p o e m a
Ciclos da Pedra e do Cão Rubens Lemos Na rua existe um cachorro latindo as broncas da noite.
Esse latido se cala durante a hora do dia.
É que o cachorro sabe pertencer o dia ao homem.
Quando é dia, brigue o homem; se é noite, o cão tome conta.
Rubens Lemos (Santana do Matos, 1941 – Natal, 1999) foi jornalista em tempo integral desde os 17 anos. O combate à ditadura militar levou-o à prisão, onde foi torturado, e posteriormente ao exílio no Chile. Estreou na poesia com Ciclos da pedra e do cão, em 1978, seu único livro. Segundo Ticiano Duarte, “sofreu amarguras e decepções, mas sempre continuou sonhando com um Brasil mais justo”.
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