
FESTEJ OS

ESPAÇO PARA FICHA CATALOGRÁFICA SESC | Serviço Social do Comércio Presidência do Conselho Nacional José Roberto DepartamentoTradosNacional Direção-Geral Carlos Artexes Simões Diretora de Programas Sociais Lúcia Prado Gerência de Cultura Marcos DepartamentoRêgo Regional Presidência da Fecomércio - PI e conselhos Regionais do Sesc e Senac PI Valdeci Cavalcanti Diretoria do Departamento Regional do Sesc Francisco Soares Campelo Diretora de Programas Sociais Ana Lúcia Oliveira Rocha Coordenação Regional de Cultura Hidelgarda Sampaio Gerência do Centro Cultural Sesc Caixeiral Amanda Pinho Analistas em Cultura e em Patrimônio do Centro Cultural Sesc Caixeiral Jedson Martins, João Carlos Araújo e Lili Machado Produção Editorial Consultoria e Produção Educar Artes e Ofícios Curadoria Áurea Pinheiro, Bruna Negreiros e Cássia Moura Textos Áurea Pinheiro Fotografias Cássia Moura e João Carlos Araújo Projeto gráfico e diagramação Bruna Negreiros Colaboração Científica Programa de Pós-graduação em Artes, Patrimônio e Museologia Universidade Federal do Piauí Universidade Federal do Delta do Parnaíba Edição 2021 Educar Artes e Ofícios


sumário

06 apresentação 12 amo 22 brincantes 32 catrevagem 38 artesania 48 instrumentos 56 o boi 64 referências
apresentação
No Sesc Caixeiral existem projetos e ações, uma programação com linguagens artísticas como artes cênicas (teatro, dança e circo); artes visuais (cinema, fotografia, pintura); música; literatura; patrimônio cultural e rede de bibliotecas.
A Exposição Festejos apresenta o Bumba-meu-boi de São João como uma forma de expressão, patrimônio cultural da cidade de Parnaíba. Os públicos poderão conhecer esta manifestação cultural por meio de suportes diversos: textos, depoimentos, fotografias, áudios e vídeos.
O Projeto Festejos tem por objetivos: oferecer visibilidade ao Bumba-meu-boi de São João da Parnaíba; criar condições de possibilidades de conhecimento, valorização e salvaguarda de uma forma de expressão centenária no Meio Norte do Brasil (Piauí, Maranhão e Ceará); potencializar as relações entre o Sesc e as comunidades locais, entre arte e educação, campos de saber-fazer pertinentes,
Este Catálogo é apenas um dos produtos do Projeto Festejos, mestre sem cerimônias: uma rede de saberes e poéticas em cena, coordenado por um grupo de agentes e produtores culturais do Programa Cultura do Serviço Social do Comércio (Sesc), Estado do Piauí, nomeadamente da cidade de Parnaíba, patrimônio nacional, reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), cidade porta de entrada para o Delta do Parnaíba, o único a desaguar em mar aberto das Américas.
A equipe do Programa de Cultura do Sesc - Piauí tem como espaço de atuação profissional o Centro Cultural Ministro Reis Veloso, antigo edifício que abrigou a União Caixeiral, escola de formação profissional criada no início do século XX.
entrelaçados por uma educação patrimonial que permite o trabalho da memória e a afirmação de identidades.
Neste catálogo da Exposição Festejos, apresentar o bumba-meu-boi como uma brincadeira e forma de expressão é reconhecer que está atravessada por ritmos, sons, cores e por uma história de resistência e resiliência. É compreender como grupos de pessoas ressignificam uma tradição em tempo de constantes mudanças, uma sociedade e cultura líquidas, fluidas, dinâmicas.
O Projeto Festejos tem natureza interdisciplinar e multiprofissional. É uma parceria entre o Sesc Piauí e o Departamento Nacional (Sesc DN). Tem como públicos setores e agentes públicos, privados e sociais, grupos de artistas e mestres da cultura popular, produtores culturais, estudantes, professore e, de forma ampla, as comunidades da cidade de Parnaíba e entorno, de forma a contribuir com o processo educativo-cultural e promoção do direito de acesso a um patrimônio cultural, rico e diverso.
O Projeto Festejos contribui para formar públicos entrelaçando instituições e pessoas interessadas em conhecer e viver memórias e histórias do lugar onde vivem, valorizando os criadores e detentores de uma herança cultural ancestral, secular, para respeitar e incentivar grupos culturais que resistem diante de um mundo globalizante e uniformizador de formas de ser e existir, grupos atravessados por situações de vulnerabilidades.
Ao longo de três meses, a equipe da empresa Educar Artes e Ofícios e do Sesc Caixeiral, com professores e alunos do Programa de Pós-graduação, Mestrado Profissional, em Artes, Patrimônio e Museologia da Universidade Federal do Piauí e Universidade Federal do Delta do Parnaíba realizaram encontros e vivências com os brincantes de boi para registrar memórias e histórias dessas pessoas em suas comunidades.
Este Catálogo é um fragmento desse trabalho, que se constitui nos espaços socioculturais e educativos, nos terreiros das casas dos donos de boi, no campo de futebol, no barracão do Cafuringa, que se transformaram em espaços do brincar boi, igualmente, nossos espaços de observação e registros, que resultaram também em quatro documentários etnográficos e uma exposição fotográfica em formato virtual disponibilizada nas redes sociais do Sesc, produtos e serviços que promoverão a criação de um grupo de pessoas, “Amigos do Patrimônio Cultural”, que permitirá a integração entre setores e agentes públicos, privados e sociais, entre os grupos de bumba-meu-boi para construção de um inventário participativo e plano de salvaguarda para este patrimônio cultural, reconhecido pelos brincantes e a ser reconhecido pelos poderes municipal e estadual para elaboração de políticas públicas para continuidade, criação e recriação dessa rica e complexa forma de expressão.
É com a intenção, com o desejo de reconhecer, fomentar e fortalecer o patrimônio cultural que o Sesc, como instituição sociocultural, cria programas e ações desta natureza, uma maneira de permitir o bem-estar de seus públicos.
amo
Aquele que nutria um carinho especial por um determinado Boi, que apareceu morto, para seu desespero. Procura ajuda para ressuscitar o animal, chama médico e pajé; investiga sobre quem matou o boi, vítima do desejo de Catirina, mulher de Pai Francisco (Nego Chico). Grávida queria comer a língua do Boi, justamente o Boi que o Amo e sua filha Sinhazinha queriam tanto bem.
13
Entre Cordões, Boi, Catrevagem e Tamborzeiros, o Amo constrói e puxa toadas ao som de tambores, maracás, incentiva o batalhão, com seu apito dá o tom. Na lenda, o Amo é o senhor da Fazenda, dono dos rebanhos.


15
Batista do Catanduvas (Amo)
Meu pai, Peinha, talvez o nome mais conhecido da história do Bumba-meuboi como Amo, meu avô, Sebastião Gerônimo, que também muito conhecido [...] tive o prazer de brincar com meu pai, iniciar brincando com meu pai, que era Amo e eu era vaqueiro. Posteriormente, passei a ser o segundo Amo com meu pai e outro primo chamado Miro. Quando meu pai parou eu passei a comandar o batalhão do Rei da Boiada.

17 São João me deu quando me batizou Ele me deu a chave Do seu bangalô Me deu toada Me deu douradas medalhas Para eu vencer batalhas Com meu povo vencedor Toada de Caboclinho

18 Comecei muito novo, ao lado do meu pai, e depois segui a disciplinar batalhões, homens e mulheres, adultos e crianças. Canarinho (Amo)

Mulher20 bonita Você disse que me ama E só reclama e não sai para me encontrar Ei mulher bonita Você disse que me ama Mas só reclama e não sai para me encontrar Quero o teu beijo e preciso de teu abraço Para ficar fácil, morena, para te amar Quero os teus beijos e preciso do teu abraço Para ficar fácil, morena, para te amar A noite passa e o dia vem raiando Vou levantando e começo a escutar O canto dos passarinhos Numa manhã radiante Vamos adiante que não podemos parar Toada de João Rodrigues


brincantes
23
Velhos, adultos, jovens, adolescentes, crianças formam o batalhão de brincantes. De várias gerações, são parentes, amigos, vizinhos, estudantes, trabalhadores formais e informais. Representam os personagens, os atores da trama de nascimento, vida, morte e ressurreição do Boi. São personagens reais e míticos: Amo, Catirina, Pai Francisco, Sinhazinha, Doutor, Índias, Caboclos, Miolo do Boi, Pajé, Burrinha, Folharal. Na encenação, o trágico e o cômico dialogam e oferecem o colorido à forma de expressão transmitida de geração em geração.

24



O que mais me fascina é dançar, amo dançar, adoro poder estar no meio da bagunça, ajudar a fazer a fantasia de cada um, ajudar um pouco de cada coisa, tanto na índia, nos vaqueiros, no caboclo real, a gente faz um pouco de tudo, eu amo isso tudo, não tem explicação melhor do que dizer 'eu amo dançar no Boi', é maravilhoso, não tem sentimento melhor que esse.
Kellciane Sousa (Brincante)
27
28




catrevagem
33
Pai Francisco (Nego Chico, vaqueiro da Fazenda), Catirina (mulher de Nego Chico), Doutor Cazumbá (médico chamado para ressuscitar o boi), Folharal (meio homem, meio burro) e Burrinha. Na trama, são os moradores da fazenda ou de seus arredores. Personagens cômicas, fantásticas, metade humano, metade animal. Subvertem quaisquer normas, brincam livremente entre o Boi, o Amo e demais personagens. É a representação do cômico e do trágico na brincadeira, morte e vida, dor e alegria.



36
O brincante e Amo de Boi Canarinho da Ilha defende que o Bumba-meu-boi só é completo quando tem todos os personagens: Amo, Pai Francisco, Catirina, Cabeça de Fogo, Gregório, Folharal, Burrinha, Doutor da Medicina, Pajé, Vaqueiros, Caboclo Real, Boieiros, Índia poranga, Índia guerreira, Porta estandarte, Sinhazinha.


artesania
A fabricação da carcaça, da cabeça e do couro do Boi partem de desenhos que são transformados em obras de arte por artesãos e artesãs que fazem a brincadeira acontecer ano a ano.
39
Atravessado por uma linguagem narrativa e visual, onde mito e realidade, sagrado e profano se confundem, a festa do Bumba-meu-boi marca os corpos, que ganham vida e oferecem visibilidade ao ofício e modos de saber-fazer de artesãos e artesãs, em sua maioria brincantes, que usam técnicas e materiais os mais diversos, costuram, bordam, pintam, constroem com maestria o figurino do espetáculo, revelando arte e aprendizado coletivos.


41 Eu já estou ficando precupado porque está chegando a idade e não consigo ninguém a quem eu possa ensinar meu ofício. Sr. Cafuringa (Artesão)


44



47

instrumentos
49
A sonoridade da brincadeira está no toque do tambor, na batucada, com ritmos acelerado ou mais compassado, a depender da toada, que oferece o tom a cada uma das cenas do espetáculo. No Piauí, são usados tambores, maracás e apitos. A roncadeira não é mais um instrumento usado como fora em outros tempos. Sons, danças, cores, toadas se mesclam com dor e alegria, morte e vida no terreiro ou na arena de espetáculo.

50






o boi
É o personagem principal da brincadeira, do espetáculo, da trama que o envolve atravessada por sua morte e ressurreição. O brincante é o ator, a brincadeira é o espetáculo e o boi o personagem principal, é o brinquedo, cuja fabricação tem se transformado ao longo do tempo. De armação de papelão, caixa, madeira à metalon, na busca de encontrar um material mais leve e resistente. Um corpo forrado de tecido de estopa ou de espuma, recoberto de veludo preto, bordado de lantejoulas, miçangas e pedrarias. Aquele que dá vida ao boi é o miolo, é ele que o manipula, que o faz dançar, se movimentar entre o batalhão, ser admirado nos terreiros das casas ou na arena de espetáculo.
57





62


64 referências
FROTA, Weslley Fontenele. Bumba-meu-boi no palco e na festa: teatro e cultura popular no Piauí, Dissertação (mestrado). Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Artes. FROTA,2018.
Carlos Penna. Meu exílio no Piauhy. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, FERREIRA,1931.
Weslley Fontenele. Breve história e etnografia do grupo Novo Fazendinha: o São João Da Parnaíba (PI), seus artistas e bois rivais. Ponto Urbe. Revista do Núcleo de Antropologia Urbana da USP, São Paulo, n. 25, 2019.
FROTA, Weslley Fontenele. O Bumba-meu-Boi de Parnaíba (PI) em diferentes espaços: a rua, a arena e as lives juninas. Urdimento. Revista de Estudos em Artes Cênicas. Rio de Janeiro, v. 2, n. 32, 2020.
ABRÃO, Calil Felipe Zacarias. O meu boi morreu: o ritual de morte do Bumba Boi “Rei da Boiada”. Congresso Internacional de História, 2017, Jataí. Anais do Congresso Internacional de História. Jataí: 2016. ANDRADE, Mário de. Danças dramáticas do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1982, tomo BOTTO,1.
SANTOS, Benjamim. Veredas da Meia-Lua. O Boi de São João da Parnaíba. Teresina: Halley, 2019.
65
Elio. O Bumba-Meu-Boi do Piauí: poesia afro-brasileira, cantigas, gênese, memórias e narrativas de fundação do Boi de Né Preto de Floriano Piauí. Vozes, Pretérito & Devir, ano III, vol. VI, n I (2016). (Dossiê Temático: História, África e Africanidades).
Sr. Bumba-meu-boiSra.BoiGilbertoFranciscoDouglasLeandroSr.Sr.Sr.Sra.Sra.AlineSr.BoiMariaAntônioSr.BoiCafuringaLíriodoCampoLuísCarlosFilhoEduardaLimaNovoFazendinhaJoãoRodriguesBrunoSocorroBrunoLuzineteBrunoAcrísiodosSantosHonóriodosSantosPaulodosSantosBrunoBrunoBrunoBrunoBrilhodaIlhaMariaLúciaReida Boiada Batista "do Catanduvas" Grupo Cultural Estrela Cadente Roberto William Sra. Luzia Fontenele Sra. Elisa Amaro Camila GrupoKelcianeRibeiroSousaCulturalBoi Novo Guerreio Sr. Sr.AlexandreDieson"Canarinho"deOliveiraMaia"Caboquinho" aGraDecimentos


68
69
