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Era como se ela estivesse tendo um sonho ruim pela segunda vez. Só que agora nem ao menos havia a palha mofada para sentar, e a lâmpada no teto estava queimada. Em compensação, entrava um pouco da luz do dia por um buraquinho na parede. — Bem, que maravilha! — disse Fenoglio, sentando-se no chão frio com um suspiro. — Um estábulo. Que falta de imaginação. Na verdade, eu imaginei que Capricórnio teria pelo menos um autêntico calabouço para os seus prisioneiros. — Um estábulo? — Meggie encostou-se na parede. Ela ouvia a chuva tamborilar na porta fechada. — Sim. O que você pensou que fosse isto aqui? Antigamente, todas as casas eram construídas assim, o gado entrava por baixo, as pessoas por cima. Em algumas aldeias nas montanhas, eles ainda guardam as cabras e os jumentos dessa maneira. E de manhã, na hora em que os rebanhos saem para os pastos, os montes fumegantes de esterco se espalham pelas ruas e as pessoas pisam em cima quando saem para comprar pão. Fenoglio arrancou um pêlo do nariz, examinou-o como se não pudesse acreditar que algo tão espevitado pudesse crescer ali, e jogou-o fora com um peteleco. — É incrível — ele murmurou. — Foi exatamente assim que imaginei a mãe de Capricórnio: o nariz, os olhos próximos, até mesmo aquele jeito de cruzar os braços e esticar o queixo para o alto. Meggie olhou incrédula para ele. — Mãe de Capricórnio? A gralha? — A gralha! É assim que você a chama? — Fenoglio riu baixinho. — É exatamente esse o apelido dela na minha história. Realmente espantoso. Tenha cuidado com ela. Ela não tem um caráter muito agradável. — Pensei que ela fosse a governanta. — Hum, e é isso mesmo que você deveria pensar. Portanto, guarde esse nosso segredinho por enquanto, está bem?


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