Elementos para o Estudo das Escolas de Samba dos Últimos Grupos de Acesso da Cidade do RJ

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galpão desativado da Rede Ferroviária Federal. Ali, tapumes de madeira separavam uma agremiação da outra. A quantidade de lixo e sucata abandonados no local e a estrutura bastante depreciada do prédio eram características desta edificação. Barbieri (2010a) pormenoriza aos ambientes constituintes deste prédio, incluindo diversas fotografias do local, bem como Baldan (2010) também mostra em seus trabalho as condições de trabalho no local. Porém, no segundo semestre de 2012, este prédio foi demolido pela prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro por conta do projeto de revitaçlização da área do entorno do porto. Desta forma, estas escolas de samba tiveram seus barracões transferidos para galpões situados nos bairros vizinhos ao centro da cidade. O Carandiru II fica situado em uma rua perpendicular à Avenida Intendente Magalhães, sendo utilizado por vinte e duas escolas dos grupos de acesso das três últimas divisões do carnaval carioca. Segundo Ferreira e Lobo (2012), trata-se de um espaço muito próximo à avenida de desfiles e com condições de salubridade e segurança melhores que o espaço do centro da cidade. O grande problema do Carandiru II é a reduzida área de trabalho (igual para todas as escolas que lá estão) em que mal cabe uma alegoria, sendo que parte desta fica sujeito às intempéries, necessitando de proteção por sacos plásticos. Os tripés das agremiações ficam nos corredores do galpão e sempre são movimentados quando uma agremiação da área vizinha necessita movimentar sua alegoria. Os trabalhos de Ferreira (2008) e Ferreira e Lobo (2012) são ilustrados com fotografias do Carandiru II. Vale ressaltar que Ferreira (2008) também mostra imagens de carros alegóricos sendo preparados na própria quadra da agremiação. 4.8 Ateliês Neste marco encontramos a maior similaridade entre as escolas de samba de todos os grupos. Os responsáveis pelos ateliês são contratados pela escola de samba, pelo carnavalesco ou por um diretor de ala para produzir as fantasias de uma ou mais alas. Somente as fantasias de setores específicos como baianas, mestre-sala e porta-bandeira, comissão de frente e bateria geralmente são produzidos no barracão com alguma forma de terceirização, principalmente na confecção da armação de arame. 4.9 Padrões de contratação de funcionários Ferreira (2008) destaca que a baixa remuneração e a informalidade nas relações trabalhistas são comuns no mundo do carnaval das escolas de samba dos últimos grupos de acesso. A mesma constatação também é posicionada por Erp (2002) ao retratar o padrão de contratação dos funcionários das escolas do Grupo Especial e Série A. O ambiente paternalista oriundo das relações de mecenato estabelecidas corrobora para a informalidade do setor. Lopes, Malaia e Vinhais (2010) destacam que o sucesso dos desfiles das escolas de samba na cidade do Rio de Janeiro foi devido a um modelo de gestão que se adequou às radicais mudanças com administração com funções descentralizadas, participativas, interdependentes e integradas. Oliveira (2009) alerta que o mundo do carnaval possui um viés mais lúdico e romântico que aquele classicamente visualizado em ambientes fabris, identificando então grande resistência para adoção de princípios econômicos no gerenciamento deste tipo de


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