Como se casar com um marquês

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Elizabeth fechou a porta da Casa Danbury ao sair e desceu pela entrada principal. Seu coração estava disparado, as mãos úmidas e, por mais que não se sentisse exatamente envergonhada por James ter descoberto seu segredo desesperado, estava bastante nervosa. Ela ficara a tarde toda se censurando por ter aceitado a oferta. Afinal, não passara a noite da véspera soluçando até dormir exatamente porque achava que poderia amar um homem com quem nunca se casaria? E agora estava se colocando de propósito na companhia dele, permitindo que ele brincasse com ela, que flertasse com ela e... Santo Deus, e se James quisesse beijá-la de novo? Ele dissera que iria treiná-la para atrair outros homens. Isso envolvia beijos? E, se envolvesse, ela permitiria que ele seguisse em frente? Elizabeth resmungou. Como se fosse ser capaz de detê-lo. Toda vez que estavam juntos no mesmo cômodo, seus olhos acabavam encontrando a boca de James e ela se lembrava da sensação de ter aqueles lábios sobre os dela. E que Deus a ajudasse, mas queria sentir aquilo de novo. Um último vislumbre de felicidade. Talvez esse fosse o objetivo dela com tudo aquilo. Iria se casar com alguém que não amava, talvez até com alguém de quem nem sequer gostava. Era assim tão errado querer uns poucos últimos dias de risos, olhares secretos e formigamentos provocados por desejo recémdescoberto? Enquanto caminhava na direção do portão da frente, Elizabeth desconfiou que estivesse pedindo para ter uma frustração amorosa ao concordar em se encontrar com James, mas o coração dela não a deixaria fazer outra coisa. Já lera Shakespeare o bastante para confiar no Bardo, e se ele dizia que era melhor ter amado e perder do que nunca ter amado... bem, Elizabeth acreditava nele. James estava esperando por ela, longe da vista da Casa Danbury, e seus olhos se iluminaram ao vê-la. – Elizabeth – chamou ele, caminhando na direção dela. Elizabeth parou, satisfeita só de vê-lo se aproximar, a brisa suave alvoroçando os cabelos escuros. Nunca conhecera ninguém que parecesse mais confortável na própria pele do que James Siddons. Ele tinha um passo fácil, um modo de andar suave. Ela pensou nas inúmeras vezes em que tropeçara em um tapete ou em que batera com a mão em uma parede, e suspirou de inveja. James alcançou-a e disse apenas: – Você está aqui. – Achou que eu não estaria? – Achei que você ficaria em dúvida. – É claro que estou em dúvida. Esta é com certeza a coisa mais irregular que já fiz. – Que admirável – murmurou ele. – Mas não importaria se eu tivesse uma ou muitas dúvidas. – Ela deu um sorriso impotente. – Tenho que passar por aqui para ir embora, portanto não teria como evitá-lo mesmo se tentasse. – Que sorte a minha. – Tenho a impressão de que a sorte sorri com frequência para você. Ele inclinou a cabeça. – Ora, por que diz isso? Ela deu de ombros.


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