Garotas de Vidro

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Ela acaricia meus ombros com dedos de pedra. —Lia, querida? Você está morrendo. Um pouco de tontura, certo? Sente-se terrivelmente esquisita? Seu coração está prestes a parar. Eu empurro a mão dela. —Eu não quero jogar. —Você não tem escolha. Este é o seu destino. Está na hora. Ela me alcança novamente. Finas trilhas de fluxo de névoa vêm de seus dedos e se envolvem ao redor de meus braços. — Relaxe. Não vai doer tanto assim. —Eu quero ir para casa. —Olhe para os dois lados antes de atravessar. —Eu tenho que ensinar a Emma como fazer tricô. Eu prometi. —Conseguirão um DVD para ela. —Mas, eu não quero. Ela fala devagar. —Seus rins falharam algumas horas atrás. A fome mais a desidratação mais a exaustão chegaram a uma quase superdose? Bom trabalho, Lia – Lia. Bom trabalho, de fato. Seus pulmões estão enchendo. Apenas mais alguns minutos. Relaxe.” Ela se inclina para frente e exala uma coroa de neblina que cai sobre como fumaça de uma fogueira. Meu coração fracassa uma vez. Eu tento respirar. Meus pulmões não se expandem. Por um momento,um momento de caixão de vidro,eu quero desistir. Congelar. Sangrar. Render-me tornaria mais fácil de engolir. Eu poderia dormir para sempre.


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