Critica da razao pura immanuel kant

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como efeitos empíricos ou como algo que é e que não nasce. A necessidade, pois, refere-se somente às rela ções de fenômenos segundo a lei dinâmica da causalidade e à possibilidade, por nós fundamentada, de deduzir "a priori" de uma existência dada (uma causa) outra existência (o efeito). Tudo o que acontece é hipoteticamente necessário; é este um princípio que submete a mudança no mundo a uma lei, isto é, a uma regra da existência necessária, sem a qual a própria Natureza não poderia existir. Por este motivo, o princípio: nada acontece por acaso "in mundo non datur casus", é uma lei "a priori" da Natureza, O mesmo acontece com este outro: não há na Natureza uma necessidade cega, senão condicional, e, por conseguinte, inteligente "non datur fatum". Estes dois princípios são leis que submetem o jogo de mudanças a uma "natureza de coisas (como fenômenos), ou seja, à unidade intelectual, na qual somente pode pertencer à experiência considerada como unidade sintética de fenômenos. Ambos são dinâmicos. O primeiro é propriamente uma conseqüência do princípio de causalidade (sob as analogias da experiência). O segundo pertence aos princípios da modalidade, que acrescenta à determinação causal, o conceito de necessidade, porém, necessidade sujeita, sem embargo, a uma regra do entendimento. O princípio da continuidade impossibilita qualquer salto "in mundo non datur saltus" na série de fenômenos (das mudanças) e ao mesmo tempo toda lacuna ou vazio entre dois fenômenos no conjunto de todas as intuições no espaço ("non datur hiatus"). Este princípio pode enunciar-se assim: nada existe na experiência que prove um "vacuum" nem que apenas o permita como uma parte da síntese empírica. Porque este vazio, que pode ser concebido fora do campo da experiência possível (do mundo), não está dentro da jurisdição do Entendimento somente, o qual unicamente se refere às questões relativas ao uso dos fenômenos dados em relação ao conhecimento empírico, sendo além disso um problema para a razão idealista, que foge da esfera de uma experiência possível para julgar o que circunda e Limita esta mesma esfera. Esta é, portanto, uma questão que deve ser examinada na dialética transcendental. Poderíamos com facilidade representar esses quatro princípios "in mundo non datur hiatus, non datur saltus, non datur casus, non datur fatum" como todos os demais princípios de origem transcendental, na sua ordem, conformando-nos o seu lugar, mas o leitor experimentado fá-lo-á por si mesmo ou encontrará com facilidade o caminho condutor para isso. Esses princípios confirmam todos em que não permitem nada na síntese


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