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— Olhe para mim — disse Jace. — Olhe para mim e me diga que sou apenas um garoto de 17 anos comum. Luke suspirou. — Não há nada de comum em você. — Agora me diga que é impossível. Diga que o que estou sugerindo não pode ser feito. — Quando Luke não disse nada, Jace prosseguiu: — Ouça, seu plano é bom, até onde vai. Traga os integrantes do Submundo, lute contra Valentim até os portões de Alicante. É melhor que simplesmente se deitar e deixar que ande sobre vocês. Mas ele vai esperar isso. Não o pegará de surpresa. Eu... eu poderia pegá-lo de surpresa. Ele pode não saber que Sebastian está sendo seguido. É ao menos uma chance, e temos que agarrar quaisquer chances que tivermos. — Isso pode ser verdade — disse Luke. — Mas é demais para esperar de qualquer pessoa. Mesmo você. — Mas será que não vê, só eu posso — disse Jace, com a voz invadida pelo desespero. — Mesmo que Valentim sinta que o estou seguindo, pode permitir que eu me aproxime o suficiente... — O suficiente para fazer o quê? — Matá-lo — disse Jace. — O que mais? Luke olhou para o garoto abaixo dele na escada. Desejou que de algum jeito pudesse se esforçar e enxergar Jocelyn nele, da mesma maneira como a via em Clary, mas Jace era somente, e sempre, ele mesmo — contido, sozinho, separado. — Você seria capaz de fazer isso? — disse Luke. — De matar seu próprio pai? — Seria — disse Jace, a voz tão distante quanto um eco. — Esse é o momento que você me diz que não posso matá-lo, pois ele é, afinal de contas, meu pai, e matar o pai é um crime imperdoável? — Não. Este é o momento em que digo que é preciso ter certeza de que é capaz — disse Luke, e percebeu, para a própria surpresa, que alguma parte de si já tinha aceitado que Jace faria exatamente o que disse que faria, e ele deixaria. — Não pode fazer isso, romper todos os seus laços aqui e caçar Valentim por conta própria, só para fracassar na última hora. — Ah — disse Jace —, sou perfeitamente capaz. — Desviou os olhos de Luke, passou-os pelos degraus em direção à praça que até ontem de manhã estivera cheia de corpos: — Meu pai fez de mim o que sou. E o odeio por isso. Posso matá-lo. Ele se certificou disso. Luke balançou a cabeça. — Independentemente de como foi criado, Jace, você lutou contra isso. Ele não o corrompeu... — Não — disse Jace —, ele não precisou. — Olhou para o céu, riscado de azul e cinza, pássaros começando as canções matinais nas árvores da praça, e concluiu: — É melhor eu ir.


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