Com a Palavra, o Prefeito

Page 269

robson marinho

Você me perguntou, no início desta entrevista, se eu me sentia preparado para ser vereador, aos 18 anos. Eu respondi sim. Pergunteme se há algo de que eu me arrependa de ter feito como vereador, e eu respondo: não! Periodicamente leio os discursos que fiz, de 1968 a 1972, e, com muito orgulho, verifico que a coerência política foi uma marca expressiva que determinou o meu rumo político. No caso específico da renúncia ao mandato de prefeito, acho que foi um erro político, que eu não repetiria. JM: A censura popular à sua decisão foi uma prova de que o povo tem, sim, memória? RM: Nunca questione o resultado de uma eleição. É preciso, isto sim, tirar das urnas os ensinamentos. JM: Qual a lição que a urna nos deu, formando o Congresso atual, tão maculado por denúncias e descrédito? RM: A lição de que os valores éticos e morais da sociedade desceram muito. A quantidade de oportunistas, malandros, gente com grande capacidade de tolerar coisas erradas, é muito maior do que havia no passado. Infelizmente. JM: O poder corrompe? A bajulação irrita? RM: Não há hipótese de existir corrupção quando se trata de homem público sério, porque este não propicia oportunidade para abordagem com aquele intuito. De outro lado, o homem público sério sabe afastar a bajulação, que é sinônimo de incompetência. JM: O político tende a desconfiar de todos, ou há alguns próximos em quem pode sempre confiar? Ou é preciso estar sempre de olhos abertos? RM: Política se faz em equipe, e o grande talento do político é saber escolher os integrantes desse time, além de ter personalidade para afastar aquele que, por qualquer razão, venha a destoar do conjunto. JM: Você, em algum momento, se sentiu vítima de traição? RM: De traição política sim. E, quando ocorreu, com certeza a causa foi a falta do requisito coerência.

269


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.