O que é uma prisão? Percepções ambientais em uma penitenciária

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127 Capítulo 5

CONSIDERAÇÕES FINAIS Decidi chamar o fechamento deste trabalho de considerações finais, ao invés de conclusões, pois como em muitas outras investigações, termino com mais perguntas do que respostas. São essas interrogações que guiarão o desfecho deste item. Por ora, esta pesquisa precisa ser fechada e a esperança nela depositada está nas possibilidades de contribuições futuras para com as pessoas envolvidas no sistema penal. Mas não posso fechar este trabalho sem falar que ele foi fruto de minhas inquietações, considerando o meu papel subjetivo de ser humano em constante transformação, e que foi incomodado quando posto em contato com o ambiente estudado – em todas as dimensões aqui consideradas. Aliás, essa mistura entre o “eu”, “o que eu queria saber” e “o que eu apreendi”, revelou muito mais de mim – e para mim – do que de outros. Este trabalho, portanto, é um estudo cujo objetivo foi entender o que é uma prisão, a partir do olhar dos usuários do lugar: internos (presos) e agentes penitenciários. A pesquisa foi realizada na Penitenciária Francisco Hélio Viana de Araújo, no Ceará, onde a coleta de campo aconteceu entre novembro e dezembro de 2017, e teve como participantes um total de 16 presos e 15 agentes penitenciários. Tudo se deu a partir de uma curiosidade sobre a arquitetura penal, motivação alimentada desde a graduação em Arquitetura e Urbanismo, como já dito. Confesso que àquele tempo eu tinha certa tendência de olhar apenas o lado dos presos. Porém, o interesse pela identificação e compreensão das relações pessoa-ambiente, a partir dos estudos da Psicologia Ambiental, direcionou esta pesquisa a incluir os agentes penitenciários na análise, sob uma intuição, que foi sendo afirmada durante a coleta de dados, de que sem a visão de ambos os usuários do lugar, a percepção do ambiente penal não estaria completa. Ainda, apesar do meu trabalho final de graduação ter sido projeto de uma colônia penal, o meu contato com a realidade da prisão à época foi mínimo. Portanto, mesmo motivada em continuar a estudar o tema, o meu lugar como pesquisadora sempre foi de estranhamento. Foi necessário, então, desempenhar grande esforço para


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