Revista Negócios MAPFRE 39

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intraempreendedor. Ele tem a visão não só do momento atual, mas ele percebe também a necessidade que pode surgir depois daquilo, o impacto que isso traz para a empresa”, complementa. Para que o funcionário possa exercer sua característica de intraempreendedor, Mariana diz que ele tem de conhecer a empresa de fato, tem de compartilhar os mesmos objetivos, tem de gostar do que faz. “Se ele não sabe o que faz, ele não vai conseguir exercer essa visão empreendedora”, afirma. O intraempreendedor agirá como um sócio e vai encarar os obstáculos sem que ninguém precise lhe dizer como agir. Ele gosta do que faz, não está preocupado somente em receber o salário mensal, nem apenas na finalização das tarefas de que foi incumbido. Ao vislumbrar um problema, não quer saber se é coisa que afeta só a ele - afeta a empresa, afeta o resultado. Mas, para que o colaborador consiga desenvolver esta personalidade, é preciso que a empresa ofereça um ambiente propício. “Somente empresas que tenham como gestor pessoas com mente aberta é que conseguirão trabalhar com esse perfil de funcionário”, adianta Mariana. Para desenvolver o intraempreendedorismo, é preciso que o colaborador tenha espaço quando ele apresentar uma ideia inovadora. “O gestor tem que estar aberto a ouvir, a dar esse espaço e a entender aquilo que está sendo passado. Obviamente, ele não vai aceitar todas as ideias, não vai ter essa abertura 100% em todos os momentos, mas tem que ter um ambiente muito propício para ele exercer essa criatividade.

E, caso não faça a aplicação da ideia que recebeu do colaborador, se a ideia não é interessante naquele momento, mas tem um motivo, ele tem que dar esse feedback para o funcionário, explicando a situação. É importante dar a devolutiva”, indica. Segundo a pedagoga, se a empresa deseja ter esse perfil de funcionário em seu quadro de colaboradores, a busca deve começar no processo seletivo. “Busque alguém que tenha competência técnica e experiência, as habilidades que você procura, mas, principalmente, contrate alguém que tenha paixão pelo que faz, porque, se a pessoa não tiver essa paixão, esse interesse, vai ficar um pouco mais difícil de convencê-la a fazer mais do que ela está sendo contratada para fazer”, recomenda. “Além disso, é preciso saber se a visão e os valores que a pessoa julga interessante para ela são também os da empresa, porque tem que haver essa troca, tem que haver essa cumplicidade. É preciso ter o mesmo objetivo para caminhar junto”, adverte. Para Mariana, cabe ao gestor também dizer o como, o porquê e o para quê. “Não é simplesmente falar: você assenta o tijolo, o espaçamento entre um e outro é um centímetro. Não! É o quanto isso representa para a empresa, o quanto o seu papel é importante. Afinal, o intraempreendedorismo não precisa ser exercido só por cargos muito elevados, pode ser desde o auxiliar de serviços gerais até o presidente. É a empresa como um todo”, recomenda.

pessoas são idealistas, engajadas, apaixonadas. “Alguns dizem que os intraempreendedores são até sonhadores, porque, geralmente, o empreendedor sonha alto e o intraempreendedor também. Às vezes, ele até assusta um pouco, porque tem essa questão de ser inovador, de ser criativo, de trazer novos conceitos. Ele é ousado, ele corre riscos, mas riscos calculados”, pondera a pedagoga. É importante conhecer a história de vida dessas pessoas. Quais foram as escolhas que elas fizeram? Sofreram restrições financeiras para concluir a graduação? Já enfrentaram bastante resistência e mesmo assim não desistiram? O que dá brilho aos seus olhos? Para descobrir, não tente enquadrá-las. Deixe a conversa fluir. Observe com o que se entusiasmam. Informalidade gera confiança e permite acessar o que existe de mais genuíno nas pessoas. Não perca as oportunidades que surgirem para suscitar temas referentes ao trabalho de um ponto de vista mais pessoal. Como elas se veem na organização? Existe alinhamento entre as expectativas dos dois lados? Caso contrário, uma saída planejada pode garantir uma transição sem rupturas, já que no futuro esse profissional poderá converter-se em fornecedor, cliente ou retornar à empresa.

É claro que nem todos os colaboradores têm perfil de intraempreendedor. Para identificar esse perfil, analise se as

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