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