O samba em pessoa: narrativas das Velhas Guardas da Portela e do Império Serrano

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PARTE II Nas próximas páginas são apresentadas as transcriações, na íntegra, acompanhadas de fotografias e mapas indicando os lugares principais onde cada colaborador residiu. A ordenação das entrevistas se deu em três níveis: pela lógica do pertencimento aos grupos; pelo critério do gênero, que norteou a formação das redes; e pelo tempo de participação nos grupos (os mais “antigos” primeiro). Assim, estão dispostos os integrantes da Velha Guarda da Portela (homem mais antigo, homem mais novo, mulher mais antiga, mulher mais nova), em seguida Velha Guarda do Império Serrano (com a mesma lógica para a sua ordenação “interna”, por assim dizer). Em seguida às oito entrevistas com integrantes dos grupos, foram incluídas as com sambistas que estavam, no momento da entrevista, “fora” desses grupos, embora relacionados a eles de alguma forma. Os mapas foram feitos usando a ferramenta Google Maps, estando as localizações apontadas de maneira aproximada, para ilustrar os lugares onde cada colaborador residiu. Trata-se de um complemento visual à história de vida de cada um, que não deve ser confundido com os lugares nos quais se estabeleceram as principais relações pessoais. Isso poderia ser objeto de uma segunda abordagem, futura, que permitirá mapear os lugares considerados fundamentais para a socialização e a formação44 dos colaboradores. Caso o critério fosse o da vivência, muito provavelmente a região em torno de Madureira apareceria com destaque para todos. As fotografias foram produzidas com a intenção de complementar a apresentação dos colaboradores. Monarco, Tia Surica, Áurea Maria, Ivan Milanez e Lindomar aparecem “em ação”, representando as Velhas Guardas às quais pertencem; Serginho Procópio aparece também “em ação”, mas no espaço “alternativo” da roda de samba45; Wilson das Neves está em sua residência, no quarto onde se concentram fotos e reportagens pela parede e em cima das mesas (há fotos suas e também de sua família, sendo uma que o mostra ao lado de sua mãe como baiana do Império Serrano das que mais chama atenção); Balbina, que já falecera quando voltei para validar a transcriação, aparece “em ação” pela sua escola em 1975, transmitindo o mesmo vigor com que a encontrei no dia da entrevista, em julho de 2010; Zé Luiz, que não fotografei porque ambos ficamos desconfortáveis com a idéia de uma foto “posada”, é mostrado em foto do acervo da família de Balbina, caracterizado como integrante 44

Ivan Milanez, por exemplo, ao informar seus endereços, frisava a todo instante que, onde quer que estivesse, sua “fortaleza sentimental” era sempre a Serrinha (informação verbal, em 08 jan. 2011). 45 Vale notar que o convidado especial naquela noite foi Monarco, o que mostra a Velha Guarda sendo incorporada nesse outro espaço, em que não se apresenta com exclusividade, mas como referência da “ascendência”, da “raiz”.


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