Saca-Rolhas

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Saca rolhas ESPECIAL 15 ANOS | Ano 4 | N潞 11 | Dezembro de 2013

iBravin: Jovem e maduro Instituto Brasileiro do Vinho chega aos 15 anos como principal f贸rum da vitivinicultura e comemora conquistas que beneficiam toda a cadeia produtiva e garantem respeitabilidade nacional ao setor


Foto: Silvia Tonon/Ibravin

O CAMINHO PERCORRIDO PELA VITIVINICULTURA Instituto Brasileiro do Vinho desenha novo cenรกrio para o setor

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Os vitivinicultores brasileiros, a grande maioria do Rio Grande do Sul, viveram um período de tensão no início dos anos 1990. A produção de uvas e vinhos, que até então era considerada compatível – em quantidade, qualidade e preço – com as exigências do mercado interno, sofria a ameaça de grandes mudanças econômicas do país. O Mercosul abria as portas para a poderosa viticultura argentina vender seus vinhos no Brasil. A liberação do comércio internacional também permitia que os famosos europeus competissem, com larga vantagem, com o vinho nacional. E os 16 mil produtores de uvas, conforme estimativa na época, sentiam a crise iminente e o medo de não conseguir vender os 470 milhões de quilos de uva produzidos por ano. Os proprietários de 400 empresas vinícolas, 180 delas cantinas rurais, também perdiam o sono pelos 300 milhões de litros acumulados anualmente em suas pipas. Temiam não poder competir nesse novo mercado. E isso significava ameaça ao sustento de cerca de 100 mil pessoas que dependiam economicamente das atividades do setor. Foi a partir da união de 13 entidades do segmento, que se montou a defesa, um projeto ambicioso que daria origem à grande mudança interna frente ao novo cenário: o Programa de Reestruturação e Desenvolvimento do Setor Vitivinícola do Rio Grande do Sul – Provitis, decretado pelo então governador Alceu Collares, em janeiro de 1993. O Provitis definia ações para a defesa e ampliação do mercado, qualificação dos processos, dos agricultores e dos produtos da vitivinicultura, pesquisa e modernização na área. E o último item do texto dava a solução para cumprir as demais metas: a institucionalização do segmento. “Criação de uma instituição autônoma para o desenvolvimento e a defesa permanente do setor. A Instituição deverá se constituir, preferencialmente, como entidade de caráter público, porém não estatal, sem fins lucrativos, com gestão autônoma e flexível nos moldes de entidade privada, gestora de um Fundo de Reestruturação e Desenvolvimento, bem como de eventuais taxas ou contribuições específicas para a execução de seus objetivos”, dizia o texto. Era a semente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). A efetivação, de fato, ocorreu cinco anos depois, em janeiro de 1998, dois meses após a criação do Fundo de Desenvolvimento da Vitivinicultura (Fundovitis), durante o governo de Antonio Brito. O primeiro Conselho Deliberativo

foi formado por representantes da Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi), da Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho), da Associação Brasileira de Enologia (ABE), da Comissão Interestadual da Uva, da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) e da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do RS (Seapa). A partir de 2010, integraram-se o Sindicato da Indústria do Vinho do RS (Sindivinho) e o Sindicato Rural. Nos primeiros três anos, de 1999 a 2001, o grupo administrou uma verba de R$ 1,94 milhão. “Discutíamos as prioridades e elaborávamos os projetos conforme a solicitação de cada segmento e depois buscávamos dinheiro para colocá-

“Essa é a grande inovação do Ibravin: promover a participação de toda a cadeia produtiva da uva e do vinho. Ouvimos as queixas e investimos nas convergências. Buscamos as soluções coletivamente”, define o diretor executivo do Ibravin, Carlos R. Paviani los em prática. Era sempre uma briga para conseguir esses recursos”, conta João Guerino Gervasoni, representante da Fecovinho na primeira gestão e presidente do Conselho Deliberativo nas duas gestões seguintes (2000/2001 e 2002/2003). Ele se refere à dificuldade de conquistar as verbas destinadas ao Fundovitis que, até 2007, ficavam no caixa único do Estado e eram reopassadas por convênio para cada projeto. Isso porque, mesmo havendo convênio com o Estado, os valores vinham com atraso ou não eram efetivados , dificultando o planejamento e a execução das ações. Conforme Gervasoni, uma das principais conquistas da primeira fase do Ibravin foi a estruturação do Laboratório de Referência Enológica (Laren), que atendia aos objetivos de qualificação dos vinhos gaúchos. “A entidade não tem

poder de fiscalizar, mas atuamos muito próximos à isso. Buscávamos amostras em todo o país e mandávamos para o laboratório. O Laren foi fundamental para moralizar o setor”, explica. No entanto, a maior conquista do Ibravin, segundo Gervasoni, foi a integração da cadeia produtiva. “Havia uma grande disputa. As entidades tinham foco em si mesmas, achando que precisavam chegar à presidência para manter o poder, garantir as demandas. Foi um tempo de aprendizagem, de discussão conjunta, de projetos. Hoje, essa relação é diferente e o setor ganhou força, inclusive diante do governo. Antes cada um jogava o seu laço e ninguém pegava nada”, conta. Carlos R. Paviani, diretor executivo do Ibravin a partir de 2003, concorda com Gervasoni sobre a maior conquista da entidade. “É uma instituição na qual os diferentes elos podem estabelecer diálogos e chegar a consensos. Essa é a grande inovação do Ibravin: promover a participação de toda a cadeia produtiva da uva e do vinho. Ouvimos as queixas e investimos nas convergências. Buscamos as soluções coletivamente.” Segundo o diretor, o esforço da vitivinicultura gaúcha ganha espaço e força no país e serve de referência. “Não temos personalidade jurídica nacionalmente, mas temos respeitabilidade. E não possuímos uma postura arrogante em relação a isso, e sim uma perspectiva de expansão e crescimento por estarmos sob a mesma bandeira”, explica Paviani. Conforme o diretor executivo, a partir de 2007, quando o investimento do Estado no Ibravin passou a ter constância (25% da arrecadação do Fundovitis), a entidade pôde trabalhar melhor em ações e projetos duradouros. Desde 2005, o instituto tem um documento que descreve o cenário atual e define objetivos e ações para o futuro. O Visão 2025 – Plano de Desenvolvimento Estratégico para o Setor Vitivinícola do Rio Grande do Sul foi elaborado colocando no papel os sonhos e as estratégias para transformar o eldorado da uva e do vinho em um retrato realista dali a 20 anos. O documento previa que em 2005 o vinho, reconhecido pela sua qualidade e tipicidade, teria conquistado espaço na mesa dos brasileiros, que consumiram então nove litros per capita/ano. A indústria, reconhecida internacionalmente, exportaria 20% da produção. “Essa era a nossa visão na época. Tudo o que existe no Ibravin, explícita ou implicitamente, está embasado no produto obtido na construção do plano estratégico”,

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explica o pesquisador José Fernando Da Silva Protas, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Uva e Vinho), consultor técnico do projeto, que participou da elaboração do texto e, a partir de 2006, ajudou na implementação do trabalho. O Visão 2025 consiste em um estudo minucioso das oportunidades, ameaças, pontos fortes e pontos fracos da vitivinicultura, além da definição de estratégias em quatro eixos: sistêmico, estrutural, empresarial e social. O grupo que reuniu-se em diversos seminários e workshops para elaborar o plano – contando com entidades representantes de toda a cadeia produtiva – mapeou o setor antes de desenhar as perspectivas. E apontou questões como a fraca expressão do vinho brasileiro internacionalmente e o crescimento da concorrência com os importados no mercado interno, impulsionada pela crescente qualidade do produto nacional. Este ano, as entidades atualizaram o plano, redesenharam o cenário da vitivinicultura e reformularam as estratégias. “Fizemos uma revisão total da matriz e a atualização de ações de planejamento”, conta Protas, que destaca itens como o aumento significativo do poder aquisitivo dos

brasileiros, a manutenção de cerca de 2 litros per capita/ano, a confirmação da consolidação dos espumantes e, especialmente, o surpreendente crescimento da importância do suco de uva no mercado. “Houve uma conscientização do consumidor quanto aos aspectos benéficos da bebida. Até 2004, era só um suco, não um produto com propriedades nutritivas favoráveis à saúde como é reconhecido hoje”, exemplifica. Segundo o pesquisador da Embrapa, nesses nove anos, o setor passou por mudanças profundas no que diz respeito ao fortalecimento das indicações geográficas, ao investimento em tecnologia, ao contexto mercadológico (migração das uvas americanas e híbridas para a produção de bebidas substitutivas ao vinho de mesa), ao crescimento das importações e à resistência do consumidor ao vinho brasileiro. E, mesmo se mantendo o volume per capita, houve agregação de valor aos produtos. O cenário comporta uma reengenharia do segmento, para a qual a nova versão do Visão já tem planos concretos. “Em 2025 o vinho será uma bebida de consumo freqüente e moderado, presente em momentos familiares e sociais como

fonte de prazer, saúde e qualidade de vida. A cultura do vinho, dos seus derivados e da uva será crescente e estimulante para todo o setor e atingirá seis litros per capita/ano. A vitivinicultura brasileira terá uma participação dominante nesse crescimento, superando desafios com sistemas de produção sustentáveis e produtos competitivos e respeitados pela sua excelência e tipicidade. A presença no mercado externo será sólida e o Brasil será reconhecido como país produtor de vinhos diferenciados, consistentes e únicos”. Esse é o novo texto, menos otimista na projeção de consumo e mais focado na qualidade das bebidas, conforme destaca Paviani: “Foi estabelecida uma meta de consumo quantitativa, revisada para baixo (de nove para seis litros per capita/ano), mas com indicadores mais qualitativos”. Nos novos planos, o diretor destaca a qualificação da produção, o estímulo a elaboração de produtos de maior valor agregado, o fortalecimento da marca brasileira e das identificações geográficas e o incentivo à personalização, com a qual as bebidas, mesmo sob a grande bandeira Vinhos do Brasil, se diferenciem entre si. As metas revistas devem servir de guia às ações do Ibravin, aprimorando

Quem somos

A composição do Ibravin, de 1998 a 2013 O Conselho Deliberativo do Ibravin é formado por 11 tutulares e 11 suplentes indicados por oito entidades representantes da indústria, das cooperativas e dos produtores rurais, que se revezam na presidência, mais o Governo do Estado: Agavi, Uvibra, Fecovinho, Sindivinho, ABE, Comissão Interestadual da Uva, Sindicato Rural e Seapa/RS. O grupo, formado por 20 pessoas, se reúne pelo menos uma vez por mês para discutir as demandas do setor e as ações do Ibravin. A cada dois anos ocorre eleição para a presidência e vice-presidência do conselho. O debate setorial ganha força também no Conselho Consultivo, criado em 2010 para integrar entidades que não compõem o Conselho Deliberativo. Cerca de 30 entidades representantes dos diversos elos da cadeia produtiva da uva e do vinho de todas as regiões produtoras do país integram o grupo que auxilia na tomada de decisões do Conselho Deliberativo. A administração das verbas do Ibravin é acompanhada pelo Conselho Fiscal, formado por três membros, indicados pelo Conselho Deliberativo. Os conselhos Fiscal e Deliberativo são eleitos pela Assembleia Geral.

1998/1999

2000/2001

2002/2003

Presidente: André Cirne Lima Vice-Presidente: Olir Schiavenin Diretor Executivo: José F. Protas

Presidente: João Gervasoni Vice-Presidente: Lóris Ferrari* Diretor Executivo: João L. Seibel

Presidente: João Gervasoni Vice-Presidente: Denis Debiasi Diretor Executivo: João L. Seibel/Carlos R. Paviani**

Conselheiros José Antonio Fante Benildo Perini João G. Gervasoni Jaime Milan Adriano Miolo Gilberto Pedrucci Lóris Ferrari Olir Schiavenin Raimundo Bampi Marinez Chiele André Cirne Lima Adoralvo Schio Rinaldo Dal Pizzol Antenor Fellini

Conselheiros Luiz Carlos Giacomin Adolfo Lona Alceu Dalle Molle João G. Gervasoni Cléber Andrade Gilberto Pedrucci Lóris Ferrari Denis Debiasi Raimundo Bampi Marinez Chiele Marta Levien Angelo G. Menegat Rinaldo Dal Pizzol Jaime Milan

Conselheiros Benildo Perini Arnaldo Passarin Alceu Dalle Molle João Gervasoni Dirceu Scottá Antonio Czarnobay Denis Debiasi Moacir Mazzarollo Márcio Guilden Inês Bettoni Odacir Klein Adoralvo Schio Danilo Cavagni Antenor Fellini

*Lóris Ferrari foi vice-presidente no biênio 2002/2003 até o dia 18/12/2002, quando assumiu o cargo Denis Debiasi.

**João L. Seibel deixou o cargo de diretorexecutivo no dia 31/01/2003. Carlos Paviani foi contratado como diretor-executivo no dia 29/01/2003 e tomou posse no dia 01/02/2003.

Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi) Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho) Associação Brasileira de Enologia (ABE) Comissão Interestadual da Uva

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Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do RS (Seapa) União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) Sindivinho Sindicato Rural


Fundovitis

Fixação do repasse em 50% da arrecadação

10,1

9,4 2014

3,49

3,46

2010

2011

2,25

3,00

2012

2009

2008

0,35 2007

2006

1,13

2,88 2005

2,10 2004

2,00 2003

1,21 2002

98 a 2001

1,94

5,21

Fixação do repasse em 25% da arrecadação

2013

Repasses em milhões de R$

os projetos e aproveitarndo os avanços conquistados até então. Em 2004, a maturidade do setor ainda era bastante primária, o que destaca a organização e habilitação técnica para o desenvolvimento da promoção do vinho brasileiro no mercado interno e externo como um dos grandes frutos da aplicação do Visão 2025 nas políticas da entidade. “Quando estruturamos o plano, tínhamos um histórico de desarticulação da vitivinicultura em um contexto geral. Hoje temos consciência de que precisamos conviver, no mercado interno e externo, com os vinhos de todo o mundo”, explica o pesquisador. Protas destaca o protagonismo do Ibravin junto aos governos estadual e nacional e a melhoria na gestão das políticas públicas para o setor. Sobre como será a vitivinicultura em 2025, ele admite que a nova versão do plano é menos otimista, mas não menos estimulante. “Temos condições reais de melhorar a organização e a competitividade para retomar parte do mercado perdido nos últimos 20 anos. Em 2004, éramos ingênuos em relação ao segmento. Hoje, entretanto, sabemos em que somos fortes.”

2004/2005

2006/2007

2008/2009

2010/2011

2012/2013

Presidente: Arnaldo Passarin Vice-Presidente: Jaime Milan Diretor Executivo: Carlos R. Paviani

Presidente: Danilo Cavagni Vice-Presidente: Denis Debiasi Diretor Executivo: Carlos R. Paviani

Presidente: Denis Debiasi Vice-Presidente: Arnaldo Passarin Diretor Executivo: Carlos R. Paviani

Presidente: Júlio Gilberto Fante Vice-Presidente: Denis Debiasi Diretor Executivo: Carlos R. Paviani

Presidente: Alceu Dalle Molle Vice-Presidente: Josecarla Signor Diretor Executivo: Carlos R. Paviani

Conselheiros Benildo Perini Arnaldo Passarin Alceu Dalle Molle Zeferino Riboldi Dirceu Scottá Antonio Czarnobay Denis Debiasi Moacir Mazzarollo Márcio Guilden Ivandro Lerin Odacir Klein Adoralvo Schio Jaime Milan Antenor Fellini

Conselheiros Arnaldo Passarin Júlio Fante Alceu Dalle Molle Hélio Marchioro Dirceu Scottá Antonio Czarnobay Denis Debiasi Moacir Mazzarollo Márcio Guilden Ines Bettoni Adoralvo Schio Odacir Klein Adriano Miolo Danilo Cavagni

Conselheiros Benito Panizzon Arnaldo Passarin Darci Dani Benildo Perini Alceu Dalle Molle Hélio Marchioro Oscar Ló Osvaldo Conte Carlos Abarzua Dirceu Scottá Denis Debiasi Moacir Mazzarollo Márcio Guilden Ines Bettoni João Carlos F. Machado Luiz Augusto Petry

Conselheiros Júlio Fante Benito Panizzon Alceu Dalle Molle Hélio Marchioro Oscar Ló Osvaldo Conte Carlos Abarzua Dirceu Scottá Denis Debiasi Eduardo Piaia Moacir Mazzarollo Ines Bettoni Gilmar Tietböhl Luiz Augusto Petry Henrique Benedetti Adriano Miolo Cristiane Passarin Benildo Perini Armando Formolo Renato Formolo

Conselheiros Rogério Beltrame Darci Dani Alceu Dalle Molle Hélio Marchioro Oscar Ló Ismar pasini Carlos Abarzua Ademir Brandelli Denis Debiasi Josecarla Signor Moacir Mazzarollo Inês Fagherazzi José Cândido Motta Jorge Hoffmann Dirceu Scottá Henrique Benedetti Gilberto Pedrucci Eurico Benedetti Renato Formolo Valmir Susin

Conselho Consultivo Titular: Cláudio Góes Suplente: José Bassetti

Conselho Consultivo Titular: Valter Kranz Suplente: Tiago Tonini

Conselho Consultivo Titular: Cláudio Góes Suplente: Adolfo Lona

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CADASTRO VITIVINÍCOLA

A dimensão da

nossa vitivinicultura Nos últimos nove anos, o Ibravin investiu mais de 2,8 milhões nos inventários vitícola e vinícola que servem de base para o planejamento do setor

O Cadastro Vitícola foi a primeira ação do Programa de Reestruturação e Desenvolvimento do Setor Vitivinícola do Rio Grande do Sul (Provitis), instituído pelo governador Alceu Collares, em 1993, a receber verba pública. Conforme a pesquisadora Loiva Maria Ribeiro de Mello, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Uva e Vinho), que coordenou a iniciativa à frente de outras 12 entidades – instituições públicas e associações da área –, era fundamental que o cadastro fosse o ponto de partida. “Para implementar qualquer projeto do Provitis, era preciso saber exatamente quanto, o que e onde se produzia”, explica Loiva. O Ministério da Agricultura, que em 1977 havia feito a tentativa de um primeiro Cadastro Vitícola – atualizado nas safras 79/80 e 80/81 – e, por falhas de metodologia e controle, resultou em um banco de dados incompleto, disponibilizou uma verba de R$ 153.082,00 no início do Plano Real, o que hoje equivaleria a pouco mais de R$ 780 mil. A verba era suficiente para pagar os cadastradores, material de escritório, trenas, impressões e publicação do Cadastro Vitícola. “Tínhamos o dinheiro para operacionalizar, mas não a estrutura para trabalhar”, lembra Loiva. Com apoio das entidades envolvidas no projeto, das prefeituras – que ofereciam carro e combustível para o deslocamento das equipes às propriedades rurais –, da iniciativa privada e dos próprios produtores, o cadastramento começou em 1995, depois de uma preparação do setor. “Antes de tudo, foi um trabalho de convencimento dos representantes dos produtores”, conta a coordenadora. Inicialmente, eles foram resistentes. Não tinham a dimensão da importância daquele banco de dados e desconfiavam

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das intenções do projeto que controlaria e fiscalizaria a atividade. Sobretudo, porque as vinícolas não tinham nenhuma ferramenta de monitoramento. Embora o fornecimento de dados já fosse determinado pela Lei do Vinho, de 1988, não era praticado pela falta de um mecanismo de supervisão. Convencidos os sindicados, os produtores se engajaram. Eles ajudavam na medição dos vinhedos e forneciam alimentação aos cadastradores. A operacionalização era coordenada pelas unidades da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de cada município. Por R$ 5 por cadastro realizado, os catalogadores mediam os vinhedos e preenchiam dados de produção e distribuição comercial da uva. O primeiro Cadastro Vitícola do Rio Grande do Sul, publicado em 2006, registrava com mais exatidão os 23,6 mil hectares de vinhedos do Estado, medidos com trenas, em 12.950 propriedades percorridas, em pouco mais de um ano de trabalho. “Começamos a ir para o campo em julho de 2005 e publicamos o cadastro em 2006. Contando hoje, tem gente que não acredita!”, relembra Loiva. Em 2006, depois da parte mais difícil realizada – a partir da primeira etapa os produtores deveriam alimentar as atualizações – o cadastro ganhou uma promessa de financiamento do Ministério da Agricultura. Mas a lei das licitações burocratizou o envio da verba, impediu o repasse do Governo Federal diretamente à Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho) e interrompeu o trabalho com 50% das propriedades recadastradas. Somente em dezembro de 1997, destrinchadas as barreiras legais, uma nova verba do Ministério, R$ 69,9 mil, destravou o processo. O trabalho foi retomado no início de


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Foto: Silvia Tonon/Ibravin


Atualmente, 3.330 propriedades já estão com seus vinhedos cadastrados no mapa de georreferenciamento 1998. Em 1999, foram publicados os dados dos anos pendentes, de 97 e 98. Por falta de verba para checagem em campo, levantamento das propriedades fora da Serra Gaúcha e editoração, os dados não foram publicados em 1999. As informações atualizadas também perdiam em credibilidade em relação ao primeiro cadastro porque, até 1997, os produtores não tinham, na prática, nenhum prejuízo em não fornecer os dados. Resultado: 25% não se recadastraram. Uma portaria do Ministério da Agricultura, em 1998, resolveu a questão proibindo que as cantinas comprassem uvas de produtores sem cadastro. Com uma checagem que inclui a correção de

erros de digitação e preenchimento de formulários – um processo interpretativo de uma equipe de oito pessoas que trabalha diretamente com o cadastro –, e a verificação do motivo das faltas de recadastramento, foram publicadas outras três edições do levantamento: 1995 a 2000 e 2001 a 2004 e 2005 a 2007. Loiva Mello estima que até o final deste ano se concretize o que ela chama de “sonho de consumo”: a publicação do Cadastro Vitícola 20082012. Enquanto corrige falhas de um processo complexo de levantamento de dados, o Cadastro se moderniza. Desde 2008, dois funcionários do Ibravin percorrem os vinhedos em

um trabalho muito parecido com aquele do primeiro cadastro, mas amparados pela tecnologia. Visitam as propriedades, anotam os dados de produção e, munidos de um GPS, percorrem o contorno dos parreirais e fazem o rascunho manual de um croqui. Os dados são transformados em um desenho exato de cada parreiral. Até hoje, vinhedos de 3.330 propriedades foram colocados no mapa com essa precisão. Loiva não consegue estimar tempo que levará para completar o georreferenciamento nas cerca de 15 mil propriedades vitícolas gaúchas. Mas, desde o início do processo, há 18 anos, ninguém se desmotiva pelo trabalho que o cadastro dá.

Georreferenciamento

Croqui de vinhedo feito à mão, medido com trena (1995) 8

Vinhedo medido com GPS (2008)

Foto: Embrapa


Investimentos

2003

2006

2008

2011

470,71

425,04

346,01

240,80

206,23

257,45

2005

103,17

2004

345,09

251,08

170,56

Valores destinados pelo Ibravin aos cadastros Vitícola e Vinícola (em milhares de reais)

2012

2010

2009

2007 Total: R$ 2,816 milhões

O Ibravin assume o Cadastro Vinícola A viticultura gaúcha produziu 124,8 milhões de litros de vinho e derivados, sendo 85% de vinhos de mesa, 8,2% de vinhos finos e 6,2% de outros produtos, dos quais não se tem informações suficientes para categorizar. Os dados são de 1969, do primeiro Cadastro Vitícola do RS, quando cumprir a obrigação legal de informar os números da produção era, para as vinícolas, um processo manual de preenchimento de formulários e envio ao Ministério da Agricultura. Este modelo de prestação de contas com o governo ainda é vigente em todo o Brasil, exceto no Rio Grande do Sul. No estado que concentra 90% da produção de vinhos do país, o cadastramento pode ser feito na cantina mesmo, via internet. E a informatização facilita a vida não apenas dos vinicultores. “Além dos fins de fiscalização, que não competem ao Ibravin, os dados do cadastro oferecem a base para o levantamento das necessidades de desenvolvimento do setor e para o planejamento de todas as ações da instituição”, explica o coordenador do Cadastro Vinícola, Leocir Bottega. Ele está na função desde 2000, quando o levantamento passou a ser financiado pelo Ibravin, por meio do Fundovitis, e foi quem iniciou o processo de informatização. A partir de 2002, os vinicultores passaram a gravar os dados digitalmente e encaminhar aos órgãos cadastradores de cada município. Dois anos depois, o processo de informar mensalmente

os dados de comercialização, estoque e misturas de produtos e, anualmente, os números referentes à produção, uva adquirida e estoque do ano anterior, passou a ser online. Os dados que o Cadastro Vinícola mantém atualizados são tão importantes para o planejamento estratégico do setor, que o Ibravin está à frente das negociações com o Ministério da Agricultura para fazer com que o cadastro saia do papel, literalmente, em todo o país. Conforme Bottega, a informatização e concentração das informações sobre o vinho produzido no Brasil não atendem apenas às metas institucionais de desenvolvimento da cadeia produtiva. “A indústria consegue desenvolver suas próprias estratégias. Sabendo os dados globais, consegue definir ações de marketing, de segmentação de produtos e de posicionamento de mercado”, avalia Bottega. Em 2013, o Rio Grande do Sul produziu 371,4 milhões de litros de vinho e derivados, 198% a mais do que em 1969. Desse total, 53% correspondem a vinhos de mesa, 12% a vinhos finos, 17,4% a suco de uva, 0,71% a espumantes e 16% a outras cinco variedades do produto oferecidas ao mercado, das quais se tem dados específicos por categoria. Os dados são da safra 2013 e estão disponíveis para qualquer um que tenha interesse em desenvolver ações para contribuir com o crescimento do setor.

“Além dos fins de fiscalização, os dados do cadastro oferecem a base para o levantamento das necessidades de desenvolvimento do setor e para o planejamento de todas as ações do Ibravin”, explica o coordenador do Cadastro Vinícola, Leocir Bottega.

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Foto: Martha Caus/Ibravin

LAREN

Qualidade nos padrões do Inmetro O Laboratório de Referência Enológica é modelo nacional em qualidade e busca a modernização para aprimorar a detecção de fraudes “Pegamos uma estrutura sucateada. Hoje, com 12 anos de funcionamento a partir da reinauguração, o laboratório ainda é de ponta”, avalia Regina Vanderlinde, gerente geral do Laboratório de Referência Enológica (Laren). O laboratório funcionava desde o governo de Flores da Cunha, na década de 30, como órgão da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Pesca e Agronegócio do Rio Grande do Sul. Até 2001, quando foi reinaugurado e passou a operar com recursos do Fundovitis, através de repasse do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), a tecnologia estava defasada e o Laren fazia apenas análises básicas. Anualmente, cerca de 2,5 mil amostras passam pelo laboratório, que tem como base da sua atuação a fiscalização de vinhos e derivados, a prestação de serviço em análises e as pesquisas conforme demanda do setor. Desde 2004, o Laren coleta amostras de uvas em todo o Estado – em 2013 foram 291 – e as vinifica para a elaboração do Padrão Isotópico do Rio Grande do Sul. As amostras são armazenadas em uma banco de dados, que hoje conta com cerca de 10 mil garrafas, matériaprima para incontáveis pesquisas científicas históricas de interesse do setor. O acervo conta ainda com amostras de Santa Catarina (cerca de 50 por ano, desde 2007), de São Paulo e do Vale do São Francisco. Equipado com aparelhos de última geração, um investimento inicial do governo do Estado de aproximadamente R$ 4 milhões, o Laren realiza cerca de 12 mil análises por ano. Em 11 anos de investimentos, a partir de 2003, o Ibravin destinou quase R$ 4 milhões ao laboratório. Regina, que acompanhou essa trajetória,

“Antes de tudo, é preciso estabelecer a qualidade e a genuinidade dos vinhos brasileiros. E hoje os vinhos, espumantes e sucos do Brasil têm qualidade para serem internacionalmente competitivos”, analisa Regina Vanderlinde, gerente geral do Laren 10


Foto: Martha Caus/Ibravin

Equipamentos 2 Cromatógrafos a gás (GC) 2 Cromatógrafos Líquidos (HPLC) 2 Espectrômetros de Massa de Razão Isotópica (IRMS) Linha Gibertini (análises básicas) WineScan Espectrofotômetro Cromatógrafo a Gás com Espectrometria de Massa (GCMS)

Análises realizadas Exame organoléptico, extrato seco, cinzas, densidade, grau alcoólico, açúcares totais, acidez total, acidez volátil, pH, sulfatos, anidrido sulfuroso total, cloretos, corantes, edulcorantes sintéticos, diglicosídeo de malvidina, isótopos estáveis de carbono, água exógena - razão isotópica do oxigênio.

Localizado em Caxias do Sul, anualmente, cerca de 2,5 mil amostras, coletadas em todo o Brasil, são enviadas e analisas pelo Laren também viu crescer significativamente a qualidade dos produtos vinícolas nesse período. “Antes de tudo, é preciso estabelecer a qualidade e a genuinidade dos vinhos brasileiros. E hoje os vinhos, espumantes e sucos do Brasil têm qualidade para serem internacionalmente competitivos”, analisa. O Laren é referência nacional e possui a mais alta tecnologia para as análises da razão isotópica do oxigênio, que detecta a presença de água exógena (não proveniente da uva) no vinho. Segundo Regina, o Laren é responsável pela análise do vinho enviado pelo Estado e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que oficialmente coletam amostras em qualquer etapa do ciclo de mercado, da vinícola ao ponto de venda. Anualmente, são recebidas

cerca de 360 amostras da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do RS (Seapa) e 150 do Mapa. De acordo com a gerente geral do Laren, um projeto do laboratório, apoiado pelo Ibravin, está sendo avaliado pelo ministério para posterior envio ao Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul. Se aprovado – a previsão é para o segundo semestre de 2014 –, uma verba de mais de R$ 8 milhões deve ser investida na modernização do Laren. Conforme o projeto, que inclui obras estruturais no prédio da instituição, metade do valor deve ser destinado à compra de equipamentos. “As fraudes se modernizaram também. E o laboratório precisa acompanhar essas mudanças." Os novos equipamentos fariam

análises de presença de álcool exógeno, pesticidas, natamicina (um antimicótico de aplicação ilegal ao vinho) e outros contaminantes”, explica Regina. Desde 2006, o laboratório é credenciado ao Mapa. A aprovação foi conquistada através da aplicação da norma ABNT NBR ISO/IEC 17025:2005 (Requisitos gerais para a competência de laboratórios de ensaio e calibração), que obedece a exigências internacionais de qualidade de processos. A adequação credencia o Laren a receber o registro do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), dando ao laboratório o merecido reconhecimento nacional pela qualidade da sua atuação e fortalecendo sua contribuição para o desenvolvimento do setor.

Investimentos

2004

2006

2007

2008

2009

2010

449,07

408,16

379,33

272,37

197,86

272,69

354,83 2005

2011

547,82*

2003

308,93

222,17

*2013 - Valor até outubro

556,16

Valores destinados pelo Ibravin ao Laren, via Fundovinis (em mil R$)

2012

2013

11


12


Foto: Ibravin

COM A POSICIONAMENTO

CARA DO

BRASIL

O Brasil nรฃo enxergava seu vinho com bons olhos. E o mundo nem o via. Preocupado com essa realidade, o Ibravin desenhou um retrato do vinho nacional. Hoje esse rosto sorri e conquista pessoas aqui e lรก fora

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Tradição empoeirada: imagem impressa em folder institucional do Ibravin, em 2002

Doze garrafas repousam empilhadas em uma adega com ares de antiguidade. A imagem é escura. Inspira silêncio e reverência ao passado. As silhuetas são reveladas por uma luz que perpassa o local. Vê-se os ombros e os pescoços empoeirados dos intocáveis recipientes, de um vinho apegado à origem europeia. Um véu de teias de aranha cobre a pilha e torna o cenário ainda mais envelhecido. Era assim a capa de um folder institucional do Ibravin, impresso em 2002. O texto de apresentação versava sobre a cultura vitivinícola que desembarcou no Brasil em 1875, trazida pelos imigrantes italianos, herdeiros do cultivo da uva e semeadores da tradição. Assim – saudosista, empoeirada e coberta de teias de aranha – também era a imagem que o país tinha sobre o seu vinho. E era esse o conceito que tentava vender para o mundo. Em 2008, uma pesquisa da Market Analysis Brasil, contratada pelo Ibravin e pela Corporação Vitivinícola Argentina (Coviar) – parceria inusitada pelo ponto de vista de concorrência, mas compreensível pelo interesse comercial – traçou um perfil do mercado e do consumidor brasileiro. Conforme o estudo, apesar do aumento do interesse por vinhos e espumantes, o

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brasileiro tinha preconceito em relação aos rótulos nacionais, desconhecia o produto e o setor no país e, como era de se esperar, preferia a cerveja. Tradicionalmente tido como uma bebida de consumo complicado, o vinho, que teria todo o potencial para ser associado a momentos de descontração, gera estresse no processo de compra. E a indústria vinícola fortalecia esses entraves, reforçava a imagem de uma cultura de produção artesanal – o colono pisando uvas – e voltava a sua comunicação aos conhecedores da bebida. Na prática, excluía o seu público mais importante: aquele disposto a descobertas. O conceito de uma bebida saborosa e saudável não era suficiente para compensar o baixo conceito do produto nacional. A imagem do vinho brasileiro também estava associada à baixa qualidade (que seia incompatível com o importado), ao preço alto e à falsificação. Diante das prateleiras, o consumidor, cheio de dúvidas para escolher entre rótulos feitos para grandes entendedores, via a marca nacional como tímida, cara, rejeitada e sem personalidade. Nas gôndolas ao lado, as cervejas sorriam, ofereciam praticidade e identificação e acabavam entrando no carrinho de compras. O cenário ajuda a entender

Foto: Reprodução, Ibravin

“Exótico. Era a palavra mais comum que o mercado usava para definir o vinho brasileiro. Não era assim que gostaríamos de ser reconhecidos”, conta Andreia Gentilini Milan, diretora de Promoção do Ibravin


o baixo consumo brasileiro de vinhos – cerca de 2 litros per capita por ano – contra 22 litros no Uruguai e 30 litros na Argentina. Se não conseguia ser bem visto em casa, muito menos conseguiria ser respeitado no Exterior. Além de pouco se interessar pelo vinho brasileiro, o mercado internacional não comprou a ideia de um vinho sisudo, conservador e maduro, mais adequada para os vinhos do Velho Mundo, com uma tradição de séculos de vantagem em relação ao Brasil para argumentar tal imagem. Na verdade, conforme Andreia Gentilini Milan, diretora de Promoção do Ibravin, o mercado externo nem chegou a conhecer essas referências. Na falta de identidade, inventou a cara do nosso vinho. “Exótico. Era a palavra mais comum que o mercado usava para definir o vinho brasileiro.” E este conceito não agregava nenhum valor ao produto. Pelo contrário, era entendido com o sentido de inusitado, de improvável. A impressão equivocada vinha de um total desconhecimento das características de produção e do mercado nacional. “Não era assim que gostaríamos de ser reconhecidos. Precisávamos mostrar o que realmente era o vinho brasileiro”, conta Andreia. E antes mostrar para o consumidor interno e para o mundo a verdadeira cara do vinho do Brasil, o Ibravin foi desenhar um retrato. Em 2008, Andreia participou de uma capacitação promovida pela Agência Brasileira de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) sobre a promoção da marca nacional para diversos setores. No segundo semestre do mesmo ano, o Ibravin foi a primeira instituição do país a desenvolver o projeto. Depois de uma série de análises, debates e pesquisas qualitativas e quantitativas, o instituto fez um diagnóstico do setor no Brasil e no Exterior. O primeiro passo foi valorizar o país a partir das características pelas quais ele é famoso: o futebol, o clima, o Carnaval, o samba... a alegria. Andreia explica que o consumo de vinhos é sempre ligado à origem, ou seja, a primeira pergunta sobre um vinho é sempre “de onde ele veio?”. “Wines from Brazil”, respondia o projeto de promoção do Ibravin executado em parceria com a Apex-Brasil. Com participação de representantes e entidades do setor e a contratação da empresa Top Brands, reconhecida consultoria de marcas, o “from” foi substituído pelo mais comprometido “of” e “Brasil” assumiu o seu “s” para o mundo. O retrato falado do vinho brasileiro foi desenhado com

um sorriso no rosto. “O vinho do Brasil é alegre, jovem, descontraído, autêntico e aberto a novas experiências”, Andreia recita o mantra do posicionamento de imagem. A campanha Abra sua cabeça. Abra um vinho do Brasil, criada pela agência Escala, que lançou a nova marca Vinhos do Brasil sob o slogan Abra e se abra, mostrou o que o país tem de melhor. Nas imagens, que hoje estão estampadas no auditório do Ibravin, onde antes se exibiam barris de madeira, pessoas mais velhas sob parreirais e antigas cantinas, a cara do Brasil é mais feliz. Jovens iluminados pela luz tropical brindam momentos de descontração com vinhos leves, de baixo teor alcoólico, de aromas frutados e com características genuínas. Em cada cena, um deles segura um saca-rolhas verde-amarelo, símbolo da marca, criado pela respeitada dupla de designers Irmãos Campana. Nos

“ O nosso sonho é que um dia as pessoas olhem para esse saca-rolhas e identifiquem que é do Brasil”, almeja Andreia traços orgânicos da peça, está o Brasil descontraído e multicultural; um mercado que pretende democratizar o consumo, mantendo a sofisticação da bebida, e expandir sua abrangência internacional. “O nosso sonho é que um dia as pessoas olhem para esse sacarolhas e identifiquem que é do Brasil”, almeja Andreia. E o Ibravin trabalha para alcançar essa meta. “Para construir uma imagem lá fora, dependemos de três pilares básicos: produzir vinhos de qualidade, aumentar a presença em canais de venda e conseguir visibilidade e conhecimento”, enumera. Pelo que ela percebe, os mercados interno e externo têm absorvido o conceito. Aos poucos, as vinícolas vão adequando sua própria imagem à identidade brasileira e o mercado externo saboreia um Brasil cada vez mais respeitado pela sua posição – um produtor de vinhos competitivos internacionalmente.

Evolução da marca 2003

2005

2009

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VINHOS DO BRASIL

Promessas ao santo de casa

Como as ações do Ibravin pretendem transformar o vinho brasileiro em preferência nacional

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“É um trabalho de formiguinha”, diz Diego Bertolini, gerente de Marketing do Ibravin, sobre a promoção do vinho brasileiro no mercado interno, sistematizada há cinco anos, com o projeto Vinhos do Brasil. De fato, a comparação é coerente em outros aspectos além do longo prazo para conquistar os mais altos objetivos: o topo da construção do formigueiro, a plena valorização do produto nacional. A estrutura do mercado também é

mercado interno a realidade não é muito diferente. Por aqui as bandeiras internacionais também ganham mais destaque nas prateleiras do mercado. O verde-amarelo ainda é pouco reconhecido pelo consumidor, especialmente de vinhos. “O espumante brasileiro é visto como produto de qualidade. Sobre o vinho, as pessoas ainda têm dúvidas. E não se quebra uma percepção de consumo de uma hora para outra”, explica Bertolini.

alegria, autenticidade, características intrínsecas ao produto que se trabalhava no Exterior, deveria ser aplicado ao nosso próprio país”, conta Bertolini. Em 2009 o Ibravin, que já havia levado vinícolas para a Expovinis, em São Paulo, o maior evento do segmento na América Latina, participou da feira com pela primeira vez com estande coletivo do projeto Vinhos do Brasil. Na ocasião, cico vinícolas mostraram seus produtos.

“Nunca antes no Brasil as empresas estiveram sob o mesmo guarda-chuva, em uma ação coletiva de promoção. O maior desafio foi motivar o mercado interno a atuar de forma coletiva”, analisa Diego Bertolini, gerente de Marketing do Ibravin

complexa: há incontáveis galerias, túneis e conexões a serem explorados entre a indústria e o consumidor; O projeto Vinhos do Brasil percorre um caminho cheio de obstáculos carregando um alto peso nas costas; Observando de longe, o esforço de uma formiga parece muito menor do que é. Se vender o vinho brasileiro para o Exterior é um trabalho árduo, dificultado pela falta de conhecimento, preconceito e supervalorização dos países produtores tradicionais, no

Em 2008 o Ibravin passou a ter investimento contínuo e pôde direcionar mais recursos às ações promocionais – antes esporádicas – e alavancar o projeto Vinhos do Brasil. O mesmo estudo que deu origem ao Wines of Brasil serviu de base para desenhar as ações no mercado interno. “Em 2008, imaginávamos que teríamos um posicionamento para o mercado externo e outro para o interno. E o mais interessante foi ver que o mesmo conceito de brasilidade,

“Nunca antes no Brasil as empresas estiveram sob o mesmo guarda-chuva, em uma ação coletiva de promoção. O maior desafio foi motivar o mercado interno a atuar de forma conjunta”, lembra Bertolini. O estande do Vinhos do Brasil participou, além da Expovinis, da Feira da Apas (Associação Paulista de Supermercados) e da Convenção anual da Abad (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados). Hoje cerca de 30 empresas estão diretamente

Campanha Vinhos do Brasil para o Carnaval de Porto Alegre, em 2012. No ano seguinte, o vinho foi homenageado no Carnaval paulista, pela escola Vai-Vai 17


Vinhos do Brasil na Expovinis 2013, a maior feira de vinhos da América Latina, reuniu 23 empresas participantes envolvidas no projeto – em 2013, 121 vinícolas, 76% de micro e pequeno porte, participaram de pelo menos uma atividade do Vinhos do Brasil. Conforme Bertolini, para participar, em estande próprio, de uma feira como a Apas, por exemplo, o expositor gastaria cerca de R$ 80 mil. No estande do projeto, o custo cai para R$ 6 mil. E não é só pela economia que as ações têm crescido. “O retorno é positivo. A gente vê o setor bem representado, alinhado, ganhando mais força e aumentando a participação no mercado”, analisa o gerente. O projeto Vinhos do Brasil realizou em 2013 outras duas grandes ações de promoção comercial: o Circuito Brasileiro de Degustação e o Projeto Comprador. Em 2013, o circuito, que aproxima as empresas aos potenciais compradores, levou 32 vinícolas para 11 capitais brasileiras e atingiu diretamente mais de 6 mil pessoas. O objetivo é estreitar o relacionamento

entre a indústria e o seu público, informar e promover a imagem do vinho nacional e prospectar negócios. Na primeira parte do evento, supermercadistas, distribuidores, representantes de hotéis e restaurantes e demais potenciais compradores de cada região têm espaço para conhecer os produtos de cada vinícola. Mais tarde, o evento é aberto para o consumidor final. Segundo Bertolini, a reação dos dois públicos é parecida. “Eles desconhecem a diversidade do vinho brasileiro. E ficam entusiasmados com a qualidade.” Na sua parcela “Maomé vai à montanha”, o Vinhos do Brasil também financiou a vinda de compradores para visitar as vinícolas. Divididos por região geográfica do país, grupos de 30 a 35 pessoas especialmente selecionadas conhecem o principal polo produtor em visitas técnicas. Nas rodadas de negócio promovidas pelo projeto, o contato é ainda mais próximo e objetivo: cada

vinícola conversa durante 30 minutos com cada comprador do seu interesse, e vice-versa. Em 2012, 52 compradores de nove estados conheceram os produtos de 28 vinícolas participantes, em três edições do Projeto Comprador: uma estimativa de R$ 560 mil em negócios por edição. Neste ano foram realizadas quatro edições do projeto com a participação de 72 compradores. Em outra esfera, o Projeto Imagem traz à região jornalistas, sommeliers e formadores de opinião. No ano passado, 312 pessoas participaram da ação e voltaram para casa conhecendo a realidade do vinho brasileiro e com bons argumentos para defender a sua qualidade. Enquanto revela a imagem do vinho brasileiro em casa, o Vinhos do Brasil também recorre a ícones reconhecidos da cultura do país para promover suas ações. Para o período 2013-2016, os estandes em feiras, por exemplo, simulam arenas de futebol

Ações Vinhos do Brasil Número de ações

245

Empresas participantes

123 41 43 2009

18

56

81

2010

81

123

2011

121

81 2012

2013

Janice Prado/Ibravin


Em 2013, o Circuito Brasileiro de Degustação atingiu cerca de 6 mil pessoas em 11 capitais e promovem atividades alusivas à Copa do Mundo de 2014, torneio que representa uma grande oportunidade para a promoção do vinho. A iniciativa é uma integração ao planejamento Mega Eventos, que interage com todos os eixos de promoção do Ibravin. Em outra experiência em grandes projetos, destacado no samba enredo da escola Vai-Vai, no Carnaval paulista de 2013, foram investidos R$ 2 milhões (entre recursos da Lei Rouanet, Ibravin e das vinícolas participantes) obtendo um retorno oito vezes maior em mídia espontânea com repercussão internacional. Entre os projetos especiais do Vinhos do Brasil está o Trade Marketing, que busca promover o vinho nacional no varejo. A proposta é destacar a categoria dos nacionais nos supermercados e lojas especializadas, orientar o consumidor e o canal, além de promover a experiência com os rótulos brasileiros. Em fase inicial, o projeto constrói ações personalizadas para cada rede de supermercados, setor responsável pela venda de 70% do vinho engarrafado no país. Entre janeiro e março de 2013, foi desenvolvida a campanha promocional No Verão Vá de Vinho Branco, que pretendia aumentar em 20% a comercialização da categoria no período. Com adesão em cerca de 20 supermercados gaúchos e 30 em São Paulo, a campanha superou a expectativa: alcançou um incremento

de 26% na venda de vinhos brancos. A partir do segundo semestre deste ano, o Vinhos do Brasil implantou o Projeto Radar. O banco de dados mapeia e cadastra os públicos de todas as ações promocionais realizadas. O Radar cria uma base fundamental para o desenvolvimento de projetos com direcionamento cada vez mais certeiro para os seus públicos-alvo. Em um balanço sobre o impacto do projeto Vinhos do Brasil no mercado, Bertolini vê uma alteração significativa, especialmente na linguagem adotada pela indústria. “A gente sempre via o produto sendo trabalhado através de elementos como o terroir, a variedade, as premiações. Houve uma grande mudança: o foco no consumidor.” Segundo ele, até então a indústria se preocupou principalmente em produzir e investir em qualidade e tecnologia. Agora precisa buscar reconhecimento e espaço no mercado. Do outro lado, de quem compra o produto, Bertolini também vê boas oportunidades de crescimento. Vê o vinho brasileiro aumentar a autoestima e disputar a preferência na prateleira, ao lado dos internacionais. “As novas gerações vêm mudando muito esta percepção de que o vinho importado é melhor por si só. O Brasil está mostrando pujança e a indústria está pronta para abastecer o mercado com qualidade.” Sim, é um trabalho de formiguinha, mas com resultados cada vez mais perceptíveis.

Taiara Barbosa/Abrasel

“A gente sempre via o produto sendo trabalhado através de elementos como o terroir, a variedade, as premiações. E hoje vemos uma grande mudança: o foco no consumidor”, avalia Diego Bertolini

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Uschi Klein/Ibravin

WINES OF BRASIL

O Brasil no mapa mundial do vinho

Com 39 empresas participantes, projeto do Ibravin com a Apex-Brasil exporta para 31 países e inicia a consolidação desses mercados e da marca brasileira no Exterior “O mundo inteiro está no Brasil. E, se não estamos no mundo, também não estamos no nosso país.” A análise é de Andreia Gentilini Milan, diretora de Promoção do Ibravin, sobre o quanto a presença da marca dos vinhos brasileiros no mercado internacional é importante para promover o produto também internamente. Em 2002, quando as marcas do mundo todo já exploravam o potencial do nosso mercado, o Brasil ainda aprendia as primeiras lições de como vender seu vinho além das suas fronteiras. Antes disso, os rótulos brasileiros apareciam em outros países esporadicamente e

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apenas em ações individuais. Vinícola Aurora, Casa Valduga, Lovara, Vinícola Miolo, Vinhos Salton, Vitivinícola Santa Maria e Vinhos Piccoli. Essas foram as empresas que formaram o primeiro grupo engajado em um projeto coletivo de exploração do mercado externo: um consórcio de exportação articulado pelo Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (CIN/Fiergs) em convênio com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), com o apoio da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra)

“O mundo inteiro está no Brasil. E, se não estamos no mundo, também não estamos no nosso país”, avalia Andreia Gentilini Milan, diretora de Promoção do Ibravin


Mercados-alvo Volume de exportações de 2009 a 2013 em litros. Valor em US$ FOB

Estados Unidos

Inglaterra

1.386.241 litros US$ 4.421.619

428.918 litros US$ 1.357.320

Canadá

Polônia

99,424 litros US$ 590.490

68.299 litros US$ 302.016

Holanda

Suécia

429.459 litros US$ 1.583.594

337.315 litros US$ 116.465

Alemanha

Hong Kong (China)

234.886 litros US$ 905.093

427.397 litros US$ 1.327.283

Volume de exportações

Volume de exportações

Volume de exportações

Volume de exportações

e da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale). Nascia o projeto Wines from Brasil. O primeiro ano do grupo foi dedicado a estudar os mercados, descobrir os caminhos para a exportação e organizar-se para conquistar parceiros comerciais. Naquele ano, o Wines estreou em feiras internacionais, com a London IWSF e Vinexpo Américas (EUA). Em 2003, quando iniciaram as exportações – 48% a mais do que no ano anterior – a segunda fase do projeto não foi aprovada pela diretoria da Apex-Brasil. E o grupo, que perdeu a Vitivinícola Santa Maria e a Vinhos Piccoli e ganhou a Bacardi Martini (De Lantier), concentrou-se na organização interna e na articulação política, além de participar das feiras Vinitaly e Miami IWF. Em 2004, com o retorno da aprovação da Apex-Brasil, que então exigia uma entidade representativa do setor para firmar o convênio, o Ibravin assumiu o projeto. O Wines, agora denominado Projeto Setorial Integrado (PSI), organizou as primeiras visitas de importadores (Projeto Comprador) e de jornalistas e formadores de opinião (Projeto Imagem), iniciou

as exportações para a Alemanha, Dinamarca, Luxemburgo e Suécia e começou a definir as estratégias de marketing. O projeto criou os grupos consultivo, técnico e gestor, e começou a trabalhar focado nos objetivos definidos: incrementar a exportação, aumentar a participação da marca nacional no mercado externo, capacitar as empresas e adequar o produto e os processos às exigências do mercado internacional. Em 2005, em pleno funcionamento do Projeto Comprador e tendo participado de cinco feiras internacionais e degustações em sete países, o Wines comemorava um incremento de 145,7% nas exportações brasileiras em relação ao ano anterior. A partir do posicionamento da marca Wines of Brasil, realizado em 2008, o projeto ganhou força para buscar a consolidação da imagem do Brasil entre os principais países produtores de vinho no mercado mundial e no suporte às empresas para realização de negócios de exportação. Voltado para o público formador de opinião e focado nos mercados dos Estados Unidos, Canadá, Holanda, Alemanha, Inglaterra, Polônia, Suécia e China (Hong Kong), o Wines participou em 2013 das cinco feiras internacionais

Volume de exportações

Volume de exportações

Volume de exportações

Volume de exportações

mais importantes do setor. O projeto deve fechar o ano com 51 eventos realizados, entre participação em feiras, Projeto Imagem, Projeto Comprador e missões técnicas. As ações em feiras internacionais geraram uma efetivação imediata de US$ 672 mil em negócios e uma prospecção de US$ 2,7 milhões para os próximos 12 meses. As feiras também resultam na captação de mais 800 contatos que serão integrados às ações do projeto. Segundo Andreia, os resultados dessa fase do Wines sob coordenação do Ibravin já são sensíveis para o setor, que cumpriu – e avança – no seu principal objetivo: colocar o Brasil no mapa mundial do vinho. “Olhando da porta para fora, o mundo inteiro já ouviu falar do vinho brasileiro. E da porta para dentro as empresas aprenderam o que é o vinho brasileiro e o que é o mercado internacional”, avalia. Atualmente, 39 empresas integram o grupo do Wines of Brasil, contribuindo mensalmente com o projeto, e exportam para 31 países. A atuação dessas vinícolas no Exterior mostra um fortalecimento dessas marcas e da própria imagem do vinho nacional no mercado interno.

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Ações Wines of Brasil Número de ações

Empresas participantes 81

38

34 19 2008

44

36

41 36

40

37

13 2009

2010

Andreia explica a fórmula: o vinho é um produto global. “Foi um tempo de aprendizagem. As empresas que participaram desse processo passaram a ter uma visão mais aberta sobre o mercado e se tornaram mais competitivas, inclusive no mercado nacional. O poder transformador do projeto é incalculável”, comenta a diretora. “Eu já tive que colocar meus vinhos para baixo do balcão.” Andreia ouviu a afirmação de um empresário, sobre as primeiras participações do Brasil em eventos internacionais, que mostraram

2011

2012

2013

o quanto o vinho brasileiro precisava também se qualificar – tecnicamente e na aparência – para competir no mercado mundial. Hoje o Wines of Brasil tem orgulho de apresentar seus produtos ao mundo, é reconhecido pela sua marca e já inicia um processo de consolidação dos mercados conquistados. “Hoje o mundo vê que não estamos no mercado internacional por curiosidade, mas porque queremos negócios”, diz Andreia, segura de que o produto nacional conquistou competitividade lá fora. “É hora de colher os frutos!”

Wines of Brasil na London International Wine Fair 2013

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80

“As empresas passaram a ter uma visão mais aberta sobre o mercado e se tornaram mais competitivas, inclusive no mercado nacional. O poder transformador do projeto é incalculável" observa Andreia

Uschi Klein/Ibravin


Foto: Ibravin

SUCO DE UVA

O sabor mais querido do Brasil

Projeto Suco de Uva 100% do Brasil investe na divulgação dos benefícios da bebida, cria estratégias para aumentar o consumo no país e espalha pelo mundo a notícia de um sabor único, saudável, que já é o preferido dos brasileiros Os sucos ocupam a nona posição entre as bebidas mais presentes no dia a dia dos brasileiros. São consumidos quatro litros per capita, que é o dobro do que se bebe de vinho, mas ainda mantém o reconhecidamente saudável suco 100% muito atrás dos não tão recomendáveis refrigerante e refresco em pó, que ocupam os primeiros lugares na lista, com 67,9 e 24,9 litros per capita, respectivamente. O volume não chega nem perto do consumido em outros países, como os Estados Unidos (54,5 litros per capita) e México (17,3 litros). Mas, de pelo menos uma estatística deste mercado a vitivinicultura pode se orgulhar. E é nela que o Ibravin se baseia para desenhar um futuro promissor para o suco de uva: o sabor é o preferido no Brasil, com 30,7% de vantagem. E este número não para de crescer. Conforme Edgar Sinigaglia Jr, analista de promoção do projeto Suco de Uva 100%, operado pelo Ibravin, com parceria da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e do

Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), as ações iniciaram no final de 2009 com foco no mercado externo e hoje são voltadas também para o mercado brasileiro. "A exportação é importante, mas ainda é pequena. Tradicionalmente, o suco exportado é concentrado, a granel. Poucos mercados aceitam a modalidade engarrafado. As marcas de suco de uva costumam ser locais. Além disso, internacionalmente o sabor uva ainda é pouco popular", explica Sinigaglia. No último ano, o projeto investiu R$ 72 mil em ações no mercado externo e R$ 354,8 mil no mercado interno. Ao todo, foram realizadas 45 atividades, entre promoção comercial, posicionamento e imagem (com participação em eventos esportivos e de saúde, cardiologia e nutrição), projetos especiais e informação. Na última década, outro número gerado pela produção de sucos surpreendeu a vitivinicultura brasileira. De 2006 para 2012, a produção cresceu 276%. O destino das uvas híbridas, conforme Sinigaglia também é

superlativo. "Em 2004, 74,7% das uvas comuns processadas eram destinadas ao vinho e 25% ao suco de uva. Em 2012, 44% foram para o vinho e 56% para o suco", informa. Até 2016, a expectativa é que a produção de suco de uva no país cresça 15% ao ano. "O suco é uma bebida natural e saudável. Contém antioxidantes e as mesmas propriedades benéficas do vinho, mas pode ser consumido pela família toda e em todas as refeições diárias", propagandeia Sinigaglia. E o público-alvo no Brasil parece absorver cada vez mais o bom conceito do suco de uva 100% natural. O plano é que o mercado externo, aos poucos, descubra também outro potencial que diferencia o suco de uva brasileiro daqueles produzidos em outras partes do mundo. Sinigaglia mostra a carta na manga: "O suco produzido com uvas labruscas, próprias para suco, é um privilégio dos Estados Unidos e Brasil. E essas variedades são as que transmitem ao suco o melhor aroma e o melhor sabor."

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LEGISLAÇÃO

Desenvolvimento

amparado pela lei

Uma lei criou o Instituto Brasileiro do Vinho, um órgão com o objetivo de desenvolver a vitivinicultura, inclusive propondo mudanças na própria legislação Maryo Franzen

“Vinho é a bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto simples de uva sã, fresca e madura”, define a Lei do Vinho, de 1988. Outras oito leis, oito decretos, 11 portarias e oito instruções normativas regulamentam a produção e a comercialização de vinhos e derivados no Brasil. Em 15 anos de atuação, em inúmeras discussões com o setor, viagens a Brasília e reuniões para articulações políticas, o Ibravin alcançou grandes mudanças na legislação. O que se tem hoje ainda não é uma legislação que atenda completamente às necessidades

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do setor, mas abriga conquistas de importantes demandas e, acima de tudo, dá respeitabilidade como entidade representativa da vitivinicultura brasileira diante do governo e do poder legislativo. Em 13 de agosto de 1997 era aprovada a Lei Estadual 10.989, com o objetivo de promover a produção e o consumo de uva, vinho e derivados; controlar, inspecionar e fiscalizar a produção vitivinícola; e promover o desenvolvimento e a credibilidade do setor. O texto previa a criação de uma entidade “efetivamente representativa

dos produtores de uva, das cooperativas e das indústrias vinícolas” para administrar os recursos e colocar em prática a política pública para o setor no Rio Grande do Sul. Era a semente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), criado no ano seguinte. O período era de instabilidade para a vitivinicultura no Estado. “Com a abertura (das barreiras de importação) promovida no governo Collor, e com a chegada do Mercosul, houve uma união de forças para que a vitivinicultura não sucumbisse”, conta Kelly Lissandra Bruch, assessora jurídica do Ibravin.


Inicialmente, a lei previa o repasse do Estado ao Ibravin de até 75% dos recursos do fundo, arrecadados mediante a Taxa de Serviços Diversos, cobrada das indústrias por tonelada de uva processada. “Na prática, os repasses nunca alcançaram nem 30% da arrecadação e, em alguns anos, chegaram a praticamente zerar”, conta Kelly. Em 2007, o Ibravin – cujo maior investimento do Estado havia ocorrido em 2005 (R$ 2,8 milhões) –, amargava R$ 350 mil no ano de 2007, com o desafio de manter a mesma estrutura. Através de articulação política, o Ibravin conquistou em julho daquele ano, durante o governo Yeda Crusius, a aprovação da fixação do repasse em 25% da arrecadação, que entrou em vigor em 2008 e marcou a retomada das ações. Em janeiro do ano passado, já no governo de Tarso Genro, o mesmo esforço garantiu ao instituto um repasse fixo de 50% da arrecadação, que o Ibravin administra pela primeira vez: uma verba total de R$ 10,1 milhões. O alinhamento da legislação brasileira ao regulamento do Mercosul, que, apropriadamente Kelly chama de harmonização da lei, ocorreu em 2004. A conquista do segmento interfere na definição de vinho que abre esta matéria, acrescentando que a bebida pode ter uma graduação alcoólica de 8,6 a 14 graus, ampliando a margem de 10 a 13 graus da versão anterior. “Foi um trabalho do Ibravin de convencimento dos órgãos federais do Executivo, dos deputados e senadores para tramitar a matéria. E também foi um trabalho técnico de indicar as mudanças e justificar a importância de cada uma”, explica Kelly. A lei ainda define diversos produtos derivados ou compostos com uva e vinho, como conhaque e sangria, e consolida a proibição da venda de vinho a granel entre os países membros do Mercosul.

Outra conquista importante do setor, com clara atuação do Ibravin, foi o Decreto 6871, de 2009, que define, através dos Padrões de Identidade e Qualidade, a sangria e as bebidas mistas. Regulamentadas pelas Instruções Normativas 2/2005 e 5/2005, a bebida alcoólica mista de vinho (os coquetéis) e a sangria, passam a obedecer normas que as diferenciam do vinho, propriamente dito. Conhecidos internamente como Denorex (uma referência a um shampoo anticaspa, com aparência de remédio, que utilizava o slogan “parece, mas não é”), os coquetéis passaram a ser obrigados a deixar claro nos rótulos que o conteúdo não se trata, nem se parece com o vinho. No caso da sangria, os produtores foram obrigados a utilizar frutas cítricas na composição, que caracterizam o produto e evitam que a bebida se passe por vinho aos desavisados. Qualquer desses produtos é obrigado a utilizar no mínimo 50% de vinho na sua composição. Segundo Kelly, representantes do setor que tinham registro dos "Denorex" no Ministério da Agricultura entraram com ações contra as instruções normativas. O Ibravin recorreu até a última instância e manteve a regulamentação. Os reclamantes ganharam o direito de manter seus produtos registrados por um prazo de 10 anos. A maioria deles já esgotou a vigência dos registros e, em dois anos, devem sumir das prateleiras quaisquer produtos fora dessas normas. A conquista atesta a credibilidade do Ibravin na construção da legislação brasileira no que diz respeito ao setor vitivinícola, algo que pode ultrapassar inclusive outros níveis. “Foi um aprendizado até para o Ministério da Agricultura, que tem concedido registros com prazo de 10 anos de validade, mas suscetíveis às mudanças na legislação”, explica Kelly.

“Foi um trabalho do Ibravin de convencimento dos órgãos federais do Executivo, dos deputados e senadores para tramitar a matéria. E também foi um trabalho técnico de indicar as mudanças e justificar a importância de cada uma”, explica Kelly Bruch, assessora jurídica do Ibravin, sobre o alinhamento da legislação brasileira ao regulamento do Mercosul, em 2004

Conquistas Legais

Leis, decretos e instruções normativas relacionadas diretamente com a atuação do Ibravin

Lei Estadual 10.989/1997 Cria o Fundo de Desenvolvimento da Vitivinicultura do RS (Fundovitis) Lei 10.970/2004 Alinha a vitivinicultura brasileira ao regulamento do Mercosul Decreto 4.544/2002 Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre Produtos Industrializados

Decreto 5.305/2004 Vinho e derivados de uva passam a ser regulamentados pela Lei do Vinho e não pela Lei das Bebidas Decreto 6871/2009 Define néctar e refresco de uva Instrução Normativa Nº 2/ 2005 Aprova o Regulamento Técnico para Fixação dos Padrões de Identidade e Qualidade para Coquetel de Vinho ou Bebida Alcoólica Mista de Vinho. Instrução Normativa Nº 5, 2005 Aprova os Padrões de Identidade e Qualidade Para Sangria.

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Fotos: Silvia Tonon/Ibravin

POLÍTICAS PÚBLICAS

O diálogo produtivo entre viticultores e indústria

Naturalmente divergentes por questões de mercado, os elos opostos da cadeia produtiva sentam à mesma mesa e descobrem como podem ser mais fortes quando falam a mesma língua Os principais elos da cadeia produtiva têm interesses distintos. De um lado, produtores de uva querem tirar o melhor proveito da sua produção. Do outro, a indústria busca pelo melhor custo para os seus vinhos. Até aqui, nada além do evidente. Mas o diálogo entre os opostos, que também parece uma necessidade óbvia nesta relação, não é um hábito muito recente. E talvez essa seja a principal contribuição do Ibravin para a vitivinicultura: promover o encontro entre os personagens, colocar produtores e industriais frente a frente para discutir e articular maneiras de promover o crescimento coletivo. Hoje esta relação ainda tem os conflitos inerentes aos negócios de produzir e processar uvas. Ainda é um jogo de forças, mas representantes das duas pontas concordam plenamente em pelo menos um quesito: hoje a defesa de posições é diplomática. “O Ibravin qualificou o diálogo entre produtor e indústria. Antes, a indústria não sentava para conversar com o produtor. O produtor ia a Brasília pedir para aumentar o preço mínimo da uva e, no voo seguinte, ia a indústria para pedir para não aumentar”, contextualiza Alceu Dalle Molle, presidente do Conselho Deliberativo do Ibravin e membro da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Viticultura, Vinho e Derivados, que integra produtores de uva, produtores de vinho, engarrafadores, supermercadistas e importadores. “O grande ganho do Ibravin foi colocar na mesma mesa todos os representantes dos elos produtivos. Houve distensões? Houve. Mas o Ibravin está aí, e é o guarda-chuva do setor no Estado e até em nível nacional”, avalia Dalle Molle. Segundo ele, a Câmara, que funciona como um fórum da atividade e uma ponte entre a vitivinicultura e o governo, realiza reuniões regulares e mantém um secretário em Brasília, responsável pelo contato direto com o governo. “Muitas demandas chegam ao governo pela porta da Câmara. Quando se encontra

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um consenso, que é o que sempre se busca, vai-se ao governo através dela”, explica Dalle Molle. Do outro lado da mesa, representando os viticultores, Olir Schiavenin, presidente da Comissão Interestadual da Uva, que integra 22 sindicatos de produtores rurais, representantes de 32 municípios, concorda que o diálogo produtor/indústria tem sido muito mais produtivo. “Há mais de 30 anos a uva foi incluída no rol dos produtos em que o governo estabelece o preço mínimo. Não havia uma entidade que promovesse o diálogo. Era uma verdadeira guerra entre produtor e indústria”, lembra Schiavenin. Segundo ele, hoje se colhe os frutos de um setor que vem aprendendo a administrar seus conflitos e chegar a um consenso antes que o governo imponha o valor. Conforme Schiavenin, o debate anterior à apresentação da proposta de preço mínimo ao governo inclui bons argumentos de ambos os lados e depende de uma série de fatores como o custo de produção dos viticultores, os estoques nas vinícolas, as previsões para a safra seguinte. Mas sempre que conseguem resolver o conflito “em casa”, produtores e indústria têm vantagem diante do governo. “Se não houver consenso, o governo arbitra, decide o preço, força o acordo. Mas é sempre um risco. O ideal é o governo intervir o mínimo possível, só em última hipótese”, avalia. Acordado o preço mínimo, os viticultores dependem ainda do cumprimento da decisão por parte da indústria, que só é obrigada a pagar o valor estabelecido pelo governo se acessar políticas públicas, como Empréstimos do Governo Federal (EGFs) e Prêmio de Escoamento da Produção (PEP) – um incentivo do governo para que a indústria consiga remunerar os produtores, que disponibilizou R$ 130,1 milhões em quatro edições (2006, 2008, 2009 e 2012). No entanto, Schiavenin percebe


que, a força que o setor conquista através da decisão conjunta, acaba organizando o mercado e estabelecendo o preço mínimo como procedimento padrão, inclusive para as indústrias que não acessam recursos públicos. “Mudou muito a relação entre o produtor e a indústria, mas ainda pode melhorar mais. Não faz sentido qualificar a produção de vinhos, investir em equipamentos de última geração, sem se preocupar com a matéria-prima”, analisa Schiavenin que, entretanto, não esconde que ainda há arestas a serem aparadas nesta relação. Do lado das indústrias, o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Dirceu Scottá, diz que algumas divergências entre os elos da cadeia produtiva ainda se mantêm – o que é natural – mas o importante é investir no debate promovido pelo Ibravin. “Em, alguns momentos há interesses que não convergem, mas, em outros, há a necessidade de que todos falem a mesma língua”, destaca. Segundo ele, são os momentos de consenso que permitem que o produtor melhore sua uva e seja recompensado por isso, a indústria se modernize e também aprimore seus produtos e que o setor cresça junto. “Os pontos convergentes são mais inteligentes”, diz. No meio do debate, representante da figura do governo, Sílvio Isopo Porto, diretor de Políticas Agrícolas e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), concorda. “O dissenso não interessa a ninguém. Deixar o setor solto é sempre perverso”, afirma. Segundo ele, desde 2006 a vitivinicultura vem avançando na relação com o governo. “A Câmara Setorial tem sido um espaço importante para a relação entre o governo e o setor, e promovido também o debate infrasetor.” E cita também o Ibravin, que “tem um rol de iniciativas que o governo já conseguiu dar respostas”. “Temos uma verdadeira governaça entre o governo e o setor que tem permitido avançar em vários interesses, tanto do setor público quanto privado”, avalia. Para Porto, que acompanhou os

consensos do debate do preço mínimo da uva nos dois últimos anos, os maiores avanços são a discussão e a organização interna para apresentar suas propostas ao governo. “O setor, via Ibravin, reconheceu uma série de pontos de interesse comum e já começa a trabalhar na perspectiva de modernização, tanto para a indústria quanto para a matériaprima”, conclui. Em dezembro de 2012, entidades representativas de viticultores e vinicultores assinaram um acordo de qualificação e modernização do setor. O documento inédito apresenta uma tabela de graduação mínima da uva, com valores progressivos de qualidade até 2017. Símbolo do ideal de relacionamento da cadeia produtiva, o acordo prevê também a proibição do uso de uvas abaixo dos padrões estabelecidos para produção de vinhos e sucos e o fortalecimento do vínculo entre a indústria e os fornecedores. . Além de comprometer-se em agilizar o recebimento da uva, as vinícolas devem investir em contratos de longo prazo com os agricultores, prestar assistência técnica e garantir a compra da produção. “Eu me comprometo a receber a tua uva, tu te compromete a entregar dentro dos padrões”, simplifica Dalle Molle, sobre a essência do que foi acordado. “Se forem estabelecidas as diretrizes, o produtor vai entregar a uva do jeito que a indústria pedir. O agricultor sabe produzir. O que precisa é a indústria dizer como quer a uva e garantir a compra”, conclui. Signatário do acordo setorial, o Ibravin, que é o principal fórum da vitivinicultura, é outro ponto de convergência entre empreendedores da uva e do vinho. E essa confiança interna dá força à entidade para conquistar o que não depende exclusivamente dos personagens da vitivinicultura. “Hoje o Ibravin consegue agenda com a presidência, com os ministros, o que antes era improvável. Esse respeito se dá em virtude de o Ibravin ter alinhado as entidades em favor das demandas do setor”, comemora Dalle Molle.

“O Ibravin qualificou o diálogo entre os elos da cadeia produtiva e fez a ponte com o governo", observa Alceu Dalle Molle, presidente do Conselho Deliberativo do Ibravin

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REPREsENTATIVIDADE

VIDA LONgA AO IBRAVIN

No ano em que completa 15 anos, o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) terá executado um total de 325 ações no mercado interno e externo. Todas estas atividades foram realizadas com o intuito de cumprir a Missão estabelecida pela entidade: planejar, realizar ações institucionais e oferecer produtos e serviços que possibilitem o ordenamento, a promoção e o fortalecimento da cadeia produtiva da vitivinicultura em todos os seus elos. A caminhada até aqui não foi fácil, e ainda há muito trabalho pela frente como se pode perceber pela recente atualização feita pelo Visão 2025. Neste período de aprendizado, de exercício de diálogo, negociação e formação de parcerias, o Ibravin conseguiu contornar os obstáculos e alinhar ideias, consolidando-se como representante legítimo de toda a cadeia produtiva da Uva e do Vinho no Rio Grande do Sul. Nesta linha de atuação, mantém suas portas abertas para o debate de assuntos que dizem respeito à sustentabilidade do setor. Graças à articulação e representatividade, o Ibravin tem conseguido fazer jus à Visão estabelecida pelas instituições que o compõem e pelo seu quadro operacional, de ser reconhecido nacional e internacionalmente como a entidade representativa da vitivinicultura brasileira, assumindo seu papel central no ordenamento, promoção e desenvolvimento do setor vitivinícola. Parabéns ao Ibravin, que vem cumprindo com bravura a missão e buscado com afinco a sua visão de futuro, tendo como valores a cooperação, a participação, a inovação, a qualidade, a ética, a transparência e o comprometimento na realização de suas ações.

Não é nenhum exagero falar que a História da vitivinicultura gaúcha é outra a partir da criação do Instituto Brasileiro do Vinho. Instituído há 15 anos, o Ibravin vem cumprindo com todos os objetivos que inspiraram seus fundadores, constituindose no grande aglutinador e indutor do desenvolvimento do setor, contribuindo para levar o nosso vinho a um padrão de qualidade comparado aos melhores produzidos no mundo. Nós, do Governo do Estado, sob a orientação do governador Tarso Genro, reconhecendo a importância e a seriedade do Ibravin, dobramos os valores repassados pelo Fundovitis à entidade. Saímos de pouco mais de R$ 5 milhões de reais para mais de R$ 10 milhões anuais, o que potencializa as ações, abrindo novas frentes para a promoção do vinho e seus derivados. Por outro lado, a história do Ibravin, o seu arranjo institucional, tem servido de modelo para as políticas que desenvolvemos na Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio para outras cadeias produtivas do estado. Criamos o FundoMate, estamos propondo à Assembleia Legislativa a criação do FundoLeite e, em breve, deveremos encaminhar a proposta do FundoCarne. Estes fundos, a exemplo do Fundovitis, são públicos e servem para financiar projetos elaborados por institutos como o Ibravin, uma instituição privada, no apoio e promoção do respectivo segmento. Por tudo isso, desejo, em nome do Governo do Estado, vida longa ao Ibravin e convido a todos para brindarmos, com um bom vinho ou excelente suco ou um maravilhoso espumante, a esta importante instituição.

Alceu Dalle Molle

Secretário de Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Estado do Rio Grande do Sul

Luiz Fernando Mainardi

Presidente do Conselho Deliberativo do Ibravin

eXpediente Presidente: Alceu Dalle Molle Vice-presidente: Josecarla Signor Diretor-executivo: Carlos Raimundo Paviani Conselho Deliberativo: Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi), União Brasileira da Vitivinicultura (Uvibra), Federação das Cooperativas de Vinho do Estado do RS (Fecovinho), Associação Brasileira de Enologia (ABE), Comissão Interestadual da Uva, Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa), Sindicato da Indústria do Vinho do Rio Grande do Sul (Sindivinho-RS), Sindicato Rural de Caxias do Sul (Sindirural-Caxias), Associação Nacional dos Engarrafadores de Vinho (ANEV) e Associação Catarinense de Vinhos Finos de Altitude (Acavitis).

Textos: Marcelo Aramis Edição: Martha Caus Projeto Gráfico e Diagramação: Marcelo Aramis IBRAVIN CNPJ: 02.728.155/0001-74 Alameda Fenavinho, 481. Edificação 29 Bento Gonçalves - RS Telefone e fax: + 55 54 3455.1800 E-mail: imprensa@ibravin.org.br

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