Megafonia #2

Page 45

ESTANTE

45

Literatura sem deus

Por Ronaldo S. Lages

O

que fazia Deus antes da criação do tempo? Com certeza criava o inferno para quem fazia esse tipo de pergunta, dizia Santo Agostinho, um dos cânones da obra teológica e filosófica do ocidente. A dúvida e o questionamento sempre estiveram presentes com o ser humano, logo, a culpa também se instauraria imposta pela igreja que mandou milhares de pessoas para a fogueira e encaminhou diversas obras literárias para o index. A polêmica em torno de livros ‘perigosos’ vem de longe, Galileu Galilei, Giordano Bruno e Kepler sofreriam as consequências de seus pensamentos, a ira de Deus seria feita, livros seriam queimados, ideias abortadas e o conhecimento privado de vir à luz. No século XIX, Nietzsche proclamaria a morte de Deus, não obteria fama em vida e muito menos venderia muitos livros, entretanto, após muitos anos,

seria o ícone maior do combate às ideias cristãs através de sua obra. Outros compêndios do ateísmo moderno dariam ar da graça à mesma época, Marx diria que “a religião é o ópio do povo”, Das Kapital seria a bíblia de muitos no século que se iniciaria. Enquanto isso, Darwin lançaria aquele que seria o maior dos golpes na crença divina, “A evolução das Espécies”, com ele, revolucionaria a ciência e acabaria com o antropocentrismo humano vigente até então. Contudo, o ateísmo na literatura não acabaria por aí, outros ícones surgiriam arrebanhando leitores e inimigos, Bertrad Russell seria um deles, “Por que não sou Cristão” e “Ensaios Céticos” seriam dois de seus mais festejados textos. Atualmente, o ateísmo na literatura continua em voga e produzindo seus best sellers, Richard Dawkins, escritor e professor de Oxford emplacou “Deus um delírio”, en-


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.