Mimosa Crescer Saudável - Revista 5

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4. Em seguida, têm lugar mais dois processos importantes: a A Festa do Leite para pais, professores e encarregados de educação Mostra esta página aos teus pais, professores ou outros adultos (que mereçam!)

Consumidores Conhecedores:

O que as crianças devem aprender sobre a origem dos alimentos Conte toda a história, explique!

Fazer das crianças consumidores mais “sábios” é também um dos objectivos da Festa do Leite Mimosa. Até porque aprender a comer de modo mais saudável é um processo muito ligado à informação: quanto mais informados estiverem os consumidores, melhor saberão comparar, escolher, tomar as decisões mais adequadas. Nesta revista, as crianças tiveram já acesso a um conjunto de informações essenciais sobre a “origem dos alimentos”, um dos temas que deixa alguns pais, avós e professores por vezes desgostosos (ou até “de cabelos em pé”)... Ficamos espantados pelo facto de os mais novos ignorarem informações tão básicas, como o nome da árvore que produz determinada fruta... ou de chegarem a pensar que o leite nasce nos pacotes ou as salsichas nas latas. Parece-nos uma anedota, mas é real e não nos deveria deixar tão espantados assim. As crianças das cidades (que são hoje a maioria das crianças portuguesas) não têm muitas vezes qualquer contacto com o mundo agrícola. Se há 25, 30 anos ainda havia muitos avós a viver no campo, a cuidar da horta e das galinhas, hoje o número é cada vez menor. A consequência deste afastamento do mundo rural é óbvia: as crianças deixaram de viver esta experiência e muitas vezes só têm contacto com os alimentos no supermercado ou já na cozinha. Algumas excepções ajudam a contrariar esta tendência: o facto de muitas escolas terem horta e de muitas famílias e muitas escolas visitarem as quintas pedagógicas que trazem ao meio urbano, um “cheirinho” do mundo rural.

É importante explicar aos mais novos, factos tão básicos como a origem dos alimentos mais comuns: Origem Vegetal – verduras, legumes, frutas e óleos. Origem Animal – leite, carnes, peixes e ovos. Origem Mineral – água e sal. Depois vá um pouco mais longe e conte às crianças as histórias dos alimentos. Comece por “era uma vez” (um pescador, um agricultor, uma árvore, uma Vaca Malhada...) e termine apenas quando o alimento chegar ao prato (ou ao copo). Damos-lhe aqui um dos exemplos que conhecemos melhor: o do Leite e das várias etapas pelas quais passa até chegar aos consumidores.

Era uma vez...

1. Quanto mais equilibrada for a alimentação, as rações e a água que as vacas bebem, melhor será o leite. Outros factores importantes para a qualidade são o facto de as vacas poderem pastar ao ar livre (e, assim, fazerem algum exercício) e a própria experiência de todos os profissionais envolvidos.

2. No produtor, o leite é recolhido em salas de ordenha com

equipamento sofisticado, que mantém as propriedades naturais do leite, mantendo-o refrigerado (temperatura entre 0 ˚C e 4 ˚C), até ser transportado em camiões cisterna isotérmicos até à “fábrica”.

3. Já na “fábrica”, efectuam-se análises microbiológicas ao leite com os mais recentes equipamentos laboratoriais. Assim se identifica e separa o leite, com a máxima segurança, de acordo com as suas características, nível de qualidade bacteriológica e higiénica, teores de proteína e outros indicadores nutricionais. Apenas o leite nas melhores condições será empacotado.

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normalização e a homogeneização que permitem, respectivamente, a classificação do leite em gordo, meio-gordo e magro (de acordo com o teor de gordura que tem); e a distribuição uniforme da gordura de modo a não formar nata.

5. Finalmente, para garantir a conservação em boas condições,

o leite é submetido a um tratamento térmico para eliminar as bactérias (ou seja o leite é submetido a altas temperaturas e depois arrefecido muito rapidamente). Com este tratamento, o leite é conservado em boas condições, mas a sua composição não é alterada, nem se perdem nutrientes.

6. A última etapa é o empacotamento: os lotes de leite selec-

cionados são embalados em equipamentos tecnologicamente avançados, que oferecem a máxima garantia de qualidade. Uma vez dentro da embalagem (e se esta for mantida em boas condições), nada sucederá ao nosso leite!

Um dado importante: o processo de transformação da composição do leite é um processo meramente físico, sem recurso a quaisquer aditivos. Ou seja, o leite, mesmo após ser tratado, conservado, analisado e identificado... continua a ser leite. Mas um leite que oferece todas as garantias de estar nas melhores condições para ser consumido.

O que é importante ser sublinhado:

Quando se fala com as crianças sobre a origem dos alimentos é importante viajar até... à horta, ao pomar, à quinta, ao mar ou à exploração pecuária... (e mesmo que não lhe seja possível deslocar-se até estes lugares, pode sempre ilustrar com imagens de livros, revistas ou mesmo da internet!). Ou seja, é importante sublinhar que todos os alimentos, mesmo os mais processados, têm uma origem na natureza e é importante que as crianças a conheçam e aprendam a distinguir os alimentos ou ingredientes provenientes de animais ou de plantas. Tal passa por saber, não só quais os animais ou as plantas em questão, mas ir mais longe: saber qual o nome da árvore que deu origem a determinado fruto, se este vegetal cresce numa planta rasteira ou se é colhido de uma árvore, se esta parte da planta é um bolbo, um caule, uma folha ou um fruto... e saber também com que ingredientes e processos se fazem o iogurte, os gelados, o azeite, o pão ou as massas.

Ao falarmos desta origem, podemos aproveitar para referir tudo que é necessário para produzir leite, legumes, frutas, cereais ou carne da melhor qualidade: no caso dos animais, bons alimentos, boas condições de vida...; no caso dos vegetais, bons solos, água, sol... Em ambos os casos, são necessários produtores que conheçam as necessidades das plantas e dos animais e deles saibam tratar, para obter os alimentos mais nutritivos e saborosos. Depois desta origem na natureza, é importante explicar que, na maioria das vezes, os alimentos passam ainda por um processo de transformação até chegar às nossas mãos: aos ingredientes base podem ser acrescentados muito outros ingredientes, aos ingredientes naturais podem ser adicionados aditivos (para os conservar melhor, para lhes melhorar a textura ou o sabor). Na maior parte das vezes, estes processos destinam-se a melhorar os alimentos e até a proteger a nossa saúde. Quem produz os alimentos que comemos deve ter também em atenção os gostos dos consumidores, as suas necessidades, mas também a sua saúde, a conservação do ambiente. Deve, por exemplo, procurar melhorar os alimentos de forma a não prejudicarem a saúde e deve, sobretudo, dar aos consumidores todas as informações (por exemplo, através dos rótulos), para que este faça livremente as suas escolhas.

Dois temas na ordem do dia: Agricultura Biológica e Comércio Justo

Ao falarmos de produção alimentar, é natural que dois temas da actualidade surjam no nosso diálogo com os mais novos: Agricultura Biológica e Comércio Justo. Por um lado, muitos consumidores estão cada vez mais preocupados com a qualidade dos alimentos que consomem, preferindo alimentos sem químicos, provenientes de sistemas de produção não intensivos e que fomentem a biodiversidade, os ciclos e a actividade biológica. Por outro, para muitos consumidores é importante que os alimentos que compram sejam provenientes do Comércio Justo, isto é que ofereçam a garantia de que quem os produziu recebeu o justo preço pelo seu trabalho. Certamente que conhecendo melhor aquilo que estão a comer, as crianças tornar-se-ão mais curiosas pelo tema da alimentação, querendo saber sempre mais, sendo mais críticas e exigentes, características-chave dos consumidores do futuro.


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