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Sábado, 07 de Abril de 2012.

Presidente

da República

O Presidente da República tem estado, nos últimos dias, muito mais solto, a contrariar os que lhe criticam o alegado «sedentarismo» que manifestará em regra quanto às deslocações pelo país. Na verdade, em cerca de um mês, José Eduardo dos Santos já esteve em duas províncias do interior, algo que não lhe é habitual. Depois da Lunda-Norte há dias, o Presidente foi quarta-feira ao Moxico assinalar os dez anos de paz, aproveitando o ensejo para tratar de outros assuntos de Estado. É possível que esta «sacudidela» se enquadre já na pré-campanha eleitoral do partido de que também é líder. Mas, seja como for, é assinalável esta mudança na sua rotina. P’ra bem.

Abel

Ministério

Chivukuvuku

da Cultura

Mais de duas décadas depois da sua primeira edição, o ministério da Cultura vai «ressuscitar», em Junho deste ano, o segundo Festival Nacional de Cultura (Fenacult), o que se traduzirá num dos grandes ganhos do sector nestes dez anos de paz. O país está mobilizado para realizar esta grandiosa manifestação cultural com êxito, que deverá envolver adesde a música à dança, culminando nas artes plásticas e cénicas. O novo formato do Fenacult inclui feiras do livro, exposições de artes plásticas, palcos de música popular e erudita, danças tradicionais, excursões, conferências e sessões de cinema. Inclui também uma singela homenagem ao «grande» Teta Lando.

Depois de se ter pronunciado de forma algo deselegante contra os partidos da oposição que se opõem à polémica nomeação de Suzana Inglês para o cargo de presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), o líder da recém-formada Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA) terá inflectido o seu discurso, ao afirmar, esta semana, que a sua coligação recém-criada está solidária com as posições assumidas pelo resto da Oposição. Com a dica, Abel Chivukuvuku terá resgatado à confiança dos demais «colegas», passando assim a ser visto com outros olhos, já que o primeiro pronunciamento do antigo dirigente da UNITA havia caído mal. Muito mal mesmo.

Bento

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Rui

Kangamba

Polícia

Campos

O dono do Kabuscorp do Palanca meteu estrondosamente o pé na poça, sábado passado, com aquela conversa sobre a contestação insultuosa em relação a um integrante da equipa técnica do Recreativo do Libolo, pelo facto de ser albino. É quase imperdoável o que se seguiu contra o «coitado» do roupeiro que veio de Calulo, algo que terá a ver com a exacerbação de crenças no feiticismo. É possível que Bento Kangamba, sem discernimento para perceber que se podia tratar de uma jogada, tenha acabado por fazer exactamente o que o seu adversário da jornada esperava, caindo de borco. O bom nisto é que o Kabuscorp já pediu desculpas pelo «brugudju».

de Trânsito

O presidente do Recreativo do Libolo está numa situação em que tanto pode ser preso por ter cão, como por não o ter. Viajado como é, sabe certamente como algumas pessoas preconceituosas se manifestam em relação aos albinos, mais ainda num ambiente como o de um jogo de futebol com as aquelas características. E, atendendo o que já havia acontecido em Calulo, podia evitar isto, se quisesse. Mas (e é aí que se faz jus àquela máxima), civilizado e sem preconceitos como deverá ser, não tinha razões para discriminar o seu roupeiro, impedindo-o de fazer o seu trabalho habitual. Não tinha que o fazer de modo algum. Resumindo: é complicado, nê?

O «4 de Abril» não foi seguramente um dia de paz para muitos automobilistas da capital do país, sobretudo para aqueles que pretendiam chegar ao centro da cidade e tinham escolhido como itinerário o Largo da Independência, onde teve lugar um acto de massas para saudar o dia. Devido a um excessivo zelo e à falta de uma voz de comando única, os agentes em serviço nas imediações da Lactiangol fizeram com que milhares de automobilistas andassem numa roda-viva entre a «Deolinda Rodrigues» e o bairro Cazenga. Eram ordens e contraordens, com alguns desmandos e nervosismo à mistura, que acabaram por baralhar mais o trânsito já de si assaz turbulento.

Estavam em cativeiro há 12 e 14 anos

Libertados os mais antigos reféns das FARC na Colômbia

O

s mais antigos reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que estavam em cativeiro há 12 e 14 anos, foram encontrados em liberdade. São dez homens – seis polícias e quatro militares. Os dez reféns, que as FARC tinham prometido libertar, foram entregues a uma missão humanitária, que foi procurá-los de helicóptero ao coração da selva colombiana. O helicóptero – emprestado pelo Exército brasileiro ao Comité Internacional da Cruz Vermelha e ao colectivo civil Colombianos pela Paz, presidido pela exsenadora Piedad Cordoba – deixou-os em segurança no aeroporto de Villavicencio, 110 quilómetros a sul de Bogotá, onde as respectivas famílias os esperavam, após mais de uma década sem os verem. Vestidos de uniforme, os seis polícias e quatro militares puderam finalmente abraçar as respectivas famílias, antes de serem vistos por uma equipa médica e transferidos para a capital, para serem examinados. Capturado em Julho de 1999, o sargento de polícia José Libardo Forero foi um

dos homens que pôde finalmente rever a sua família: «Vi a minha filha, que eu tinha deixado com quatro anos e que já não reconheço. O meu pai cheio de cabelos brancos. A minha mãe não mudou, ela é feita de carvalho. E a minha mulher, que está ainda mais bonita do que antes», descreveu Forero à rádio RCN.

Dez anos após o falhanço das negociações com o Governo, esta libertação de polícias e militares poderá significar uma mudança de estratégia nas FARC, que sempre consideraram os reféns como uma moeda de troca por companheiros detidos. As FARC renunciaram em Fevereiro

à prática de raptos em troca de resgates monetários – que asseguram uma parte do seu financiamento –, chamando a esta nova etapa um «desafio para a paz». A ex-senadora Piedad Cordoba – cuja mediação, com a ajuda do Brasil, já permitiu a libertação de cerca de uma vintena de reféns – pediu ao Governo que encontre «uma solução política e negociada em direcção à paz». O Presidente do país, Juan Manuel Santos, afirmou «partilhar da alegria» dos libertados, mas sublinhou que os esforços das FARC são «insuficientes». Este compromisso «é um passo na boa direcção, mas como já dissemos antes, é insuficiente», sublinhou o chefe de Estado, que pediu a libertação de todos os civis. O grupo rebelde ainda tem em sua posse mais de uma centena de pessoas sequestradas, de acordo com várias associações colombianas. Fundada em 1964 para defender os pequenos camponeses, a guerrilha das FARC conta actualmente com 9000 combatentes, escondidos nas montanhas e nas florestas do país, após uma série de reveses militares que dividiram as tropas em dois na última década.


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