Revista Psiquê Premium edição 29 RIO

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Copacabana palace existente naquele período no mundo inteiro”, explica Boechat. Grande parte dessa efervescência e reconhecimento glamurosos do hotel se deu por conta da abertura do Golden Room, a primeira grande casa de espetáculos de Copacabana, construída ali dentro. Por lá se apresentaram os grandes nomes do show business da Europa, Estados Unidos e América do Sul. Maurice Chevalier, Ella Fitzgerald, Gilbert Bécaud, Edith Piaf, Nat King Cole, Charles Aznavour, Tony Bennet, Ray Charles e até a grande Marlene Dietrich, que foi a protagonista de uma das histórias memoráveis do hotel. Em 1959, a estrela, aguardada por uma plateia fervorosa, pediu a Fery Wunsch, o então maître do hotel, que providenciasse um balde de champanhe lotado de areia. Vestida com um modelito longo e colante, que a impedia de descer os vinte degraus em direção ao banheiro, a diva não titubeou em transformar o recipiente com areia em um improvisado banheiro. Com a transformação do bairro em referência cultural e ponto de passagem e estada da alta sociedade carioca, viu-se surgir, em meados dos anos 1940, o que o jornalista Ricardo Boechat chama em seu livro de Copacabana way of life. Aproveitando essa nova onda que assolava o bairro, além da enorme procura por quartos no hotel e o aumento na recusa de reservas por falta de acomodações, Octávio Guinle decidiu ampliar o Copacabana Palace. O Anexo, um prédio de onze andares que oferecia apartamentos com quarto e sala separados – e a possibilidade de hospedagem ou residência fixa –, foi palco de lendas, contos de amores proibidos, traições e encontros misteriosos em meio aos

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caminhos secretos entre o hotel e os apartamentos. Mas nem só as festas e extravagâncias marcaram a história do hotel. O restaurante Bife de Ouro, que na década de 90 foi substituído pelo renomado Cipriani, presenciou tramas políticas, acertos partidários e acordos governamentais. Também foi frequentado por Orson Welles, hóspede ilustre e responsável por grande parte da fama internacional conquistada pelo Copacabana Palace. Após finalizar o consagrado Cidadão Kane, em 1941, Orson Welles desembarcou no país em Janeiro de 1942 e permaneceu no hotel por oito meses. O filme É Tudo Verdade, todo rodado em solo nacional, fez parte do programa de relações públicas americano, para conquistar apoio, em plena Segunda Guerra Mundial.


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