Jornal de Abrantes agosto 2020

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a j / JORNAL DE ABRANTES

/ Abrantes / Constância / Mação / Sardoal / Vila Nova da Barquinha / Vila de Rei / Diretora Patrícia Seixas / AGOSTO 2020 / Edição n.º 5594 Mensal / ANO 120 / DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Turismo no interior é o luxo do Séc XXI A apresentação das estações náuticas do Centro aconteceu na praia fluvial de Fernandaires Pág 14

Quando salto sinto-me a voar

Maria Neves, com 13 anos, ganhou a Taça Juventude de Saltos de Obstáculos a montar a Emely Wetts e tem o sonho de ser cavaleira profissional. Pag 10

SARDOAL: Creche Municipal em setembro Pág 19

ABRANTES: Cria “ganha” sala multiusos do Banco de Portugal

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// REPORTAGEM

O JA entrou no centro de comando das operações de emergência, em Abrantes.

Grupo

uma nova forma de comunicar. ligados por natureza. 241 360 170 . geral@mediaon.com.pt www.mediaon.com.pt

Pags 16 e 17 PUBLICIDADE

No comando do Apoio Militar de Emergência


A ABRIR / FOTO OBSERVADOR /

EDITORIAL /

Ao longo dos 738 kms da Estrada Nacional 2 estão a surgir uns marcos “gigantes” de cor amarela. Trata-se da sinalética de comemoração dos 75 anos desta estrada nacional que “corta” o país a meio, entre Chaves e Faro. Os marcos comemorativos são idênticos aos tradicionais só que amarelos e com indicação do Km e da localidade. Paralelamente, há em cada concelho diversas empresas da área do turismo e restauração que se associam à mítica Nacional 2 como agentes onde se podem carimbar os passaportes da Rota.

Patrícia Seixas DIRETORA

2020 para não esquecer Já ouvimos dizer muitas vezes que o ano 2020 é para esquecer. Não concordo. 2020 terá que ser um ano para ficar marcado para sempre na nossa memória coletiva. A pandemia COVID-19 vem lembrar-nos o quão frágil é a vida e o quanto dependemos uns dos outros. Ao contrário do que inicialmente se supôs – de que a Humanidade iria sair reforçada e mais unida – a pandemia veio deixar a nu a “massa” de que somos feitos. Basta assistir à guerra que já se sente nos bastidores, na luta por uma vacina que se quer global mas que, já percebemos, à qual só os mais beneficiados terão acesso. Assim não vamos lá! Mas 2020 terá que ficar na memória por muitas outras razões. É o ano em que deixámos de poder abraçar e beijar os nossos (e a falta que faz um abraço) mas é também o ano em que ninguém avisou os incêndios florestais de que vivíamos uma pandemia e não dava jeito nenhum aparecerem por cá. Para não variar, incêndios de grandes dimensões continuam a devastar a mártir floresta da região e a não deixar árvore sobre árvore. Mas, acima de tudo, 2020 tem que ficar na memória pelo número de vidas que já se perderam. E não podemos nunca esquecer que houve vidas que se perderam em pleno combate por outras vidas. É o caso dos profissionais de saúde e é também o caso dos soldados da Paz. O ano ainda não acabou, mas já é o que mais vítimas mortais contabiliza nos últimos sete anos entre os bombeiros. E ainda só estamos em agosto. 2020 é o ano negro da Humanidade. Nem sequer temos direito a silly season, aquele período do ano de menor intensidade informativa nos media, que pode ser traduzida por “estação ridícula”. Nesta altura, em anos normais, os critérios de seleção jornalísticos tornam-se muito mais flexíveis, passando a considerar como relevantes assuntos que, geralmente, não constituiriam objeto de notícia. Mas não no verão de 2020. Também por aqui não houve um “levantar do pé do acelerador”. O ano não permite e as habituais reportagens estivais desta altura, terão que ficar para quando a normalidade anormal regressar às nossas vidas. Continuamos a ter fogos que assustam as comunidades, continuamos a registar casos de pessoas infetadas, continuamos a assistir a comportamentos que, no mínimo, deveriam dar pena de prisão. Mas o tempo é de férias, é de verão, é de descontração (mas sempre atentos). Vamos tentar fazer com que 2020 não seja ainda pior do que já tem sido? Conto consigo desse lado e faço votos de que voltemos a encontrar-nos por aqui em setembro. Boas férias para quem for o caso.

ja / JORNAL DE ABRANTES

No dia 24 de julho realizou-se uma cerimónia de Juramento de Bandeira no Regimento Militar de Emergência de Abrantes (RAME). Seria apenas e só mais uma cerimónia de Juramento de Bandeira, igual a tantas outras. Mas esta vai ficar registada na memória dos poucos que assistiram. Os 14 soldados recrutas do 5.º Curso de Formação Geral Comum de Praças do Exército 2020 tiveram direito a uma cerimónia atípica, como quase tudo nos últimos tempos, em que os militares nunca retiraram as máscaras. As fotos ficam para a posteridade mas dificilmente alguém se irá reconhecer.

PERFIL /

/ Vera Vicente / Técnica de Comunicação na TAGUS, 38 anos

/ Naturalidade / Residência? desde os planos, a banda sonora, os Peso da Régua / Abrantes (desde personagens, a crítica aos média e à 1999) própria sociedade norte-americana. Está excelente! / Prato preferido? Já que estamos no Ribatejo Interior, / Uma viagem já feita ou por fazer nada como uma bela cozinha fervida Adorava ir a Florença, em Itália, por com bacalhau assado, ou uma fritada toda a história que agrega e monude peixe do rio, ou então, umas en- mentos que dispõe. Já é o segundo ano que tento agendar, mas não teguias fritas. Adoro! nho conseguido. Este ano percebe-se / Um recanto para descobrir? bem porque não vou. Qualquer um da albufeira de Castelo / Uma figura da História de Bode, somos uns privilegiados! O nosso primeiro rei, D. Afonso Hen/ Um disco riques, pelos seus feitos, coragem e É uma pergunta difícil até porque estratégia, sem dúvida uma figura gosto de diferentes estilos de música, notável. mas quando preciso de me concentrar ou de refletir gosto de ouvir o / Um momento marcante álbum “Só” de Jorge Palma, porque Positivo, o nascimento dos meus é um excelente músico e composi- três sobrinhos, é sempre marcantor, e as suas músicas acalmam-me e te de felicidade a chegada de um novo membro da família. Negativo, inspiram-me. o acidente que tive aos meus 25 / Um filme anos, em que quase perdi a vida e “Natural Born Killers” de Oliver Stone. que me tem condicionado ao longo Tudo é muito bem feito neste filme, dos anos.

/ Um sonho por realizar? Viajar muito e sempre que me apetecer, conhecer outras culturas. Acho que voltamos sempre mais ricos. / Se fosse presidente de Câmara o que faria? Nunca tive essa ambição… mas acho que tentaria criar medidas de apoio à família, que ajudassem a aumentar a taxa de natalidade e à fixação de população. / O que mais e menos gosta na sua cidade? Gosto do facto de se chegar rapidamente a qualquer local de carro. Acho que podia ser melhorado o serviço de transporte público coletivo, principalmente o urbano. / Uma proposta para um dia dife-

rente na região? Uma descida de canoagem a partir de Constância, com visita ao Castelo de Almourol, almoço num dos excelentes restaurantes da região. E uma tarde passada num dos braços da albufeira com direito a petisco.

FICHA TÉCNICA Direção Geral/Departamento Financeiro Luís Nuno Ablú Dias, 241 360 170, luisabludias@mediaon.com.pt. Diretora Patrícia Seixas (CP.4089 A), patriciaseixas@mediaon.com.pt Telem: 962 109 924 Redação Jerónimo Belo Jorge (CP.7524 A), jeronimobelojorge@mediaon.com.pt, Telem: 962 108 759. Taras Dudnyk (estagiário) Colaboradores Ana Rita Cristóvão, José Martinho Gaspar, Leonel Mourato, Paula Gil, Paulo Delgado, Ricardo Beirão, Teresa Aparício. Cronistas Alves Jana e Nuno Alves. Departamento Comercial. comercial@mediaon.com.pt. Design gráfico e paginação João Pereira. Sede do Impressor Unipress Centro Gráfico, Lda. Travessa Anselmo Braancamp 220, 4410-359 Arcozelo Vila Nova de Gaia. Contactos 241 360 170 | 962 108 759 | 962 109 924. geral@mediaon.com.pt. Sede do editor e sede da redação Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Editora e proprietária Media On - Comunicação Social, Lda., Capital Social: 50.000 euros, Nº Contribuinte: 505 500 094. Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Detentores do capital social Luís Nuno Ablú Dias 70% e Susana Leonor Rodrigues André Ablú Dias 30%. Gerência Luís Nuno Ablú Dias. Tiragem 15.000 exemplares. Distribuição gratuita Dep. Legal 219397/04 Nº Registo ERC 100783. Estatuto do Jornal de Abrantes disponível em www.jornaldeabrantes.pt. RECEBA COMODAMENTE O JORNAL DE ABRANTES EM SUA CASA POR APENAS 10 EUROS (CUSTOS DE ENVIO) IBAN: PT50003600599910009326567. Membro de:

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JORNAL DE ABRANTES / Agosto 2020


ENTREVISTA /

Pandemia aumentou procura do comércio local // Joaquim Serras é o presidente da Associação Comercial e Empresarial (ACE) dos concelhos de Abrantes, Constância, Sardoal, Mação e Vila de Rei. A 16 de julho comemorou 99 anos num novo tempo de pandemia que é rude para os empresários, mas que pode ser um tempo de oportunidades para alguns setores do pequeno comércio. Até 16 de julho de 2021 há desafios, tempos difíceis, mas há a preparação do centenário. Entrevista por Jerónimo Belo Jorge O que é a Associação Comercial e Empresarial?

bém há coisas boas. O comércio de proximidade passou a vender mais. As pessoas fugiram dos hipermercados. E aqui faço o apelo: confiem no pequeno comércio, pois estão a ajudar a nossa economia. Neste momento o alojamento local, e com piscina, têm uma procura enorme. Não tenho estatísticas oficiais, mas essas casas estão todas a funcionar muito bem.

A Associação Comercial é uma entidade que pretende representar os associados comerciantes e os empresários, daí que o nome inicial tenha sido alterado para “comercial e empresarial”. Damos apoio aos nossos sócios, consultoria naquilo que são as suas dificuldades, quando abrem a atividade, quando expandem ou quando precisam de determinados licenciamentos. Quando há problemas do foro jurídico, também temos protocolos com juristas que podem ajudar. Depois, é uma entidade ao serviço da economia local, de proximidade...

Apesar da retração, há abertura de novos negócios?

Houve um período de quebra, há uma retoma mais tímida. Mas continuam a abrir novas empresas e há setores que não notaram a pandemia, as madeiras, a construção...

Durante anos foi Associação de Comerciantes, depois mudou...

Dos 558 associados, a principal atividade é o comércio a retalho, com 130 sócios. Depois na restauração, cafés e bebidas temos 126 associados. Em terceiro lugar o comércio a retalho de produtos alimentares, depois surge a construção civil e em quinto lugar as casas de alojamento. Deixou de ser Associação de Comerciantes [como ainda é conhecida] porque não representa apenas empresas de comércio a retalho.

Quais os benefícios de ser associado?

Tem logo o apoio para a abertura do negócio. Imagine que vai abrir, agora, um café. Vai ter de tratar da comunicação prévia ao município e à ASAE. Precisa de ter um livro de reclamações físico e eletrónico. Precisa de ter a tabela de preços afixada. Poderá ter de se inscrever no Ponto Verde. Se vai ter empregados precisa do livro de ponto, mapa de férias, horário de trabalho. Nós estamos cá para ajudar a tratar destes processos. Depois há o relatório único, a medicina no trabalho, a higiene e segurança, o HCCP, o controlo de pragas, medidas de autoproteção, entre outras, e também temos protocolos com entidades para onde podemos encaminhar para poderem ter preços mais baixos...

Ou seja, não é só ter um espaço, pensar em abrir e ir à Câmara Municipal...

Não é só isso. E a pessoa, contando com a ACE, vai com a certeza que está a cumprir os requisitos legais. Um exemplo simples. Hoje, o livro de reclamações eletrónico é obrigatório. Nós apoiamos todos os nossos associados nesse serviço e não pagam mais por isso.

… mas teremos tempos difíceis?

E o facto de trabalharem em diferentes municípios altera a vossa estratégia global. Ou seja, há ações diferentes para cada um desses municípios?

Temos a sede em Abrantes, mas os outros concelhos também têm bastantes associados. No apoio aos empresários o trabalho é idêntico. Até trabalhamos com os gabinetes de apoio ao empresário de cada concelho. Agora temos feito com os municípios algumas ações concretas para esse território. A título de exemplo, no final do ano passado, organizámos com o município de Vila de Rei um sorteio de Natal.

E é possível, com os poucos recursos, chegar a todos os municípios?

Sim. Temos boas relações com todos e esta nova geração de autarcas está toda muito virada para a captação de investidores, de novas empresas por isso, temos uma boa relação com todos. Se todos tiverem mais empresas, há mais emprego, há mais condições de vida. Se calhar há 15 ou 20 anos alguns autarcas faziam tudo para não ter determinadas empresas e hoje é o inverso.

“De um dia para o outro vimos uma grande parte dos associados fechados e sem saber o que fazer”

Em 2020 a pandemia mudou isto tudo, de um dia para o outro?

De um dia para o outro vimos uma

grande parte dos associados fechados e sem saber o que fazer. Assustados pela doença e pelo futuro. Não houve resistência a fechar, mas houve muitas dúvidas no futuro. Houve apoios, mas repare, houve ali um mês em que o governo publicou 150 portarias. Nós, em teletrabalho, fizemos 49 informações (por email) para os nossos associados, assim que recebíamos essa informação oficial. E íamos atendendo o telefone. Havia muitas dúvidas, por exemplo, em relação ao lay off.

Mas tiveram encerramentos definitivos?

Tivemos alguns casos que encerraram na pandemia ou no desconfinamento, mas seriam casos que iriam acontecer, mais mês menos mês, e que aproveitaram o momento. Vamos ver o futuro. Mas as ajudas, as moratórias (adiamento do pagamento dos créditos até março) podem tirar alguma pressão dos custos fixos das empresas. Mas depende muito dos setores. Imagine uma empresa que trabalhe na área dos casamentos, tem estado parada.

Poderemos falar em crise económica no pequeno comércio?

Poderemos falar em retração e crise nalguns sectores, no turismo, por exemplo. Mas isso mais nas zonas costeiras ou grandes centros. Penso que na nossa região, no interior, no pequeno comércio não iremos ser muito afetados. Mas tam-

Sim, temos de ter cuidado porque se calhar a retoma que se fala para 2021 não acontecerá em 2021. E há o medo, que é outro vírus. Há pessoas que não saem de casa com medo do vírus e essas pessoas fazem falta ao comércio de proximidade.

O Centro Histórico de Abrantes, como está o processo do Centro Comercial de Ar Livre?

O problema não é único e exclusivo de Abrantes. A Câmara tem feito algum trabalho, por exemplo, na comparticipação das rendas, e espero que continue. E há pessoas a investir no centro histórico e alguns casos de sucesso. Às vezes ouço dizer mal, muito mal, do centro histórico de Abrantes, mas também não é assim, embora precise de mais vida, de mais pessoas a circular...

… e a associação ou o condomínio do centro histórico?

Essa associação, criada para o efeito, já foi dissolvida. Era importante ter algumas lojas âncoras, mas os espaços físicos não são muitos, há o estacionamento (que melhorou), mas há muito trabalho por fazer.

99 anos (100 anos em 2021) é uma idade bonita e com muitos festejos?

Vamos ter uma série de Iniciativas comemorativas: alguns jantares de networking empresarial, um ciclo de seminários sobre os desafios do interior do país, novos serviços aos associados, um concurso de ideias destinado à área comercial, um evento motivacional, uma revista temática sobre o comércio e empresas, a distinção dos associados mais antigos, uma feira empresarial e a Gala do Centenário para dar uma dignidade aos 100 anos.

Agosto 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO / Abrantes

Pressão a mais impedia a subida do peixe no açude Eram tainhas ou fataças às centenas, ou mesmo milhares que subiam o rio Tejo em busca dos locais para fazer a desova. Só que chegavam a Abrantes e estavam bloqueadas no seu caminho pelo paredão do açude. E era ali que se amontoavam por não conseguirem ultrapassar a barreira construída. Mesmo com a escada passa-peixe que ali existe para permitir a subida das espécies, isso não estava a acontecer. Arlindo Consolado Marques, o ambientalista a que chamam guardião do Tejo pela sua luta contra a poluição das águas do rio, diz que foi alertado por amigos para esta situação. O ambientalista explicou que os pescadores de Ortiga já lhe tinham dado conta de que as tainhas não estavam a subir como noutros anos. E foi alertado por um amigo, praticante de BTT, que passou perto do açude e viu os cardumes de peixes junto ao açude. No dia 8 de julho, o ambientalista foi ver e gravou em vídeo o peixe barrado junto ao açude de Abrantes. O ativista salientou, na altura, que existe a escada passa-peixe que pode ter algum problema ou estar bloqueada porque nos outros anos o peixe consegue passar esta barreira e chega à barragem de Ortiga/Belver, onde há pontos de pesca. “Este ano isso não está a acontecer”. Revelou que contactou o vereador da Câmara de Abrantes Armindo Silveira, eleito pelo Bloco de Esquerda e ativista ambiental, e a SOS Ambiente. Estranha que as entidades oficiais não façam o seu trabalho para averiguar a normalidade da vida na natureza. Arlindo Consulado Marques adiantou, no entanto, que lhe parece que as águas estão mais normais e que não será por isso que o peixe não faz o seu caminho. Contactado pela rádio Antena Livre, a 10 de julho, o presidente da Câmara de Abrantes disse que teve conhecimento destas denúncias, mas não fez comentários. Referiu apenas que, do ponto de vista da autarquia, o açude e a escada passa-peixe estão a funcionar, podendo haver algum problema com baixos caudais. E acrescentou apenas que as entidades competentes que venham fazer a avaliação e que façam o seu parecer. Arlindo Consolado Marques reforçou que para além da autarquia contactou a linha SOS Am-

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/ O açude tem um sistema que permite ao peixe passar esta barreira biente e estranha que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e os guarda-rios, por sinal, sediados em Abrantes, não avaliem estas situações. A 11 de julho, contudo, João Gomes, vice-presidente da Câmara de Abrantes, confirmou ao Jornal de Abrantes que a “pressão da água mais forte do que o normal” foi o problema que bloqueou a subida da fataça e tainha no açude de Abrantes. João Caseiro Gomes disse que o sistema que controla o automatismo da pressão da água “foi vandalizado novamente” e descontrolou a pressão com que a água entra na escada passa-peixe

“vamos monitorizar as pressões para que se mantenham nos valores normal”

JORNAL DE ABRANTES / Agosto 2020

do açude e, desta forma, bloqueou a subida do peixe. O vereador explicou que os caudais até têm estado mais baixos do que deviam, pois passa mais água no açude do que a que entra, naquilo que se designa por caudal ecológico. Com estas alterações de caudal e sem o automatismo, a escada passa-peixe terá tido uma pressão muito superior ao que deveria ter. “Há uma pressão certa para deixar circular as espécies piscícolas”, disse o vereador, acrescentando que os valores foram repostos e “já se vê o peixe a circular, pelo que dentro de dias teremos a situação normalizada”. O vereador disse ainda que já reforçaram os sistemas de vigilância e o policiamento, mas que mesmo assim há quem teime em vandalizar os sistemas que fazem o controlo automático das pressões da água. “Agora vamos monitorizar as pressões para que se mantenham nos valores normais que permitam ao peixe a circulação”, concluiu o vereador João Caseiro Gomes. Jerónimo Belo Jorge

Município assina protocolo com Agência de Empreendedores Sociais O Executivo da Câmara Municipal de Abrantes aprovou por unanimidade a minuta de protocolo de cooperação a celebrar entre a SEAcoop – Social Entrepreneurs Agency, CRL (Agência de Empreendedores Sociais) e o Município para a dinamização de ações no âmbito do Empreendedorismo Social. A vereadora Paula Grijó começou por dizer que se trata “de formalizar o início de uma relação de parceria com a Agência de Empreendedores Sociais, que já há muitos anos trabalha nesta área do empreendedorismo social. É um primeiro passo para uma relação futura que nós esperamos que muito em breve possa dar origem a um projeto mais estruturado nesta área. No fundo, terá como grande objetivo apoiar os cidadãos em situação de desemprego, sobretudo os que estão em situação mais vulnerável, no sentido de os apoiar a requalificarem-se, a capacitarem-se individualmente para o mercado de trabalho e, por essa via, aumentar as suas expetativas de emprego”. Após esta explicação, o vereador do Bloco de Esquerda levantou algumas dúvidas. Disse que “esta linha de acordos vem numa linha política que já vem sendo seguida há muito tempo”. Armindo Silveira falou de uma “duplicação de serviços, seja da Segurança Social extensível para associações, seja, inclusivamente agora, do IEFP. Consideramos que isto, muitas vezes, acaba por criar grandes confusões na cabeça dos cidadãos”. O vereador adiantou que os munícipes “sabiam que iam a um sítio, como a Segurança Social, e podiam lá tratar deste ou daquele assunto, sabiam que iam ao Centro de Emprego e tratavam deste ou daquele

assunto... hoje, andam perdidos por estas instituições que são um desdobramento de serviços que eram serviços do Estado”. Armindo Silveira questionou ainda a razão deste protocolo não ser estabelecido com o IEFP e quis perceber o porquê desta opção. A vereadora Paula Grijó explicou depois que “não se trata de sobrepor” mas sim “de complementar, reforçar, porque todo o trabalho que se venha a fazer vai ser sempre feito em perfeita articulação quer com as entidades que o senhor vereador identificou, mas também com a Tagusvalley e os Serviços de Ação Social da Câmara Municipal”. À margem da reunião, a vereadora Paula Grijó explicou que “neste momento, trata-se de dar início a uma parceria com uma instituição que desde 2007 trabalha na área da inovação e do empreendedorismo social” e cujo objetivo “é procurar, em conjunto, construir projetos mais estruturados nesta área em particular do empreendedorismo social que, por via da situação que o país e o mundo atravessam, faz cada vez mais sentido trabalharmos sobretudo junto dos cidadãos em situação de maior vulnerabilidade”. Este projeto contempla, “por exemplo, pessoas em situação de desemprego de longa duração, ou porque as suas competências profissionais já estão desadequadas e têm dificuldade no acesso ao mercado de trabalho. É, no fundo, um trabalho de proximidade com estes cidadãos no sentido de os apoiar a fazerem a sua requalificação e a sua reentrada no mercado de trabalho de uma forma mais capacitada”. Patrícia Seixas

/ A minuta do protocolo foi aprovada por unanimidade na reunião do Executivo de dia 21 de julho


REGIÃO / Abrantes

Padel chega a Abrantes A Câmara Municipal de Abrantes vai avançar para a instalação de dois campos de Padel no Aquapolis norte. A decisão estava tomada no início de julho e a confirmação foi feita ao Jornal de Abrantes pelo presidente da autarquia Manuel Jorge Valamatos. Ao que conseguimos saber no início do mês, tendo sido posteriormente confirmado oficialmente, a ideia é construir ou instalar os dois campos desta modalidade junto ao polidesportivo que já existe naquele local. Para ser mais certo, trata-se de colocar os equipamentos ao lado do parque infantil. Trata-se de um investimento de 52 mil euros (mais IVA) e a empreitada contempla a execução de dois recintos com piso e características que cumprem as exigências técnicas do padel, incluindo também um sistema de iluminação para permitir a prática desportiva no período noturno, no sentido de otimizar a infraestrutura. A intervenção deverá ficar concluída ainda durante o período de verão. Como se trata, para já, de um equipamento destinado ao lazer, fica numa zona onde podem circular as famílias. Já existe um polidesportivo, equipamentos para

ginástica ao ar livre, zonas para caminhadas, parque infantil sem esquecer a pesca desportiva ou os desportos de praia (futebol, vólei ou rugby). Manuel Jorge Valamatos confirmou que esta instalação será concluída até ao final do verão, sendo que os dois campos vão ter iluminação para permitir que se possa jogar mesmo à noite, quando entrarmos no horário de inverno, por exemplo. “Não há locais perfeitos, mas julgamos que é um local

// O QUE É O PADEL?

Os campos de Padel custam 52 mil euros e devem estar prontos em agosto

muito interessante para a implantação dos campos de Padel que é um desejo da comunidade (…) este é um jogo emergente em Portugal e tendo uma vertente mais lúdica, no início, é mais uma aposta na diversidade do parque desportivo” explicou o presidente da autarquia. Questionado sobre a localização, Aquapolis norte, o presidente da autarquia explicou que é uma questão de gestão dos espaços. No Alto de Santo António, onde já existem os courts de Ténis não era possível e na Cidade Desportiva também era difícil. “No Aquapolis, entendemos que era uma boa opção. Já tem um ginásio, outros equipamentos desportivos e os técnicos entenderam que poderia fazer uma boa ligação”. O autarca indicou que há muitas pessoas que têm falado nesta modalidade, sendo que noutros locais começam a existir muitos courts de Padel e com muitos praticantes. “Vamos instalar os courts e vamos ver o dinamismo que a comunidade lhe vai dar e cá estaremos para avaliar o futuro”, salientou o autarca de Abrantes, concluindo a dizer que “vamos iniciar esta nossa caminhada agora”. Jerónimo Belo Jorge

Já está criada a Federação Portuguesa de Padel que define desta forma a modalidade: “O Padel é um desporto de raquete, jogado a pares e utilizando raquetes e bolas próprias. O campo é retangular, totalmente fechado, tem 10 metros de largura por 20 de comprimento e uma rede no meio. Nos topos e em parte das laterais tem uma superfície em vidro ou em alvenaria. A superfície do campo pode ser em relva sintética, alcatifa ou betão poroso. As duas primeiras são as mais habituais. Em Espanha, o grande motor de desenvolvimento da modalidade, estima-se que existam mais de 4 milhões de praticantes, não existindo, apesar da crise, sinais de abrandamento. Em Portugal, depois de um início algo discreto, o crescimento nos últimos anos tem sido significativo existindo cerca de 80.000 praticantes, 7000 jogadores e perto de 400 campos espalhados por todo o país”. PUBLICIDADE

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Agosto 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO / Abrantes

Cineteatro S. Pedro já é do Município de Abrantes CMA

O presidente da Câmara Municipal de Abrantes e os representantes da Sociedade Iniciativas de Abrantes Lda. assinaram no dia 21 de julho, a escritura de compra e venda do Cineteatro S. Pedro, passando o imóvel da autoria do arquiteto Ruy Jervis d’Athouguia definitivamente para o património do Município. O valor da aquisição é de 470 mil euros, cujo pagamento será formalizado com 71 mil euros a pagar depois do necessário visto do Tribunal de Contas que sucede à assinatura do contrato que ocorreu ontem. O restante valor será pago em seis prestações de 66.500 euros cada, até 2026. O edifício necessita de obras de requalificação, tendo já sido adjudicada a elaboração do projeto de restauro, reabilitação e remodelação do edifício. Para a concretização da obra será necessário recorrer a fundos comunitários, “estando a Câmara focada nesse objetivo”.

/ Manuel Jorge Valamatos e os representantes da Iniciativas de Abrantes O edifício está encerrado desde janeiro de 2018 e, dois anos depois de um impasse negocial, em dezembro de 2019 foram encontradas as condições necessárias para a com-

pra do Cineteatro S. Pedro por parte do Município, tendo o presidente da autarquia, Manuel Jorge Valamatos, destacado então o “empenho” de ambas as partes em encontrar uma

solução, num processo de “diálogo” que assumiu desde que tomou posse como presidente da autarquia, em fevereiro de 2019. A Câmara de Abrantes ficou sem a gestão do cineteatro São Pedro, a principal sala de espetáculos da cidade, em 28 de janeiro de 2018, por falta de acordo com os proprietários para a renovação do contrato de comodato que havia sido celebrado em 29 de janeiro de 1999, por um período de 19 anos, com gestão municipal do imóvel. “Desde que tomei posse que peguei neste processo e com vários cenários em negociação, desde o comodato, ao aluguer ou à venda do imóvel e, em poucos meses, chegámos a acordo, com respeito, compreensão e vontade”, disse na altura Valamatos, tendo feito notar que a “principal sala de espetáculos” do concelho de Abrantes “necessita de obras de requalificação

Câmara cessa protocolo do Projeto Bairro ConVida Taras Dudnyk

O Executivo da Câmara Municipal aprovou, por unanimidade, a proposta de cessação do protocolo relativo ao Projeto Bairro ConVida. Quando iniciou, o projeto tinha objetivos traçados e que diziam respeito à tentativa de dinamização do Edifício Millennium e à tentativa de banir o estigma de insegurança do Bairro de Vale de Rãs, através de projetos desenvolvidos por várias entidades. O cinema voltou ao centro comercial e foram vários os parceiros que ali desenvolveram atividades. Agora, como explicou a vereadora Celeste Simão, é hora de reformular o projeto e de se conseguir uma abrangência maior pois ali os objetivos foram cumpridos. “Isto é a vida a funcionar”, disse a vereadora que explicou que “quando as coisas chegam a um determinado ponto, cumpriram-se alguns objetivos a que nos tínhamos proposto e também respondendo às situações apontadas no âmbito do Conselho Municipal de Segurança em determinada altura – e todos se devem recordar das situações que existiam ali naquela zona, naquele bairro onde este projeto estava implementado – e resultando também das reuniões que temos feito de monitorização do projeto com todos os parceiros envolvidos”. Celeste Simão acrescentou que se chegou “à conclusão, por consenso de todos os parceiros, de que este projeto tem que ser reformulado e tem que ter uma abrangência

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/ Câmara de Abrantes cessa projeto Bairro ConVida, que tinha como base de operações o edifício Milénio maior. Temos que sair só daquela zona para, eventualmente, alargar o projeto para outros locais”. Com o término dos projeto, cessa o protocolo, tratando-se “de uma questão administrativa”. A vereadora explicou que agora se entra numa fase de diagnóstico e que o que “importa ali é preservar o apoio ao estudo e o acompanhamento dos miúdos que já frequentavam a sala de apoio ao estudo. E isso vai continuar a acontecer pois não faria sentido que fosse de outra maneira. Agora temos que pensar em novas ações, eventualmente com estes ou outros parceiros, fazer um diagnóstico, ver o que ainda falta fazer e alargar a outros bairros na zona”. O vereador do Bloco de Esquerda disse que iria votar favoravelmente a proposta mas queixou-se

JORNAL DE ABRANTES / Agosto 2020

de falta de informação sobre o projeto que disse ser “escassa”. Armindo Silveira concorda que o projeto entre dentro do bairro mas falta-lhe as conclusões sobre o que foi feito. “Na informação fornecida é referido que o Projeto Bairro Convida atingiu os objetivos e que a «semente» foi lançada mas falta informação a sustentar estas afirmações. Entendemos que é necessário fundamentar as afirmações com dados qualitativos e quantitativos e um relatório final que «lerá» esses dados e apresente conclusões. Sem esta informação, a sensação de quem está de fora é que no bairro de Vale de Rãs nada mudou. Até porque é também referido o constrangimento para o projeto o facto de o novo proprietário ter solicitado em dezembro

de 2019 a desocupação do espaço. Por isso, não sabemos o que correu bem e o que correu menos bem e nem sequer se existe a intenção de continuar o projeto e qual o local. O BE defende que estes projetos de intervenção social têm que estar dentro do bairro a exemplos muitos bairros em Portugal”, afirmou o vereador bloquista. Celeste Simão disse que o vereador tinha razão quando afirmou que “falta aqui a avaliação final do projeto mas porque não tem a ver com esta situação, aqui só estamos a rescindir o protocolo. O relatório final virá depois porque neste momento, o que as entidades estão a fazer, é a apresentar o fecho de contas. Isto funcionava por semestres, fechávamos a parte financeira tamnbém por semestres e continuava-se para o semestre seguinte. É evidente que o relatório final virá depois a reunião de Câmara para conhecimento”, esclareceu a vereadora.

A sala de cinema

Com a cessação do protocolo relativo ao Projeto Bairro ConVida, que decorreu no Edifício Millenium, surgiu a dúvida ao vereador Armindo Silveira sobre a única sala de cinema atualmente a funcionar na cidade. Neste ponto, foi o presidente Manuel Jorge Valamatos que falou das negociações que estão em curso com a instituição bancária, proprietária do imóvel. O autarca explicou que Abrantes

urgentes”, que estimou em cerca de dois milhões de euros. Durante os últimos dois anos e meio, as atividades e iniciativas em agenda passaram a ocorrer noutros equipamentos municipais e alternativos, entre os quais se incluíram os auditórios das escolas Manuel Fernandes e Solano de Abreu e outros espaços, um pouco por todo o concelho, num processo de “democratização cultural” que o autarca assegurou pretender manter. A Câmara Municipal de Abrantes afirma estar “consciente que o Município e os seus munícipes têm para com o Cineteatro S. Pedro uma ligação histórica e de grande afinidade. Considera que é um espaço privilegiado de promoção e difusão de atividades culturais e artísticas, estando o mesmo vocacionado para o serviço público, para Abrantes e para a região”. C/ Lusa

“ainda não” ficou sem sala de cinema. “É uma questão que também temos em mãos”, disse, esclarecendo que havia um contrato de arrendamento com a empresa dona das lojas e salas do Edifício Millenium mas que o património é agora de uma instituição bancária que “nos colocou a possibilidade de comprarmos só que aquilo tem um valor absolutamente desajustado àquilo que são as nossas expetativas. Não temos que estar a comprar coisas com preços totalmente fora do enquadramento”. Manuel Jorge Valamatos até acrescentou “com todo o respeito” que “há algumas instituições que acham que aquela rua é a Avenida da Liberdade em Lisboa ou a Avenida Boavista no Porto”. No entanto, para além dos altos valores, o presidente também questionou “qual seria de facto o interesse” para o Município, “tendo outras ofertas e outras possibilidades. É isso que estamos a analisar”. Relativamente à sala de cinema, “as coisas também não estão muito fáceis (…) mas continuamos em negociação com a instituição bancária para, eventualmente, conseguirmos encontrar aqui uma solução”. E por falar em solução, Manuel Jorge Valamatos falou mesmo do “novo mercado diário” e lembrou o Cineteatro S. Pedro dizendo que “temos muitas possibilidades de podermos ter salas de cinema, com outro potencial, com uma caraterística contemporânea, com custos significativamente menores. Temos que ir gerindo com confiança e com determinação, dia-a-dia, a gestão do nosso Município”, concluiu o presidente”. Patrícia Seixas


SOCIEDADE /

Joaquim Melo dos Santos é o novo presidente do Rotary Club // Gonçalo Simões e Beatriz Fontes são os novos presidentes do Rotaract e Interact Nesta cerimónia foi ainda feita a Transmissão de tarefas do Interact Club de Abrantes e do Rotaract Club de Abrantes. Os clubes contam também com novos Conselhos Diretores que ficaram assim definidos:

/ Cerimónia das Bandeiras

Interact Club de Abrantes – Conselho Diretor 2020-21 • Beatriz Fontes (presidente); • Sara Proença (past presidente); • Mariana Claro (vice-presidente); • Maria Estrada (secretária); • Margarida Galinha (tesoureira); • Joana Grácio (diretora de protocolo);

/ Manuel Jorge Valamatos, presidente da CM Abrantes, José Guilherme Moura Neves, presidente cessante e Joaquim Melo dos Santos, atual presidente Santos que começou por revelar “alguma preocupação e uma imensa alegria e vontade de trabalhar invadem os nossos pensamentos. Preocupação, por causa das expectativas criadas aquando do início de um novo mandato na presidência de um Clube Rotário; alegria e vontade de trabalhar porque sentimos que poderemos contribuir para que

o Movimento Rotário possa ver na nossa terra a solidificação dos seus nobres princípios, dos seus objetivos e dos seus valores”. O presidente entrante disse depois que “sendo o Rotary movido essencialmente pelo espírito de servir, não podemos ficar indiferentes às novas realidades sociais decorrentes da profunda

Rotaract Club de Abrantes – Conselho Diretor 2020-21 • Gonçalo Simões (presidente); • Carolina Peres (past presidente); • Carolina Simões (vice-presidente); • Joana Ferreira (secretária); • Leonor Falcão (diretora de protocolo); crise económica e financeira que persiste em manter-se por mais algum tempo em todo o mundo devido à pandemia do Covid-19”. Pretendem, portanto, “que este seja um ano de maior interação com os nossos Clubs jovens o Interact e o Rotaract, e para tal pretendemos fazer reuniões mensais dos 3 Clubs e comemorar as semanas mundiais

Patrícia Seixas

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O Rotary Club de Abrantes procedeu à cerimónia da Transmissão de Tarefas, “uma das mais significativas de cada ano rotário”. Após um ano de liderança de José Guilherme Moura Neves, cabe agora a Joaquim Melo dos Santos assegurar a continuidade e liderança das atividades do Clube. No discurso de saída, José Guilherme Moura Neves falou de “mais um ano rotário que agora chega ao fim, mais uma volta que a nossa roda deu, mais um ciclo que se fechou”. O presidente cessante lembrou que “iniciei o meu mandato há um ano atrás sabendo que teria uma árdua tarefa pela frente e um peso nos meus ombros de comandar os destinos do Rotary Club de Abrantes, sem deixar que o Clube abrandasse ou esmorecesse e foi isso que tentei fazer ao longo destes 370 dias de presidência. José Guilherme Moura Neves confessou que “quando iniciei este mandato sabia que trabalho não faltaria, que me teria de empenhar e estimular o Clube para atingirmos juntos os objetivos que nos propúnhamos alcançar. Não sabíamos é que abruptamente o nosso Ano Rotário seria interrompido a pouco mais de meio e que, de um dia para o outro, teríamos de nos reinventar, de delinear novas estratégias e novas ações para estarmos à altura das respostas a dar aos novos desafios”. José Guilherme Moura Neves terminou afirmando que “dei de mim antes de pensar em mim e termino o meu ano de consciência tranquila que fiz o que pude e consegui, com a ajuda de todos os Companheiros”. Terminou depois com um “valeu a pena!” O presidente que agora assume os destinos do Rotary Clube de Abrantes é Joaquim Melo dos

de ambos os Clubs jovens com realização de atividades em conjunto”. Joaquim Melo dos Santos terminou a citar William Shakespeare com a frase “aprendi que as oportunidades nunca são perdidas, alguém vai aproveitar as que você perdeu”. Presente na cerimónia esteve o presidente da câmara Municipal de Abrantes. Manuel Jorge Valamatos começou por agradecer aos jovens rotários e a “desejar a melhor ação possível”. “Foi um orgulho perceber a persistência e o dinamismo (…) mas também o empenho da sua equipa, ação que expressa o trabalho dos dirigentes que têm passado neste clube, na ação social mas também na vertente da formação que possibilita aos jovens, muitas vezes um trabalho despercebido mas muito importante e relevante”, disse o presidente da Câmara de Abrantes, dirigindo-se a José Guilherme Moura Neves. Em relação a Joaquim Melo dos Santos “que conheço desde pequenino”, Manuel Jorge Valamatos disse ter “uma grande expetativa” e demonstrou disponibilidade “para continuarmos a fazer este trabalho em conjunto”. Na habitual entrega de pin’s do Rotary, nesta cerimónia foram ainda emblemadas três Interactistas e o rotário António Belém Coelho que recebeu o galardão Paul Harris, que reconhece pessoas que fazem doações de 1000 dólares à Rotary Foundation. Acompanham Joaquim Melo dos Santos nesta presidência, o pst presidente José Guilherme Moura Neves, o presidente eleito 2021-22 Leal Neto, o vice-presidente António Domingues, o secretário Isidro Bernardino, o tesoureiro Paulo Lopes de Sousa e o diretor de Protocolo Júlio Miguel. A cerimónia da Transmissão de Tarefas dos três Clubes Rotários realizou-se na sede do Club, no edifício da antiga escola Dr. Francisco Figueiredo, nas Barreiras do Tejo. Tratou-se de um ato muito restrito, também transmitida por videoconferência.

Agosto 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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REPORTAGEM /

Numa pacata tarde de verão à espera do fogo São 17:30. 22 de julho de 2020. Uma tarde bem quente de verão. À entrada de Vale de Tábuas, pequena aldeia da Freguesia do Carvalhal, concentra-se um grupo de reforço com bombeiros oriundos do distrito de Leiria. À cabeça, a viatura de comando que desce pela estreita via de acesso à aldeia pertence aos Bombeiros da Benedita. Junto às primeiras casas estão duas viaturas das juntas de freguesia de Abrantes e Alferrarede e de Mouriscas com os kits de primeira intervenção. Fazem o pré-posicionamento para ajudar no que for preciso. Sabe-se que outro kit de Aldeia do Mato/Souto está para o lado das Fontes. É pelos quintais de uma das primeiras casas que entramos, de caras para o fumo, para uma frente de fogo que está bem à nossa frente, mas distante, lá no meio da colina. Ao sabor do vento percebe-se o evoluir das chamas. Apesar de se ouvir o ruído dos motores de aviões e helicópteros que combatem as chamas com descargas constantes de água, a tarde parece ser uma normal tarde de verão. Naquela casa, à soleira da porta, um gato está enroscado a fazer a sesta, numa tarde de calor, e um cão vem dar as boas-vindas às visitas, sedento de uma festa na cabeça. Mais no meio da terra, na horta, perto de uma plantação de couve ratinha, encontramos Luís Lopes que, de braços cruzados, olha para a colina. Olha para o fumo. Olha para as chamas. “Estou a ver desde

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as três da tarde, quando começou lá atrás, para as bandas das Fontes”, diz entre um abanar de cabeça como que a condenar aquilo que se estava a passar ali, perto da sua casa. Luís Lopes andou toda a tarde e garantiu que iria continuar toda a noite por ali, “à espera do fogo”, embora tivesse a esperança (cerca das 18 horas) que os aviões conseguissem apagar as chamas que devoravam uma zona de mato com eucaliptos e pinheiros. “Eles fazem um belo trabalho [aponta para os aviões Fire Boss]. Se não fossem eles...”, diz este habitante de Vale de Tábuas enquanto faz uma festa no cão e avisa “não tenha medo. É muito meigo”. E estava muito calmo, tal como a tarde ali, apesar da proximidade do fogo. Não se ouviam sirenes, apesar dos muitos meios, não se ouviam gritos, lamentos ou motores dos carros de bombeiros. Não fosse o fumo, os aviões e era uma tarde pacata na aldeia. Quando questionado sobre o receio de estar ali sozinho com o fogo por perto, Luís diz que já ali tinha estado a GNR a saber quem morava e quantas pessoas estavam em casa. “Estou com a minha mãe. Tem 84 anos. Tem problemas cardíacos. Se o fogo vier (...) vou levá-la, ou deixar que a Guarda a leve, mas eu volto para aqui, para ajudar no que puder”, garante o homem apontando para as duas mangueiras que tem ligadas às torneiras e prontas a deitar água para a terra. Ali está tudo limpo à volta das

JORNAL DE ABRANTES / Agosto 2020

casas, assim como ao lado das estreitas estradas de alcatrão. Mas também todos sabemos como o fogo é. E com rajadas de vento mais fortes, uma projeção pode deitar todo o trabalho dos bombeiros por terra. O Luís é só um dos habitantes de uma das aldeias que chegou a estar ameaçada pela frente de fogo. Vale de Tábuas e Sobral Basto estavam nesta linha. No posto de comando sabiam disso pelo que foram posicionando os meios nas proximidades destas pequenas aldeias. Bombeiros, Força Especial de Proteção Civil e GIPS da GNR. Mas com a dificuldade de fazer chegar viaturas às zonas de fogo, eram os aviões, quatro Fire Boss e dois Cannadair, a que se juntou um helicóptero Kamov, que faziam o trabalho necessário. E sempre que havia uma projeção era o helicóptero de comando, da Força Aérea,

que se posicionava nesses pontos a sinalizar os novos focos. O posto de comando, situado em S. Domingos, no antigo campo de futebol, recebia cada vez mais reforços. No pico máximo estiveram naquela zona mais de 400 operacionais. Esteve em cima da mesa o plano de evacuação das duas aldeias: Vale de Tábuas e Sobral Basto. Mas tal não foi necessário. Pouco antes das 20:00 a coluna de Leiria, comandada pela viatura da Benedita, descia por Vale de Tábuas para tentar chegar mais perto da frente de fogo que era, a esta hora, diminuta. E havia a certeza de que estavam a chegar máquinas de rasto que iriam ajudar, e muito, os bombeiros na consolidação do perímetro de fogo, em linguagem mais corrente, a fazer o rescaldo. Rebobinamos a fita do tempo

e voltamos ao Luís e à mãe. Continuavam à porta de casa a olhar para a encosta que tinha agora menos fumo. Alheados dos trabalhos que aconteciam entre Fontes, Vale de Tábuas e Sobral de Basto. Afinal de contas o que interessava era que o fogo estava quase apagado. Mas “vai ser uma noite de olho aberto”, diz Luís Lopes sempre desconfiado deste terror do verão. E, como disse a presidente da Junta de Freguesia de Fontes, Sónia Alagoa, qualquer fogo em Fontes “é sempre um fogo problemático”, pois é uma das freguesias mais “verdes” do concelho de Abrantes e com várias aldeias “encrostadas” na mata e nas encostas daquele território contíguo à Albufeira do Castelo do Bode. Aliás, toda a zona norte de Abrantes é semelhante neste aspeto. O fogo começou cerca das 14:20 junto à igreja de Fontes. Evoluiu em direção a território do Carvalhal (Carril, Sobral Basto e Vale de Tábuas). Ao longo de toda a noite foram feitos trabalhos de consolidação do perímetro. Às 08:00 do dia seguinte estavam no terreno 260 operacionais, com 87 viaturas, e quatro máquinas de rastos. E o Luís, com toda a certeza, andará perto de casa, com a mãe, e com a companhia do cão e do gato, à espera que a vida volte à pacatez dos dias de verão em Vale de Tábuas. Onde se deixem de ouvir os motores de aviões ou carros de bombeiros e se ouça o latido de um cão ou o chilrear dos pássaros. Texto e Fotos: Jerónimo Belo Jorge


REGIÃO / Vila Nova da Barquinha A tourada regressa à Praça mais antiga de Portugal

Com a discussão centrada no fim dos apoios públicos às touradas e com a aprovação em Conselho de Ministros de 25 de Junho da reabertura das Praças e Instalações Tauromáquicas, foram muitos os municípios com praças de touros que aprovaram moções pela reabertura

dos espetáculos tauromáquicos. A Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, apesar de ser membro da Associação da Defesa da Tauromaquia no Ribatejo e de ter uma das Praças de Touros mais antiga de Portugal, não o fez e a explicação está exatamente nesse facto.

“Não nos pronunciámos porque temos uma característica sui generis. É que, neste momento, temos a Praça mais antiga de Portugal. A de Abiúl foi requalificada ou seja, não tem nada de antiga e a nossa mantém a mesma estrutura desde o século XIX”, explicou Fernando Freire.

O presidente da Câmara tinha “algumas dúvidas quanto à questão das instalações do séc. XIX se poderem adaptar às novas exigências e regras da Direção-Geral da Saúde”. Fernando Freire lembrou que as outras praças não têm estes problemas, trazidos pela “nova realidade”porque se tratam de “praças mais novas e que foram readaptadas”. “Não é o nosso caso. A nossa Praça mantém a mesma traça do séc. XIX”, garantiu. A questão surgiu após ter dado entrada na Câmara Municipal de um pedido de um requerente “para realizar touradas” em Vila Nova da Barquinha. Devido à situação de pandemia que se vive, por deliberação da Comissão Municipal de Proteção Civil, “todas as atividades quer das touradas, quer dos espetáculos”, estiveram suspensas. E as regras das touradas “são extremamente rígidas”. Fernando Freire avançou que “as normas da Direção-Geral da Saúde só permitem um terço da capacidade de ocupação, são muito rígidas com a questão dos testes dos forcados e dos toureiros e são necessárias salas de desinfeção e tudo o mais”.

Os touros vão entrar na Praça

E foi isso mesmo que aconteceu após a vistoria feita pela IGAC

- Inspeção Geral das Atividades Culturais, no dia 20 julho, à Praça de Touros de Vila Nova da Barquinha. O processo teve avaliação positiva, permitindo assim que este espaço receba espetáculos. A corrida de touros será realizada no sábado, dia 8 de Agosto, pelas 22 horas. O cartel será composto pelos cavaleiros João Moura Caetano, Miguel Moura e Paco Velásquez. O cavaleiro Paco Velásquez apresenta-se em Vila Nova da Barquinha para tirar a prova de cavaleiro praticante. Os touros serão da ganadaria Paulo Caetano e de Maria Guiomar Cortes de Moura que sairão para a prova de praticante. Em praça estarão os grupos de forcados amadores da Chamusca e Aposento da Chamusca. Em Vila Nova da Barquinha, a corrida de toiros em setembro de 2019 teve casa cheia e Fernando Freire lembrou ao Jornal de Abrantes, em fevereiro, que à volta do espetáculo “há muito comércio que vive desta área, desde o cavalo, o touro, e outros tipos de criação de riqueza. E quem é autarca tem que estar atento a estas realidades. Por isso, continuo a defender [as touradas] com muito gosto, enquanto estiver neste cargo”. Patrícia Seixas PUBLICIDADE

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REPORTAGEM / Taras Dudnyk

O sonho de ser profissional Foi em junho que, na capital nacional do Cavalo, na Golegã, ao longo de três dias, de 19 a 21, que a Maria Neves ergueu a Taça da Juventude de Saltos de Obstáculos, na categoria de juvenis. Um troféu, o mais emblemático até agora, que vai ficar ao lado dos outros já conquistados nesta sua carreira, ainda curta, do hipismo. Mas comecemos pelo início. Em 2013, a 2 de novembro, a Maria Neves foi ao Centro Equestre de Abrantes para ver os cavalos e ter uma experiência simples de infância que era montar a cavalo. Tinha seis anos e era um sonho de infância como a grande parte das crianças. Ainda para mais não há, na sua família, qualquer ligação a estas atividades ou a estes meios. A primeira vez abriu-lhe o apetite e a vontade de voltar ficou, desde logo, marcada: regressou uma, duas, três vezes para a experiência que passou por umas aulas de iniciação à equitação. O seu instrutor na altura, João Botto, o proprietário do Centro Equestre de Abrantes, viu na Maria Neves “qualquer coisa” que levou a fazer uma aposta mais concreta na equitação, em geral, e nos saltos de obstáculos em particular. “A primeira vez que a vi a montar vi o potencial. Tinha à vontade, solidez e equilíbrio. Nem parecia que nunca tinha montado”, diz João Botto ao mesmo tempo que criou logo “ligação com o cavalo, uma das coisas fundamentais neste meio”. O

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primeiro treinador acrescenta que viu naquela menina uma “aptidão natural para os saltos”, o que se veio a concretizar nos meses e anos seguintes. Hoje a Maria Neves tem como treinador de competição Pedro Manso que é quem a prepara para as provas em que participa. O sonho da Maria Neves “é poder evoluir e um dia ser cavaleira profissional”, sem descurar e escola, pois a formação académica é, de igual forma, um dos objetivos desta jovem que tem na equitação “um modo de vida”. E esta é uma modalidade que exige muito treino, muita dedicação, a que se acrescenta o companheirismo com a “companheira” com quem salta pelos campos do país. Emely Wetts é a égua [de raça português desporto], da Maria Neves há cerca de três anos. Todos os dias a Maria e a Emely treinam. E o tempo de treino é muito variável, pois é a égua que “vai dizer” quando chega ou não chega. Mas em geral, nunca menos de uma hora por dia. Nas semanas em que há provas, então aí apruma-se o treino nos saltos, para fazer a preparação para essas provas. E do ponto de vista físico a Maria diz que não tem qualquer plano pessoal de treino físico. Tem sim a vontade de crescer no mundo do hipismo. No dia em que a Maria recebeu o Jornal de Abrantes no Centro Equestre de Abrantes a manhã estava quente. O picadeiro exterior estava

JORNAL DE ABRANTES / Agosto 2020

// O Centro Equestre de Abrantes A funcionar desde 2006, com picadeiro e instalações na quinta da Feiteira. João Botto, diz que neste momento tem cerca de 20 alunos e cerca de 25 cavalos. “Tratamos e treinamos cavalos de clientes”, explica o João acrescentando que uma das grandes apostas, paralelamente às aulas, é a criação de cavalos. “Temos atualmente quatro éguas e dez poldros. O objetivo passa por prepará-los e vendê-los para o comércio de animais de desporto”, explica o responsável pelo centro. Um poldro começa o desbaste para ser montado aos três anos, inicia a competição aos quatro e depois, aos oito anos, na idade adulta, está em condições para poder trabalhar com crianças. a ser regado para permitir o treino dessa manhã. As rotinas estão feitas. Cavaleira e égua sabem os passos que têm de ser dados. A Maria Neves vai buscar a Emely à box e começa a aparelhá-la. Penteia-a, limpa os cascos sempre com palavras doces ou gestos de “ligação” ao animal que permanece imóvel. Depois de toda a preparação é colocada a sela e saem das boxes para o picadeiro. É ali que é feito o aquecimento, primeiro a trote e depois a galope

antes do treino dos saltos. “A Emely está a estranhar porque hoje não é, normalmente, dia de saltos”, diz José Carlos Ganhão, um dos instrutores do Centro enquanto vai dando algumas indicações para o picadeiro. E depois segue o treino. Primeiro com barreiras mais baixas. Depois, pouco a pouco, vão subindo a uma altura superior a um metro. Quando o treino termina a Maria regressa às boxes, dá banho à Emely West que fica a descansar. “A Emely gosta mesmo de saltar, é a coisa que mais gosta de fazer”, explica a Maria que adianta que este é um trabalho diário, contínuo e que não aponta a um único objetivo. Quando entra no picadeiro, apesar a tenra idade de 13 anos, diz que esquece tudo o que existe e que se concentra naquilo que está a fazer: “sinto-me a voar”. E é preciso criar

uma ligação forte com a égua. Se isso não acontecer as coisas depois não saem tão bem. Ambos têm de se conhecer muito bem para que, no picadeiro, sejam um conjunto único. Apesar da pandemia ter alterado a vida de todos e do hipismo, a Maria Neves fez o exame de Sela 7, com classificação excelente e conquistou a Taça da Juventude de Saltos de Obstáculos, em 2020, a que junta, em 2019, a Taça das Amazonas - categoria trophy, para além de vários pódios em provas em todo o país. Em 2018 já tinha tido uma participação no Campeonato de Portugal, em Cascais, onde alcançou o 8.º lugar na prova final de iniciados. A primeira prova em que participou foi em 2014, com sete anos, na Rota do Tejo, no Centro Equestre de Abrantes. Jerónimo Belo Jorge


REGIÃO / Mação

Centro de Atividades Ocupacionais fica pronto este ano O Centro de Atividades Ocupacionais (CAO) de Mação está em avançado estado de construção, podendo estar concluído dentro de dois meses. Trata-se de um projeto que começou já há três anos, fruto de uma parceria entre o Município de Mação e o Centro de Recuperação e Integração de Abrantes (CRIA). A ideia passou por ter um centro que pudesse ser uma mais-valia para os portadores de deficiência do concelho de Mação, e não só, que todos os dias viajam para o CRIA, em Abrantes, onde têm a sua ocupação. Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação, recuou no tempo para lembrar os primórdios desta ideia que começou a ganhar forma quando os Bombeiros Voluntários de Mação inauguraram o novo quartel. O antigo quartel ficou disponível e poderia ser alvo de uma requalificação para um outro serviço comunitário, tal como tinha vindo a acontecer desde a sua construção nos anos 50. O presidente da autarquia recordou a reunião que teve, em conjunto com Nelson de Carvalho, presidente da direção do CRIA, com o ministro Vieira da Silva, que tinha a tutela da Segurança Social no anterior governo. E revelou o interesse que o governante mostrou neste projeto que viria a ganhar corpo algum tempo depois. A Câmara Municipal de Mação firmou então um protocolo com o CRIA para a criação deste CAO com a vertente ocupacional, com capacidade para 30 utentes, e lar/ residencial, com capacidade para 20 utentes. O CRIA vai ter a responsabilidade de, em conjunto com a Segurança Social, operacionalizar o serviço, enquanto que ao município cabe a construção das instalações. E é isso que está a acontecer, mesmo com alguns atrasos motivados pelo período de contenção da COVID, a obra está quase pronta. Trata-se da adaptação do antigo Quartel dos Bombeiros a esta nova funcionalidade que terá no rés-do-chão os serviços, no primeiro andar o centro ocupacional e no segundo a área do lar/residencial. É um investimento, com o equipamento, da ordem de um milhão de euros comparticipado em cerca de 30 por cento através do Plano de Ação para a Reabilitação Urbana (PARU). Vasco Estrela revelou que o ob-

/ O diretor da Segurança Social de Santarém veio conhecer a obra que estará pronta no final do ano

//A NOVA FUNÇÃO DO VELHO QUARTEL DOS BOMBEIROS O CAO de Mação deverá ter a obra de construção civil concluída dentro de dois meses. Depois caberá ao CRIA e à Segurança Social a sua operacionalização. É um investimento de um milhão de euros da autarquia, com comparticipação de 30% através do PARU, e fica pronto a receber 20 utentes no lar / residencial e 30 no centro ocupacional. O piso 0 (cave), será o aceso secundário para funcionários, serviço ambulatório, cargas e descargas, cozinha, lavandaria, refeitório, instalações sanitárias, economato de apoio, tal como despensa, arrumos, armazém, estendal, etc.. No piso térreo (piso 1 ou r/ chão) encontra-se estabelecido o Centro de Atividades Ocupacionais, onde se insere a entrada principal, gabinetes técnicos de apoio, receção, secretaria, sala de reuniões, salas de atividades, sala de convivo e

instalações sanitárias de apoio, bem como espaços de arrumos, vigilância, etc. No piso 2 (1º andar), encontrase instalado o Lar Residencial. Neste piso encontram-se os

quartos, instalações sanitárias e a vigilância. A Área de Implantação do edifício é de 571,05 m2 sendo a área de construção de 1.504,10m2.

jetivo é a Câmara ter tudo pronto daqui a cerca de dois meses para poder entregar a chave ao CRIA para que possa avançar então o processo de instalação dos serviços. Vasco Estrela diz que a gestão será do Centro de Recuperação e Integração de Abrantes, mas que os utentes do CRIA do concelho de Mação, pressupõe, passem a deslocar-se para o CAO quando estiver a funcionar. Quanto a recursos humanos, essa responsabilidade será do CRIA, em conjunto com a Segurança Social, pois existem regras apertadas e rácios concretos para a abertura destes equipamentos. A visita ao CAO por parte do diretor do Centro Regional de Segurança Social de Santarém, Renato Bento, aconteceu na manhã de 16 de julho. Renato Bento inteirou-se de todo o processo com a equipa técnica da autarquia, com o arquiteto, Lourenço Gomes, e com o empreiteiro, Fernando Clarinha. Nelson de Carvalho reforçou a necessidade deste equipamento num trabalho de parceria com diversos anos. Agora que o CAO está no bom caminho, o presidente da direção do CRIA salientou o trabalho de reorientação técnica que terá de ser feito, mas haverá uma transferência de utentes de Abrantes para Mação, naturalmente. Nelson de Carvalho revelou depois que abre a possibilidade de poder acolher mais utentes, havendo uma lista de espera para os pedidos existentes nas respostas sociais nesta área, principalmente na vertente lar / residencial. Quando aos recursos humanos, Nelson de Carvalho, vincou que as regras para estas questões existem e estão definidas no âmbito da Segurança Social. Os ajustamentos serão tratados na altura certa. Renato Bento, diretor distrital da Segurança Social de Santarém acompanhou de perto a visita, de uma estrutura necessária na região e no país. Aos jornalistas disse que o distrito até está bem servido destas estruturas. Quanto ao futuro, depois de tudo pronto, caberá à Segurança Social fazer o licenciamento do CAO de Mação e afinar as transferências financeiras para que o mesmo possa funcionar e possa reduzir a logística que existe atualmente de transportar os utentes de Mação para Abrantes. Jerónimo Belo Jorge

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REGIÃO / Constância Constância sem Parque de Campismo no verão de 2020 / O Parque de Campismo de Constância está de portas fechadas e muito dificilmente voltará a funcionar durante o verão de 2020. O Parque de Campismo de Constância está encerrado e irá ser aberto um novo concurso público para a concessão do espaço. Depois de totalmente requalificado há cerca de três anos e com uma promotora a gerir o Parque nos últimos dois anos, a pandemia de Covid-19 veio deitar por terra as aspirações da concessionária. Na reunião da Câmara Municipal de dia 16 de julho, o presidente Sérgio Oliveira respondeu à questão da vereadora da CDU, Júlia Amorim, acerca da situação das instalações do Parque de Campismo e explicou que “já foi formalizada a denúncia do contrato no entanto ainda há um acerto de contas a fazer entre a Câmara e a promotora que ainda tem algumas coisas dentro do Parque de Campismo. A ideia do Município é, assim que seja efetuado o acerto das contas, fazer um acordo formal de rescisão do contrato que existe e lançar uma nova hasta pública, um novo concurso para a concessão do Parque de Campismo”. À margem da reunião, Sérgio Oliveira assumiu que “o Parque de Campismo agora não está a funcionar. Isto porque “99% da área de negócio” da arrendatária era ligada à área do turismo, “nomeadamente turismo de aventura, como descidas do rio e outras atividades e ficou com a faturação praticamente a zeros”, devido à situação que se viveu da Covid-19.

/ Parque de Campismo de Constância foi totalmente requalificado há cerca de três anos A arrendatária já transmitiu pessoalmente ao presidente da Câmara não ter capacidade para continuar com o Parque de Campismo e que iria denunciar o contrato, “o que já fez oficialmente e por escrito”. O autarca avançou que, após a minuta do acordo de rescisão estar concluída e depois de “afinar” ainda alguns pagamentos, “é lançar um novo procedimento para

a concessão do Parque de Campismo. Sérgio Oliveira fez ainda notar que quando foi lançado o concurso, “há dois anos e meio, o Parque de Campismo precisava de obras de fundo, bem como o bar de apoio que tem a esplanada em frente ao rio Zêzere, que está completamente renovado. Portanto, quem for tomar conta daquele espaço tem o trabalho facilitado”. O presidente referiu ainda o facto de “o Municí-

pio também ter concedido algumas isenções de renda à promotora mas o investimento que foi ali feito foi muito superior às rendas que o Município isentou”. Sérgio Oliveira diz-se confiante de que “assim que lançarmos um novo procedimento, irá aparecer alguém para tomar conta daquele espaço, que está num sítio nobre da vila” e que “não há que desesperar nem chorar, é seguir em frente”.

Certo é que o Parque de Campismo de Constância não abrirá as portas durante o verão de 2020 porque “com os procedimentos inerentes à necessidade de concurso, adjudicar, etc, é provável que o Parque de Campismo e o bar não reabram” mas, como lembrou o autarca, “há outras ofertas na vila, nomeadamente a nível de hotelaria que estão à disposição das pessoas”. No entanto, Sérgio Oliveira não deixou de frisar que “o COVID-19 ainda não terminou”. “Eu percebo que a atividade económica tem que continuar e a importância que tem para o concelho - nomeadamente para os comerciantes da vila, e em Santa Margarida e em Montalvo – que venham pessoas de fora que façam uma refeição e tomem um café mas com moderação e com calma. É que qualquer situação pode-nos trazer problemas. Felizmente temos estado com uma situação de casos Covid extremamente reduzida no concelho e não queria, de todo, que tivéssemos uma situação que nos deixasse a todos preocupados”. Já no que diz respeito à oferta hoteleira, procurámos saber pelo andamento das obras do Villa Tejo Nature & Spa Hotel, que está a nascer à entrada de Constância. Sérgio Oliveira falou da informação que obteve junto do promotor de que “as obras estavam encaminhadas para que terminassem no final deste ano”. Patrícia Seixas

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Câmara aprova apoio extraordinário para associações A Câmara Municipal de Constância aprovou, por unanimidade, cerca de 16 mil euros em apoios extraordinários às associações do concelho para fazer face às despesas no segundo semestre do ano. “O que a Câmara Municipal procurou fazer foi auscultar as associações que não têm feito atividades praticamente nenhumas nesta fase, acerca dos custos fixos que têm e para os quais não têm tido receita para os pagar”, disse Sérgio Oliveira, presidente da Câmara Municipal. Estes apoios vão servir para que as associações possam assegurar postos de trabalho e pagar as despesas fixas, como eletricidade, seguros, contabilidade... visto estarem sem as atividades que têm programadas e possam assegurar o funcionamento “e honrar os compromissos que têm” durante o segundo semestre do ano. No entanto, sem que se consiga fazer uma previsão para a normalidade da situação, Sérgio Oliveira

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JORNAL DE ABRANTES / Agosto 2020

/ Reunião de Câmara de dia 16 de julho disse que “no final do ano a situação terá que ser reavaliada para se perceber se vai ser necessário ou não dar novo apoio às associações”. “Para já, é para os ajudar a respirar neste segundo semestre do ano. A par disto, a Câmara vai isentá-los do pagamento das tarifas da água”, explicou o presidente da Câmara Municipal de Constância.

O concelho tem atualmente cerca de 15 associações e “até houve algumas que não enviaram nada, provavelmente não têm despesas”. Sérgio Oliveira também confirmou que, apesar da situação difícil, não há nenhuma associação que esteja a pensar encerrar portas. Patrícia Seixas


REGIÃO / Constância

/ Autarquia tem intenção de expandir a zona industrial que, neste momento, estará com cerca de 85% da sua capacidade

Empresa pretende instalar-se em Montalvo mas levanta dúvidas à oposição // Uma empresa de construção de equipamento sanitário pretende adquirir quatro lotes de terreno para se instalar na zona industrial de Montalvo, no concelho de Constância. São 16.500 metros quadrados, num valor de 16.500 euros.

A proposta, apresentada em reunião de câmara pelo presidente da autarquia, mereceu, no entanto, “muitas dúvidas” e reservas por parte das vereadoras da oposição. Júlia Amorim, vereadora da CDU, começou por esclarecer que “naturalmente não vamos votar contra um investimento que queiram fazer no concelho mas colocamos muitas reservas, tanto que nos vamos abster”. “Procurei na internet o histórico desta empresa e não encontro”, avançou a vereadora que, mediante a informação recebida, explicou que “a empresa foi constituída a 3 de março de 2020, tem sede em Torres Vedras com intenção de mudar para Constância, menos mal, tem um capital social de 50 mil euros e daqui deduzo que os quatro sócios gerentes, residentes em Marrocos,

tenham aproveitado o território de baixa densidade para beneficiar de fundos comunitários para o investimento”. Júlia Amorim referiu o facto de a empresa prever um investimento de 800 mil euros, “por fases, e que terminarão no fim de cinco anos”. Portanto, conclui a vereadora, “os 10 postos de trabalho para quatro lotes da zona industrial, demorarão cinco anos. São 10 postos de trabalho, sendo que dois já existem e com a previsão de criar só dois até final do ano, cria-me algumas reservas inclusivamente se isto vai ter pernas para andar”. O Regulamento prevê que a Câmara Municipal possa reverter os lotes “mas também sabemos, por experiência, que nem sempre as coisas correm bem”. Júlia Amorim ainda acrescentou que “o facto de aceitarmos já o pra-

“São importantes os 10 postos de trabalho para um concelho com quatro mil habitantes” - Sérgio Oliveira

zo de cinco anos para concluir este projeto, é assumir que vamos prorrogar o prazo, porque o nosso Regulamento prevê que o loteamento e as obras têm de estar concluídas em dois anos”. A vereadora comunista acrescentou ainda que “não me revejo muito nisto (…) sendo que o volume de negócio que preveem alcançar é um máximo de 1 milhão de euros ao fim desses anos todos” e que parece que o Executivo “está a atirar a toalha ao chão e não vamos à procura de outros investidores”. Sérgio Oliveira, presidente da Câmara de Constância, explicou depois aos jornalistas que, “enquanto presidente de Câmara, a mim não me compete desconfiar dos investimentos. Há um empresário interessado em localizar-se ali, adquirir os quatro lotes, apresentou proposta, reune os requi-

sitos para a aquisição dos quatro lotes e a Câmara Municipal tudo fará para que a empresa tenha sucesso. São importantes os 10 postos de trabalho para um concelho com quatro mil habitantes e que também vai criar riqueza indireta”. Relativamente às reservas das vereadoras da oposição, o autarca lembrou que “se porventura – e eu acho que isto é pôr a carroça à frente dos bois - o investimento não correr bem, a Câmara Municipal tem um Regulamento que permite a reversão dos lotes”. Acrescentou ainda que “um decisor político, quando lhe bate à porta um investidor, não deve fazer esse tipo de apreciações” e que “prefiro tomar uma má decisão do que não tomar decisão nenhuma”. Sérgio Oliveira ironizou, dizendo que Constância não é “Sintra, nem Cascais, nem Oeiras, que se podem dar ao luxo de escolher o tipo de investimento que querem lá”. Dizendo preferir “um investimento sólido e de qualidade”, Sérgio Oliveira admitiu que a Câmara de Constância “não está em condições de recusar investimentos” Outra das questões levantadas pela vereadora Júlia Amorim foi a capacidade da Zona Industrial de Montalvo que está a ficar sem lotes disponíveis. Sérgio Oliveira falou da intenção da autarquia de expandir a zona industrial que, neste momento, estará com cerca de 85% da sua capacidade mas, atualmente, para fazer esse projeto “precisamos de um Plano de Pormenor que levará quatro a cinco anos até estar concluído”. No entanto, “temos algumas situações de empresas que adquiriram lotes há uns anos e que não deram início à construção e, numa situação de necessidade, a Câmara Municipal acionará o mecanismo”. O alargamento da Zona Industrial de Montalvo está previsto para sul, “junto ao Campo de Futebol”. A atratividade da Zona Industrial de Montalvo prende-se com o preço de um euro o metro quadrado, “com o facto de termos criado um Regulamento de Apoio ao Investimento que é um incentivo para os empresários mas, o mais importante é o acompanhamento que têm dentro da Câmara e a localização da Zona Industrial, num nó da A23, numa zona central, a uma hora de Lisboa, a uma hora de Coimbra, a duas horas do Porto e é o conjunto destes fatores que fazem a atratividade da Zona Industrial que hoje conhece uma dinâmica que não tinha há uns tempos atrás”. Patrícia Seixas

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TURISMO /

Estação Náutica do Castelo de Bode apresentada A praia fluvial de Fernandaires com a sua paisagem natural e a estação de wakeboard em pano de fundo foi o local escolhido para o Turismo do Centro de Portugal apresentar as Estações Náuticas do Centro de Portugal. Esta apresentação, que aconteceu no dia 29 de julho, na margem da albufeira do Castelo do Bode contou com a presença de Maria do Céu Antunes, ministra da Agricultura, que antes das funções governativas era presidente da Câmara de Abrantes e representante dos municípios no Turismo do Centro. E a cerimónia pretendeu ligar, com a presença da responsável da pasta da Agricultura, o mundo rural com as suas potencialidades a uma estação vocacionada para a atração de turistas nacionais e estrangeiros. A rede Estações Náuticas de Portugal conta atualmente com 24 Estações Náuticas certificadas e quatro em processo de certificação, distribuídas por todo o continente, no litoral e interior. A Região Centro lidera o número de Estações Náuticas certificadas, com oito, envolvendo 337 parceiros. E o Castelo de Bode é o número um mundial com cinco cable park’s de wakeboard certificados, e que deixa Pedro Machado, presidente do Turismo do Centro, consciente de que está a ser feito um grande trabalho promocional de toda a região que abrange 100 concelhos. Isso ficou vincado quando Pedro Machado disse que em Fernandaires estava o presidente da Câmara da Nazaré e uma vereadora de Vagos. “Isto que estamos a fazer é coesão nacional”, afirmou o responsável perante a plateia que tinha um grupo de jornalistas e influencers que ao longo de três dias vão “andar” a desfrutar o Centro de Portugal. E depois Pedro Machado fez questão de dizer que “este é o luxo do século XXI. Segurança, tempo, distanciamento físico (…) podemos deixar os nossos filhos à vontade. É a capacidade de podermos gerar nos destinos turísticos esta perceção de segurança, de bem-estar, de lazer que nós encontramos exatamente neste local”. E Pedro Machado destacou ainda a “importância de, em tempos difíceis, sermos mais criativos e conseguirmos novos produtos com os recursos já existentes. Podemos construir um produto turístico de qualidade, envolvendo diferentes agentes, numa oferta integrada do território.”

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// A Estação Náutica do Castelo de Bode

/ Para a ministra Maria do Céu Antunes os produtos locais também são turismo

/ A praia fluvial de Fernandaires é uma das cinco com cable park de wakeboard A ministra da Agricultura explicou que poderia estar ali o titular da pasta da Economia ou até do Turismo, mas o setor primário está cada vez mais presente nos nossos dias. E isso, disse a governante, ficou muito visível com a pandemia. Maria do Céu Antunes disse que a aposta do Plano Regional de Desenvolvimento Turístico 2020-2030 apresentado pela Região Centro tem uma componente territorial muito forte e que para esta ambição “muito contribui o setor agrícola, que permite, a quem visita o Centro do país, desfrutar dos sabores típicos da região, seja através da comida, seja

JORNAL DE ABRANTES / Agosto 2020

através dos vinhos (parte do Pilar estratégico deste Plano Regional de Desenvolvimento Turístico para os próximos dez anos). Aqui, os cinco sentidos são convocados numa experiência única e que, não tenhamos dúvidas, será parte da estratégia da retoma do crescimento socioeconómico. O turismo, a agricultura e esta aliança farão parte de um percurso desafiante em que recuperaremos os números de um crescimento pré-COVID e em que tudo faremos para os consolidar e reforçar”. E adiantou a necessidade de “aliar o turismo a outros setores, como a agricultura, de forma a garantir mais pessoas na região e,

desse modo, divulgar as potencialidades e os produtos endógenos da região. Devemos promover o turismo interno e trabalharmos juntos para sairmos desta crise mais fortalecidos e com capacidades adicionais”. Não é de estranhar, por isso, que as associações de desenvolvimento local da região, TAGUS, ADIRN e Pinhal Maior integrem este projeto. O presidente da Câmara Municipal de Vila de Rei, Ricardo Aires, como anfitrião referiu que “enquanto parceiro da Estação Náutica de Castelo do Bode, Vila de Rei consegue comprovar a enorme relevância da oferta turística náutica no seu concelho, que atrai milhares de visitantes e contribui, de forma integrada, para dinamizar os serviços locais, restaurantes, alojamentos, empresas do ramo do turismo, associações locais e todas as entidades que, direta ou indiretamente, saem valorizadas com este aumento do número de visitantes”. Ricardo Aires frisou que é altura da albufeira dar contributos para esta região, a mesma albufeira que submergiu sete aldeias do concelho quando foi construída. Esta sessão contou ainda com a apresentação da Plataforma Nautical Portugal (www.nauticalportugal.com), pelo Fórum Oceano, que dispõe de toda a informação sobre as 24 Estações Náuticas certificadas no nosso País.

A Estação Náutica do Castelo de Bode é constituída por cinco municípios: Abrantes, Ferreira do Zêzere, Sertã, Tomar e Vila de Rei, que se articulam no território com três grupos de ação local: ADIRN- Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte, TAUGUS Associação de Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Interior e PINHAL MAIOR - Associação de Desenvolvimento do Pinhal Interior Sul. Estes cinco municípios fazem parte da envolvente do lago artificial criado pela construção da barragem de Castelo do Bode, uma Albufeira com cerca de 33 km2 que, para além das principais utilizações de interesse público, como sejam a produção de energia elétrica e o abastecimento de água (é o principal reservatório de água nacional para abastecimento público, servindo mais de 2 milhões de habitantes da área da Grande Lisboa e dos municípios limítrofes), é um recurso com potencial para se tornar num atrativo estratégico para o desenvolvimento turístico do Médio Tejo. Os cable park desta estação estão localizados em Aldeia do Mato (Abrantes), Lago Azul (Ferreira do Zêzere), Montes (Tomar), Trízio (Sertã) e Fernandaires (Vila de Rei). A sua gestão está a cargo da Federação Portuguesa de Wakeboard e Wakeskate. A Estação Náutica (EN) é uma rede de oferta turística náutica de qualidade, organizada a partir da valorização integrada dos recursos náuticos presentes num território, que inclui a oferta de alojamento, restauração, atividades náuticas e outras atividades e serviços relevantes para a atração de turistas e outros utilizadores, acrescentando valor e criando experiências diversificadas e integradas. Desta forma, a EN apresenta-se como uma plataforma de cooperação entre atores identificados com um território e que asseguram a oferta de um produto turístico. Jerónimo Belo Jorge


REGIÃO / Vila de Rei

Vila de Rei aposta no turismo ligado à Nacional 2 Vila de Rei vai apostar na sinalização da antiga Nacional 2

/ Os passaportes e os guias turísticos da Nacional N.º 2 já estão disponíveis com os restantes municípios que integram a associação da maior estrada portuguesa, que liga Chaves a Faro. Paulo César Luís, vice-presidente do Município de Vila de Rei e responsável pelo pelouro do Turismo, afirma que “o projeto da Rota da Estrada Nacional 2 tem trazido

muitos visitantes a Vila de Rei e, com esta ação, pretendemos facilitar o processo de carimbar o respetivo Passaporte, que grande parte dos viajantes utiliza para, mais tarde, recordar a sua passagem por esta mítica estrada. Disponibilizando este carimbo nos nossos estabelecimentos de restauração,

alojamento e bebidas, esperamos também que os viajantes possam aproveitar para ficar a conhecer mais sobre o nosso concelho e a nossa gastronomia, e que permaneçam em Vila de Rei o máximo tempo possível.” Por outro lado, o vereador explicou ao Jornal de Abrantes a aposta que vai ser feita na sinalização da antiga Nacional 2. “Vila de Rei tem "duas" Nacional 2, a variante que liga Abrantes a Vila de Rei, mais rápida e cómoda, mas tem a antiga que leva os visitantes a entrarem em território vilarregense”, disse Paulo César destacando que o antigo traçado faz o visitante passar pelo Penedo Furado e leva-os até ao Sardoal. De notar que no traçado da variante, a vila de Sardoal fica ao lado da

estrada, mas no antigo [e original] é atravessada pela estrada. E se na variante a responsabilidade é da empresa pública Estradas de Portugal, que tem regras apertadas, e próprias, na sinalética a implementar, na estrada antiga essa responsabilidade é do município. Pelo que é por aí que a autarquia vai avançar na promoção turística para colocar os turistas, caminhantes, entusiastas desta rota a percorrer esta estrada. É mais estreita, com muitas curvas, mas “muito mais bonita”. Por outro lado, é em Vila de Rei que fica o centro desta estrada, ao km 369,6. E, porque é o Centro Geodésico de Portugal, vai também ser assinalado o km central a EN 2 com o totem a assinalar essa informação. Paulo César Luís espera que com o carimbo e com estes ajustamentos os turistas possam parar “mais por dentro” de Vila de Rei quando circularem entre Chaves e Faro ou vice-versa. Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

O município de Vila de Rei está a apostar fortemente na promoção turística da Estrada Nacional 2. E como forma de simbolizar essa aposta, avançou para a criação de carimbos personalizados alusivos à Rota da Estrada Nacional 2, disponibilizando-os nos equipamentos municipais (Câmara Municipal, Museu de Geodesia, Museu do Fogo e da Resina e Museu Municipal), aos estabelecimentos de restauração, bebidas e alojamentos do concelho. Desta forma, os visitantes que percorram a Estrada Nacional 2 podem agora carimbar o seu Passaporte da Rota da Estrada Nacional 2 em 34 estabelecimentos municipais, com um carimbo que identifica Vila de Rei, o seu quilómetro identificativo da EN2 (366) e o estabelecimento que o viajante visitou neste seu percurso. Por outro lado, o executivo aprovou também os novos preços do passaporte e do guia da rota, no sentido de os harmonizar

PORTUGAL CHAMA:

NÃO USE MAQUINARIA NOS DIAS DE MAIOR RISCO DE INCÊNDIO. Todos sabemos que um grande incêndio começa, muitas vezes, com uma pequena faísca. Por isso é essencial ter o máximo de cuidado ao trabalhar com máquinas, tanto no mato como na floresta – desde logo ter sempre consigo um telemóvel e um extintor. É muito importante também consultar o risco diário de incêndio já que, nos dias em que este é máximo, é expressamente proibido o uso de motorroçadoras (excepto se possuírem fio de nylon), corta-matos e destroçadores, nos termos da legislação em vigor. De resto, nunca é demais relembrar, em caso de suspeita de perigo ou emergência não hesite e ligue 112. Por si, por todos. Saiba mais na sua Junta de Freguesia, Câmara Municipal, pelo 808 200 520 ou em portugalchama.pt.

portugalchama.pt

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REPORTAGEM /

A Emergência Militar tem o comando em Abrantes // É um regimento que tem o nome da função: Apoio Militar de Emergência. Tem o seu funcionamento normal de qualquer unidade militar, com os cursos de formação de praças, ou até de oficiais, mas o seu trabalho assenta na emergência. E é a partir de Abrantes que se faz o comando e controlo das equipas que estão espalhadas pelo país. É em Abrantes que se faz o planeamento e que se “prevê” os meios que podem vir a ser empenhados nas diversas ocorrências. Texto por Jerónimo Belo Jorge Fotos por Taras Dudnyk

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ara entrar no Posto de Comando e Controlo do RAME é preciso marcar o código numérico de acesso que permite a abertura da porta. As secretárias, com os computadores, estão viradas para uma parede com duas linhas de três monitores onde estão os canais de televisão e onde podem estar aplicações informáticas. As cartas meteorológicas, mapas de planeamento militar, o posicionamento GPS das equipas que estão em patrulhamento pelo país ou a página da Proteção Civil. Qualquer coisa como o país na parede, onde se juntam mapas de Portugal com dois metros de altura com localização das diversas unidades do Exército que é a força militar presente, literalmente em todo o país. Ali só entra quem tem as credenciais para tal. Mais ao lado, há uma outra sala, do comando, onde está prestes a começar uma videoconferência, uma ferramenta que se tornou tão banal nos novos tempos. E há uma outra sala, desenhada como auditório, onde são feitos os briefings diários com comando e controlo do RAME. Foi ali que o Comandante do Regimento sediado em Abrantes, Coronel

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Luís Barroso, nos recebeu e mostrou como é o trabalho desta unidade militar de apoio civil. O RAME tem um papel fulcral nas unidades orgânicas do Exército por ser o apoio militar de emergência, tal como o próprio nome indica. Porque tem a UAME (Unidade de Apoio Militar de Emergência) que tem duas áreas de trabalho: o centro de operações de apoio militar de emergência (em Abrantes) que faz o comando e controlo de todas as atividades em que o Exército esteja envolvido e temos o Grupo de Intervenção e Emergências. Este grupo está constituído e foi desenhado e está equipado para intervenções de primeira linha, como o apoio às populações em termos de alojamento, apoio sanitário ou alimentação. Para além destas áreas mais específicas, articula outros módulos disponíveis no Exército, com capacidades próprias. Ou pela particularidade de um incidente, ou pela localização geográfica onde o mesmo possa ocorrer. Dando um exemplo muito simples, quando é ativada uma máquina de rasto do Exército para um incêndio [aconteceu no dia 26 de julho, em Oleiros] ela vem

O comando do plano COVID está sediado na Amadora, no comando das Forças Terrestres, mas é em Abrantes que está o comando alternativo do Regimento de Engenharia de Tancos [onde há duas em prevenção], mas ativada através do RAME. O apoio militar de emergência é mais visível no verão, devido ao empenhamento de meios militares na prevenção florestal, mas não se resume à prevenção aos fogos. Mas é a “campanha” que tem maior duração [vai de 1 de junho a 30 de setembro, mas este ano está previsto até 30 de outubro] e mais mediatismo, como o são os incêndios florestais. O Exército participa nesta “campanha” da prevenção com 32 patrulhas protocoladas com o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) que diariamente vigiam áreas definidas

por este organismo. É em Abrantes que é feito o controlo destas patrulhas, no terreno em todo o país. O planeamento nacional inicial foi feito no RAME. Desde que começou o período dos alertas meteorológicos, que facilita o fomento de ignições de incêndios, fez com que o Exército reforçasse a sua presença com patrulhas pedidas pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) que é a outra forma dos militares participarem nesta área concreta. “Quando fazemos o planeamento temos em conta os meios militares disponíveis, as áreas de responsabilidade dos vários comandos e, muito importante, a taxa de esforço executada por cada comando (…) por isso temos unidades de todo o país a fornecer patrulhas para as suas zonas de responsabilidade”, explica o comandante do RAME. Mas o RAME não tem ação apenas no comando e controlo de patrulhas. O regimento tem um mecanismo de planeamento de previsão de empenhamento de meios. Independentemente das previsões que são feitas pela ANEPC “nós fazemos aqui (em Abrantes) as nossas previsões, independentes, de acordo com as informações que temos


REPORTAGEM /

1-6 a 28-7 6,258 horas de empenhamento 127 mil kms de patrulhamento disponíveis [do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, por exemplo] e alertamos as nossas unidades para a eventualidade de nas suas zonas poder haver ocorrências”, diz o Coronel Luís Barroso. E explicou que quando há a previsão de anormalidades meteorológicas, fazem o planeamento previsional para não serem surpreendidos, embora nestas coisas nem sempre há previsão exata do que vai acontecer. Com antecedência de 48 ou 72 horas cruzam as previsões da ANEPC com as do RAME para estarmos atentos. Mas, sempre que há um incêndio com 200 ou mais operacionais, “despoletamos o processo de alerta que é, grosso modo, emitir uma ordem preparatória para um conjunto de módulos que normalmente vão para o terreno. É o caso das máquinas de rasto. Temos cinco destacamentos cujo tempo de acionamento e deslocamento é mais longo. Temos dois destacamentos no Regimento de Engenharia N.º 1 de Tancos, dois em Espinho e um na Brigada Mecanizada, em Santa Margarida”. Luís Barroso adianta ainda com 700 operacionais numa ocorrência, avançamos com a pré-preparação de um apoio em larga escala: “podemos fazer apoio de alimentação com os módulos de cozinha e apoio a dormidas e descanso com os módulos de tendas”. No caso do incêndio de Oleiros, o RAME esteve preparado para ir para o terreno em 12 horas, de acordo com este planeamento.

O RAME é o Posto de Comando alternativo na pandemia

O empenhamento de meios militares no apoio civil foi bem visível nesta fase da pandemia, com o auxílio de equipas

de descontaminação do parque escolar e com, por exemplo, a montagem de tendas de apoio junto aos hospitais ou a criação de unidades de campanha em ginásios, ou outros locais. Houve uma preparação de cerca de 30 equipas de desinfeção e descontaminação de espaços públicos, através das equipas do Regimento de Engenharia n.º 1. E o melhor exemplo deste apoio militar foi a preparação da reabertura do ano escolar, em junho. Foram estas equipas que fizeram as “limpezas” e houve outros operacionais que fizeram ações de sensibilização junto dos auxiliares de ação educativa. Na região, o RAME montou duas tendas para o atendimento a suspeitos COVID na Unidade de Abrantes do Centro Hospitalar do Médio Tejo e criou uma unidade de hospital de campanha no pavilhão desportivo em Gavião. Mas o RAME teve uma participação fulcral na elaboração do plano do Exército para a contingência da COVID. O comando do plano COVID está sediado na Amadora, no comando das Forças Terrestres, mas é em Abrantes que está o comando alternativo. Ou seja, se existisse um surto que impossibilitasse o exercício do comando a partir da Amadora, o mesmo era transferido para Abrantes. Quer dizer que essa célula de resposta poderia transferir meios para o RAME. Todos os dias “fazemos briefings diários sobre a situação COVID na região do Médio Tejo e a nível nacional, e fazemos aqui o registo de todos os meios envolvidos no país”. É desta forma, e a partir de Abrantes, que é feito o controlo de todo o apoio que o Exército prestou às populações e às autoridades.

// RAME com novos equipamentos em 2021 O Grupo de Intervenção e Emergências está a adquirir mais equipamento de apoio às populações e deverá estar pronto para ser acionado no próximo ano. Os meios do RAME já existem noutros regimentos espalhados pelo país. Mas como este Grupo é de Apoio Militar de Emergência terá meios próprios para acrescentar aos que já estão disponíveis. Quer isto dizer “que terá meios de primeira intervenção próprios sem acionar outras unidades militares”, explicou o comandante. E o equipamento em processo de aquisição é um sistema de purificação de água e depósitos flexíveis para água e uma unidade de banhos e latrinas para reforço da capacidade de apoio às populações. Junta-se uma moto bomba de grande capacidade (consegue bombear 90 metros cúbicos de água

por hora), que já está disponível assim como uma unidade móvel de cozinha, que pode fornecer 100 refeições de cada vez. Luís Barroso diz ainda que há que ter em atenção que estamos a falar de operações de apoio a civis e que segundo o livro doutrinário do Exército este empenhamento de forças representará um quarto dos meios militares disponíveis. Outro dos equipamentos que vai chegar é uma viatura para instalar o posto de comando que, de acordo com o Coronel Luís Barroso, será uma extensão do Posto de Comando e Controlo situado no RAME. A unidade tem 23 viaturas, seis viaturas de transportes rurais, duas viaturas de transporte e apoio, e quatro viaturas ligeiras para as equipas de ligação, para além de uma viatura de remoção de veículos pesados.

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SOCIEDADE /

Banco de Portugal financia nova sala polivalente no CRIA Na sequência de uma candidatura do Centro de Recuperação e Integração de Abrantes e após uma visita de funcionários do Banco de Portugal às instalações da instituição, o CRIA saiu vencedor e vai agora ser financiado pelo Banco num valor de mais de 14 mil euros. As obras vão começar e estarão prontas num prazo de dois meses. Segundo o presidente da direção do CRIA, Nelson Carvalho, este financiamento “foi protocolado entre o CRIA e o Banco de Portugal na sequência de uma diligência nossa junto do Banco e num conjunto de atividades de trabalhadores do Banco de Portugal que nos vieram visitar e que patrocinaram a nossa candidatura. É assim que funciona o processo e eles patrocinaram e empenharam-se, houve eleições e eles conseguiram que a nossa candidatura ganhasse”. Depois da vitória, “o Banco de Portugal financia um projeto que nós tínhamos apresentado de transformar uma antiga piscina que estava já há muitos anos sem uso nenhum a não ser para arru-

/ Centro de Recuperação e Integração de Abrantes vai ter sala polivalente com financiamento do Banco de Portugal mações, não tinha uso aí há 20 anos. Isso numa sala importante na zona que vamos reconverter em sala multiusos e que vai servir para muitas outras atividades, culturais, desportivas...” Nelson Carvalho fala de um financiamento superior a 14 mil euros “o que traduzido (...) vale mais

ou menos 12 mil euros + IVA”. A pandemia veio atrasar todo o processo pois o protocolo foi assinado em fevereiro. “A pandemia parou tudo, como sabemos, e retomamos agora. Vamos desenvolvendo os processos de consulta nos termos da contratação pública, fizemos a adjudicação, assinámos

o contrato e a obra está para começar”, confirmou o presidente da Direção. O objetivo é o de “devolver uma sala que estava inutilizada, não tendo uso útil, a uma sala que vai integrar as possibilidades de enriquecer as atividades que o CRIA pode vir a fazer”. Este investimento “representa a possibilidade de instalar - nós temos um pequeno polivalente desportivo onde há atividades - mas onde agora poderemos, eventualmente, instalar máquinas de desporto adaptadas para os nossos utentes, onde poderemos fazer atividades culturais, outras atividades desportivas, o que chamamos de sala polivalente”. Nelson Carvalho afirma que com estas obras “aumenta enormemente a possibilidade de os nossos utentes, em particular do Centro de Atividades Ocupacionais, mas também os do Lar, poderem diversificar e frequentar outro tipo de atividades regularmente”. Com a remodelação da sala onde estava a piscina, Nelson Carvalho explica que “desde que as piscinas municipais entraram em uso, a Câmara fez um acordo com o CRIA ou vice versa, no sentido de os nossos utentes poderem frequentar, e frequentam, regularmente as piscinas municipais. Sendo que nos últimos meses as condicionantes muito severas e não deixaram

Renova oferece equipamentos de raios-X ao CHMT António Lacerda Sales, Secretário de Estado da Saúde, deslocou-se ao Hospital de Torres Novas, no dia 14 de julho, para assinalar a oferta de dois aparelhos de Raios X portáteis ao Centro Hospitalar do Médio Tejo. Tratou-se de uma oferta da empresa RENOVA, sediada em Torres Novas, destinada às unidades de tratamento de doentes COVID no Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT). Carlos Andrade Costa, presidente do Conselho de Administração do CHMT, explicou que estes dois aparelhos serão colocados na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) e na enfermaria de doentes COVID. “Temos de ter equipamentos de qualidade (…) e afetos exclusivamente a uma das áreas assistenciais. A COVID é uma doença infecciosa e não faz sentido andar com eles a circular entre serviços”, explicou o administrador hospitalar. Carlos Andrade Costa mostrou uma grande preocupação com a chegada do inverno que é sempre

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um fator crítico para os hospitais. O administrador deixou a nota de que a gripe e uma população constituem um fator de desestabilização dos mais idosos “e este ano teremos gripe e teremos COVID o que é uma sobrecarga para os hospitais e para os profissionais de saúde daí que nos tenhamos de preparar o melhor possível”. Carlos Andrade Costa reforçou a ideia de que teremos gripe e pandemia e deixou já o alerta que temos de ter todos nós cidadãos a tomar todas as medidas de auto-proteção e, deste modo, podermos contribuir para aliviar uma, hipotética, sobrecarga dos hospitais. António Lacerda Sales, na sua intervenção, vincou que “sempre soubemos que não podíamos vencer esta guerra dura de forma isolada. Por isso temos de contar com todos, autarquias, IPSS’s, sociedade civil e empresarial e percebemos que só em rede e com este trabalho de multidisciplinaridade podemos ir ultrapassando estes obstáculos.

JORNAL DE ABRANTES / Agosto 2020

/ António Lacerda Sales veio a Torres Novas receber os equipamentos oferecidos pela Renova E muitos têm-se chegado à frente, a quem muito devemos e agradecemos”. O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, destacou o trabalho feito no CHMT que foi reforçado com 17 ventiladores e 12 monitores e destacou que a sua UCI (Unidade de Cuidados Intensivos) nunca esteve em sobrecarga e, pelo contrário, “recebeu doentes de outros hospitais”. Lacerda Sales referiu que não foi apenas nos cuidados intensivos, pois o Centro Hospitalar, com uma unidade COVID e duas não-COVID, recebeu

cerca de 140 internamentos. Mas o governante vincou que nesta matéria só os ventiladores e as camas não resolvem, é preciso recursos humanos. E neste sentido “estamos a pensar reforçar as unidades de cuidados intensivos e, neste sentido, também a UCI do Médio Tejo”. Já sobre a realidade COVID, o secretário de Estado disse que o Médio Tejo foi muito importante. Primeiro porque foi criada a zona COVID (Abrantes) e não-COVID (Tomar e Torres Novas) e isso permitiu manter os níveis de assistência. E isso pode ser muito impor-

frequentar, mas normalmente são transportados regularmente às piscinas municipais e frequentam como qualquer utente normal”. Esta obra de requalificação poderá “eventualmente” abrir portas para o uso de outras terapias no CRIA. O presidente afirmou que “pode também servir para isso”. “Nós temos diversas terapias e temos salas específicas, mas pode aumentar a possibilidade, se for necessário, de praticar em simultâneo mais atividades desse tipo, como a fisioterapia. Temos uma sala de fisioterapia, mas esta pode revelar-se útil”, esclareceu Nelson Carvalho. Para o presidente do CRIA, “o que de fato se quer é uma sala polivalente que possa, por exemplo, projetar cinema. Evidentemente que teremos de a equipar ou ir equipando, mas ter algumas outras atividades quer no domínio do desporto, quer no domínio das terapias, quer no domínio cultural. São estas as obras que irão arrancar pois o contrato prevê que as obras têm de começar no prazo de 8 dias e, nos termos do contrato, as obras estão previstas para durar 60 dias”, o que quer dizer que “iremos ter, entre o final do mês de setembro e o início de outubro, uma sala nova que irá enriquecer a vida do nosso Centro e dos nossos utentes”. Patrícia Seixas

tante no inverno. Quanto aos testes à COVID o governante salientou a capacidade de testagem do Médio Tejo, mais de mil testes diários, e que será um dos componentes daquilo que são os objetivos do governo de ter 24,500 testes por dia a serem feitos pelo Serviço Nacional de Saúde. Paulo Pereira da Silva, CEO da Renova, manifestou “um enorme gosto em participar nesta luta contra este inimigo tão pequeno e que tanta preocupação nos está a dar”, acrescentando que esta oferta representa “um gesto marcante” para os colaboradores e acionistas da empresa. “Esta é também uma forma de fazer algo em prol da comunidade e dos cidadãos ajudando o vosso trabalho”, disse Paulo Pereira da Silva dirigindo-se aos profissionais de saúde do CHMT. Estes dois equipamentos representam um investimento da RENOVA de cerca de 180 mil euros. O Centro Hospitalar recebeu o primeiro, que esteve em exposição durante a pequena cerimónia no átrio do Hospital de Torres Novas. De uma forma simples o aparelho permite uma mobilidade muito fácil e, dessa forma, pode limitar a circulação de doentes infetados com COVID por outros locais onde estão instaladas as unidades fixas dos raios-X hospitalares. Jerónimo Belo Jorge


REGIÃO / Sardoal CMS

Autarquia assume creche para manter o serviço A Santa Casa da Misericórdia de Sardoal decidiu que não tinha condições para manter em funcionamento a creche, uma das valências da instituição. Dessa forma, informou a Câmara Municipal de Sardoal que no próximo ano letivo, a partir de setembro, não iria reabri-la. Anacleto Batista, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Sardoal, explicou que já vem do ano passado esta indicação da Segurança Social de que as instalações onde funcionava a creche necessitavam de obras para que a estrutura pudesse continuar a trabalhar. Em janeiro houve uma reunião que contou com a presença do provedor, do presidente da Câmara Municipal e do diretor da Segurança Social de Santarém. Nessa reunião terá ficado “implícito” que “sem obras (para as quais a Misericórdia não tinha ou tem capacidade financeira) a creche não teria suporte da Segurança Social”. Anacleto Batista disse ao Jornal de Abrantes que em abril deste ano recebeu, formalmente, a indicação da Segurança Social de que não poderiam “licenciar o funcionamento” da estrutura sem obras de requalificação. Depois dessa decisão, restou à Mesa Administrativa

da Misericórdia de Sardoal encerrar a valência, iniciando todos os procedimentos. A creche tinha cerca de três dezenas de crianças, mas segundo Anacleto Batista, apenas 20 tinham convénio com a Segurança Social que transferia 243 euros por cada uma destas crianças. A Câmara de Sardoal reforçava o apoio financeiro sobre estas 20 crianças com mais 70 euros mensais. O provedor diz que mesmo assim não chega, pois “em média cada criança tem um custo de 542 euros e os pais não cobrem este valor, nem lá perto”. Há ainda um conjunto de uma dezena de crianças que não tem qualquer suporte de apoios oficiais. “A valência creche estava com um prejuízo anual de 50 mil euros”, conclui Anacleto Batista, lamentando a decisão, mas suportando-a como uma necessidade de manter a instituição em funcionamento, uma vez que a sua área principal de atividade é o apoio aos idosos. Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal de Sardoal, informou o executivo municipal, a 15 de julho, que foi apanhado desprevenido nesta situação. A Santa Casa da Misericórdia informou a Câmara em junho que recebeu uma

indicação da Segurança Social para necessidade de obras no local onde funcionava aquela valência. Como a Misericórdia não tinha condições para fazer obras, a Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia, em maio, decidiu que deveria rescindir o contrato que tinha com a Segurança Social. Miguel Borges disse, nesta reunião, que o concelho não pode deixar de ter uma creche. “Visitei alguns concelhos com creches municipais, andamos a ver como é que funcionam e questionámos a Segurança Social, mesmo que não tutele estas creches”, disse o presidente da autarquia que indicou que um concelho que se quer atrativo não pode passar sem uma estrutura destas. “Estamos a fazer intervenção no antigo jardim de infância, mais alguns módulos para salas de aula e sanitários, e podemos ter aqui uma boa solução provisória”. O presidente informou que tem de se definir aquilo que é o trabalho que tem de ser desenvolvido pelo município. O pessoal será do município, que irá assegurar todas as componentes do funcionamento. “Temos de ter a creche a funcionar a 1 de setembro pelo que administrativamente poderemos acelerar

o processo para abertura do procedimento que será apresentado na próxima reunião do executivo e deverá ser enviado a uma Assembleia Municipal extraordinária na primeira semana de agosto, por forma a ter tudo a funcionar em 1 de setembro”. Pedro Duque (PS) questionou se haveria transição de apoios da Segurança Social da creche da Misericórdia para esta municipal. Miguel Borges explicou que não há essa possibilidade. O regulamento vai prever que os valores a cobrar terão responsabilidade social, mas não será mais elevado do que aquilo que os pais pagavam nos anos passados. “Haverá um desconto para os casais que residam no concelho”, explicou Miguel Borges. Mas será esse regulamento que irá ter essa definição. Pedro Duque questionou a forma como a Santa Casa da Misericórdia geriu esta questão, até porque mesmo que seja uma valência muito pesada, financeiramente, a Câmara Municipal já dava um apoio de 70 euros por cada criança, para fortalecer o apoio nesta valência. Pedro Duque vincou que concorda com urgência do processo, mas diz que não entende esta

postura e esta comunicação da Santa Casa muito “em cima da hora”. Carlos Duarte (PS) referiu entender a necessidade da creche, mas questionou os custos para a autarquia. Miguel Borges explicou que os custos poderão ser inferiores ao apoio que davam à Misericórdia. “A Câmara dava um apoio de 1400 euros por mês à Santa Casa e o aluguer dos módulos vai ter um custo inferior. Depois temos o pessoal. Mas é uma questão urgente, temos de assumir”, explicou o presidente do município. O presidente explicou que pode rentabilizar alguns espaços no jardim de infância que tenham uma rentabilização. “Deveremos ter uma sala-berçário e depois mais duas salas para crianças com um/ dois anos”, disse o autarca, que explicou ainda que a abertura de pré-inscrição é feita para se perceber o número de crianças que poderão entrar na creche. “Se for preciso temos espaço para fazer crescer com mais uma sala, através destes módulos”, concluiu o presidente da Câmara Municipal. A proposta de abertura do procedimento para avançar para a creche municipal foi aprovada por unanimidade.

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SOCIEDADE /

Empresários da FC2TEC investem em nova unidade em Abrantes Chama-se FC2TEC – Manutenção Industrial, é uma sociedade que foi constituída em 2016 e tem sede no Tramagal. Apesar da pandemia direcionou o seu trabalho para as áreas com que começou a laborar, no segmento da metalomecânica e agora arranca para a fase de expansão. O dia 2 de julho vai ficar na história da FC2TEC por ser o dia em que a empresa gravou a placa de lançamento da primeira pedra da nova unidade industrial. Trata-se de um lote no Parque Industrial de Abrantes que vai receber uma nave de mil metros quadrados por forma a garantir os trabalhos que a empresa tem em carteira e o crescimento ou até a diversificação. De acordo com os gerentes, António Ferreira e Paulo Costa, o investimento de um milhão de euros nas novas instalações poderá permitir reduzir os custos fixos da empresa, para além de criar condições para o crescimento e a expansão. Paulo Costa explicou, de forma muito rápida, que estas novas instalações, a concluir até ao final do ano, permitirão instalar uma máquina de corte e com isso reduzir, em muito, a aquisição de placas já cortadas. Este trabalho é, atualmente, contratado fora, no norte do país.

/ António Ferreira, Paulo Costa e Manuel Jorge Valamatos Já António Ferreira disse que empresa trabalha muito com lagares de azeite tradicionais e que, nesse sentido, têm algumas parcerias noutros países produtores de azeite, como os casos de Espanha e Itália. Só que, como este é um segmento muito sazonal, a empresa viu-se na necessidade de procurar outros mercados. E com a pandemia desenvolveu alguns produtos, para facilitar a higienização e destinado a unidades industriais ou fabris. “Para não pararmos tivemos de avançar com outros produtos para vendas, no presente ou num futuro muito próximo”, disse António

Ferreira que disse anda que o objetivo com esta nova unidade é fazer crescer a produção, as vendas e, consequentemente, aumentar os postos de trabalho. Paulo Costa indicou ainda que a empresa vai-se dedicar também a alguma inovação, maquinação, corte de plasma, vamos “produzir mais com menos dinheiro”. E quando questionado como é que isso se faz rematou: “é deixar de ir comprar algum material a Leiria, Porto ou Espanha. É fazermos as placas aqui”. E explicou que a ideia passa pela absorção destes serviços embora admita a possibilidade de

poder “vender” para outras unidades da região. Atualmente a FC2TEC tem 14 postos de trabalho efetivos e admite a criação de mais uma dúzia, pelo menos, quando esta nova unidade estiver em laboração. A necessidade da instalação é premente uma vez que têm maquinaria espalhada por diversos locais e até noutras unidades empresariais. Os empresários admitem mesmo começar a conversar com a Câmara de Abrantes para uma ampliação destas instalações, tendo já “perguntado à autarquia” a viabilidade de negociar um lote contíguo. É que os 1,400 metros quadrados poderão não chegar para as necessidades. A nave terá mil metros quadrados e mais uma pala com cerca de 400 metros quadrados. Paulo Lopes explica: “é muito bom, agora nem metade temos”. A construção da nova fábrica arrancará de imediato com a construção adjudicada ao empresário Fernando Clarinha e foi submetida a um programa de apoio. António Ferreira explicou que “fizemos um projeto ao Portugal 2020, mas ainda não sabemos se vai ou não vai ser aprovado. Mas as obras estão a andar, já não param”. António Ferreira deixou uma palavra aos seus empregados, pois “sem eles isto não se realizava. Con-

tamos com o apoio deles, sempre. Todos juntos somos mais fortes e somos bons”. Paulo Lopes vincou que este é o primeiro passo “da nossa base e queremos criar emprego e riqueza no nosso concelho”. Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, começou por referir a altura complicada para o lançamento de um investimento desta envergadura, mas com satisfação pela criação de postos de trabalho no concelho e na região. O autarca reforçou a necessidade de haver, mas dinamismo na economia para melhorar a região numa altura em que se fala cada vez mais da dinamização do interior do país. A FC2TEC – Manutenção Industrial tem como área de trabalho a fabricação de estruturas de construções metálicas e fabricação de portas, janelas e elementos similares em metal. Trabalhos de serralharia civil/mecânica; a reparação e manutenção de máquinas, equipamentos e instalação de máquinas e equipamentos industriais, nomeadamente, de máquinas e equipamentos da indústria alimentar e do papel. Depois aponta ainda ao comércio de produtos de limpeza (industrial), comércio de equipamentos e máquinas industriais e os seus componentes, comércio de tintas e acessórios, comercialização de ferramentas, ferragens e acessórios. O pacto social prevê ainda a importação ou exportação de máquinas e equipamentos industriais a de limpeza em edifícios e em equipamentos industriais, ou até a construção de edifícios. Jerónimo Belo Jorge

Desmotivados e na linha da frente, enfermeiros exigem progressão na carreira Os enfermeiros são inequivocamente um dos rostos na luta contra a pandemia de Covid-19. Na linha da frente mas são “poucos em todos os serviços”, “sem compensação de riscos diários” e têm “anos de trabalho por contar”. Estas são algumas das realidades expostas pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) em mais um protesto que decorreu no dia 29 de julho, em frente à Unidade Hospitalar de Abrantes. Exigem dignidade, valorização e progressão das carreiras que estão congeladas desde janeiro de 2018. Em declarações ao Jornal de Abrantes, a dirigente do SEP de Santarém, Helena Jorge, explica que a avaliação destes profissionais não foi efetuada durante períodos diferenciados entre 2004 e 2014. “Estamos a falar de pessoas que mesmo ao final de 10 anos continuam sem ter os pontos suficientes para poderem aumentar um

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/ Enfermeiros do CHMT em protesto por valorização das carreiras único índice na carreira”, explica, acrescentando: “neste momento, a percentagem dos [profissionais do CHMT] que foram avaliados os anos todos é mínima. Cerca de 80% dos enfermeiros têm anos não avaliados”, disse. A responsável diz que já por di-

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versas vezes o SEP tentou resolver o problema junto da administração do CHMT, cuja resposta foi a de que “a culpa é da enfermagem, imputou essa responsabilidade aos colegas”. “Nós já tivemos uma série de reuniões com o Conselho de Ad-

ministração (CA) do CHMT. Este CA foi dos poucos do país que não avaliou durante muitos anos. Já que não os avaliou, não pode imputar aos enfermeiros a responsabilidade de o fazer”, acrescentou a sindicalista. Na prática, isto significa que há enfermeiros no CHMT que após mais de 20 anos de trabalho continuam na primeira posição da tabela remuneratória - o equivalente àquilo que aufere um recém-licenciado. Diz ainda o sindicato que “a não transição dos especialistas, inclusive que já detiveram a categoria, continua a discriminar os colegas com mais competências diferenciadas, a auferir remuneração como enfermeiro”. Helena Jorge admite ainda que o CHMT continua a “fazer discriminação” entre os profissionais que têm um vínculo a CIT (Contrato Individual de Trabalho) e outros que têm um vínculo ligado à função pública (CTFP). Uma

diferenciação que se traduz, por exemplo, no tempo de férias ou no ter direito ou não à ADSE. “A diferenciação entre colegas que exercem as mesmas funções, mas de que acordo com o vínculo, tem direito diferentes, é injusta e imoral”, diz o SEF, que considera “incompreensível” como pode ser “pedido a todos o mesmo e não é dado a todos o mesmo”. Perante uma situação que, diz a representante do SEP Santarém, se revela num “desrespeito para com os profissionais” que se encontram “desmotivados” mas que mesmo assim continuam na linha da frente, Helena Jorge mostra-se preocupada com o futuro, uma vez que se junta outro problema à equação: a falta de enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde. “Não há enfermeiros para contratar e se isto continua…”, desabafa, lembrando o nível de exigência acrescido com o aparecimento da pandemia de Covid-19. Ana Rita Cristóvão


ECONOMIA /

Finalmente a fibra chegou a Santa Margarida

O presidente executivo da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, esteve em Santa Margarida da Coutada, no dia 3 de julho, para, junto ao Parque Ambiental de Santa Margarida, assinalar o investimento feito em fibra ótica naquela freguesia do concelho de Constância. Alexandre Fonseca andou, tal como os outros dirigentes do gigante de telecomunicações, pelo país para dar andamento à rede de fibra em zonas de baixa densidade populacional. Santa Margarida era a única freguesia no concelho de Constância que não estava ainda dotada com esta infraestrutura, que permite acesso a serviços e tecnologia do futuro. O responsável da Altice reforçou, ao Jornal de Abrantes, a ideia de que esta é a única empresa do universo das comunicações e da televisão por cabo a investir na rede de fibra e deu o exemplo de Santa Margarida ou de aldeias da Serra da Estrela. Neste sentido a Comissão Executiva da Altice Portugal esteve em várias regiões do País, para assinalar o regresso ao território com um investimento superior a 10 milhões de euros e um programa inédito: 10 distritos, 20 municípios e 3.700 quilómetros. Depois vincou a ideia de que a companhia está a apostar no interior, como exemplo disso é a aposta do Sapo Voz em parcerias com a imprensa regional, como é o caso do Jornal de Abrantes. Para Alexandre Fonseca, Presidente Executivo da Altice Portugal, “A proximidade é já um pilar indissociável do nosso ADN e queremos que constitua um exemplo

para todos. Esta deslocação, e em particular todo o investimento a ela associado – mais de 10 milhões de euros – mostra que continuamos a apostar no País e a assumirmo-nos enquanto motor de desenvolvimento económico e social, para lá de todas as fronteiras e densidades populacionais. Estamos cá, estivemos sempre cá e vamos continuar”. Depois, Alexandre Fonseca deixou ainda no ar a interrogação sobre as escolhas e decisões da ANACOM, a entidade reguladora. Ou seja, disse Alexandre Fonseca, que depois da pandemia há uma aposta na fibra e deveria repensar-se a necessidade de avançar para o 5G, até porque a rede suportou, e bem, o aumento dos consumos, nalguns casos em 100%, durante o confinamento. Já Sérgio Oliveira, presidente da autarquia de Constância

salientou este passo depois de muitos anos, e vários executivos municipais, a querer ter fibra em Santa Margarida. O autarca destacou esta acessibilidade, de comunicações, como um passo a somar a outros já dados, para aumentar a atratividade desta freguesia que tem perdido população nos últimos anos. A autarquia adiantou, entretanto, que está já em curso, a instalação de uma estação de rede móvel MEO para reforço de cobertura para os serviços de voz e

/ Câmara de Abrantes e Altice Portugal assinaram declaração de intenções para concretização da expansão da rede de fibra ótica no concelho

dados (4G) da povoação de Santa Margarida da Coutada. Estando já identificado o local, Depois de assinarem o protocolo de cooperação, tendo em vista a expansão da rede de fibra ótica existente em todo o concelho e de utilização recíproca das condutas existentes, coube a Sérgio Oliveira fazer uma fusão de linhas de fibra para ligar a rede de internet da MEO à rede de Santa Margarida.

Assinada declaração para expansão da fibra ótica no concelho de Abrantes

No mesmo dia 3 de julho, o presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos e o Chief Sales Officer B2C da Altice Portugal, João Epifânio, assinaram uma declaração de intenções para concretização da expansão da rede de fibra ótica no concelho de Abrantes por forma a aumentar a área de cobertura neste território. A cerimónia teve lugar no Salão Nobre dos Paços do Concelho e Manuel Jorge Valamatos demonstrou abertura para “dar continuidade a este trabalho de cooperação institucional e organizacional a favor das nossas comunidades”. O presidente disse-se “muito satisfeito” com o que a Altice tem vindo a fazer e afirmou ser “um avanço extraordinário para as nossas comunidades e é isso que temos que continuar a projetar e a trabalhar”. O presidente lembrou que “há

80 anos houve um outro movimento em Abrantes, o de levar a água às freguesias, e hoje a democratização do território também está em levar a fibra ótica a todo o país”. Já João Epifânio, da Altice Portugal, recordou que a “comissão Executiva da Altice Portugal dividiu-se em quatro grupos para percorrer dez concelhos, vinte freguesias, para levar um pouco de alento e ajudar na mobilização do país. No regresso à atividade económica depois de um período restritivo que vivemos mas que também nos ensinou algumas coisas do ponto de vista daquilo que são as soluções de comunicações, já era muito importante mas ficou bem evidente que saiu reforçado”. João Epifânio explicou que “a tecnologia era algo que era visto como um pouco frio e distante mas foi exatamente a tecnologia que permitiu aproximar as pessoas e manter negócios ativos”. O documento agora assinado, uma declaração de intenções, vai ser agora tornado num “documento mais formal, do ponto de vista jurídico, para ser levado à Assembleia Municipal”. A Altice Portugal instalou em Carreira do Mato, na União de Freguesias de Aldeia do Mato e Souto, uma Antena de Rede Móvel de Última Geração que permite agora melhores comunicações na zona norte do concelho. Jerónimo Belo Jorge e Patrícia Seixas

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REGIÃO / Vila Nova da Barquinha Município atribui mais de 13 mil euros para apoios a associações

EXTRATO

CERTIFICO, para fins de publicação e em conformidade com o seu original, que por escritura de justificação lavrada neste Cartório, no dia vinte e cinco de janeiro de dois mil e dezanove, de folhas trinta e nove a folhas quarenta e uma verso do respectivo Livro e de Notas para Escrituras Diversas número TREZENTOS E VINTE, Francisco dos Santos Marmelo, NIF 118.937.413 e mulher Adelaide da Conceição Vicente, NIF 118.937.421, casados sob 0 regime da comunhão geral, naturais da freguesia de Martinchel, concelho de Abrantes, onde residem na Rua Caminho do Vale da Azenha, no 425, Giesteira, declararam:-----------------Que, são com exclusão de outrem, donos e legítimos possuidores dos seguintes imóveis:-------------------- -- l- Prédio rústico, terra de olival, com a área de setecentos e sessenta metros quadrados, sito no lugar de Tojeiras, freguesia de Martinchel, concelho de Abrantes, a confrontar do norte com herdeiros de Henriqueta Rita Pereira, do sul com José Vicente Francisco, do nascente com estrada e do poente com herdeiros de Henriqueta Rita Pereira, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, inscrito na matriz cadastral sob o artigo 6 Secção P, com o valor patrimonial de € 1,61 e a que atribuem igual valor.----------------------2- Prédio rústico, cultura arvense e pinhal, com a área de novecentos e vinte metros quadrados, sito no lugar de Vale da Azenha, freguesia de Martinchel, concelho de Abrantes, a confrontar do norte com Francisco dos Santos Marmelo, do sul com Felismina da Conceição Vicente Albino, do nascente com herdeiros António José Sebastião e do poente com Maria Manuela Vicente Francisco dos Santos, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, inscrito na matriz cadastral sob o artigo 37 Secção M, com o valor patrimonial de € 4,33 e a que atribuem igual valor.----------3- Três/quartos indivisos, único direito que possuem no prédio rústico, olival, com a área de três mil quinhentos e sessenta metros quadrados, sito no lugar de Chã do Vale da Azenha, freguesia de Martinchel, concelho de Abrantes, a confrontar do norte com Francisco dos Santos Marmelo e outro, do sul com estrada, do nascente com herdeiros de Silvina Elvira e do poente com herdeiros de Azelino Barreiro, descrito na Conservatória do Registo Predial de Abrantes sob o numero mil e quarenta e dois daquela freguesia, não incidindo sobre o direito justificado qualquer registo de inscrição em vigor, encontrando-se um quarto indiviso registado a favor de Maria Manuela Vicente Francisco, pela Ap. dezassete de mil novecentos e noventa e oito/zero três/vinte e três, sobre o qual incide um usufruto a favor de Felismina da Conceição Vicente Albino registado pela Ap. dezassete de mil novecentos e noventa e oito/zero três/vinte e três, inscrito na matriz cadastral sob o artigo 42 Secção M, sendo de € 12,53 0 valor patrimonial do direito justificado e a que atribuem igual valor.----------------4- prédio misto, sito na Rua Caminho do Vale da Azenha, no 425, Giesteira, freguesia de Martinchel, concelho de Abrantes, a confrontar do norte com José Vicente Inácio e outro, do sul com Francisco dos Santos Marmelo e outra, do nascente com Francisco dos Santos Marmelo e outros e do poente com José Vitoria Dias e outros, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, composto:----------------------------------- A parte urbana, casa de habitação com a superfície coberta de trezentos e vinte e sete virgula oitenta e seis metros quadrados e logradouro com a área de setenta e dois virgula catorze metros quadrados, inscrita na matriz sob o artigo 760, pendente de alteração matricial, que proveio do artigo urbano 388, com o valor patrimonial de € 40.945,10 e a que atribuem igual valor, e, A parte rústica, cultura arvense, olival, cultura arvense em olival, citrinos, horta e mato, com a área de três mil metros quadrados, inscrita na matriz cadastral sob o artigo 34 Secção M, com o valor patrimonial de € 12,13 e a que atribuem igual valor.-------------------Que o prédio rústico identificado na verba quatro, inscrito na matriz cadastral sob o artigo 34 Secção M, no qual levaram a efeito no ano de mil novecentos e cinquenta, a construção do referido prédio urbano nele implantado e inscrito na matriz sob o artigo 760, bem como os restantes prédios rústicos vieram à posse de ambos doação verbal feita por Maria da Conceição, viúva de João Vicente, residente que foi em Martinchel, Abrantes, em mil novecentos e quarenta e nove, sem que dela ficassem a dispor de título suficiente e formal que lhes permita fazer o respectivo registo. Que, possuem os ditos prédios em nome próprio há mais de vinte anos, sem a menor oposição de quem quer que seja, desde o seu inicio, posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente da freguesia de Martinchel, lugares e freguesias vizinhas, traduzida em actos materiais de fruição, conservação e defesa, nomeadamente usufruindo dos seus rendimentos, suportando os encargos e obras de conservação quanto ao prédio urbano e colhendo os frutos e limpando-os mato, quanto aos rústicos, pagando os respectivos impostos e contribuições, agindo sempre pela forma correspondente ao exercício do seu direito de propriedade, sendo por isso uma posse pública, pacífica, continua e de boa fé, pelo que adquiriram os prédios rústicos por USUCAPIÃO. Cartório Notarial de Ourém, a cargo da Notária Alexandra Heleno Ferreira, vinte e cinco de janeiro de dois mil e dezanove.------------A Colaboradora autorizada pela Notária em 12/08/2016, Cláudia Vieira Arrabaça, n. 0 260/8 Conta no . Emitido recibo

Grupo

uma nova forma de comunicar. ligados por natureza. 22

JORNAL DE ABRANTES / Agosto 2020

CARTÓRIO NOTARIAL DE CONCEIÇÃO RIBEIRO MARTINS, Rua Dr. Eduardo de Castro, N.19, RIC, em Vila de Rei EXTRACTO DE JUSTIFICAÇÃO Certifico narrativamente, para efeitos de publicação, que por escritura lavrada em dezasseis de julho de dois mil e vinte, exarada a folhas OITENTA E CINCO do livro de notas para escrituras diversas número TRÊS — A, MANUEL DO CARMO FLORINDO, NIF 183.653.076, e mulher, MARIA ISABEL SANTOS PATRÍCIO FLORINDO, NIF 183.653.084, casados sob 0 regime da comunhão de adquiridos, naturais ele da freguesia de Aldeia do Mato, ela da freguesia de Abrantes (São João), ambas do concelho de Abrantes, residentes habitualmente na Travessa da Escola, sem número, lugar de Carreira do Mato, união das freguesias de Aldeia do Mato e Souto, concelho de Abrantes, declararam que são donos e legítimos proprietários, com exclusão de outrem, dos seguintes imóveis, todos omissos na conservatória do registo predial de Sardoal: UM - Prédio rústico, composto de pinhal e eucaliptal, sito em Bordelhos, freguesia e concelho de Sardoal, com a área de sete mil cento e vinte metros quadrados, a confrontar do norte com Josué Eduardo Esperto, do sul com Isidro Dias e Ângela de Jesus, do nascente com Estrada e do poente com Carlos Fernandes Dias Casola, inscrito na matriz em nome da herança de António Fernandes da Silva, sob o artigo 267 secção AC, com o valor patrimonial tributário de 288,30 euros. DOIS - Prédio rústico, composto de eucaliptal, olival e cultura arvense em olival, sito em Figueiraria, freguesia de Valhascos, concelho de Sardoal, com a área de três mil e quatrocentos metros quadrados, a confrontar do norte com herdeiros de João Baptista, do sul com César Gaspar Oliveira, do nascente com António Marques Bica e do poente com Agostinho Manuel Pimenta Mendes, inscrito na matriz em nome da herança de António Fernandes da Silva, sob o artigo 49 secção A, com o valor patrimonial tributário de 153,38 euros. TRÊS - Prédio rústico, composto de pinhal, cultura arvense de sequeiro, oliveiras, cultura arvense, citrinos, construção rural e macieiras, sito em Vale Gomes, freguesia e concelho de Sardoal, com a área de nove mil e duzentos metros quadrados, a confrontar do norte com Rosa Maria de Matos Ramos, do sul com Paulo Jorge Ambrósio Paulo e Albino Lopes Paulo, do nascente com Lúcia de Jesus Alpalhão e do poente com herdeiros de António Rodrigues Garcia, inscrito na matriz na proporção de um terço indiviso em nome de Maria da Conceição Machado Moleirinho, um terço indiviso a favor da herança de António Fernandes da Silva e o restante um terço indiviso a favor da herança de Joaquim Moleirinho, sob o artigo 38 secção AB, com o valor patrimonial tributário de 610,34 euros. Que desconhecem quaisquer outros artigos anteriores, em virtude de não terem obtido qualquer informação nesse sentido, apesar das buscas efetuadas. Que os imóveis acima identificados em UM e DOIS lhes pertencem por compra meramente verbal que deles fizeram a António Fernandes da Silva e mulher Maria Paulino Moleirinho Fernandes, casados sob o regime da comunhão geral, já falecidos, residentes que foram na Rua do Carvalho, número 17, lugar de Rossio ao Sul do Tejo, freguesia de Abrantes (São João), concelho de Abrantes, e que o imóvel identificado em TRÊS lhes pertence por compra meramente verbal que dele fizeram na quota-parte de um terço indiviso ao referido António Fernandes da Silva e mulher Maria Paulino Moleirinho Fernandes, na quota parte de um terço indiviso a Maria da Conceição Pires Moleirinho e marido Joaquim Moleirinho, ele já falecido, casados que foram sob o regime da comunhão geral, residentes na Rua Vale da Pedra, número 14, lugar de Cabeça das Mós, freguesia e concelho de Sardoal, e na restante quota parte de um terço indiviso por compra a Maria da Conceição Machado Moleirinho e marido Luís Moleirinho, ele já falecido, casados que foram sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes na Rua de Santa Maria, número 37, freguesia de Moita do Norte, concelho de Vila Nova da Barquinha, todas as aquisições dos referidos imóveis identificados nas verbas UM, DOIS e em TRÊS foram feitas em data que não sabem precisar, mas que situam no ano de mil novecentos e noventa e oito, e portanto há mais de vinte anos. Que desde que as mesmas foram efetuadas até esta data, sempre eles justificantes usufruíram dos citados imóveis, ininterruptamente à vista de toda a gente, sem oposição de quem quer que seja, com a consciência de utilizarem e fruírem coisas exclusivamente suas, adquiridas de anteriores proprietários, cultivando-os, limpando-lhes o mato e deles retirando os seus normais frutos, produtos e utilidades. Que em consequência de tal posse, em nome próprio, pacífica, pública e contínua, adquiriram sobre os ditos imóveis o direito de propriedade por usucapião, não tendo em face do modo de aquisição, documento que lhes permita comprovar o seu direito de propriedade perfeita. Está conforme. Cartório Notarial de Vila de Rei, a cargo da Notária Maria da Conceição Fernandes Ribeiro Martins, dezasseis de julho de dois mil e vinte.

O Executivo da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha aprovou por unanimidade a atribuição de subsídios a onze associações e coletividades do concelho, num total de 13.200 euros. Para o presidente do Município, estes apoios servem “para manter vivas as associações” porque “embora eles não façam as atividades”, o objetivo do subsídio é justificado por Fernando Freire “porque elas são uma essência do território e continuam a ter as suas despesas como água, luz…”. “Não podemos deixar morrer as forças vivas do concelho”, declarou o presidente da Câmara que explica que “ainda hão-de vir outros”. “A filosofia é simples e é esta: já que as associações são fundamentais para a estratégia, nomeadamente em termos sociais de utilização da cultura, do desporto e das atividades lúdicas, é não deixá-las cair e continuar a apoiar na sequência que vem do anterior”, declarou Fernando Freire. Nas propostas aprovadas pode ler-se que “o Município considera que as associações culturais e desportivas prestam um inestimável serviço à comunidade, a quem possibilitam o acesso à fruição cultural e à prática desportiva e preservação de memórias coletivas e identitárias do território”. O Município barquinhense considera ainda que “tal serviço se encontra prejudicado pelas limitações e condicionalismos da situação de pandemia Covid-19 e a aplicação de medidas de contingência, decretadas pelo Governo e aplicadas pela Direção-Geral da Saúde”. Como tal, “importa conferir uma proteção especial aos agentes culturais, recreativos e desportivos envolvidos na realização dos eventos não realizados em virtude da pandemia”. As onze propostas foram aprovadas por unanimidade e apoiadas as seguintes associações: Grupo Barquinha Saudosa (1500€); Associação Cultural Payo de Pelle (500€); Associação Viver entre Amigos (AVEA) (500€); Centro Cultural e Desportivo Limeirense /CCDL (1000€); Centro Cultural e Desportivo de Praia do Ribatejo (450€); Clube União de Recreios de Moita do Norte (3000€); Clube Náutico Barquinhense (1000€); Grupo Folclórico “Os Pescadores de Tancos” (2000€); Grupo Coral de Tancos (2000€); Mar e Saudade / Associação de Defesa do Património Cultural (250€) e CLUPEDESTA (Clube de Pesca de Tancos) (1000€). Patrícia Seixas


FOTOREPORTAGEM /

Por Sónia Pedro

DES-COVID-AMENTO EM ABRANTES

Resultado da cadeira de Fotojornalismo da Licenciatura de Comunicação Social na ESTA Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, da responsabilidade da Prof. Hália Santos Costa e do Prof. António Ventura, o presente projeto retrata o retomar do Mercado Municipal de Abrantes, no início do período de desconfinamento da COVID 19. As pessoas, as dinâmicas sociais e a utilização dos espaços da cidade numa época que coloca novas regras e restrições aos relacionamentos humanos."

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DESPORTO /

PR3-MAC-ROTA DO CARVOEIRO 3000 - Praia Fluvial do Carvoeiro

Percurso Enquadrada na Freguesia com o mesmo nome, a “Rota do Carvoeiro”, permite um contacto com o planalto norte do Concelho de Mação, entre as Aldeias e a bonita Praia Fluvial. As cores, os sons e os cheiros, criam no pedestrianista uma sensação de paz e calma, vão tornar esta viagem, algo que apetece repetir. Inicia-se na belíssima Praia Fluvial de Carvoeiro, de toda a região do Médio Tejo a que tem mais galardões da Associação Bandeira Azul, hasteando também todos os anos as Bandeiras de Praia Acessível e de Qualidade de Ouro (atribuída pela Quercus). Desenvolve-se contactando com ribeira do Carvoeiro, até à Aldeia de Capela, onde pode ser observada a agricultura local e a sua riqueza frutícola. Aqui o pedestrianista, poderá optar entre a Aldeia da Maxieira (percurso longo) e Aldeia de Balancho (percurso curto). Após a passagem no ponto mais a Oeste da Rota, virá a Este em direção à Aldeia abandonada da Laje.

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14 anos de Bandeira Azul GPS - N 39 37.788 W 007 55.404 19 Waypoints Existem PR3.1-MAC-Variante de Balancho (2,20 Km) PR3.2-MAC-Variante de Frei João (2,20 Km)

Seguem-se mais duas Aldeias: Sanguinheira e Frei João, onde se podem observar a tipologia do casario e muitos dos costumes ancestrais destes territórios. Seguindo o percurso longo, chegamos à Fragas de Degolados, imponente formação rochosa e que permite uma vista magnifica sobre o Vale do Aziral. Recomendado para os amantes do BTT. Todo o percurso é ciclavel.

Adaptado a BTT. Percurso circular, que percorre toda a freguesia do Carvoeiro. Cada caminhante, desenha o seu percurso. Através das variantes do Balancho e Frei João. Os pontos recomendados são: / Praia Fluvial do Carvoeiro / Aldeia de Capela / Aldeia da Maxieira / Aldeia da Laje / Lagoa da Laje / Aldeia de Sanguinheira / Aldeia de Frei João / Fragas de Degolados / Aldeia de Degolados / Vila de Carvoeiro / GEOSSITIOS / GEOCACHING

JORNAL DE ABRANTES / Agosto 2020

Património Natural A nível da flora autóctone, na rota do Carvoeiro pode encontrar uma rara floresta de Azereiros, uma árvore que remonta ao tempo das florestas laurissilva na Europa. Outras espécies como o folhado, salgueiros, murta, urze roxa, urze lusitana, amieiro e sobreiro podem surgir no caminho. Nas margens das ribeiras pode encontrar o gigante feto-real que quando em condições propícias atinge alturas de 2 a 3 metros de altura. Nestas ribeiras serranas podemos encontrar a rã-ibérica, uma espécie endémica do noroeste da Península Ibérica.

Nesta área pode encontrar as 3 espécies de pica-pau existente em Portugal. O peto-verde, o pica-pau-malhado-pequeno e o pica-pau-malhado-grande. Também podemos ser surpreendidos pela rara cegonha-preta ou então por espécies mais comuns como a toutinegra-de-cabeça-preta. Com sorte, pode ainda avistar animais como a corça, o esquilo ou no topo de uma rocha o solitário melro azul. De referir a existência de uma geologia diversa com a presença das Dobras do Aziral e das estruturas sedimentares em bola de Balancho. Estas estruturas têm sido relacionadas com o movimento de glaciares, quando esta região se situava junto ao pólo sul! Destaca-se também a Fraga dos Degolados que se formaram, também, quando toda esta região estaria localizada no hemisfério sul da Terra.

Património Cultural Para além de toda a arquitectura vernacular que pode observar nas aldeias que encontra neste percurso, tem a possibilidade de

comtemplar a abandonada Aldeia da Laje. A Laje é um pequeno lugar perdido no meio dos montes, o nome deriva do facto desta pequena aldeia abandonada estar construída em cima de uma grande lage. Aquando da observação atenta das paredes e muros das casas nota-se que a maioria dos blocos são característicos da unidade geológica que lhes serve de suporte à construção. A memória popular conta que em tempos a propriedade pertencia a uma única família, mas aquando da morte do dono foi herdada por dois irmãos que depressa se envolveram em disputas pelas terras. A solução passou pela divisão da propriedade, pelo que se observam duas casas em ruínas de maiores dimensões. A zona é muito fértil e ainda hoje alguns habitantes locais plantam nos campos milho verde para pasto. A água é proveniente de uma grande lagoa que existe perto. Um pequeno passeio em redor das ruínas permite ver muitas estruturas de apoio como tanques, eiras, fornos e no interior da maior casa é possível observar pelos vários níveis de telhado as múltiplas reconstruções que foram feitas ao longo dos anos devido a crescimento da família.


EDUCAÇÃO /

Agrupamento de Escolas n.º 1 vê aprovado Plano de Inovação

/ Escola sede do Agrupamento de Escolas N.º 1 de Abrantes tica do conhecimento, estimulando permanentemente a perceção, a caracterização e a solução de problemas, de modo a que o aluno trabalhe conceitos de uma forma consistente, refazendo esses problemas em estruturas cognitivas cada vez mais complexas”. De acordo com o PI do Agrupamento de Escolas n.º 1 de Abrantes, a organização/avaliação passa a ser semestral, deixando de ser por períodos letivos. Assim, tendo em conta o princípio de que a garantia do sucesso educativo assenta na qualidade das oportunidades de aprendizagem que se proporcionam na sala de aula, para o qual concorre a avaliação sistemática, ao serviço da aprendizagem (pelo professor e pelo aluno), “emerge como fator primordial um tempo mais alargado e mais dinâmico, focado na qualidade e interação

“ As novas soluções pensadas, estruturadas num quadro de reflexão constante, são o caminho”

que proporcione uma maior disponibilidade para a aprendizagem até ao final do ano letivo”. Outro aspeto fundamental, que o Agrupamento considera, é a informação sobre os resultados da avaliação formativa que têm de ser fornecidos ao aluno e respetivo encarregado de educação. Deste modo, em consequência, aumentará a possibilidade de o professor “reorientar” as suas estratégias e do aluno poder alterar as suas metodologias de trabalho e a sua forma de estar na sala de aula, num período de tempo mais consentâneo com o pretendido. O Plano de Inovação que o Agrupamento de Escolas n.º 1 de Abrantes vê agora aprovado, não é apenas mais um plano, “mas sim um exercício de autonomia e de flexibilidade curricular, tendo em conta os contextos das várias escolas que o compõem. Com este

plano, este Agrupamento pretende alcançar uma maior intencionalidade pedagógica, sendo o professor um mediador/fomentador do processo ensino/aprendizagem, criando espaços/atividades de aprendizagem apelativos e o aluno um aprendente participativo, que interage e reflete sobre a sua aprendizagem, relacionando conteúdos significativos de várias disciplinas, em simultâneo”. O Agrupamento de Escolas n.º 1 de Abrantes acredita que “não é possível resolver problemas novos, que a sociedade e a educação hoje enfrentam, com soluções velhas. As novas soluções pensadas, estruturadas num quadro de reflexão constante, são o caminho que este Agrupamento pretende percorrer, para desenvolver nos seus alunos a capacidade de compreender as razões por detrás das coisas, ler, sonhar, falar e encontrar soluções por si próprio e, ao mesmo tempo, passar-lhes princípios éticos e valores humanistas que lhes permitam ser homens e mulheres livres”. Ainda segundo a vereadora Celeste Simão, o PI tem uma vigência de quatro anos e será implementado já no próximo ano letivo. “É um plano que vai dar à comunidade educativa, tanto a professores como alunos, a oportunidade de fazer um trabalho diferente”, disse. A vereadora disse-se “muito satisfeita que este plano tenha sido aprovado por unanimidade no Conselho Pedagógico, no Conselho Geral e agora pela Secretaria de Estado. Isto para nós é importante porque teve o envolvimento de todos os professores e foi um plano construído pela comunidade educativa. E é isso que nós queremos, que as coisas comecem a partir de baixo porque só assim é que elas ficam devidamente alicerçadas no território”, concluiu Celeste Simão.

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O Agrupamento de Escolas n.º 1 de Abrantes que no anterior ano letivo iniciou um novo modelo de avaliação, viu aprovado pelo secretário de Estado Adjunto e da Educação, o Plano de Inovação (PI), que irá aplicar a partir de setembro. A notícia também em reunião da Câmara Municipal de Abrantes, com a vereadora Celeste Simão a explicar que se trata de um Plano que “pretende ter um sistema aberto de trabalho”. Este plano de inovação visa “consolidar a nova abordagem relativa à Avaliação ao serviço das aprendizagens, em todas as escolas do Agrupamento, promovendo aprendizagens indutoras do desenvolvimento de competências de nível mais elevado, permitindo a gestão do currículo de forma flexível e contextualizada. O PI visa ainda uma alteração organizativa e de gestão curricular na Escola Básica do Rossio ao Sul do Tejo, para todos os anos do 1.º ciclo, e na Escola Básica e Secundária D. Miguel de Almeida, para os 5.º e 6.º anos. Pretende-se que, através deste plano, as Escolas Básica do Rossio ao Sul do Tejo e Básica e Secundária D. Miguel de Almeida, em particular, promovam uma autonomia responsável e solidária, onde todos possam aprender uns com os outros, e onde se desenvolvam e consolidem os valores que constam do perfil do aluno”, avança o Agrupamento. O PI aplica-se a todas as escolas/ anos do Agrupamento de Escolas n.º 1 de Abrantes. Pretende-se que, “de forma mais significativa, se promova o autoconhecimento, fazendo com que a aprendizagem seja um processo social em que os alunos, a partir da sua experiência, constroem significados. Pretende-se também valorizar as aprendizagens significativas numa perspetiva interdisciplinar e holís-

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Agosto 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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POLÍTICA / ALTERNATIVAcom questiona executivo sobre campos de padel e política de equipamentos desportivos Após as notícias de que este verão a Câmara de Abrantes vai instalar dois campos de padel no Aquapólis, margem norte, junto ao polidesportivo que ali está instalado, o movimento ALTERNATIVAcom emitiu um comunicado sobre o assunto. “A decisão, imprevista e anunciada de surpresa, gerou diferentes reações na comunidade, umas de apoio, outras de rejeição, pondo em causa a narrativa da edilidade de que "não pode fazer tudo ao mesmo tempo", pode ler-se neste texto do movimento que apresentou Vasco Damas como candidato a presidente da Câmara de Abrantes em 2021. O movimento revela que “defende a promoção e o investimento consistentes no desporto abrantino, tanto em modalidades clássicas e consagradas como em novas modalidades que tenham adesão e sustentabilidade, aplicando bem o dinheiro dos contribuintes. Abrantes tem uma forte tradição polidesportiva e a educação e cultura físicas são essenciais ao bem-estar e desenvolvimento da sociedade, reforçando a cidadania e a democracia”. Depois, escreve o movimento que vê “com bons olhos a existência no nosso concelho de equipamentos vocacionados para a prática de Padel e desejamos que esta modalidade, tal como outras, mereça a adesão entusiástica dos nossos concidadãos. Todavia, temos um conjunto de preocupações relacionadas com

os processos de decisão e gestão camarários, não apenas neste caso concreto, mas também nos que temos observado ao longo dos anos, da responsabilidade da atual vereação e maioria política”. E pede ao executivo camarário que “divulgue o estudo de viabilidade desportiva, técnica e financeira que suporta a decisão tomada; Divulgue a versão inicial e revista do projeto do Aquapolis Norte (bem como do Aquapolis Sul) – infraestruturas, equipamentos e programação anual de atividades; Divulgue o estado de conservação de todos os parques e equipamentos desportivos municipais e de freguesia; Divulgue a taxa de utilização de todos os parques e equipamentos desportivos municipais e de freguesia; Divulgue os resultados obtidos e os previstos para todos os projetos desportivos de iniciativa ou com apoio financeiro municipal; Divulgue os impactos desportivos, turísticos, económicos e financeiros dos investimentos rea-

lizados pelo município na área do desporto e atividade física; Esclareça quando tenciona concretizar os projetos desportivos (e outros) aprovados no âmbito do Orçamento Participativo de Abrantes de 2018 (OPA'18), cuja conclusão estava prevista para 2019”. No mesmo comunicado pode ainda ler-se que: “o movimento ALTERNATIVAcom reconhece a prevalência, entre os cidadãos abrantinos, de um sentimento de incredulidade resultante da falência de compromissos anteriores, como o desígnio "Abrantes, Capital do Basebol" ou os projetos aprovados no âmbito do OPA'18 – que já deviam ter sido concretizados – e não se revê na afirmação leviana, voluntarista e experimentalista proferida pelo edil de que "vamos instalar os courts e ver o dinamismo que a comunidade lhe vai dar, e cá estaremos para avaliar o futuro". E o ALTERNATIVAcom conclui o seu texto a exortar “o executivo camarário a respeitar os direitos de oposição (Lei n.º 24/98), dando resposta cabal e atempada às questões legitimamente colocadas, e reitera o compromisso de investir de forma robusta e coerente, caso venha a formar executivo camarário, na cultura física e desportiva em todas as freguesias do concelho, respeitando processos de decisão e gestão racionais, planeados, sustentáveis e transparentes”.

Hugo Costa eleito presidente da distrital de Santarém do PS O deputado socialista Hugo Costa foi eleito presidente da Federação Distrital de Santarém do PS, com 97,5% dos votos, sucedendo ao também deputado António Gameiro. Sob o mote Proximidade e Confiança | Um PS Para Todos , o novo líder distrital do Partido Socialista, cuja lista foi a única concorrente ao cargo, obteve 547 dos 561 votos, numa eleição que decorreu em contexto de pandemia, com horário alargado e medidas de proteção COVID aplicadas. Hugo Costa, deputado à Assembleia da República, sucede assim a António Gameiro, também deputado, que assumiu recentemente a Presidência da Concelhia de Ourém. Hugo Costa afirmou que será “intransigente” na defesa da região, dando prioridade às questões ambientais, prometendo particular atenção aos problemas dos rios, mas também às questões demográficas e à necessidade de políticas de fixação das populações. Quando os resultados foram conhecidos, Hugo Costa afirmou

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estar “contente e reconhecido aos militantes do distrito. O resultado representa um voto de confiança claro no trabalho que tenho vindo a desenvolver, mas representa também uma responsabilidade que me impele a prosseguir o caminho da defesa dos ideais do partido a nível regional, mas também a continuar e aprofundar o caminho de afirmação da Federação de Santarém em Lisboa”. A defesa da regionalização e a preparação das eleições autárquicas de 2021 são outras prioridades, disse

JORNAL DE ABRANTES / Agosto 2020

o presidente da distrital. Hugo Costa afirmou que, além da manutenção da liderança nos 13 dos 21 concelhos do distrito, o PS vai tentar recuperar municípios que já tiveram gestão socialista no passado, como é o caso da capital do distrito. O novo presidente da distrital socialista de Santarém referiu ainda a defesa do Serviço Nacional de Saúde na região e a necessidade de “novas formas de fazer política”, tendo em conta as alterações trazidas pela pandemia da covid-19, nomeadamente no agravamento das desigualdades. A pandemia obrigou ao adiamento da votação, que decorreu nas 21 concelhias, e que, além da eleição do novo presidente da Federação Distrital, passou também pela eleição de Mara Lagriminha para a estrutura distrital das Mulheres Socialistas Igualdade e Direitos e pela votação nas 21 listas de delegados subscritores da Moção Global de Estratégia "Proximidade e Confiança - Um PS para Tod@s", apresentada por Hugo Costa.

OPINIÃO /

José Alves Jana FILÓSOFO

O

rio Zunk foi declarado bacteriologicamente puro: estava tão poluído que era ali impossível qualquer forma de vida. O governo teve de decidir-se e adoptar medidas de recuperação. E a vida começou a regressar: primeiro os grandes peixes e os anfíbios, depois os peixes menores, por fim as formas de vida unicelulares. Hoje, o processo é visto como um êxito. Mentira. É tudo mentira, desde o nome do rio até aos efeitos da intervenção. Não é assim – nunca – que as coisas se passam. É ao contrário: primeiro as formas de vida unicelulares, depois as formas de vida intermédias e, finalmente – ou seja: só no fim – as formas de vida maiores. Veja-se, por exemplo, o que se está a passar com as zonas em que a floresta ardeu. É a lei da natureza, isto é, de como se passam as coisas, repita-se. De baixo para cima. Contudo, a economia tem a pretensão de ter êxito pela via inversa. Se quer recuperar o país, o melhor é trazer grandes empresas que criem emprego e, como um chapéu de chuva, pinguem emprego de cima para baixo. Se quer dinamizar o interior, o melhor é captar empresas que venham criar emprego. E, se olharmos para o país real e a Europa económica, vemos como as pequenas empresas têm vindo a ser martirizadas, em nome de normas de boa qualidade, numa aposta continuada nas grandes empresas: que têm impacto no PIB, que produzem para exportação, que criam inovação, que… Ou seja, é todo um processo de cima para baixo, que tem vindo a dar o resultado que se vê. Num país pobre mas em desenvolvimento, é da economia informal que surgem as pequenas iniciativas empresariais e destas surgem, por desenvolvimento, algumas maiores, criando assim uma dinâmica económica em que assentam algumas grandes empresas que sentem o ambiente como atractivo. Na Europa e em Portugal, nada de economia informal e basta tentar criar uma pequena empresa para perceber como é que as coisas mordem: nas canelas do

O guarda-chuva É a lei da natureza de como se passam as coisas: de baixo para cima.

apregoado empreendedor. Não, das grandes empresas é que virá o futuro. É a teoria do guarda-chuva: pensa-se que o desenvolvimento pinga de cima para baixo. Depois queixamo-nos de que o Poder está prisioneiro das grandes empresas, dos grandes investidores, dos poderes não referendados. Pois se, por definição, são eles que podem. Que podem fazer o que precisa de ser feito. Não sou economista, não tenho autoridade para apregoar doutrinas neste domínio. Mas a verdade é que o que vejo me faz pensar: as coisas estão viradas do avesso. E ninguém gosta de sair à rua com a roupa do avesso. Dizem que dá sorte, mas o avesso que eu vejo só parece dá azar. Assim não vamos lá, digo eu (ao contrário do que dizem os encartados). Ao contrário do que seria de esperar, o guarda-chuva pinga alguma água, é certo, mas esta acaba por se evaporar antes de chegar ao chão gretado pela seca. Eu sei, a urgência, um interior envelhecido, a falta de capital, as regras dos fundos disponíveis (que funcionam numa lógica invertida!!!), a falta de tempo… Pois, uma floresta leva anos a recuperar. Só a economia é suposto ser instantânea. Como o pudim. Sendo assim, o que temos sobre a mesa? Do desenvolvimento, é claro.


CULTURA / OPINIÃO /

N

Zahara pandemias e

outras histórias no n.º 35 da revista

O CEHLA - Centro de Estudos de História Local da Associação Palha de Abrantes apresentou, no dia 23 de julho, o número 35 da Revista de História Local Zahara, a qual se publica com uma periodicidade semestral, ininterruptamente, há 18 anos. A apresentação decorreu na esplanada do Espaço Sr. Chiado, na Praça Raimundo Soares, em Abrantes, cumprindo todas as regras de segurança devido à pandemia de Covid-19 como o distanciamento social e a obrigatoriedade do uso de máscara. E nesta edição, os tempos que vivemos não foram esquecidos como nos explicou José Martinho Gaspar, diretor da publicação. “Os vírus ao longo da história são uma das temáticas que acabaram por vir à baila. Achámos interessante tentar perceber como é que as epidemias, as pandemias, as pestes e as doenças acabaram por marcar a história na nossa região”. Assim, são apresentados trabalhos de três autores sobre pestes e epidemias em Abrantes, Constância e Mação. Joaquim Candeias da Silva escreve “em relação a Abrantes, uma perspetiva alargada destas doenças e destas pestes ao longo do tempo”, Jaime Marques da

A revista de História Local Zahara publica-se, ininterruptamente, há 18 anos Silva, de Mação, escreve “sobre um período muito específico da chamada peste pequena há alguns séculos” e António Matias Coelho, de Constância, debruça-se sobre “um período relativamente mais recente, sobretudo do século XIX” Com estes três artigos, “procura-se dar a imagem de que isto não é uma coisa nova, aliás, estas doenças são coisas que vêm de longa data. E é curioso vermos nestes artigos que as estratégias e os próprios medos e a forma como as pessoas reagiam na altura, acabam por ter alguma semelhança com aquelas que acontecem na atualidade”. Para além dos vírus, “temos um artigo sobre D. Luís, Infante de Portugal, filho de D. Manuel que nasceu em Abrantes e que teve uma ligação importante e há aqui uma data redonda que se cumpre. Sobre uma outra realidade que as pessoas têm muita curiosidade e falam muito que

são os crisântemos e Placas Ajardinadas (Abrantes Florida), do José Vieira. Também ainda sobre o antigo Mercado Municipal, uns interessantes painéis de azulejo que estão na parte superior das duas entradas, e a Teresa Aparício faz um trabalho sobre isso. Da Barquinha, quando o Tejo passava por um sítio diferente daquele da atualidade, é um trabalho do próprio presidente da Câmara, Fernando Freire. E há mais algumas curiosidades”, adianta José Martinho Gaspar que ainda destaca o “curioso” Arquivo da Comenda, no concelho de Gavião, por Jorge Branco, ainda um projeto sobre as escolas na zona de Cardigos, no concelho de Mação, a questão dos seminários de Mação e Gavião e a Fonte Velha, uma peça de teatro no Sardoal, que ficou na referência dos sardoalenses e o Mário Jorge de Sousa conta-nos essa história. Histórias de gentes e memórias dos dos concelhos de Abrantes, Constância, Gavião, Mação, Sardoal, Vila de Rei e Vila Nova da Barquinha. A cerimónia de apresentação da Zahara serviu ainda para comemorar os 25 anos da Associação Palha de Abrantes. Patrícia Seixas

os últimos dois meses verificou-se uma disparidade significativa entre o discurso político e a realidade no combate global à pandemia. Após o fim dos confinamentos, muitos governos hastearam a bandeira da vitória e subiram aos púlpitos com discursos triunfalistas. Os sorrisos de outrora mostram agora semblantes carregados. Se houve uma estratégia para o confinamento, agora é claro que boa parte dos governos não tem nem planos ou coragem para aplicarem as medidas necessárias para controlarem o regresso em força do vírus. E para piorar a situação, boa parte das pessoas retomou os seus hábitos sociais antigos, ignorando todas as recomendações das autoridades de saúde pública. Mas no fim de contas, as pressões da opinião pública e, acima de tudo, dos agentes económicos, para a reabertura da economia e da sociedade soaram mais alto. Isto porque pelo meio continua a haver eleições para ganhar e sondagens de popularidade política que é necessário alimentar. Contudo, a comunidade científica estava certa. Enquanto não for possível reduzir para níveis seguros o número médio de contágios causados por cada pessoa infetada, o número de contágios diários irá permanecer elevado. Ao invés disso, a comunidade científica sempre defendeu o prolongamento dos confinamentos até que este valor médio descesse consideravelmente. Contudo, agora arriscamo-nos a

uma segunda vaga de dimensões semelhantes com a aproximação do Inverno e devido à qual o risco de um novo confinamento e encerramento parcial da economia volta a ser bem real. O confinamento mostrou claramente que os países que detinham os recursos médicos necessários, humanos e materiais, e os mobilizaram rapidamente, tiveram sucesso na contenção da pandemia, Foram os casos da Coreia do Sul, da Alemanha ou da Nova Zelândia. No campo oposto estão países como os EUA, onde muitos Estados relaxaram as regras de confinamento muito cedo. Entre os círculos políticos da Casa Branca admitia-se que o custo de sacrificar uma vida humana era inferior ao de sacrificar a economia. E com isso se foi um dos direitos humanos mais importantes: o valor da vida humana é inalienável. Temporariamente, isso convenceu a opinião pública. Com a reabertura da economia, os número do desemprego baixaram (embora persistam em valores altos). Mas, nitidamente, os governos não entenderam bem a mensagem da comunidade científica. A melhor forma de retomar a atividade económica em força e segurança é garantir que o risco de contágio é baixo. Com o desconfinamento fora de controlo, uma segunda vaga parece ser um cenário cada vez mais possível. Mas com a ausência de uma vacina e com os serviços de saúde depauperados ou muitos profissionais de saúde doentes, estamos preparados para o que nos espera? PUBLICIDADE

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DESPORTO / // ENTREVISTA: INÊS SANTOS E JOANA TEIXEIRA

"Queremos ir ao encontro das necessidades individuais de cada pessoa" // Quando a maioria das competições desportivas se encontra suspensa, devido à pandemia e também por se preparar uma nova época desportiva dentro do “novo normal”, deixámos de lado o desporto de competição e conversámos com Joana Teixeira e Inês Santos, que põem muita gente a mexer nas suas aulas e que souberam encontrar novas respostas em tempo de pandemia.

A Joana sempre sonhou com uma vida na área do desporto e educação física? Qual o seu percurso de formação?

Joana Teixeira: Sim. Sempre fui uma apaixonada pelo desporto e por um estilo de vida saudável. Iniciei-me na natação aos 3 anos, tornando-me mais tarde nadadora federada. Aos 19 anos surgiu a oportunidade de vir trabalhar para Abrantes, para dar aulas de natação e aqui nasceu uma nova Paixão, o Fitness. Comecei por tirar várias especializações em aulas de grupo e mais tarde a Licenciatura em Desporto, Condição Física e Saúde, na Escola Superior de Desporto de Rio Maior.

Já a Inês, antes desta, andou por outras áreas. Como foi esse trajeto?

Inês Santos: É verdade. Eu diria que foi um percurso longo, mas ao mesmo tempo foi essencial. O desporto sempre fez parte da minha vida, aliás arrisco-me a dizer que foi parte da minha adolescência. Talvez por isso, Desporto fosse a opção mais expectável por todos os que me rodeavam, quando terminei o secundário. Mas a realidade foi outra e, entre Higiene Oral, Engenharia Civil e Cardiopneumologia, precisei de 3 anos para encontrar o que realmente me completava, Desporto.

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Como é que começaram a trabalhar juntas?

JT: A Inês era cliente no antigo ginásio Aquavital, onde eu trabalhava. Em Junho de 2016 entrei de Licença de Maternidade, e devido às características que a Inês apresentava foi-lhe apresentada uma proposta para me substituir. Quando regressei, o balanço do trabalho desenvolvido pela Inês superou as expectativas e foi-lhe feita uma proposta para ficar em regime de full-time. Precisámos de pouco tempo até percebermos que tínhamos os mesmos ideais. Queríamos mais para nós, mais para a nossa cidade, mais para as nossas pessoas e, assim, escolhemos partilhar este caminho juntas.

Onde é que desenvolviam a vossa atividade antes da pandemia? Quais as áreas das vossas aulas/ treinos?

IS: O nosso estúdio funciona no Complexo de Piscinas Municipais de Abrantes. Na tentativa de darmos resposta às várias necessidades de quem nos procura, temos à disposição, não só as mais variadas aulas de grupo, como também o serviço de personal trainer. Altamente interativas, as aulas são uma forma divertida e menos

JORNAL DE ABRANTES / Agosto 2020

mónotona de treinar. Atualmente lecionamos as seguintes modalidades: Dumbbells, BodyJump, Pump, Zumba, ZumbaStep, ZumbaKids, StrongbyZumba, Combat, GAP, HIIT e Recharge. Trabalhando num ambiente reservado e privado, onde o objetivo é a potencialização da performance individual, temos o serviço de Personal Trainer.

Quando ocorreu o confinamento, devido à Covid-19, como reagiram?

JT: Não escondemos que ficámos assustadas. Rapidamente entendemos que a situação era séria, mas não desvalorizámos a dimensão de tudo o que estava a acontecer e suspendemos de imediato todas as nossas atividades. Sentimos que era essencial mantermos as pessoas ativas e para isso tivemos que nos reinventar, e foi assim que nasceu o Live HIITStudio, o nosso estúdio online.

Neste momento, em tempo de desconfinamento, como estão a trabalhar com os vossos alunos?

IS: No dia 1 de junho, sem abdicar das aulas online, demos início às aulas Outdoor, respeitando claro, todas as medidas de higiene e segurança. As aulas funcionam todas as segundas, terças e quin-

tas-feiras, no horário das 19h15 e 19h45, no espaço exterior do Complexo das Piscinas Municipais. As nossas aulas têm um limite máximo de 20 pessoas por aula e o material utilizado é previamente desinfetado e não pode ser partilhado.

O que é a marca HIIT Studio?

IS: O HIITStudio é um sonho nosso. Nós tínhamos uma visão, não queríamos ser apenas só mais uma marca dedicada à promoção do exercício físico, saúde e bem-estar. Queríamos compreender as necessidades individuais de cada pessoa que nos procura e oferecer-lhe um serviço que fosse, não só ao encontro do seu objetivo, mas que se encaixasse nos seus horários. Usando os mesmos princípios de treino, queríamos proporcionar um treino igualmente intenso e eficaz de apenas 30 minutos. E foi assim que nasceu o HIITStudio, uma marca caracterizada pelo seu formato de 30 minutos.

Quantos alunos têm neste momento? São maioritariamente homens ou mulheres?

IS: Tivemos uma quebra devido à pandemia. Neste momento temos cerca de 60 alunos, sendo maioritariamente mulheres.

Sentem que, na nossa região, as pessoas estão a tornar-se menos sedentárias e a valorizar mais a atividade física? Há pessoas que têm muita dificuldade em dar o primeiro passo, o que lhes podem dizer?

JT: Sim, a prática do exercício físico tem vindo a aumentar consideravelmente, tal como a procura de entidades que o promovam, o que tem sido ótimo para nós. O primeiro passo é sempre o mais difícil, mas também é o mais importante. E é essa confiança que queremos transmitir a quem nos chega, que o mais difícil está feito, agora é confiar no processo e deixar tudo nas nossas mãos.

Alguma das atividades em que ministram treino tem uma componente competitiva? E as treinadoras, como veem, a título pessoal, o desporto de competição?

JT: As nossas atividades são essencialmente lúdicas. Neste momento não preparamos nenhum atleta, mas já tivemos o prazer de o fazer. Nós as duas já fizemos desporto de competição e o bichinho continua cá. José Martinho Gaspar


PATRIMÓNIO / NOMES COM HISTÓRIA / Grupo

Teresa Aparício

A capela da Senhora da Boa Viagem em Barreiras do Tejo

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uma nova forma de comunicar. ligados por natureza. 241 360 170 . geral@mediaon.com.pt www.mediaon.com.pt

Queres fazer parte da nossa equipa comercial? Envia o teu currículo para: geral@mediaon.com.pt Juntos fazemos uma região muito mais forte! nesses momentos de aflição. A imagem é relativamente pequena e pertencia, não se sabe bem desde quando, aos barqueiros do Tejo. Como ainda não havia aqui nenhuma capela, a imagem, aí pela década de trinta do século XX, estava guardada em casa de uma família conhecida pelos Calafates, nome que certamente lhe veio da sua actividade profissional. Depois e talvez por razões de segurança, esteve na igreja de S. João em Abrantes, mas pela década de quarenta regressou às Barreiras, tendo sido recebida festivamente pela população. Toda engalanada dentro de uma armação conhecida por berlinda e integrada em procissão, a imagem veio até ao largo do Caroço, onde foi rezada missa, no local onde está hoje o restaurante “O Arco”. Aí tinha a recebê-la muita gente e um grande cartaz, com uma quadra feita pelo artista abrantino José Paulos, que reflectia bem os sentimentos da população: Ó Mãe da Boa Viagem Que em saudade nos deixaste Acolhei nossa homenagem Bem-vinda porque voltaste A partir daí passou a ficar guardada em casa de famílias das Barreiras do Tejo, mas todos os anos, no princípio do Verão, se organizava uma procissão que integrava fogaças para depois serem leiloadas e fazia-se a bênção dos barcos que, enfeitados com bandeiras coloridas, esperavam a imagem que ia até às areias do Tejo para os abençoar. No Arquivo Municipal

Eduardo Campos existem várias cópias de fotos desta procissão. Juntando os fundos recolhidos nas procissões e em festas variadas, os habitantes das Barreiras do Tejo conseguiram arranjar dinheiro para construir esta capela, que foi inaugurada em 21 de Junho de 1953, passando a partir daí a ser a morada da tão venerada imagem. Curiosamente, a imprensa abrantina não fez qualquer referência ao evento, nem mesmo o “Nova Aliança”, jornal ligado à igreja. Só passados dois anos, este periódico fez uma pequena referência a esta capela e confirmava a informação que me fora dada sobre o dia da sua inauguração. A procissão continuou a fazer-se com fogaças e bênção dos barcos, nos últimos anos só de pesca pois os outros tinham desaparecido, até que pela década de oitenta, sem barqueiros nem pescadores, com a população já virada de costas para o Tejo, deixou mesmo de se realizar. A capela, bem cuidada e limpa, continua a acolher a população das Barreiras do Tejo, embora os mais jovens já desconheçam a sua história e a devoção que esteve na base da sua construção.

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Esta é uma pequena capela construída nas Barreiras do Tejo em meados do século XX e está integrada na freguesia de S. João Batista. Tem como padroeira Nossa Senhora da Boa Viagem e vamos saber porquê. As Barreiras do Tejo foi, desde tempos imemoriais, uma povoação que viveu muito virada para o Tejo e a maior parte da sua população, até à década de sessenta do século XX, dependia economicamente deste rio. Aqui viveram gerações de barqueiros, que nos seus barcos faziam o transporte de produtos, sobretudo agrícolas, para Lisboa e da capital traziam outros aqui inexistentes, mas que eram importantes para as populações do interior, como por exemplo o sal. Também aqui viveram famílias de calafates que construíam e arranjavam os barcos utilizados pelos navegantes e de que hoje ainda podemos ver marcas na toponímia local, como é o caso da Rua dos Estaleiros Além dos barqueiros, havia os pescadores que viviam do que pescavam. Na altura, no Tejo havia muitos e variados peixes: sável, saboga, lampreia, fataça, barbos, enguias, etc.. Em meados do século XX, fixaram-se por aqui alguns avieiros, originários da Vieira de Leiria, o que fez aumentar a comunidade piscatória das Barreiras do Tejo. Ora tanto os barqueiros como os pescadores tinham uma vida arriscada, porque o Tejo, sobretudo no Inverno, era perigoso e então, tal como no vizinho concelho de Constância, era a Nossa Senhora da Boa Viagem que mais se entregavam

Nota – As informações sobre a construção da capela e a devoção à Senhora da Boa Viagem foram-me dadas oralmente pelas senhoras Maria Júlia de Sousa Marcos e Maria Laura Louro, que durante muitos anos residiram em Barreiras do Tejo.

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SAÚDE / Maternidade regressou à Unidade Hospitalar de Abrantes

Calor e Temperaturas Altas: Cuidados a ter!

A Unidade de Saúde Pública do Médio Tejo, relembra que, a exposição ao calor intenso pode ter efeitos negativos na saúde. A reação de cada pessoa à temperatura e os seus efeitos na saúde podem ser diferentes, podendo variar de um ligeiro rubor, edema, síncope, cãibras e exaustão por calor, até ao golpe de calor, mas que podem ser prevenidos e evitados. Os mais vulneráveis ao calor são: • As pessoas acamadas; • As pessoas com problemas de saúde mental; • As pessoas obesas; • As pessoas que vivem em más condições de habitação, • Crianças nos primeiros anos de vida; • Os trabalhadores expostos ao sol e/ ou ao calor; • Pessoas com 65 ou mais anos; • Pessoas isoladas e em carência económica e social; • Portadores de doenças crónicas; • Praticantes de atividade física. Para a prevenção dos efeitos do calor intenso recomendam-se as seguintes medidas: • Aumentar a ingestão de água, ou sumos de fruta natural sem adição de açúcar, mesmo sem ter sede. • As pessoas que sofram de doença crónica, ou que estejam a fazer uma dieta com pouco sal, ou com restrição de líquidos, devem aconselhar-se com o seu médico assistente, ou contactar a

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Linha Saúde 24: 808 24 24 24. • Evitar a ingestão de bebidas alcoólicas ou com elevados teores de açúcar. • O s recém-nascidos, as crianças, as pessoas idosas e as pessoas doentes, podem não sentir, ou não manifestar sede, pelo que são particularmente vulneráveis - ofereça-lhes água com regularidade e esteja atento e vigilante. • D evem fazer-se refeições leves e mais frequentes. • Permanecer duas a três horas por dia num ambiente fresco, particularmente no caso de crianças, pessoas idosas ou pessoas com doenças crónicas. • N o período de maior calor tome um duche de água tépida ou fria. Evite, no entanto, mudanças bruscas de temperatura. • E vitar a exposição direta ao sol, em especial entre as 11 e as 17 horas. Sempre que se expuser ao sol, ou andar ao ar livre, use um protetor solar com um índice de proteção elevado e renove a sua aplicação sempre que estiver exposto ao sol (de 2 em 2 horas). • E vitar a permanência em viaturas expostas ao sol. Sempre que possível deve optar-se por viajar de noite. • N unca deixar crianças, doentes ou pessoas idosas dentro de veículos expostos ao sol. • S empre que possível, diminuir os esforços físicos e repousar frequentemente em locais à sombra, frescos e arejados. • Usar roupa larga, leve e fresca, de pre-

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ferência de algodão. • U sar roupas que evitem a exposição direta da pele ao sol. Usar chapéu, de preferência, de abas largas e óculos que ofereçam proteção contra a radiação UVA e UVB. • Usar menos roupa na cama, sobretudo quando se tratar de bebés e de doentes acamados. • E vitar que o calor entre dentro das habitações. Correr as persianas, ou portadas e manter o ar circulante dentro de casa. Ao entardecer, quando a temperatura no exterior for inferior àquela que se verifica no interior do edifício, provocar correntes de ar, tendo em atenção os efeitos prejudiciais desta situação. • N ão hesitar em pedir ajuda a um familiar ou a um vizinho no caso de se sentir mal com o calor. • I nformar-se periodicamente sobre o estado de saúde das pessoas isoladas, idosas, frágeis ou com dependência que vivam perto de si e ajudá-las a protegerem-se do calor. • As pessoas idosas não devem ir à praia nos dias de grande calor. As crianças com menos de seis meses não devem ser sujeitas a exposição solar e deve evitar-se a exposição direta de crianças com menos de três anos. Desfrute das temperaturas altas e do sol, mas acima de tudo proteja-se! Em caso de necessidade contacte o seu médico ou enfermeiro de família ou ligue a linha Saúde 24: 808 24 24 24.

Os Serviços de Ginecologia, de Obstetrícia e a Unidade de Cuidados Neonatais do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), regressaram à Unidade Hospitalar de Abrantes, no dia 23 de julho. Durante o período em que a maternidade esteve na Unidade Hospitalar de Torres Novas a administração do CHMT explicou que foram executadas obras de requalificação na Unidade Hospitalar de Abrantes que permitem que os Serviços de Ginecologia, de Obstetrícia e a Unidade de Cuidados Neonatais, ao regressar a esta Unidade hospitalar, ocupe a totalidade do 5.º piso, ficando desta forma protegido e, assim, reforçadas ainda mais as condições de segurança para utentes e profissionais de saúde face a esta nova realidade do Covid-19. Isto apesar de todas as dificuldades que a administração do CHMT e dos hospitais em geral têm tido em encontrar empresas que queiram fazer os trabalhos necessários em ambientes hospitalares. A Antena Livre sabe que neste caso se passou o mesmo, porque as empresas têm receios acrescidos quando têm de fazer os trabalhos em locais onde há maior presença de doentes infetados com o coronavírus ou então nas unidades de rastreio e tratamento destes doentes. Neste caso e com estas obras, a administração do CHMT garante às parturientes um circuito próprio, estanque e definido. Um circuito totalmente à parte do que existe em relação aos doentes com outras patologias. Esta mesma informação do CHMT explica que as parturientes “entram pela entrada principal, no piso 3, e vão diretamente ao piso 5, onde fazem a sua inscrição e triagem”. Por outro lado, o Bloco Cirúrgico para parturientes “não covid19” é, também, no piso 5. Ou seja, no caso de ser necessária “a realização de cesariana, esta acontecerá também no piso 5, cujo Bloco Operatório foi igualmente alvo de obras de requalificação”. Segundo a administração liderada por Carlos Andrade Costa, “com estas obras de requalificação executadas durante os últimos meses, estão reunidas as condições que permitem este regresso da maternidade à Unidade Hospitalar de Abrantes, em condições reforçadas de segurança para as grávidas e para os profissionais de saúde neste novo contexto de Covid 19”. Com este regresso da maternidade à unidade de Abrantes, a administração informa que este ajustamento “vai libertar o Bloco Operatório da Unidade Hospitalar de Torres Novas, que verá a sua atividade cirúrgica retomada e aumentada em várias especialidades cirúrgicas”. PUBLICIDADE

/ Nuno Manuel Pedro barreta / Enfermeiro especialista enfermagem comunitária UNIDADE DE SAÚDE PÚBLICA DO MÉDIO TEJO


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