Duo Kids 2016

Page 45

psicologia

Educar também é frustrar e proibir Por Andreia Ávila Foto: Banco de imagem

Seja em uma distante aldeia ou num apartamento de cidade grande, o núcleo formado pela família constitui uma unidade a parte do restante da sociedade. Chamada pelos sociólogos de família nuclear, esta instituição universal tem a sua maior importância no fato de realizar funções sociais indispensáveis que não podem ser desempenhadas por quaisquer outros grupos – a manutenção e socialização dos filhos no longo período em que eles permanecem dependentes. Mas, ao desempenhar sua função socialmente, é à família que cabe fazer as primeiras restrições aos impulsos naturais do indivíduo. Na simples frase: “meu filho, não mexa no brinquedo do seu amiguinho”, a mãe vigilante está através de uma frustração, ensinando ao garotinho de dois anos que existe um conceito chamado propriedade, fronteira que durante toda a vida será obrigado a respeitar. Educar é frustrar e, muitas vezes, proibir, mas não se pode considerar a proibição como um bem ou um mal a si mesmo. Ao mesmo tempo em que fortalece a capacidade de adaptação social, paciência e tolerância, a proibição desenvolve e enriquece as possibilidades adaptativas e criadoras do indivíduo. No entanto, se for

aplicada autoritariamente, injustamente ou por maldosa exibição de força, os efeitos psicológicos e morais ficam prejudicados. Quando chega a este extremo não é mais manifestação de autoridade e sim de autoritarismo. Educar atualmente tem múltiplas facetas, e uma delas é criar a cultura do diálogo com os filhos. Saber escutar e argumentar criando situações que os possibilitem a entender as proibições e deliberações criadas naquele ambiente onde não é somente a palavra NÃO quem manda, mas um SIM ou um TALVEZ com as várias possibilidades de objeções e aceitações. A frustração, mesmo nas idades mais complicadas como na adolescência, precisa ser medida e aplicada para que o adolescente desenvolva o sentido da responsabilidade. Entretanto, isso exige muito esforço e coragem, pois é mais fácil e cômodo deixar que as coisas se resolvam sozinhas. Para concluir, aconselho a vocês pais: frustrem, limitem, criem regras, mostrem padrões sociais de convívio baseado no afeto, pois só assim, teremos uma sociedade com menos problemas psicológicos e menos altruísta em seus egos, quando estes foram machucados ou inflados.

Dra. Andreia Ávila. Psicóloga Clínica Especialista em Saúde Mental e Justiça; Pós Graduada em Defesa Social e Cidadania; Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho; Palestrante em diversas escolas como orientadora de pais, professores e alunos; Orientadora Vocacional. Atua há 16 anos na área da Psicologia Organizacional e do Trabalho como Consultora de RH em diversas empresas no Brasil. Consultório: Edifício JBC Rua Dr. João Colin, 128 - Sala 03 - América | (47)9263-7747 | (47)9687-1514 | E-mail: andreiaavila1@yahoo.com.br

revistaduo.com.br 45


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.