Notícias do Mar n.º 406

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Pesca Desportiva

produzem, por inépcia nossa, que seja possível resolver. No mar, com ondulação, tentar desenlear um molho de nós num trançado, é um flagelo. Podemos conseguir, com grande dose de paciência, mas o mais certo é não conseguirmos mais que olhar para a faca e para os nossos pulsos. Caso essa cabeleira ocorra com o jig em baixo, e caso não tenhamos linha de reserva para substituição, (deixa-me rir...), então pode acontecer que fiquemos sem linha suficiente para chegar

com o jig ao fundo. E acabou a pesca. Logo, fixar que o jigging se faz com linhas de jigging, e não de spinning, onde se pretende uma linha macia que faça pouco atrito e permita lançar longe. No jigging não se lança, nem perto nem longe, deixa-se cair na vertical. Se o meu querido leitor é pessoa para fazer jigging com linhas de nylon, termine a leitura aqui, vá ao frigorífico, abra uma lata de cerveja e esqueça a pesca. O nylon é para fazer baixadas, terminais, é elástico, não é para

fazer pesca onde a rigidez do sistema é determinante. Utilizamos trançado sempre e de diâmetro o mais fino que nos for possível. Ponto final. Não tentem pescar com jigs ligeiros e fios grossos, é ridículo. O “coeficiente de cagaço” de levar linhas fortes para não perder peixes grandes é aquilo que nos impede de ter picadas de peixes grandes. Temos mãos exactamente para isso, para trabalhar o peixe. Não me canso de dizer aos meus alunos: aquilo não é para ver quem tem

Luis Lemos, com um robalo de 2.250 kgs que se lançou sem receios a um vinil. O Light Rock Fishing no seu melhor. 62

2020 Outubro 406

mais força. O peixe quer ir embora, deixamos ir. A seguir, …volta. É uma necessidade absoluta pescar tão fino quanto possível. A corrente leva-nos os jigs para longe, se pega na linha. Quanto mais fina menos sensível à pressão da corrente, logo, mais pescamos na vertical, logo melhor animação damos ao jig, logo mais peixe ferramos. Uma corda grossa não nos transmite informação de toques subtis. Existem trançados de gama alta, mais caros sim, mas mais capazes de nos transmitir linha acima as ondas de choque da picada de um peixe. Se fizermos contas, ganhamos em comprar uma linha de 30 euros, em detrimento de uma de 9 euros. Porque o primeiro robalo grande que sentirmos ou não sentirmos, já pagou a mais cara. E vamos à pesca para pescar, não para “não pescar”. Uma linha fina boa tem o mesmo nível de resistência à rotura de uma linha ruim, mais grossa. Vejam as tabelas. Fabricam-se linhas trançadas de 4 fios, 8 fios, 12 fios. Há medida que vamos subindo na qualidade, vamos subindo no preço. No fim de tudo, as linhas de diâmetros mais finos conseguem fazer igual ao que as outras só conseguem adicionando grossura. Voltando ao tema central, e em resposta a essa pessoa que fazia spinning e passou a fazer jigging vertical, a resposta é esta: é natural que se tenha sentido incomodado por não ser capaz de reproduzir dentro do barco do seu amigo a mesma capacidade e segurança que sente quando pesca de terra. Na verdade, são técnicas diferentes, exigem equipamentos diferentes, e técnicas de pesca diferentes. Todavia, para pescar o mesmo peixe...


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