OFÍCIO DE POETA

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Sonho simples

Me interpreto nos versos que componho Mas dentro das estrofes eu me escondo. – Da realidade teço um simples sonho, Do silêncio provoco um grande estrondo. Mostro-me nu nos dias que me exponho E me enclausuro quando o êxtase rondo. Ponho fel nas carícias meigas, ponho Olhar de lince em tudo o quanto sondo. Oculto-me em verdades, me desvendo Em artimanhas que se contradizem, Tramo clausuras, fecho-me em remendo. Com pau a pique engendro a rima e a teço. Antes que as pústulas se cicatrizem, No silêncio total de tudo esqueço. 23.01.2005

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