O livro das mulheres osho

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Amanhã, essa mesma mulher não vai parecer tão bonita. À medida que os dias passam, tanto o homem como a mulher vão sentir que estão presos. Conhecem completamente a geografia um do outro. Primeiro foi um território desconhecido a ser descoberto e, agora, não há nada a ser descoberto. E continuar repetindo as mesmas palavras e os mesmos atos parece mecânico, desagradável. É por isso que a paixão se transforma em ódio. A mulher odeia o homem porque o homem vai fazer a mesma coisa de novo. Para evitá-lo, no momento em que o marido entra em casa, ela vai para a cama, porque está com dor de cabeça. De certo modo, ela não quer entrar na mesma rotina. E o homem, por sua vez, está flertando com sua secretária no escritório, que agora é um território desconhecido. Para mim, tudo isso é natureza. O que não é natural é amarrar as pessoas em nome da religião, em nome de Deus, pela vida inteira. Em um mundo melhor e mais inteligente, as pessoas vão se amar, mas não vão fazer nenhum contrato. Não é um negócio! Vão compreender um ao outro, além de entender o fluxo de mudança de vida. Vão ser verdadeiros um com o outro. Quando o homem sentir que, naquele momento, sua amada não sente mais nenhuma alegria com ele, ele vai dizer que chegou a hora de se separarem. Não há necessidade de casamento, assim como não há necessidade de divórcio. E daí, então, a amizade será possível. Quanto à pergunta dirigida a mim, por que o relacionamento entre homens e mulheres... A amizade não é possível entre o carcereiro e o preso. A amizade é possível entre seres humanos iguais, totalmente livres de toda a escravidão da sociedade, da cultura, da civilização, apenas vivendo fiéis à sua natureza autêntica. Não é um insulto à mulher dizer “Querida, a lua de mel acabou”. Não é um insulto a um homem se a mulher disser “Agora as coisas não podem ser belas. O vento que soprava não existe mais. A estação mudou, não é mais primavera entre nós, nenhuma flor desabrocha, nenhuma fragrância se desprende. É tempo de nos separarmos”. E como não há a escravidão legal do casamento, não há dúvida de que não há necessidade de qualquer divórcio. É desagradável que o tribunal, a lei e o Estado interfiram na vida privada das pessoas, e é preciso pedir permissão a eles. Quem são eles? É um assunto entre dois indivíduos, um caso particular deles. Haverá apenas amigos, nada de maridos, nada de esposas. É claro que, se houver apenas amizade, a paixão nunca vai se transformar em ódio. Quando a pessoa sentir que a paixão está desaparecendo, vai dizer adeus, e isso será compreendido. Mesmo que doa, nada pode ser feito em relação a isso, pois esse é o caminho da vida. Mas o homem criou sociedades, culturas, civilizações, regras, regulamentos, e fez com que a humanidade inteira deixasse de ser natural. É por isso que homens e mulheres não podem ser amigos. E homens e mulheres se tornam maridos e esposas, o que é algo horrível, uma vez que eles passam a ser proprietários um do outro... As pessoas não são objetos, e não podem ser proprietárias de ninguém. Se acho que a esposa de um homem é bonita, e me aproximo dela, o homem fica irritado e está pronto para lutar, porque estou me aproximando de sua propriedade. Nenhuma esposa é propriedade de ninguém, nenhum marido é


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