Não acabara de inventar uma picada de abelha para evitar que ele se metesse em um duelo? Sua mentira não era assim tão imperdoável. No entanto, negociar com o boticário sem lhe dizer nada era. Enquanto eu tentava colocar os pensamentos em ordem e minha raiva se dissipava, Ian já estava longe, oferecendo o braço, impaciente, a Cassandra, e juntos eles atravessaram o salão. O dr. Almeida se aproximou ajeitando as lapelas. — Se não se importar com a minha falta de jeito... — começou ele. — Não precisa fazer isso, doutor. Tô numa boa. — Tentei sorrir, mas não fui capaz. As palavras de Ian rodopiavam em minha cabeça me deixando zonza. Ele acreditava na maldição. Ele a temia. Ele se manteria longe...? — Doutor, voltando ao assunto das noivas, o senhor acredita na maldição? — Como cientista, não. Pessoalmente, não sei o que pensar. Então éramos dois. Devia ter uma explicação para o que estava acontecendo com as recém-casadas. Acreditar que tudo era causado por uma maldição era o mesmo que... que... acreditar que uma garota poderia viajar no tempo por um celular. — Senhorita Elisa? — chamou um rapaz magro e alto, meio encurvado, de pescoço longo, me tirando do redemoinho de pensamentos. Ele fez uma mesura para Elisa. — Me concederia a honra de uma d-dança? — Lamento, meu rapaz, mas terá de esperar. Esta dança já me foi prometida há tempos, não é mesmo, prima? — Thomas ofereceu-lhe o braço. — Sim, Thomas. E agradeço o convite, senhor Prachedes. — A s-segunda, então? — insistiu Prachedes. — Sim, será um prazer. — Bem, senhorita Teodora, espero que reserve uma dança para mim — anunciou Thomas, ao se soltar dela. — É claro, senhor Clarke. Lucas ficou observando o casal se dirigir para a pista de dança — ou seja lá que nome se dê a isso no século dezenove — com os olhos faiscando de ciúme. Prachedes se dirigiu à Teodora: — Concede-me a honra? — É claro, senhor. — E se obrigou a sorrir. Era tão óbvio que Teodora tinha se apaixonado por Thomas, e ele era o único que parecia não se dar conta disso. Eu ainda não fazia a menor ideia dos sentimentos de