Revista abcc edição novembro 2016 fenacam 2016

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Camarões da espécie Litopenaeus vannamei, infectados com o vírus, nem sempre apresentam sinais clínicos da doença (assintomáticos) ou manchas cuticulares. Ainda assim, a ausência de manchas não significa necessariamente que o camarão não esteja infectado. Nestes casos, deve-se recorrer a técnicas de detecção mais sensíveis, como os métodos moleculares, incluindo o PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) ou o PCR quantitativo em tempo real (qPCR). Segundo a literatura, os principais sinais clínicos da Mancha Branca no L. vannamei são: (1) camarões letárgicos, exibindo um nado lento na superfície e próximo aos taludes; (2) repentina redução no consumo de ração; (3) corpo com uma coloração rosada a pardo-avermelhado (cor telha colonial); (4) leque caudal e cauda vermelha associada à expansão de cromatóforos; (5) mortalidade de até 100% nos primeiros 3 a 10 dias após a exibição dos sinais clínicos; (6) morte de camarões no fundo dos viveiros, e; (7) manchas brancas de 0,5 mm a 2,0 mm de diâmetro no interior da superfície do exoesqueleto, resultante de um depósito anormal de sais de cálcio. Em alguns casos, as manchas somente são visíveis com o uso de uma lupa com pelo menos 7x de aumento. A ocorrência de uma grande quantidade de aves, em especial garças próximas aos taludes dos viveiros, é um indicativo da presença de camarões mortos. Entretanto, os produtores devem ficar atentos à dinâmica das mortalidades nos viveiros e a forma em que estas se propagam dentro da propriedade e em áreas adjacentes a fazenda. As mortalidades de camarões podem ocorrer em três eventos isolados: 1º evento: 30 dias após o povoamento do viveiro; 2º evento: em camarões com 3,5 – 4,0 g, independente do tempo de estocagem, e; 3º evento: camarões entre 8,0 - 10,0 g, este nem sempre ocorre. Depois de um certo período passa a predominar apenas o 1º evento. Avaliação Presuntiva da Mancha Branca na Fazenda A fi xação de camarões frescos suspeitos de infecção com o vírus da Mancha Branca pode ser utilizada para um diagnóstico presuntivo da doença. Para isto, deve-se selecionar camarões moribundos com apêndices e telsum avermelhados e que se suspeita estarem infectados pela Mancha Branca. Os animais coletados devem ser dissecados a fi m de remover as brânquias, os apêndices ou o estômago (proventrículo). O material removido deve ser macerado com água destilada e espalhado em uma lamina laboratorial. A amostra é fi xada na lamina pingando uma pequena quantidade de álcool metílico na amostra ou através de um aquecimento da amostra em uma chama. Posteriormente, a amostra deve ser tingida com uma solução de Giemsa, Wright ou verde de malaquita. Mediante este tingimento, as células dos tecidos infectados mostrarão núcleos hipertróficos e a cromatina com um ajuste marginal. Em organismos severamente infectados, observações ao microscópio são de grande utilidade já que em menos de 1 h pode-se obter um diagnóstico. Além disso, pode-se observar corpos de inclusão intranucleares, elementos de diagnóstico presuntivo que reforçam a presença da Mancha

Branca. No entanto, é importante salientar que a presença de corpos de inclusão intranucleares também é sugestiva para a doença causada pelo vírus da infecção hipodermal e necrose hematopoiética (IHHNV), requerendo assim, a confi rmação da Mancha Branca por métodos moleculares de detecção. Inúmeros kits rápidos para o diagnóstico molecular do vírus da Mancha Branca estão disponíveis no mercado. Estes kits possibilitam a análise de camarões com suspeita do vírus da Mancha Branca de forma rápida. Entretanto, apenas dois kits comerciais foram certificados pela OIE (Organização Internacional de Epizootias) para tal propósito, o “IQ 2000TM WSSV Detection and Prevention System” e o “IQ PlusTM WSSV Kit with POCKIT System (Genereach Biotechnology Corporation, Taichung, Taiwan). O último kit opera com um instrumento compacto e portátil para um diagnóstico dentro de 1 h do WSSV a nível de fazenda. Segundo a OIE, os kits devem ser empregados para: (1) certificar-se da ausência da infecção em camarões ou produtos para propósitos de comercialização ou transporte; (2) para confi rmar o diagnóstico de casos suspeitos ou clínicos (confi rmação do diagnóstico por histopatologia ou sinais clínicos); (3) para estimar a prevalência da infecção visando facilitar uma análise de risco. Análise Confirmatória da Mancha Branca Muito embora seja possível obter um diagnóstico presumível da Mancha Branca na fazenda, o ideal é que métodos de maior sensibilidade e precisão sejam adotados, a exemplo de técnicas que empregam o princípio da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). A detecção viral por PCR consiste no reconhecimento e amplificação de fragmentos genéticos virais a partir de pequenas sequências nucleotídica específicas, “primers” que flanqueiam uma determinada região do genoma viral. Dentre as diversas modalidades de PCR, a PCR quantitativa em tempo real (qPCR) permite a determinação do número de cópias do WSSV em amostras de camarão, água ou solo de viveiros de cultivo. O monitoramento do número de cópias virais por qPCR pode, juntamente com a análise de sinais clínicos da doença, revelar o grau de severidade da infecção, sendo de fundamental importância para a tomada de decisões quando da continuidade ou não dos ciclos de produção em cultivos infectados. A qPCR tem sido amplamente utilizada no diagnóstico molecular de enfermidades virais, sendo o método mais preciso e exato para detecção e quantificação do complexo viral Síndrome da Mancha Branca (WSBV) em camarões peneídeos (Figura 6). Algumas larviculturas comerciais no Nordeste dispõem de equipamentos de qPCR e realizam a análise de forma rotineira, para fi ns de uso exclusivo ou para terceiros. Este serviço é prestado por laboratórios de pesquisa localizados em universidades e por empresas privadas, entre estas: (1) Centro Multidisciplinar em Biopatologia de Organismos Aquáticos, Universidade Estadual do Maranhão. Contato: Prof. Revista ABCC | 33

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