Vale do Jequitinhonha

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Formação Histórica, Populações e Movimentos

Sob a ótica das migrações internas, tem havido mudanças importantes na tendência de evasão populacional da região e sub-regiões? Se houver, em que medida e quais são os espaços geográficos do país que mais interagem com o Vale do Jequitinhonha. A região em estudo possuía, em 2007, um total de 55 municípios que agregavam 730.809 pessoas residindo em um território de 79.000 km2. O tamanho dessa população é modesto tendo em vista a extensão territorial, mas longe de ser desprezível. Isto porque, não se trata de um espaço geográfico em que uma ou duas cidades absorve a grande maioria da população e o resto de espaço regional constitua um vazio demográfico. A distribuição da população no espaço é bastante equilibrada no Jequitinhonha. Nenhum município ultrapassa sequer a barreira dos 50 mil habitantes, o maior, Diamantina, detinha em 2007 não mais que 44.278 pessoas, enquanto o menor, Presidente Kubitschek possuía 2.978 habitantes. Os municípios mais populosos são os que tiveram alguma importância histórica em algum momento dos três séculos de existência da região. Dentre os 12 municípios mais populosos dispostos no Anexo 1, todos com mais de 20 mil habitantes, figuram pelo menos 11 que já ostentaram algum brilho no passado, como Diamantina, Almenara, Araçuaí, Capelinha, Itamarandiba, Minas Novas, Pedra Azul, Jequitinhonha, Itaobim e Serro. Trata-se de uma região repleta de pequenas cidades mortas, como sugere a reflexão de Monteiro Lobato na primeira metade do século XX sobre o Vale do Paraíba? Não. Inclusive porque as principais cidades do passado ainda são as principais da região na atualidade. Ademais, os surtos de produção de riqueza no Jequitinhonha não se concentraram em um único ponto do tempo (como o café no Vale do Paraíba) e foram mais multissetoriais, ou seja, a despeito da indiscutível importância da mineração de ouro, diamantes e outros minerais, houve surtos exitosos associados à cotonicultura, à criação de gado e até mesmo à produção industrial de tecidos. Se o referencial de entendimento da região não está apoiado em uma ou duas grandes cidades, então, tratar-se-ia de um caso em que toda a região padeceria de uma espécie de estagnação econômica difusa espacialmente, resultante de um mesmo conjunto de causas que acometesse todos os municípios? É provável. São muitos os estudos que apontam causas econômicas diversas, falta de investimentos, fracassos dos planos do Estado, atraso das elites locais, carência de infra-estrutura, aridez climática, isolamento e abandono. Entretanto, cabe aqui refletir sobre a hipótese de a própria população ser a causa da estagnação regional. Como? Pela simples falta de homens e mulheres habilitados para o trabalho, em quantidade e nas proporções adequadas, pois sem esses não se instala ciclos virtuosos de desenvolvimento. Sabe-se muito bem que a região 99


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