Boletim Agroecológico n.7 - Outubro/2019

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Núcleo de Agroecologia Apêtê-Caapuã

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Boletim n.7 - Outubro/2019

NAAC realiza em parceria com SESC Sorocaba evento com tema: “Soberania alimentar e análise na conjuntura” Por Érica Monteiro e Adriel Vaz

No dia 29 de agosto de 2018 foram realizadas uma oficina e uma palestra no SESC de Sorocaba, ambas ministradas pelo vice-presidente da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) Paulo Petersen, como atividade do curso “Transição agroecológica na agricultura familiar: do cultivo ao consumo”, onde um dos principais temas abordados foi a soberania alimentar e o atual cenário político. Durante a oficina foi debatido os impactos que o neoliberalismo vem tendo na agricultura desde a década de 90, onde se verifica que ao passar dos anos, os recursos e insumos para a agricultura foram sendo centralizados e monopolizados por grandes corporações do agronegócio, o chamado “Grande Império Agroalimentar”, onde quem não expande é dominado. Com esse controle do grande império agroalimentar, a soberania alimentar fica em risco - vale ressaltar que a soberania está relacionada à autonomia na tomada de decisão - autonomia essa que deixa de existir uma vez que o agricultor fica refém das corporações em praticamente todas as etapas da produção - da compra da semente à venda do alimento e até mesmo aos empréstimos em bancos (que obriga o produtor a seguir um protocolo de manejo atrelado aos produtos das grandes corporações). Foi exposta também a fragilidade do sistema do agronegócio, que precisa se manter numa política expansiva para não quebrar e como a agricultura familiar vem sendo sufocada pelo agronegócio o crédito para o agronegócio aumenta todos os

Paulo Petersen, Fernando Silveira Franco e Marcos Bravin (Foto: Rodrigo Brezolin)

(Foto: Rodrigo Brezolin)

os anos, enquanto políticas como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) é atacado. Como consequências à isso temos: Perda do controle, Artificialização da comida (expansão dos ultraprocessados), marginalização do campesinato e ameaça à soberania alimentar. Hoje podemos ver como grandes empresas fomentam uma agenda política golpista, os famosos lobistas, que buscam facilitar suas ações por meio da política (criando isenções fiscais e aprovações de crédito) e dificultar o mercado para os pequenos produtores criando várias regras. Um exemplo recente disso é a ligação da JBS com Eduardo Cunha, onde, por ação do lobby, foi criada a regra do rigor sanitário para os pequenos produtores usando como desculpa a saúde pública, sendo que tempos depois a própria JBS foi flagrada na operação da Polícia Federal “Carne Fraca” vendendo carne com papelão. Nessa perspectiva, a oficina e a palestra foram de suma importância para reunir e aproximar agricultores e agricultoras, técnicos, estudantes e professores envolvidos/as com a produção sustentável, especialmente com a agroecologia, e que lutam pela soberania e segurança alimentar, e debater sobre a importância da agroecologia como um processo de democratização quanto ao direito de escolha de cada agricultor e agricultora no que tange o que produzir, como produzir e os processos decisórios para comercialização, viabilizando também discussões sobre a agricultura familiar no que diz respeito a uma visão não apenas democrática, mas também de transformação social.


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