UM RIO, UM POVO, UMA FLORESTA
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Nogueira, Marcelo Figueiral Título: Expedição Xingu: um rio, um povo, uma floresta Tipo de Suporte: Papel 2017 160 f. : il 1. Xingú. 2. Expedição. I. , . II. Título. Prefixo Editorial: 923991 Depósito legal na Biblioteca Nacional ISBN: 978-85-923991-0-8
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COLABORADORES
PARCEIROS
ORGANIZAÇÃO
APOIO
Coordenador do Projeto Marcelo Figueiral Fotógrafo Bruno Gallerani e Vinicius Ferreira Filmagem Danilo Custódio Áudio Direto William Germano Assistente de Imagem Carol Lopes Figueiral Assistente de Fotografia Gustavo Zarur Texto Marcelo Figueiral Revisão Ester Athanásio Diagramação Mauricio Betti
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Capa Acampamento selvagem no Rio Xingu Foto Bruno Gallerani
REALIZAÇÃO:
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MARCELO FIGUEIRAL
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MARCELO FIGUEIRAL NOGUEIRA Curitiba 2017
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AGRADECIMENTOS Ao longo da preparação, planejamento, execução e pós-expedição, tivemos diversos amigos, parceiros, colaboradores e apoiadores que nos ajudaram a colocar em prática este projeto. Nossos sinceros agradecimentos a todos. Beatriz Americano da Terra Brasis, Marcelo Geraldi e Carlos Dietrich da Herbarium, Elaine Paula da Divesa, Joezer Cezack da Território, Fernando e sua equipe da Guepardo, Nilo Biazetto Neto da Portfólio, Ana Almada e Bruna Alonso da Frischmann Aisengart, Dr. Francis Mourão Clínica Ellos Saúde e Educação, Eduardo Cavalli da Blá Digital, Christian Fuchs da Eclipse Caiaques, Caio Poletti Romano da NOLS, Geraldo Isoldi da Omnia Sports Running, Bia,Renato, Luciano, Marcelo e Paulo do ISA, Yakari Kuikuro e Adriana da ATIX, Laulau Kuma Txicão da FUNAI, Tawaku nosso Barqueiro, Cacique Arifutuá Kuiukuro da Aldeia Afukuri, Cacique Yawapi Kamaiurá, da Aldeia Morená, Pablo Kamaiurá, Kaiulu Yawalapiti Kamaiurá, Sula Akuku Kamaiurá, Robinho Kamaiurá, Kanawayuri L. Marcello Kamaiura, Kennay Maiua Txicão da Aldeia Moygu, Cacique Siranhu Kaiabi da Aldeia Ilha Grande, Kuaywu Kayab, Wyk Kaiabi e Tximari Kayabi da Aldeia do Diaurum, Maurício Vieira e Vanessa Múrio, Jeff Miranda, Ester Athanásio de Matos, Simone Bello, Cahuê Miranda, Magaléa Mazziotti, Augusto Klein, Antonello Bonaccorsi, Marco Fonseca e Bia Maestri, Lucas Cesario Pereira, João Zarur, Sergio Santos Filho, André Luiz Yoshioka e todos os membros da equipe e seus familiares pelo apoio. Nosso muito obrigado.
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Associação Terra Indígena Xingu – ATIX Av. Mato Grosso, 607 – Canarana/MT www.facebook.com/atixxingu Colabora e contribui para preservar a cultura dos povos do Xingu
Site Expedição Xingu Um Rio, Um Povo, Uma Floresta www.xingu2015.com.br
Youtube Canal Expedição Xingu www.youtube.com/channel/UCC1Pm_KLFpsC-4RaxZ9ALrg
Projeto devidamente registrado na rede Blockchain: 87ca558cb918d79b8604415548a459a8659f0a6f287fe9df3a596000fccab5db
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XINGU: UM RIO, UM POVO, UMA FLORESTA Para aqueles que não conhecem ou ouviram falar pouco sobre o Parque Indígena do Xingu e os “índios” que lá vivem (que nós da expedição chamamos carinhosamente dos povos da floresta) é importante contextualizar como nasceu o projeto da Expedição Xingu, como chegamos aonde chegamos e, principalmente, como o material que aqui está documentado, foi construído e estruturado. Espero que gostem que apreciem as belas imagens, e que possam ser transportados para um mundo do qual um dia todos nós já fizemos parte (seja nesta vida, em outra ou numa vindoura). Boa viagem.
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O NASCIMENTO DE UM PROJETO DE EXPEDIÇÃO O projeto nasceu em Outubro de 2014. A ideia original era fazer uma travessia de caiaque pelo Rio Iguaçu (o maior rio do estado do Paraná), saindo de Curitiba com finalização na cidade de Foz do Iguaçu, para documentar os níveis de degradação pela poluição e a interferência humana, ao longo do trajeto. Em conversa com amigos, um deles nos sugeriu para atravessar o Rio Xingu, que nascia dentro do Parque Indígena do Xingu, o maior parque indígena do Brasil e considerado uma ilha de preservação no meio do centro-oeste. Ninguém havia feito uma travessia de caiaque pelo parque e o ano de 2015 seria um ano marcante, pois em novembro daquele ano a Usina Belo Monte (com todas as suas controvérsias) estaria fechando as comportas, mudando para sempre toda a dinâmica da região e do Rio Xingu. Era um marco histórico, e com isso, um dos últimos momentos para documentar a região. Essa sugestão e todo o desafio para programá-lo, fez com que o projeto tivesse uma guinada de 360º graus, tornando a jornada para a realização deste projeto um dos momentos mais marcantes na minha vida, e na de todos que participaram da expedição. Para executarmos o projeto, tínhamos menos de oito meses, pois a janela de navegação nos rios da região do Mato Grosso se fazia de julho a agosto – meses de seca - quando o rio estaria mais baixo, com formação de bancos de areia, propícios para as paradas de acampamento entre as etapas. O tempo era curto, a organização complexa, mas a o desafio estava lançado. Nascia assim o projeto da EXPEDIÇÃO XINGU, um projeto pessoal, com a meta de atravessar de caiaque, 420 km de Rio Xingu, dentro do Parque Indígena do Xingu, para documentar em fotografia e filme, o último ano da região antes do fechamento das comportas da Usina Belo Monte.
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O PARQUE INDÍGENA DO XINGU (PIX) O Parque Indígena do Xingu (PIX) é considerado o maior e uma das mais famosas reservas do gênero no mundo. Com uma área de mais de 2,6 milhões de hectares ou mais de 26.000 quilômetros quadrados (quase o tamanho do estado do Alagoas), é o 2º Maior Parque Nacional do país. Foi criado em 1961 pelo então presidente brasileiro Jânio Quadros, tendo sido a primeira terra indígena homologada pelo governo federal na década de 60. Seus principais idealizadores foram os irmãos Villas-Bôas e várias pessoas à frente da sua época. O Parque está localizado ao Norte do Mato Grosso, no Centro-Oeste Brasileiro, numa zona de transição de floresta do Planalto Central e a Floresta Amazônica. A região é plana, com predominância de matas altas, entremeadas de cerrados e campos. O Rio Xingu é formado pelos afluentes Kuluene, Tanguro, Kurisevo e Ronuro, sendo o Kuluene o rio que ao encontrar com o Rio Ronuro, passa a ser o Rio Xingu, na região conhecida como Mÿrená (Morená), localizado na aldeia da etnia dos Kamaiurá. O Parque Indígena do Xingu é formado por 16 etnias, com seus costumes e culturas próprias: Aweti, Ikpeng, Kaiabi, Kalapalo, Kamaiurá, Kĩsêdjê, Kuikuro, Matipu, Mehinako, Nahukuá, Naruvotu, Wauja, Tapayuna, Trumai, Yudja, Yawalapiti.
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A divisão do parque é levada em consideração às proximidades ou similaridade dessas etnias em vários aspectos. E está dividido em três partes; O Alto Xingu: Localizado ao Sul, onde se inicia o parque, e onde está a maioria das etnias que já habitavam a região. O Médio Xingu: Localizada na região central do parque, com etnias que já eram da região, e outras que foram inseridas na formação, devido suas proximidade linguística. E o Baixo Xingu: Que é o final do parque, e onde se encontram boa parte das etnias que foram trazidas de outras regiões na época da formação do parque. Existem 03 Postos Indígenas (PIX) com infraestrutura de pista de pouso para aviões de pequeno porte, Central de Comunicação via Rádio e Unidades Básica de Saúde (UBS), onde trabalham agentes indígenas de saúde e funcionários da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) conveniada com a Funasa (Fundação Nacional de Saúde). Além destes 03 PIX, há 11 Postos de Vigilância nos limites do território, às margens dos principais rios formadores do Xingu, controlados efetivamente pelos guerreiros de cada etnia com objetivo de fiscalizar e barrar a entrada de qualquer invasor. O interessante desta estrutura (e percebemos isso ao longo da expedição) é que qualquer “pessoa estranha” que entra no parque – seja pelo rio ou pela mata - é rapidamente identificada e comunicada, via rádio, entre todas as aldeias, ficando todos atentos aos movimentos dos chamados “caraíbas” (homem branco) dentro do Parque. É Impressionante. E como não poderia deixar de ser, fomos abordados várias vezes ao longo das remadas de caiaque, no meio do rio, em regiões, que para nós, seriam de improvável abordagem.
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DEFININDO OS OBJETIVOS Definido o roteiro, precisávamos buscar uma forma de não politizar o projeto a fim de não contaminarmos a proposta por uma perspectiva, visto que a construção da Usina Belo Monte trazia diversas divergências em suas várias abordagens. A definição dos objetivos obrigatoriamente precisava se distanciar de qualquer chance de politização ou modelo que pudesse gerar conteúdo para argumentos de defesas ou ataques em relação ao projeto da Usina. Tínhamos um propósito claro; apresentar de forma simples, a beleza dos povos, do rio e da floresta de uma região única do Brasil. Com isso, o tema central do projeto foi definido como Xingu: um rio, um povo, uma floresta. Um tema que se distanciava de qualquer perspectiva acalorada e apresentava de forma sútil o que realmente precisava ser mostrado: o povo do Xingu, o rio, sua floresta e toda a beleza e poesia da área considerada a joia do Centro-Oeste brasileiro. Tendo a clareza desta definição, os objetivos por si só se apresentaram: Atravessar o Parque Indígena do Xingu de caiaque, remando 420 km, em 25 dias de Expedição, para documentar, no último ano antes do fechamento das comportas da usina Belo Monte, as belezas dos povos, do rio e da floresta do Parque Indígena do Xingu.
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OS DESAFIOS Nas pesquisas realizadas junto a Biblioteca Nacional, Arquivo Nacional, Agência Brasileira do ISBN, Biblioteca Digital Mundial e no Sistema da Biblioteca Nacional Online, foi localizada a classificação de um único ensaio fotográfico de 1991, com edições esgotadas, com o título “Xingu Territorial Tribal” dos autores VILLAS BOAS, ORLANDO e BISILLIAT, MAUREEN, da editora cultura (ISBN 85-293-0006-8). Constatamos, ao longo das pesquisas, que havia um farto material sobre o Parque Indígena do Xingu, porém com a documentação restrita a uma ou outra etnia. E ao nos aprofundarmos no assunto, percebemos que esses “recortes de informações” eram principalmente das aldeias localizadas mais próximas das margens do Parque ou localizadas nos arredores dos 03 Postos Indígenas (PIX), onde o acesso a etnias/aldeias eram mais fáceis. Quanto às etnias e às aldeias mais afastadas havia poucos relatos, poucas referências, e dados com acessos mais restritos (hoje após a expedição, entendemos o porquê).
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Além desses desafios - de poucas informações - as distâncias entre as aldeias por rio, traziam outro tipo de desafio: a necessidade de fazermos acampamentos selvagens às margens do rio, sem nenhum suporte de apoio, numa região de floresta e de vida selvagem em seu modo in natura. Um cenário que colocaria todos fora da sua zona de conforto, gerando uma boa dose de expectativas. Mas o grande desafio não era a falta de informação, as distâncias ou os acampamentos selvagens. O desafio mesmo estava em conseguir as devidas autorizações para acesso ao Parque Indígena do Xingu, pois a entrada era proibida, restrita, e extremamente monitorada. Para conseguir o acesso, existe todo um processo de solicitação de entrada e autorização que precisa ser previamente encaminhado para a diretoria e a presidência da FUNAI. Não existe um “departamento” de liberação. A liberação é pontual e pessoal. E a documentação para aprovação, além de todos os documentos pessoais e vários atestados de saúde, precisa ser devidamente justificada com Quando, Onde e principalmente o PORQUÊ quer uma autorização de acesso. São extremamente exigentes (e hoje entendemos o motivo). Entendido o processo, a grande pergunta era saber sobre o prazo, e isso, foi o mais assustador! Primeiro que nas orientações da FUNAI, uma autorização para atravessar todo o parque remando de caiaque, passando por mais de 17 aldeias e diversas etnias, nunca havia sido solicitada, e o prazo para esse tipo de autorização, poderia levar de 06 à 12 meses, visto que o processo era; solicitar formalmente a autorização, encaminhar documentação e cartas de atestados de saúde de todos os integrantes, objetivos e prazos de visitas para cada aldeia, e que após devidamente registrado, seriam encaminhados para cada etnia para ser autorizado em reuniões coletivas entre todos os integrantes. Ou seja, de 06 a 12 meses para conseguir tais autorizações, poderia não ser suficientes, visto que esse prazo era o comum para a visita a uma aldeia e não para a passagem por dezessete.
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Por estarmos focados num processo de velocidade de decisão do chamado “homem branco”, até então, não entendíamos o porquê de todo esse “ritual” e demora na liberação, visto que sendo a FUNAI o órgão supremo nas questões indígenas, nesse tipo processo, deveriam ter um pouco mais de celeridade, pois tinham todo um processo de solicitação já devidamente formatado. Ao longo da expedição, descobrimos que o que a FUNAI faz é extremamente certo e ético, pois respeita o prazo que cada etnia precisa para decidir e acatar (ou não) a entrada de visitantes. Por mais que haja uma portaria regulamentando a entrada ao PIX, a palavra final é sempre da aldeia que irá visitar. Um respeito institucional, respeitável. Faltando apenas quatro meses para iniciarmos a expedição, (que já tinha sua data programada de saída devido à janela de navegação e o tempo de dedicação de cada integrante), as autorizações eram o grande gargalo do projeto. Após entender o cenário, e dinâmica das autorizações, descobrimos em uma das nossas pesquisas, que existia uma Associação que tratava dos principais temas relacionados ao Parque do Xingu e suas etnias. A Associação Terra Indígena do Xingu – ATIX. Uma associação formada por representantes das 16 etnias e forte presença na região. Ou seja, um tipo de “Organização das Nações Unidas do Xingu” ou uma “ONU do Xingu”. Após vários contatos, envio de documentos e algumas visitas, no início de julho de 2015, estavam com os protocolos e o roteiro do projeto, devidamente autorizados e liberados. A Associação Terra Indígena Xingu - ATIX foi fundada em 1994 segundo a decisão das lideranças Xinguanas, que reunidos no Posto Indígena Diauarum, resolveram criar sua própria organização indígena que representasse legalmente o interesse das comunidades do Parque Indígena do Xingu perante aos órgãos públicos e privados, em busca de apoio para atender uma parte das necessidades das comunidades Xinguanas.
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A ATIX, desde a sua fundação, em 1994, vem atuando na área de fiscalização da fronteira do Parque Indígena do Xingu (PIX), transporte, saúde e educação, além de buscar gerar alternativas econômicas para as comunidades, como, por exemplo, a venda de artesanato das etnias, a certificação e comercialização do mel do Xingu (iniciativa premiada pela ONU em 2017) e outras iniciativas praticadas por meio de suas ações com foco na valorização cultural dos povos Xinguanos. A ATIX é de extrema importância no trabalho que realiza. Precisa ser fortalecida pela sociedade e por organismos governamentais para manter a proteção do Parque Indígena do Xingu, - e de todas as etnias localizadas dentro do parque - contra o avanço do desmatamento, o avanço de grileiros, garimpeiros, caçadores e principalmente do avanço da agricultura intensiva na região, visto que o Parque Indígena do Xingu está localizado no estado que é um dos maiores produtores de grãos e de gados do Brasil. São Félix do Xingu (município localizado no final do Parque do Xingu) possui o maior rebanho de gados do Brasil, com mais de 2.200 milhões de cabeças. Imagine a pressão econômica que há na região para aumentar a área de plantio de soja e/ou aumento de área de pastagem para além dos territórios do Parque, visto que essa área de floresta é considerada por muitos “caraíbas” como área de mato que não se produz nada. Essa é a realidade que ATIX, junto com outras Ong´s e entidades da região, se deparam no dia-a-dia para a proteção do parque e das etnias que lá habitam. Olhando para o início e o depois da realização da expedição, podemos dizer que o projeto em si foi um grande desafio para todos, e trouxe grandes aprendizados individuais, além de mudanças significativas na percepção da dinâmica da vida do chamado “homem branco” frente à dinâmica dos chamados os povos da floresta. O tempo de homem branco não é o tempo do índio. O tempo deles é o tempo do rio, o tempo da mata o tempo do seu povo. É um tempo onde se compartilha se colabora e se respeita a dinâmica que cada ser vivo tem em se relacionar com o meio que está inserido.
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A EQUIPE Após todos os desafios vencidos, a equipe foi fechada com 02 fotógrafos: Bruno Gallerani e Vinicius Ferreira, cinegrafista, Danilo Custódio, captação de áudio, William Germano, assistente de produção, Carol Lopes e dois remadores, Marcelo Figueiral e Gustavo Zarur. Cada um com suas experiências e percepções que ajudaram a construir a produção do material.
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Marcelo Figueiral Idealizador e Coordenador do Projeto Marcelo é sócio fundador da MCK Projetos Corporativos, especializado no desenvolvimento de projetos de gestão e de captação para expansão de novos mercados. Especializado em gestão comercial e financeira pela escola de negócios da OPET possui larga experiência em desenvolver novos mercados. Em 1997, lançou no mercado curitibano o livro “Guia do Ciclista – Trilhas e Ciclovias de Curitiba. (154 pgs) – edição esgotada. Em 1999, Mapeamento e Levantamento de Rotas para Trilhas de Bike, Cavalgada e Caminhadas para Ecoparaná na região dos Campos Gerais no Paraná com título “Campos Gerais – Caminhos da Aventura”. Traz em seu DNA, a motivação para desenvolver projetos de expedição que possam levar ao público em geral, novas perspectivas de vivência e experiência. Bruno Gallerani Fotógrafo O jovem fotógrafo paulista Bruno Gallerani se inscreve na linhagem dos grandes fotógrafos humanistas, aqueles cuja capacidade de captação dos sentimentos mais densos, contundentes e até mesmo conflitantes, são sustentados por uma excelente técnica fotográfica, suporte fundamental, da boa imagem mais contemporânea. O fotógrafo também está ao lado de nomes como os brasileiros Renato Soares ou Rogério Assis, mais contemporâneos seus. É com uma produção mais arrojada, elegantes composições e a busca por ângulos e composições mais autorais que as suas imagens facilmente se destacam. Vinicius Ferreira Fotógrafo Vinicius, o Tchê, é fotógrafo e documentarista. Formado em jornalismo pela Universidade Positivo e em documentário pela EICTV de Cuba. Nasceu em Porto Alegre, mas se radicou em Curitiba. Trabalha para vários veículos nacionais e internacionais. Tchê tem a sensibilidade de transmitir em suas imagens novas perspectivas com cenas ímpares sobre temas, que muitas vezes, são pungentes em nossa sociedade. XINGÚ: UM RIO, UM POVO, UMA FLORESTA
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Danilo Custodio Filmagem Danilo é sócio proprietário da Gesto de Cinema Produções Audiovisuais, onde atua como diretor de som, produtor e diretor cinematográfico. Já trabalhou em dezenas de curtas metragens e em dois longas, em funções ligadas as áreas de produção, direção, fotografia e som. Também é professor e coordenador no Espaço de Arte, escola de artes visuais e cinema. William Germano Áudio Direto Wiliiam, formado em Cinema Digital pela escola Espaço de Arte, trabalhou em produções como técnico de som direto, entre elas o curta-metragem “O dia em que José Ganhou o Jogo” dirigido por Danilo Custódio e “Pernoite” dirigido por Giovanne Simão, além de ter realizado o documentário “Grito Escrito” exibido no 1°FIDÉ-BR (Festival Internacional do Documentário Estudantil) e premiado no 1º FESTCINE, com melhor roteiro para documentário e melhor direção para documentário. Apaixonado pelo gênero acredita ser através do cinema documental que podemos nos aproximar de realidades que desconhecemos. Carol Lopes Assistente de Imagem & Produção Carol, formada em terapia ocupacional, com forte atuação em saúde mental, trabalhou durante anos com atendimento exclusivamente pelo SUS nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). A fotografia é uma paixão, pela qual busca captar as atividades de vida diária (Avd´s) em seus momentos de extrema sensibilidade. Gustavo Zarur Assistente de Fotografia & Gestor de Riscos Gustavo Designer Gráfico graduado pela Universidade do Vale do Itajaí (2013) tem na fotografia, a estética de buscar nas oscilações da luz, o equilíbrio da imagem. Além disso, tem larga experiência em salvamento aquático, com curso especializado pelo Corpo de Bombeiros militar do Estado de Santa Catarina. Gustavo será parte da equipe de caiaque, sendo o 2º remador e fará o apoio junto a equipe de fotografia ao longo da Expedição, além de mitigar todos os riscos inerentes ao longo da jornada.
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A CHEGADA AO XINGÚ Saímos de Curitiba no dia 18 de Julho em dois carros extremamente carregados para vencer os mais de 1.700 km de distância que cobria o início da nossa jornada. Foram dois dias de estrada, dirigindo mais de 10 horas por dia. E quanto mais nos aproximávamos, maior era a ansiedade de todos. Era visível certa “tensão” no ar. Afinal, todos passariam – pela primeira vez – 25 dias mergulhados em uma região que poucas pessoas tiveram acesso e que as informações que tínhamos – sobre a travessia – eram muito poucas. Ao Longo do planejamento e por indicação da ATIX, conhecemos o trabalho do Instituto Socioambiental – ISA, uma ONG que desenvolve um trabalho fundamental de preservação e proteção dos Povos Indígenas do Brasil e que atua com vários programas de sustentabilidade e empoderamento das Culturas e Etnias no Parque Indígena do Xingu. Possui, inclusive, um farto material muito bem fundamentado sobre as características, línguas e histórias das várias etnias existentes no Brasil, considerada com isso, a maior base de dados sobre os povos indígenas do país. XINGÚ: UM RIO, UM POVO, UMA FLORESTA
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Como não poderia deixar de ser, tivemos um bate papo com eles para as orientações sobre nossa entrada, estadias e trajetos. Algo extremamente acertado, pois uma das nossas preocupações era entender as nuances de convivência entre os nossos costumes de “caraíbas” com os costumes dos “povos da floresta”. E uma das dicas, muito interessante inclusive - o qual percebemos logo no início das conversas sobre as autorizações (ainda na época da conversa com o pessoal da ATIX) - foi sobre a velocidade e dinâmica de decisões de cada etnia. Eles não decidem nada, mas nada, por impulso. Qualquer decisão que possa vir a ter impacto sobre a comunidade (seja no curto ou longo prazo, pequena ou grande) é refletida, discutida, com todos, e após muita reflexão e debates de todos os pontos de vistas (sejam positivos ou negativos) eles se prenunciam. Isso fez com que entendêssemos que nas conversas que teríamos em cada aldeia, se fizéssemos algum pedido específico, poderia não ser atendido, não por uma negativa ou um descaso, mas devido que aquele “pedido” não dependeria somente de uma pessoa (como estamos acostumados). E vimos isso em várias ocasiões ao longo da jornada.
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Após três dias na cidade de Canarana-MT, finalizando os detalhes para a partida, a euforia de todos aumentava. A cidade estava cheia de visitantes que iriam para a festa do Kuarup, a maior festa do Xingu e que estava acontecendo bem na época da saída da expedição. O Kuarup, para situar rapidamente ao leitor, é um ritual em homenagem aos mortos ilustres de uma determinada aldeia/etnia o qual convida várias outras etnias para realizar ao longo dos dias, diversas atividades e cerimônias para confraternização. Se comparada a cerimônia do homem branco é correspondente aos dias de finados, porém na visão dos índios, “os mortos não querem ver os vivos tristes ou feios, e sim, em união e em festa”. É a pura e singela celebração das lembranças daqueles que deixaram suas histórias e legados nesta vida. O kuarup é uma atividade de grande impacto, extremamente bonita, colorida e de uma simbologia importante na cultura xinguana. Depois de várias dicas com o pessoal da ATIX, ISA e FUNAI, no 4º dia, iniciamos nossa jornada, colocando o caiaque na água, e partindo definitivamente para 25 dias de expedição, com um barco lotado de equipamentos e alimentação somente para 10 dias.
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INÍCIO DA JORNADA Ao chegar ao ponto de início, de colocar o caiaque na água, carregar a voadeira (que levou toda a equipe), você sente que daquele ponto em diante, tudo que tem a sua frente é o desconhecido, é o além. Uma direção que pode se transformar em uma caminhada ou numa jornada. Essa percepção era clara em todos, gerando um ponto de ansiedade diferente em cada um. A expectativa estava no ar. O incerto estava ali, e seus desdobramentos ao lado. De um modo geral, era a realização de sete meses de trabalho, planejamento e de expectativa que se concretizavam, de um projeto que nasceu para atravessar apenas um rio, e não uma região. Caiaque na água, equipe embarcada, a jornada tinha se iniciado.
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AS ALDEIAS AO LONGO DO CAMINHO
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CTL KULUENE – ALDEIA KULUENE Etnia: Kalapalo Expedição: Ponto de Saída. Contato com nosso Barqueiro. Tawaku da etnia Kuiukuro, mas morador da Aldeia Morena dos Kamaiurá
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ALDEIA DA PEDRA Etnia: Kalapalo Expedição: Primeiro Pernoite. Local da Aldeia é pequeno e bem simples. Mas fomos extremamente bem recebidos. Sobre a Etnia: Os Kalapalos têm como uma das principais características um ideal de comportamento chamado de ifutisu, que pode ser definido como uma ausência de agressividade pública. Praticam a generosidade, a hospitalidade e são predispostos para doar e partilhar posses materiais entre parentes e familiares. Eles acreditam que a viabilidade da sociedade depende do cumprimento desse ideal.
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Aldeia da Pedra. Revisando o planejamento das etapas de remadas com as paradas programadas. Primeira noite da Expedição.
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ACAMPAMENTO EXPEDIÇÃO – PRAIA DE RIO Expedição: Primeiro acampamento selvagem. Visita noturna de algum animal grande o qual ficou rondando o acampamento. 38
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ALDEIA AFUKURI Etnia: Kuikuro Expedição: Terceiro Acampamento e parada de dois dias. Aldeia com uma grande praça central, e a distância entre a margem do rio e a praça da aldeia, se faz com uma boa caminhada. A recepção de chegada pela equipe foi tranquila. Após as devidas apresentações das documentações de autorização, fomos extremamente bem acolhidos. Sobre a Etnia: Os Kuikuros têm um complexo sistema de “donos” e “chefes” que regula a dinâmica politica e a vida ritual. Há o dono da “praça”, o dono da “aldeia”, o dono do “caminho”, etc. Para se tornar chefe ou dono, há um cálculo que leva em consideração, além das descendências, a trajetória do individuo quanto a sua generosidade na distribuição das suas riquezas e as habilidades para ser líder, como ser um bom orador e um bom conhecedor dos rituais e cerimônias da aldeia. As Ocas são grandes e sem janelas, mas com duas entradas; uma para a praça e outra para os fundos. Dentro delas habita uma família com seus parentes cada um delimitado em seu espaço, tendo no centro, entre as portas, o fogo central, compartilhado por todas as mulheres da casa.
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Aldeia Afukuri. O caminho para o Rio é protegido por árvores para que haja sombra e ventilação, canalizando o fluxo de vento da margem do rio para dentro da Aldeia.
O caminho para a Floresta é aberto para acesso às áreas de plantio e para a entrada na mata para buscar pelas árvores caídas para serem transformadas em lenha para as casas da aldeia.
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Aldeia Afukuri. Bate papo com o Cacique Arifutuá Kuikuro na Oca dos Homens.
Oca do Rádio, onde a aldeia faz suas comunicações com a ATIX, Postos de Saúde e com outras comunidades. Guerreiro em sua moto o qual usa para “passear” pela a aldeia e pelas áreas de plantio.
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ACAMPAMENTO EXPEDIÇÃO – PRAIA DE RIO Expedição: Segundo acampamento selvagem em um banco de areia formado pela baixa do Rio Culuene, do tamanho de quase dois campos de futebol. Seis dias de expedição e mais de 120 km de remada.
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Acampamento Selvagem. A beleza de ver animais selvagens em seu habitat sem medo de aproximação do homem. Durante todo o trajeto vimos muitos pássaros, muitas borboletas, muitas abelhas, diversos macacos e uma infinidade de insetos.
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ALDEIA MORENÁ Etnia: Kamaiurá Expedição: Chegada à Aldeia onde o Rio Culuene e o Rio Ronuro se encontram e formam o Rio Xingu. A recepção foi extremamente festiva. Já sabiam da nossa chegada e todos foram muito bem tratados. São extremamente generosos e o que mais nos chamou a atenção foi o respeito de como tratam qualquer pessoa. Seja homem, mulher, crianças ou idosos. A Aldeia é grande com boa infraestrutura e com várias Ocas bem construídas em torno da praça. A energia do local é impressionante. Você sente que está em um local com ancestralidade. Sobre a Etnia: Os Kamaiurá estão na região à bem antes de 1884 da primeira expedição de contato liderado por Karl Von den Steinen. A principal aldeia, a Morená é o palco central das ações míticas e consideradas por eles como o “centro do mundo”. O criador do mundo e dos índios e não índios (homem branco), Mavutsinim, tinha como objetivo criar uma grande Aldeia, o qual chamou de Morená, e neste local, iria dar início a origem do mundo. Para os Kamaiurá a Aldeia Morena é um local sagrado e mítico. Essa etnia pratica a luta chamada de Huka-huka (lembra a luta greco-romana), sendo uma referência nos jogos dos povos indígenas e nas festividades do kuarup.
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Aldeia Morená. Ritual de “arranhadura” nos braços e nas pernas realizado tanto em meninos como em meninas para torná-los fortes e guerreiros quando adulto. O material é feito num tipo de “pente” cravejado de dentes do peixe cachorra. É um ritual que faz parte da cultura dos Kamaiurá. 82
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Huka-Huka. Aldeia Morená Huka-huka é uma arte marcial e um estilo de luta tradicional brasileiro dos povos indígenas do Xingu. Como lutaritual, o huka-huka é praticado durante o Kuarup e possui simbolismo competitivo, onde a força e virilidade dos jovens são testadas. Desde cedo são treinados, e muitas das brincadeiras entre os meninos, envolve o Huka-Huka.
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ALDEIA MOYGU Etnia: Ikpeng Expedição: Segundo a equipe, essa chegada foi um das mais tensas (pois nós no caiaque sempre chegávamos depois). Os Ikpeng são conhecidos como Guerreiros Brabos. A negociação da entrada (mesmo com toda a documentação) e mesmo estando num Posto Indígena do Xingu (PIX) Pavuru, foi extremamente tensa. A liberação para entrada precisou da intervenção do nosso barqueiro Tawaku Kuiukuri junto aos guerreiros da aldeia. Tínhamos a previsão de ficar duas noites e ficamos apenas uma. Sobre a Etnia: Os Ikpeng são um povo onde mantém no cerne de sua visão do mundo a guerra como motor não apenas da morte, mas na substituição dos mortos pela incorporação do inimigo no seio do grupo, sendo assim também reprodutora da vida social. A morte nunca é um fenômeno natural, acidental ou contingente, resulta sempre de uma ação direta ou indireta do estrangeiro-inimigo (uros). É uma das etnias mais envolvidas na defesa do território do Parque, vigiando e apreendendo invasores, como madeireiros e pescadores.
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ALDEIA ILHA GRANDE Etnia: Kaiabi Expedição: Mais uma vez fomos bem recebidos. O que mais chamou a atenção, além da hospitalidade, foi às tatuagens que os Kaiabis têm na face. Os desenhos geométricos de suas pinturas lembram bastante os desenhos dos povos da nova Zelândia, os Maoris. Sobre a Etnia: Os Kaiabi ou Kawaiweté é a etnia mais populosa do Xingu. São exímios agricultores, com uma grande variedade de plantas cultivadas, conhecem mais de 40 espécies nativas de abelhas (algumas desconhecidas para a ciência). Boa parte das colmeias produz mel para alimentação. Antigamente eram guerreiros temidos e nas guerras, traziam as cabeças dos inimigos para comemorar a vitória na aldeia. Quando algum Kaiabi morre, são pintados de urucum, enfeitados com todos seus ornamentos e amarrados de cócoras com os braços cruzados no peito e enterradas numa cova redonda dentro da casa onde vivia. Depois o chão é batido e a vida continua. XINGÚ: UM RIO, UM POVO, UMA FLORESTA
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ALDEIA VELHA ARANHA – POSTO DIAURUM Etnia: Kisêdje Expedição: A chegada ao Posto Diaurum, nos surpreendeu pela boa infraestrutura. Tem posto de saúde, escola, barracão com cozinha e mesas, espaço para visitantes pernoitarem (em casa de alvenaria) e um grande salão para reuniões e treinamentos. Ao fundo, tem uma pequena aldeia da etnia Kisêdje que convive bem com o entra e sai de visitantes de várias outras etnias. Apesar da boa recepção o clima era tenso devido os Yudjá (aldeia a 20 km para frente do posto) terem apreendido três homens branco que estavam descendo o Rio Xingu sem autorização. Foram três dias de tensão para entender o que estava acontecendo e a orientação para que a expedição finalizasse ali (faltando menos de 60km para saída). Por outro lado, tivemos a sorte de acompanhar um treinamento para as várias etnias do baixo Xingu sobre o cultivo de Mel Silvestre, que neste ano, de 2017, foi premiado pela ONU na iniciativa do PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. O trabalho com o mel realizado pela Associação Terra Indígena do Xingu (Atix) foi escolhido entre 800 organizações de 120 países. Sendo um reconhecimento importante de iniciativas que trabalham pelo desenvolvimento sustentável ao redor do mundo. Sobre a Etnia: Os Kisêdje estão na região desde os meados do Século XIX. O canto é a expressão máxima da individualidade e do modo de ser da sociedade. Até algumas décadas atrás, outro marco diferencial do grupo eram os grandes discos labiais e auriculares que, mais do que ornamentos, apontavam a importância do cantar e do ouvir para esse povo.
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Aldeia Velha Aranha – Posto Diaurum Treinamento para várias Etnias promovido pela ATIX e pelo ISA para as melhores práticas para apicultura. Inclusive neste ano, de 2017, foi premiado pela ONU na iniciativa do PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, recebendo o prêmio Equatorial/2017 como a melhor iniciativa entre as mais de 800 organizações de 120 países.
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EQUIPE Ao longo de 25 dias de expedição, comendo muito peixe, muita biju (tapioca) e passando por várias experiências junto a todas as etnias e aldeias que visitamos, houve uma percepção clara na equipe que cada um tinha mudado um pouco; estávamos de um modo geral mais tranquilos, mais simples em nossos desejos e necessidades e aprendemos que nem sempre aquilo que você imagina para sua vida, sua jornada, é o que está traçado. As vezes, a vida toma rumos completamente diferentes, te levando por caminhos que nunca tinha pensado. Assim como um rio que em sua corrida para sua foz, faz várias voltas e a cada curva, apresenta-se um cenário diferente, a jornada de cada um, mudou com essa expedição. Tivemos a chance e a oportunidade de aprender muito com eles (os povos da floresta) que nesta vida, se há um tempo para tudo, mas no final, assim como o rio, chegaremos todos, a um mesmo destino. “Tempora mutantur nos et mutamur in illis” (os tempos mudam e nós mudamos com ele) XINGÚ: UM RIO, UM POVO, UMA FLORESTA
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VINICIUS FERREIRA | DANILO CUSTÓDIO | WILLIAM GERMANO |
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CAROL LOPES |
MARCELO FIGUEIRAL |
BRUNO GALLERANI
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GUSTAVO ZARUR
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Fotos
Bruno Gallerani
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Fotos Vinicius Ferreira
Fotos
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Carol Lopes Figueiral
Gustavo Zarur
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O Tempo de Homem Branco não é o Tempo de Índio. O Tempo de Índio é o Tempo do Rio, da Mata e do Seu Povo. É um tempo que se compartilha que se colabora e que se respeita.
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Assista o Filme da Expedição Xingu: https://youtu.be/kY2zQryem_0
Assista ao Trailer: https://youtu.be/NmI4IsCZPnU
FONTES DE CONSULTAS Livro Almanaque Socioambiental Parque Indígena do Xingu 50 anos / Instituto Socioambiental (ISA). São Paulo, 2011. ISBN 978-85-85994-84-6 Entidades Instituto Socioambiental (ISA): www.socioambiental.org/pt-br FUNAI: www.funai.gov.br ATIX – Associação Terra Indígena Xingu: facebook.com/atixxingu Sites pt.wikipedia.org/wiki/Huka-huka pib.socioambiental.org/pt povosindigenasdobrasil.blogspot.com.br
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Travessia de mais de 400 km APRESENTAÇÃO CULTURAL
de caiaque em 25 dias de Expedição, documentando as belezas dos povos, do rio e da floresta no Parque Indígena do Xingu.
PATROCÍNIO
APOIO
REALIZAÇÃO