Edição N.º 6 março e abril 2015
S, N E V O J DOS
PARA OS JOVE N
S
EDITORIAL
Subimos mais um degrau
O
bjetivo cumprido! Com o novo ano, o Mosaico deu mais um passo para se tornar mais conhecido no concelho. Com visitas às escolas Leal da Câmara e Miguel Torga, conseguimos falar pessoalmente com mais jovens e espalhar a palavra. Através de atividades e jogos, o Mosaico animou o intervalo nestas escolas e estabeleceu uma relação mais próxima com todos os que estiveram presentes na nossa banca. Este é apenas o início de uma série de visitas que pretendemos fazer às várias escolas do concelho de Sintra (quem sabe, a próxima pode ser a tua!). É assim que, ao falarmos pessoalmente com mais jovens como tu, conseguimos dar mais visibilidade às tuas opiniões no espaço livre que criámos para te fazeres ouvir. Além das rubricas habituais, nesta edição lançámos o tema sobre a falta de espaços destinados especialmente aos jovens, que combinem lazer com formação (espaços que nós possamos usar para conviver, mas também com atividades em várias áreas, com salas de estudo, espaço internet, entre outros). Todos nós sentimos que pode-
ria haver mais coisas para fazer em Sintra nos nossos tempos livres. A Casa da Juventude na Tapada das Mercês seria um bom exemplo se fosse mais conhecida e mais dinâmica. Neste sentido, há muitas coisas que se podem fazer para dinamizar alguns locais e criar novos espaços para os jovens e podes ser tu a ter essas ideias. Como tal, nesta 6º edição damos uma espreitadela a um novo projeto que está a surgir, mas também falamos das novidades e novas oportunidades para ti.
Torna-te uma peça ativa deste Mosaico! (sabe como na última página)
mosaico@dinamo.pt
ÍNDICE
03 05 07 09 13 janeiro - fevereiro
Voluntariado em Sintra Centros Lúdicos de Sintra À descoberta de... Como é viver em Sintra Os Jovens Dão a Voz
17
Vox Pop 14 15 Escrita Criativa 16 Crítica Literária, Moveing Agenda Cultural 19 Entrevista Cultural
02
O D A I R A T N VOLU EM SINTRA O Banco Local de Voluntariado de Sintra é uma ferramenta criada pela Câmara Municipal com o objetivo de aproximar as pessoas das oportunidades de voluntariado das várias instituições do concelho.
Banco Local Voluntariado de Sintra O Banco Local de Voluntariado de Sintra é uma ferramenta criada pela Câmara Municipal com o objetivo de aproximar as pessoas das oportunidades de voluntariado das várias instituições do concelho.
“
Temos por missão facilitar o encontro entre as pessoas que expressam a sua disponibilidade e vontade para serem voluntários e instituições organizadoras que reúnam condições para integrar voluntários e coordenar o exercício da sua atividade”, explica Catarina Beja, responsável pelo projeto. Sob a forma de plataforma online, o Banco Local de Voluntariado pretende divulgar o trabalho de voluntariado no concelho, tendo em vista o aumento da participação nas instituições e grupos para o efeito, a contribuição para uma consciência coletiva dos problemas da comunidade, o compromisso na prevenção e solução desses
Queres fazer voluntariado e não sabes onde? O Banco Local de Voluntariado mostra-te o sítio indicado consoante os teus interesses! 03
problemas e a criação de modalidades de trabalho nas instituições e em grupos de voluntariado. Qualquer pessoa pode registar-se na plataforma do projeto, a Base de Dados Sintra Voluntária, disponível em www. sintravoluntaria.cm-sintra.pt, sendo necessário tanto para voluntários como instituições preencher o formulário de inscrição que se encontra neste portal. Depois de inscritos, podem consultar os projetos existentes caso sejam voluntários, ou criar projetos novos caso sejam instituições. No entanto, os voluntários, para terem acesso pleno a todas as oportunidades de voluntariado disponibilizadas pelo portal, têm de frequentar uma Ação de Capacitação de Voluntários, iniciativa que se realiza uma vez por mês e na qual o Banco Local de Voluntariado dá a conhecer a lei que enquadra o voluntariado em Portugal. Esta formação dá especial relevância aos Direitos e Deveres dos Voluntários e Instituições e ao Código Ético do Voluntário. Depois de já terem acesso a todos os projetos, os voluntários podem fazer uma pesquisa pela sua área de interesse ou
por instituição, encontrando as oportunidades de voluntariado com que mais se identificam. Catarina Beja revela que “neste momento estão registados na plataforma informática Sintra Voluntária 1332 cidadãos, estando no ativo uma média de 400 voluntários por mês em diversas instituições do concelho”. Após a inscrição estar completa, a Base de Dados funciona como “uma ferramenta informática” que faz a seleção automática dos voluntários com o perfil adequado a cada projeto e conforme as necessidades identificadas pelas instituições. A responsável pelo Banco Local de Voluntariado declara que sempre que uma instituição insere um projeto a solicitar voluntários, esta ferramenta divulga esse mesmo projeto pelos voluntários que se enquadrem no perfil indicado. “O Banco Local de Voluntariado de Sintra já é muito conhecido no concelho”, afirma a responsável por esta funcionalidade. Porém, conclui que “ainda há muito por fazer no sentido de divulgar e reforçar a importância da sua existência, trabalho esse que é realizado diariamente”. Mosaico
O Contributo Uma das instituições inscritas no Banco Local de Voluntariado de Sintra é a associação O Contributo, sediada em Barcarena. Nascida em 2005, O Contributo é desde 2007 uma IPSS (Instituição Particular de Solidariedade Social) que zela pela saúde mental de crianças e jovens do concelho de Sintra.
A
ntónio Costa, responsável pela associação, indica que o trabalho deste órgão passa por uma “intervenção social junto das crianças e dos jovens que precisam de apoio psicológico”. Essas crianças e jovens são indicados pelas Comissões de Proteção de Menores de Sintra e são depois acompanhadas por um grupo de psicólogos que trabalham a título voluntário na instituição. Este acompanhamento é gratuito e destinado a todos os menores do concelho de Sintra, desde que encaminhados pelas Comissões responsáveis. O trabalho passa depois pelo “apoio normal que os psicólogos desempenham”, explica António, mais concretamente em “consultas de psicologia gratuitas, tanto às crianças como aos jovens e às respetivas famílias, consideradas em situação de perigo”. A periodicidade das consultas depende de caso para caso e da gravidade de cada situação, como refere. António revela que no futuro a instituição pretende “estabelecer um acordo com a Segurança Social para que os nossos voluntários sejam remujaneiro - fevereiro
nerados, passando a ter ordenado e um horário normal de trabalho, porque toda a equipa de técnicos que nós temos a trabalhar connosco está agora em regime de voluntariado, não ganham nada e estão dedicados de alma e coração à causa”. Financiada com apoios da Câmara Municipal de Sintra, que lhe cedeu as instalações em Barcarena, a instituição é constituída por uma equipa de cinco psicólogos, um administrativo e uma técnica de contas que trabalham como voluntários. Para ajudar, António refere que os voluntários têm de estar inscritos na Ordem dos Psicólogos e possuir uma Cédula Profissional, dado que se trata de um trabalho muito específico que requer um conhecimento aprofundado sobre psicologia, de forma a ter um impacto positivo na vida destas crianças e jovens.
És recém-licenciado numa destas áreas? A associação O Contributo aceita voluntários! 04
Centros lúdicos de sintra Nas próximas edições vamos mostrar-vos os centros lúdicos que existem em Sintra! Estes Centros têm diversas atividades e espaços, como áreas de jogos, de leitura, de expressão plástica, de informática, de áudio, de vídeo e ainda um espaço exterior. O acesso a estes espaços é livre, gratuito, apenas mediante inscrição!
2
1
3
4
Para visitar:
05
1
Centro Lúdico de Rio de Mouro
2
Centro Lúdico das Lopas
3
Centro Carlos Paredes
4
Centro Lúdico de Massamá
Mosaico
Pertences a algum clube de Desporto Leitura Xadrez Artes ou outro tipo?
Queres que ele apareça no Mosaico? Fala conncosco! Envia um email para mosaico@dinamo.pt ou contata-nos atravÊs do Facebook.
DOS JOVENS, PARA OS JOVENS janeiro - fevereiro
06
À DESCOBERTA DE ...
Em cada edição vamos mostrar-te os vários clubes espalhados pelo concelho, onde podes participar em várias atividades e preencheros teus tempos livres!
Tuna Operária de Sintra
O
clube que vos trazemos nesta edição é a Tuna Operária de Sintra, uma instituição fundada em 1912 que começou por ter um propósito bem distinto do rumo que viria a tomar. Inicialmente era uma associação virada para a cultura, tendo como ponto forte os bailes que enchiam o espaço da Tuna, nomeadamente durante o Carnaval. Mais tarde apareceram os conjuntos musicais, como o de jazz e o de guitarras, o teatro, e foi com o futebol que se deu início à vertente desportiva desta sociedade, pelos anos 60, seguindo-se o ballet e a ginástica acrobática, como conta Celeste Santos e Ana Silva, presidente e vice-presidente do clube, respetivamente. Atualmente, são praticados na Tuna os desportos de ginástica acrobática, mini-trampolim, duplo-mini, ginástica de manutenção, capoeira, corrida e caminhada, sendo que já houve uma equipa de voleibol e karaté, esta última uma modalidade na qual chegaram a ter um atleta campeão mundial. A sede da coletividade encontra-se junto à estação de Sintra, mas os treinos são feitos agora na escola D. Fernando II. A Tuna é, além de um clube de cariz desportivo, uma sociedade enérgica, que toma iniciativa em diversos eventos como cafés-concerto, festas de Carnaval, Santos Populares, magusto, entre outras, eventos que têm elevada importância para a obtenção de verbas com destino a obras que precisam de ser feitas na sede, para compra
07
de equipamentos e para financiar a viagem dos atletas em competições no estrangeiro, como é o caso do Eurogym, do TeamGym, do campeonato de trampolim, do PortugalGym e da Gymnaestrada, eventos que o clube frequenta com assiduidade. A nível de competição, Celeste e Ana recordam diversos lugares de pódio em trios e duos, masculinos e femininos, e em mini-trampolim, entre muitas outras boas memórias. Porém, consideram que a Tuna é um clube familiar e que, mesmo sendo importante se ganhar nas competições, os atletas não participam com o intuito de ganhar medalhas. As medalhas, afirma Ana, “ganham-se nos treinos, nas competições só lá vão buscá-las”. A preocupação com os atletas e a envolvência com os pais são dois aspetos que muito contribuem para o bom ambiente criado, o que faz com que ex-atletas visitem regularmente o clube de tantas serem as saudades. Falámos com dois atletas da Tuna, o Sebastião, de 17 anos, e a Diana, de 21. O primeiro começou aos três anos, por ligações familiares ao clube, tendo já sido campeão de mini-trampolim pelos 15/16 anos. Sebastião revela que o mini-trampolim é atividade que, juntamente com os saltos na pista de Tumbling, é a sua favorita na prática desportiva. Já Diana começou aos seis anos por ter uma prima a praticar a modalidade e por ser, na altura, uma miúda que “não
Mosaico
parava quieta”. No entanto, praticou ginástica como atividade extracurricular e só aos 12 anos se juntou à Tuna, onde considera ter começado a evoluir a sério. Diana já fez parte dos campeões nacionais na modalidade de Teamgym sénior misto, e já esteve na Dinamarca, França, Bélgica e Finlândia em participações no EuroGym, mas considera que o evento mais marcante de todos foi o centenário da Tuna, no qual exibiram o maior número de esquemas, contando com atletas antigos e novos. Para ambos os atletas, a Tuna e a prática desportiva influenciaram o seu crescimento, incutindo-lhes valores de interajuda, esforço e partilha. Idade limite para começar? A resposta é consensual entre os dois atletas e o treinador Ricardo Jesus: não há. Sebastião considera que “as pessoas vão sempre a tempo de iniciar a prática desportiva, independentemente das suas capacidades físicas, e podem sempre tentar e esforçar-se, dentro dos seus limites, para alcançar os seus objetivos e serem bons atletas”. Diana destaca um dos slogans do clube: “Ginástica para todos”. Ricardo Jesus, treinador da Tuna, encontra-se à 21 anos no clube e considera que o grande objetivo é que os atletas se divirtam e que aprendam certos valores que considera um pouco arredados da atual sociedade. “Em termos desportivo, é procurar que cada um deles consiga alcançar os seus próprios objetivos e que todo esse trabalho individual tenha consequências a nível do trabalho de grupo”, janeiro - fevereiro
acrescenta. Além da ida ao TeamGym, Ricardo refere que se preparam para ir em junho ao PortugalGym, uma festa nacional da ginástica. “A ginástica não funciona por escalões mas sim por classes: classe de iniciação, classe intermédia para quem já demonstra capacidades e a classe de exibição”, explica o treinador. Por fim, deixa a todos o convite para virem experimentar uma aula, relembrando que têm por hábito permitir que os jovens venham à experiência antes de se inscreverem.
Informação sobre os treinos Ginástica Acrobática - 2ª,4ª e 6ª das 19h as 21h
Celeste, presidente “Aqui não é o aluno e o professor, somos todos uma família e os alunos sentem isso.”
QU E R ES S? MAI R E B SA www.facebook.com/Tuna. Sintra www.tuna-sintra.pt/ Email: info@tuna-sintra.pt Telefone: 21 923 43 02
Ana, vice-presidente “Faltam apoios da Câmara para ajudar e incentivar. Não é só chamar os atletas, temos que criar as condições para eles treinarem.” 08
COMO É VIVER EM SINTRA
Valentina Kislinskaya veio da Rússia há nove anos. Veio viver para Portugal com a sua mãe, irmã, tia e avós maternos. Tem agora 22 anos e vive em Rio de Mouro. Valentina explica que a sua família veio para Portugal principalmente porque a sua irmã mais nova Ekaterina, ginasta desde os quatro anos, expressou uma grande vontade em evoluir neste desporto fora da Rússia. Contudo, os primeiros a chegar ao país mais ocidental da Europa foram os seus avós, que vieram conhecer Portugal e ver se gostavam do modo de vida.
“
Ao fim de mais ou menos dois anos, a minha avó foi-nos buscar à Rússia e viemos todos para aqui”, revela Valentina. No entanto, também vieram à procura de oportunidades de emprego e de estudos. Valentina formou-se em Animação e Formação Turística e refere que sempre teve apoio dos seus colegas de turma, que arriscavam até ser expulsos das aulas para lhe explicar as coisas em que tinha mais dificuldade. “Na escola, os alunos ajudavam-me imenso, os professores tentavam fazer tudo para que eu e a minha irmã entendêssemos o que eles queriam dizer, e muitas das vezes os meus colegas iam para a rua porque no meio da aula estavam a tentar explicar-me alguma coisa que eu não percebia e as professoras nem sempre compreendiam, porque estávamos a interromper uma aula”, explica. Quando chegou a Portugal, sentiu muito apoio da população e diz que a receção dos portugueses “foi ótima porque as pessoas são bastante simples, muito queridas, e ajudaram-nos bastante”. Porém, nem tudo foi fácil, porque assim que chegaram Valentina e a irmã começaram logo a ter aulas na escola, mas não sabiam uma única palavra em português. “Foi muito complicado, passado um ano começámos a habituarmo-nos mais, mas o primeiro 09
impacto foi muito forte e muito complicado”, diz Valentina. Contudo, Valentina afirma que gosta muito do povo português, e revela que “uma das coisas que eu mais gosto no povo português é que sempre que vou a algum lado e não conheço o sítio, basta perguntar a qualquer pessoa na rua que toda a gente explica, se for preciso as pessoas de mais idade pegam em ti e levam-te exatamente ao sítio que tu procuras, essa é a parte mais fantástica e mais simpática do povo português”, diz com entusiasmo. A sua família tem uma excelente relação com os vizinhos do prédio e do bairro, pois ajudam-se uns aos outros sem hesitar. Também mantêm contacto com muitas pessoas que vieram da mesma cidade na Rússia e que estão neste momento a morar em Albufeira. “Normalmente vamos todos os verões a Albufeira e estamos todos unidos, porque somos da mesma cidade e lembramo-nos das nossas famílias e aventuras, porque basicamente éramos todos vizinhos uns dos outros”, esclarece.
Sintra
Mosaico
Saíste do teu país para vir viver em Sintra? Como está a ser a tua experiência ?
Conta-nos a tua história! Queres aparecer no Mosaico? Envia um email para mosaico@dinamo.pt ou contacta-nos através do Facebook.
DOS JOVENS, PARA OS JOVENS janeiro - fevereiro
10
O Ã D S N E V O J OS
Z O A V
6ª
O Ã Ç DI
E
Este é o teu espaço para te fazeres ouvir! Aqui tens a oportunidade de participar, de dizer o que pensas, de mostrar como vês Sintra, Faz-te ouvir através da discussão de temas que nos atingem no dia a dia, fotografias e passatempos.
13
Mosaico
VOX POP O Mosaico foi à rua para perguntar o que achas sobre...
Conheces a Casa da Juventude, na Tapada das Mercês? Achas que deveria haver mais espaços para os jovens como este? Não conheço o espaço, mas acho uma boa ideia. Deveriam promover atividades, voluntariado e coisas assim, de forma a dinamizar mais o concelho.
Conheço e acho que é uma boa ideia, mas podiam ter mais cartazes e divulgação na rua, e também apostar no Facebook. Outra ideia é promover atividades como desporto, teatro, entre outras.
Maria Leonor N., 17 anos
João R., 19 anos
Já ouvi falar, mas nunca lá fui. A ideia é boa, mas falta pôr na prática algumas coisas. Podiam fazer coisas mais viradas para a cultura, como teatro, música ou lazer, para manter os jovens ocupados nos tempos livres.
Pedro S., 17 anos
Acho que devia haver mais espaços destes espalhados por Sintra, destinados aos jovens. Poderiam também organizar mais eventos para os jovens.
Yuri I., 15 anos
Acho que esse espaço é mais para as pessoas da zona, porque é difícil chegar lá se não se morar na Tapada das Mercês. Podiam apostar mais nas redes sociais e pôr coisas no comboio, que é o meio de deslocação para muitos estudantes. Assim seriam mais conhecidos.
Nuno C., 18 anos
Acho que é uma boa ideia porque podíamos passar mais tempo com amigos, fazer novas amizades nesse espaço, e seria uma espécie de campo de férias, com salas de estudo onde os alunos se podiam entreajudar.
Estrela C., 16 anos
NA PRÓXIMA EDIÇÃO:
“Imagina que queres pôr em prática um projeto com impacto na comunidade. O que achas que poderia ser feito em Sintra para dar mais apoio a iniciativas juvenis?” VEM AO FACEBOOK DEIXAR A TUA OPINIÃO!
janeiro - fevereiro
14
Espaço Escrita Criativa Autora: Maria Cintra Cá em baixo E que tal cá em baixo? É tudo feito de sonhos, aqui também se flutua. Do mundo lá fora só reflexos e sombras e aqui todas as cores. Sentou-se de pernas cruzadas na areia (também ela rastejante) e percebendo que respirava, ainda que sem guelras, jurou nunca voltar. Lembra-se depois da amiga que abandonara na praia, menina de faces rosadas pronta para o salvar com um salto, embora não saiba ainda nadar nem, como ele, respirar nas profundezas. Como sair se é tudo água? Todas as cores mais vivas agora, cada encarnado no coral, cada prateado no cardume; o verde nas algas e o azul no polvo que atrás da rocha se esconde. Tudo é lento e leve cá em baixo: não há nos movimentos a brusquidão e nos ouvidos apenas o som do eco de águas a passar. O branco nas bolhas que partem dos peixes maiores é o céu quando visita o mar. Não querendo sair, sabe que não pode deixar a menina sozinha lá fora. Amores há-os mais fortes do que outros e olhando com ternura cada risca no peixe que passa, despede-se de mãos enrugadas e salta para nadar até à superfície. Nota de súbito um peso recente e vê que onde antes havia mãos estavam agora duas pinças cor-de-laranja e em vez de pés tinha cauda. Já não é da terra, é do mar e o mar quer roubá-lo à terra e à menina porque prometeu que ali iria ficar. De repente
nasce brusquidão no oceano - afinal paz, não a há em nenhum lugar. Cada movimento aqui, uma onda maior lá em cima. E na costa tenta em vão a menina escapar à boca marinha, que acaba por a engolir. Juntos os dois mas ela não durará muito mais sem respirar. Ele tenta segurá-la mas não tem já mãos para o fazer e ela foge perante a visão das suas pinças. Onde ele via cores, vê ela perigo, espreitando dos olhos do polvo, do coral afiado, do cardume enorme e do amigo que agora é peixe e crustáceo em simultâneo. Ele tenta mostrar-lhe como nadar para que possa ir ao topo, com esperança de que ela o imite. Mas ela afasta-se mais, com medo. O que fazer agora, a menina sufoca, ele é ser marinho e ela tem demasiado medo para se salvar. Num impulso perante a cara encarnada sem ar, ele aproxima-se e empurra-a para cima. De repente estão os dois cá fora, como foi que aconteceu. Já não há pinças nem barbatanas, nem mar à volta. Só pai e filha - sobreviveram os dois. Afinal é aqui onde tem tudo mais cor. Sintra, 27 de Fevereiro de 2015
Este é o teu novo espaço de Escrita Criativa! Se gostas de escrever sobre vários temas, envia-nos os teus textos para mos aico@dinamo.pt. Solta o teu “bichinho de escrever”!
15
Mosaico
CRÍTICA LITERÁRIA
C
“Sem ti, não existo”, de Melissa Fay Greene
Leste algum livro que nos queiras sugerir? Contacta-nos!
“Sem ti, não existo” relata a história de uma mulher etíope, Haregewoin Teferra, que após perder o marido e a filha descobre um novo rumo para a sua vida. Numa época em que a Sida é um problema à escala mundial, nomeadamente nos países subdesenvolvidos, Haregewoin tenta ajudar todos os que lhe batem à porta. Expondo, lado a lado, os dados sobre a Sida e os testemunhos de pessoas que viveram esta doença na primeira pessoa e os que conviveram com ela bem de perto. Quando as ajudas pareciam escassas para o problema, Haregewoin decide adotar em sua casa meninos órfãos da região de Adis-Abeba. Esta mulher percebe a importância de apoiar crianças que perderam as suas famílias. Dá-lhes suporte e uma família até que estas sobrevivam ou arranjem outra casa. Uma história que nos faz pensar no verdadeiro sentido das ações que praticamos no dia a dia e as consequências de tudo o que nos rodeia. A importância de ajudar os mais desprotegidos e indefesos deve ser sempre o fim último das ações. Uma história emocionante, onde aprendemos a dar importância às pequenas coisas da vida e a desfrutá-las. Leiam!
SEGUE-NOS TODOS OS DIAS NO FACEBOOK! www.facebook.com /Mosaico.Sintra janeiro - fevereiro
NG O MOVIEI sugere... Gostas de Cinema? O Movieing é nova a rubrica que te sugere filmes sobre temas presentes na sociedade e que te faz refletir sobre eles.
Non Profit No mundo das empresas farmacêuticas, doenças como a gripe A, H1N1, malária e ébola são consideradas doenças não lucrativas. Estas epidemias afetam maioritariamente os países de terceiro mundo, onde as condições de saneamento são baixas ou não existem, facilitando a proliferação da doença. Fazendo uma referência mais específica à doença provocada pelo vírus ébola, mais conhecida por febre hemorrágica, os dados revelam que morreram cerca de 2400 pessoas desde que o ébola foi identificado pela primeira vez em 1976. Valor que estas empresas não consideram significativo para compensar o investimento em fármacos. As restrições económicas atrasam assim os progressos no desenvolvimento do tratamento de várias doenças, que é evitado por não ser lucrativo, pondo em causa a ética e a moral. Um filme que vos sugiro, que retrata este tema, é o Dallas Buyers Club, dirigido por Jean- Marc Vallé, que fala da história de um eletricista que é diagnosticado com Sida e que passa a contrabandear medicamentos alternativos, não aprovados pela FDA, que apenas tem como objetivo lucrar, distribuindo-os ele próprio a outros pacientes e estabelecendo, assim, o “Clube de Compras Dallas”. Espero que apreciem a sugestão, Até à próxima, Beatriz Darame
16
AGENDA CULTURAL Em Sintra acontece... Exposição dos 180 anos da morte de D. Pedro IV
março 2015 S
2 9
17h30
Preço: Gratuito
Espetáculo dos Instantâneos Os Instantâneos desta vez vão apresentar “SLOT”, uma peça de teatro totalmente virada para o improviso.
Local: Centro Cultural Olga Cadaval Dias: 27 de março às 22h00 Preço: 7,00 €
3 10
Q
4
11
Q
5
12
S
6
S
D
7
1 8
13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
Gostas de reviver o passado? Então não podes faltar a este evento!
Local: Palácio de Queluz Dias: Até dia 27 de março das 09h00 às
T
abril 2015 S
6 13
T
7
14
Q
1
2
3
S
D
4
8
9
10
11
5
16
17
15
Q
S
12
18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
Concerto dos “The Black Mamba” Um concerto da banda portuguesa que tem vindo a ganhar cada vez mais prestígio, não só em Portugal, como pelo mundo fora.
Local: Centro Cultural Olga Cadaval Dias: 28 de março às 21h30 Preço: 15 € (cadeiras de orquestra); 10 €
(1ª Plateia) ou 8 € (2ª Plateia)
Noite de Jogos Na noite da batota a Dínamo vira casino, mas em vez de dinheiro basta trazeres muita boa disposição e amigos. Local: Associação Dínamo (Espaço K’Cidade na Tapada das Mercês) Dias: 21 de março às 21h00 Preço: Gratuito
17
Mosaico
Música para bebés Se tens um irmão, primo ou até sobrinho dos 9 meses aos 3 anos em casa, trá-lo a este evento e vem desfrutar de momentos de aprendizagem únicos.
Local: Conservatório de Música de Sintra Dias: 11 de abril e 2 de maio às 16h00 Preço: 12 € por sessão (inclui criança + 2
adultos) ou 15 € (criança ou adulto extra apenas como assistente)
VII Aniversário da Dínamo Vem celebrar o 7º aniversário da associação Dínamo, num dia com atividades e cheio de animação. Local: Associação Dínamo (Espaço K’Cidade na Tapada das Mercês) Dias: 18 de abril Preço: Gratuito
Exposição Sintra de Branco - Memórias Fotográficas Se és amante de fotografia, natureza e do passado histórico de Sintra, não podes perder esta exposição que retrata os deslumbrantes nevões ocorridos no teu concelho.
Local: Paços do Concelho de Sintra Dias: Até 20 de abril das 09h00 às 17h30 Preço: Gratuito
Exposição sobre os rituais de morte durante o Império Romano Nesta exposição poderás saber quais eram as atitudes do Homem perante a morte, bem como conhecer vários materiais arqueológicos descobertos em Sintra.
Local: Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas
Dias: Até 30 de junho das 10h00 às 18h00 Preço: Gratuito
Um filme de António Pedro Vasconcelos ”Os Gatos Não Têm Vertigens” é o nome do romance que vai provar que o amor não tem idade.
Local: Centro Cultural Olga Cadaval Dias: 29 de março às 17h00 Preço: 3€
janeiro - fevereiro
18
ENTREVISTA CULTURAL Nesta entrevista cultural, fomos falar com a Awake, um grupo composto por três jovens de Sintra que querem deixar uma marca na cultura Hip-Hop através dos seus graffitis e da marca de roupa que criaram. CHECK
www.facebook.com /OficialAwake www.youtube.com/u ! T U O ser/OficialAwake IT http://twitter.com/O ficialAwake
Mosaico (M) - O que é a AWAKE? Bruno Teixeira - A AWAKE é um
grupo e marca de roupa que faz parte da cultura do Hip-Hop, e que no nosso caso se foca mais no graffiti e na personalização de peças de roupa. Apostamos na diferenciação e em criar algo ao gosto de cada pessoa.
M - Qual a função de cada membro do
grupo na AWAKE?
B.T. - Todos participamos na marca de Streetwear, mas eu e o Nuno fazemos graffiti e o Marco dedica-se mais a tratar da imagem e dos vídeos, é o nosso videografo e regista o que fazemos. M - Quando se aperceberam que era a isto que se queriam dedicar? B.T. - Sempre gostámos e apreciámos muito a arte urbana e tudo a que está relacionado com esta cultura, desde a parte da criação de graffitis à parte de inovação na roupa influenciada pela cultura Hip-Hop, a StreetWear. Eu e o Nuno sempre quisemos fazer graffiti, e a oportunidade surgiu quando nos juntámos, no ano passado. M - Quando fizeram o vosso primeiro graffiti? B.T. - O nosso primeiro graffiti foi feito em janeiro de 2014 e foi nessa altura também que criámos a nossa página de Facebook. M - Porque escolheram o nome AWAKE?
19
B.T. - Quando eu e o Nuno começámos a fazer graffiti, começámos a utilizar o nome de AWAKE na assinatura e a usar “awake” como o nosso lema, até que começámos a usar isso como streetwear também. Escolhemos esse nome porque muitas pessoas dizem que não sabem o que querem da vida, e nós pensámos “despertar” para isso, chamar a atenção para esse processo, e escolhemos a palavra Awake, que significa literalmente despertar em inglês. M - O que vos inspira, quando estão a
criar/elaborar o graffiti?
B.T. - A nossa dedicação é constante, e temos sempre vontade de continuar a evoluir para ser os melhores. É para isso que trabalhamos e que criamos, sempre a pensar em melhorar. M - Costumam fazer um desenho e
ter uma ideia do graffiti que querem fazer ou costuma ser feito apenas no momento?
B.T. - Temos sempre um projeto em mente, mas gostamos de fazer as coisas como deve ser e estar na nossa onda, sem pressas.
graffitis têm mensagens.
M - Quais são os vossos artistas preferidos e que mais vos inspiram na vossa arte? B.T. - Gostamos de vários, mas se calhar os preferidos são Smug, Odeith e Shepard Fairey. M - O graffiti despertou-vos para novas coisas e alargou-vos os horizontes para outras áreas? B.T. - Acho que sim. Se calhar fez-nos ver as coisas do nosso quotidiano de outra forma, e não olhamos tanto sem ver realmente, mas observamos mais e tomamos consciência do que nos rodeia de forma mais atenta.
OS AWAKE ACEITAM ENCOMENDAS!
Faz já a tua, envia um email para: awake.encomenda s@hotmail.com
M - Nos vossos graffitis, costumam ter uma mensagem que tentam transmitir? B.T. - Sim, temos sempre uma mensagem, mas deixamos a cargo de cada um observar cada uma das nossas peças e interpretar da sua própria forma. Mas sim, a maior parte dos nossos
Mosaico
janeiro - fevereiro
20
FICHA TÉCNICA Coordenador de Redação: Sofia Pereira Editora: Cintia Costa
Com o apoio:
Redação: Miriam Inácio, Raquel Gomes, Frederico Medonça, Margarida Catarino, Andreia Cardoso
Grafismo e Produção de Imagem: Íris Santos
Produção e Edição de Video: André Rijo
Colaboradores externos: Bea Darame 21
Mosaico
És de Sintra? Torna-te uma peça ativa deste Mosaico! VEM COLABORAR CONNOSCO! Queres ser: • Jornalista • Editor • Designer • Fotógrafo janeiro - fevereiro
Ou ainda colaborar connosco de forma externa como Jornalista (freelancer) ou Fotógrafos?
JUNTA-TE A NÓS E TRANSFORMA A TUA COMUNIDADE! 22
ACOMPANHA-NOS NO FACEBOOK! TODOS OS DIAS TEMOS ALGO NOVO PARA TI!
www.facebook.com/Mosaico.Sintra
23
Mosaico