Revista +Cristão Edição01

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DICAS DE SAÚDE

por Elioenai Dornelles

PROMOVENDO A SAÚDE OU PREVENINDO DOENÇAS?

N

as últimas décadas tem-se buscado esclarecer o que teoricamente chamamos de saúde e que na prática é vivenciado quando estamos doentes. E para isso, saber se estamos doentes, sadios, normais ou patológicos torna-se cada vez mais necessário. Em qualquer caminho que procuremos esses entendimentos, teremos de refletir a relação da saúde e da doença com os avanços políticos, econômicos, sociais e também ambientais que têm contribuído para melhorias significativas. Um olhar que contemple todos esses aspectos pode ser percebido como um olhar para promoção da saúde. Como exemplo, destacamos que a expectativa de vida cresceu; no entanto, convivemos com profundas desigualdades no que tange à saúde e qualidade de vida dos brasileiros. No Brasil ainda lidamos com problemas como a péssima distribuição de renda, o analfabetismo e o baixo nível de escolaridade, moradia e ambiente. Em outro aspecto nos deparamos com um quadro de avanços, como redução da mortalidade infantil, aumento da expectativa de vida, acesso a água e saneamento básico, gasto em saúde, fecundidade global e aumento da alfabetização de adultos, consequência direta do Produto Nacional Bruto dos países latino-americanos. Quando tratamos o problema isoladamente, com um olhar unilateral, apenas estamos vendo a questão dentro do enfoque da prevenção da saúde. Promover a saúde da população e proporcionar qualidade de vida não são os maiores desafios; é preciso buscar, no entendimento real do que é ter saúde e qualidade de vida, a partir dos princípios orientadores de um sistema justo e igualitário, atender a alguns aspectos:

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+CRISTÃO FEVEREIRO / MARÇO 2013

Elioenai Dornelles é Doutor em Saúde Pública, professor Titular da UnB, Coordenador do Núcleo de Estudos em Educação, Promoção da Saúde e Projetos Inclusivos - Nesprom/ UnB e Pastor.

1 Acesso universal, proporcionando a todos, indistintamente, condições de atendimento no sistema único de saúde brasileiro como real direito preconizado na Carta Constitucional; 2 Equidade, a fim de proporcionar a todos atendimento em boas condições, com direitos a exames e tecnologias de ponta, para um acompanhamento terapêutico de qualidade inquestionável; 3 Regionalização e hierarquização do sistema, de modo a que sejam superados os obstáculos de demanda reprimida, considerando-se uma demanda social que congestiona qualquer lugar onde hoje a atenção é prestada; 4 Exercício do controle social em saúde, isto é, resgate da cidadania do usuário, provendo-se a este todos os canais de fiscalização caso ocorram situações de imperícia ou negligência por parte de profissionais ou no próprio sistema, com garantia de justiça e punições em tais ocorrências. Tais aspectos são pontos iniciais para repensar nossa prática na busca de melhores condições de vida e saúde, tendo como meta a vivência real de um sistema eficiente e eficaz, oportunizando a todos os brasileiros saúde com dignidade. +


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