Vale do Jequitinhonha

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Formação Histórica, Populações e Movimentos

Conclusão Na mesorregião do Jequitinhonha os municípios são de tamanho modesto, se distribuem equilibradamente pelo espaço regional, a vida rural é ainda relevante, o atual processo de urbanização é muito expressivo, várias cidades que floresceram no passado ainda são importantes na atualidade e Diamantina, o maior município, embora não alcance hoje os 50 mil habitantes, ao longo dos últimos 300 anos, mais de uma vez, contou com um volume populacional similar ou maior, nos momentos em que se perfilava ao lado das cidades mais populosas da capitania, província e depois estado de Minas Gerais. A suposta falta de população pode ser causa da estagnação econômica regional? Os dados mostraram que há crescimento demográfico na região, ainda que desigualmente distribuído. As taxas são modestas, é verdade, mas o Alto Jequitinhonha cresce mais que o Médio e o Baixo Vale. Há também um excesso de homens em vários municípios (algo que não chega a ser preocupante) provavelmente pela existência de oferta de trabalho braçal nas áreas rurais, já que a ausência de grandes cidades impede a consolidação de um setor de serviços moderno capaz de absorver volumes significativos de mão de obra feminina. A falta de população em idade ativa nas áreas não urbanas em decorrência de um “interminável” êxodo rural parece comprometer a perspectiva de expansão de atividades agrícolas que requerem mão de obra jovem. As evidências indicam, entretanto, que as periferias urbanas crescem física e demograficamente de forma significativa, sustentadas, principalmente, por moradores com experiência na lavoura, boa parte deles mantendo seus vínculos com o trabalho rural. As remessas de recursos financeiros de emigrantes do Vale e os retornos temporários de indivíduos com experiência na Construção Civil dão materialidade a uma série de bairros periféricos, inexistentes há 20 anos. As perdas populacionais, mais altas no passado, são ainda significativas na atualidade. Contudo, as antigas previsões de um colapso demográfico regional não se confirmaram. Os déficits de mortalidade por causas evitáveis, tão típicos no passado, diminuem sistematicamente. Todos os municípios experimentaram melhoras nos indicadores de mortalidade, com redução da mortalidade infantil e aumento significativo da esperança de vida. Na outra componente da dinâmica demográfica as estimativas indicam uma drástica redução do número médio de filhos por mulher. Em 40 dos 55 municípios a fecundidade encolheu mais de 20%. A tendência de as famílias se tornarem menores no Vale do Jequitinhonha parece irreversível, mesmo que com um visível retardo em relação ao Brasil e Minas Gerais. Assim sendo, o colapso populacional teria sido apenas adiado por mais algum tempo, já que a natalidade cai mais rápido que 125


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